ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Andra Lemos Xavier Galucio (UERJ)
Ensino de Histria e Patrimnio: ideias de pertencimento e formao cidad em discusso nas aes extensionistas
Resumo:Os desafios impostos s condies democrticas atu...
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Resumo:Os desafios impostos s condies democrticas atuais, no Brasil, nos alertam para a necessidade poltica de relembrar aes em prol da cultura e educao. Desde 2009 medidas institucionais estatais incrementaram a participao politica na promoo de aes em torno do patrimnio cultural brasileiro. O IPHAN buscou estruturar e consolidar um campo de trabalho para as aes educativas voltadas para o conhecimento e para a preservao do patrimnio cultural brasileiro e o fez com programas inter-institucionais, como foi o caso do Inventario Pedaggico, realizado junto ao programa Mais Educao, baseado no Inventrio Nacional de Referncias Culturais.
As politicas de preservao desde a dcada de 1980 tm sido construdas em meio a um esforo democrtico desdobrando-se em mudanas significativas nas dcadas seguintes , em especial, aproximando, progressivamente, a populao brasileira discusso das polticas pblicas para a preservao de bens culturais.
Como protagonistas das "situaes de aprendizagem" , os agentes de tais polticas pblicas no se referem apenas aqueles do IPHAN ou dos rgos diretamente competentes rea, mas todos os envolvidos em aes que tenham resultado, por exemplo, na instituio do Registro de Bens de natureza imaterial, como ocorreu em 2000.
As aes em disputa de diversos movimentos sociais buscaram reconhecimento e mudana de orientao de polticas que viabilizasse uma sua ampla participao poltica.
Neste Simpsio buscamos debater as formas de participao dos professores de Histria na criao de aes educativas em patrimnio, a partir da experincia de aes extensionistas em determinada regio do Estado do Rio de Janeiro.
Nosso trabalho busca identificar , analisar e sistematizar as abordagens do patrimnio cultural de uma realidade local. O conjunto dos aspectos que esto presentes na relao educao e patrimnio a partir da experincia vivenciada pelo projeto em execuo pode fornecer subsdios para novas aproximaes do ensino de Histria com as polticas de preservao. Atentos ao reconhecimento, estmulo e valorizao do patrimnio cultural local atrelado ao Ensino de Historia , os membros da equipe e o pblico alvo deste projeto promovem o debate terico e a pesquisa coletiva como caminho para a criao de aes educativas nas aulas de Histria.
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Annelizi Fermino
Historicidade das Polticas de Patrimnio em Mariana/MG
Resumo:A proposta deste artigo apresentar como a trajet...
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Resumo:A proposta deste artigo apresentar como a trajetria de preservao do patrimnio cultural no Brasil repercutiu nas polticas de patrimnio em Mariana, cidade histrica mineira. Mariana foi tombada junto com outras cinco cidades mineiras pelo SPHAN em 1938 a saber, Diamantina, Ouro Preto, So Joo Del Rei, Serro e Tiradentes durante a primeira fase da poltica de preservao do patrimnio. Essa fase buscou eleger representantes da identidade nacional, privilegiando uma perspectiva esttica (o barroco), um tempo (o colonial) e um lugar (minas gerais) (OLIVEIRA, p.185, 2017). As aes seguintes para preservao desses lugares ocorreram de forma centralizada e sem estabelecer o dilogo com as comunidades, que somado ao desejo de desenvolvimento e modernizao de suas cidades pelos moradores, causaram diversos conflitos nas dcadas seguintes ao tombamento. Em Mariana os conflitos persistiram mesmo em outras fases da poltica de patrimnio apesar de mais preocupadas com a diversidade e o carter antropolgico dos bens culturais, como a fase moderna que se inicia na dcada de 1970 (FONSECA, 1997). Esse histrico de conflitos e o modo como os moradores atualmente se identificam com seu patrimnio so considerados na anlise que realizo sobre como a poltica de patrimnio municipal incorporou as transformaes na perspectiva de patrimnio. Apesar da diversificao de seu patrimnio, que pode ser observada no tombamento de bens imateriais pelo conselho municipal de patrimnio cultural (COMPAT), as polticas de patrimnio que repetem procedimentos dos anos 30. Essa postura com relao ao patrimnio advm da permanncia do modelo de preservao, iniciado com a criao do SPHAN, vigente at por volta de 1960, em que preservar associado a tombar (CASTRIOTA, 2007). Nesse modelo os bens culturais so vistos como colees de objetos valorizados pela excepcionalidade esttica e histrica. Esta permanncia acaba por transferir os valores e caractersticas da identidade que inicialmente era nacional para identidade local, de modo que o reconhecimento do patrimnio como direito de grupos sociais comprometido. No caso de Mariana, a perspectiva ampliada, democrtica e contempornea sobre o patrimnio convive com a valorizao da excepcionalidade desse patrimnio, uma vez que a importncia do patrimnio para os membros da poltica local ainda est pautado na relevncia histrico-nacional e representatividade cultural que a cidade possui na histria do Brasil.
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Carlos Renato Araujo Freire (Universidade Federal do Pernambuco)
Os usos do ado da Msica Popular Brasileira na Ditadura Civil-Militar (1975-1983)
Resumo:A Cultura foi uma preocupao constante durante a ...
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Resumo:A Cultura foi uma preocupao constante durante a ditadura Civil-Militar, mas a partir de meados da dcada de 1970 ocorre uma srie de movimentaes que alinharam o mecenato oficial do Estado, grupos empresariais e amplos setores da sociedade civil. A poltica cultural do Estado no s fomentou a criao de diversas instituies, entre elas a Fundao Nacional das Artes (Funarte) em 1975, mas tambm consolidou legislaes especficas para cada setor cultural (teatro, cinema, msica popular) e abriu espaos na imprensa escrita que propagavam a defesa dos valores nacionais da Cultura.
Esse trabalho analisar uma rede de sociabilidade estabelecida contra a descaracterizao da msica que representaria a cultura nacional atravs da eleio de figuras que encarnariam o julgo intelectual ou especializado, capazes de efetuar no s a orientao do gosto dos consumidores no presente, mas tambm que se colocaram como responsveis por gerenciar uma escrita sobre o ado da msica popular brasileira. Focaremos nossa anlise na institucionalizao da Associao de Pesquisadores da Msica Popular Brasileira (APMPB) e no trabalho de documentao presente no livro Discografia brasileira em 78 rpm de 1902-1964 de autoria de Alcino Santos, Grcio Barbalho, Jairo Severiano e M.A. de Azevedo (Nirez).
Utilizaremos para isso a documentao do Ministrio da Educao no Arquivo Nacional, jornais de grande circulao do perodo e, principalmente, o arquivo pessoal de correspondncias do colecionador Nirez. As linhas dessas cartas no comunicam apenas palavras entre o remetente e o destinatrio, mas documentam o compartilhamento de memrias em prol de uma determinada herana nacional. Os arquivos de si muitas vezes se confundem com os arquivos do que considerado como patrimnio nacional. A troca de cartas registram a permuta de objetos (discos de cera, livros e outras referncias), a formao de uma rede de estudos a distncia e, sobretudo, o engajamento cultural dos correspondentes em prol dos valores originais do ado da msica popular brasileira. O objetivo problematizar o carter socialmente construdo dos trabalhos da memria envolvidos na salvaguarda de valores patrimoniais muitas vezes tidos como atemporais e universais.
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Cicera Patricia Alcantara Bezerra (Universidade Federal do Cear - UFC)
A UNESCO e a produo de discursos patrimoniais sobre o folclore brasileiro nos anos 40 e 50 do sculo XX
Resumo:Este trabalho tem como principal objetivo analisar...
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Resumo:Este trabalho tem como principal objetivo analisar a atuao da Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) no contexto de produo de discursos e aes em torno do folclore brasileiro em meados do sculo XX. Para tanto, iremos nos centralizar prioritariamente no processo de criao do Instituto Brasileiro de Educao, Cincia e Cultura (IBECC) e da Comisso Nacional de Folclore (CNFL) no ano de 1947, bem como Comisso Cearense de Folclore (CCF) no ano seguinte. No nosso entendimento a produo desse campo em meados do sculo XX se alicera a partir de duas influncias distintas: a uma tradio folclorstica que remonta ao final do sculo XIX e que se processa principalmente a partir do interesse em relacionar a narrativa folclrica uma preocupao com a temtica da mestiagem, em segundo plano temos a influncia direta da UNESCO na preocupao em produzir conhecimento e aes efetivas em torno da diversidade cultural de pases subdesenvolvidos como, por exemplo, o Brasil. O dilogo institucional aqui problematizado contribui assim para a constituio desse novo campo, principalmente atravs da busca em produzir aes que interconectem a preocupao no apenas com o conhecimento do folclore brasileiro, mas principalmente que possibilitem o intercmbio entre o este e outros campos como o da educao e da cincia, por exemplo. Para tanto, foi se tornando necessrio um dilogo intenso com espaos institucionais que tambm buscassem conhecer, desbravar e interpretar a geografia brasileira, a exemplo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE, e atravs de aes tais como o Levantamento da bibliografia brasileira sbre folclore, a Organizao de manuais de pesquisa folclrica, alm da Organizao de um calendrio folclrico brasileiro e a Realizao de cursos, conferncias e festivais folclricos. Todas essas aes contavam com a participao direta de correspondentes espalhados por todo territrio nacional, estes direta ou indiretamente vinculados Comisso Nacional de Folclore. No processo de anlise desses dilogos intelectuais utilizaremos enquanto conjunto documental prioritrio as correspondncias trocadas entre os membros da IBECC, da CNFL e da CCF, os boletins noticiosos e bibliogrficos produzidos pelas comisses nacional e estaduais de Folclore, os relatrios produzidos por essas comisses, bem os textos publicados pela Revista Brasileira de Folclore, por intelectuais como Cmara Cascudo, Renato Almeida e Gilberto Freyre. Todos esses documentos do conta, no nosso entendimento, do trnsito de ideias, da construo de instrumentos metodolgicos e da preocupao em produzir uma dialogo institucional em busca do fortalecimento desse campo de estudos em meados do sculo XX.
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Hilario Figueiredo Pereira Filho (IPHAN)
Entre arquivos e biografias, o legado de documentos patrimonializados
Resumo:A proposta consiste em discutir candidaturas apres...
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Resumo:A proposta consiste em discutir candidaturas apresentadas no mbito do Programa Memria do Mundo (MOW) da Unesco, cujos acervos documentais versam sobre figuras conhecidas no cenrio brasileiro. A partir do mapeamento das instituies proponentes, aliada anlise crtica dos dossis e das decises do Comit de especialistas do MOW, possvel delinear tendncias, caractersticas e narrativas sobre os diferentes processos de patrimonializao dos arquivos pessoais. O ato de monumentalizar documentos de um determinado acervo mantm estreita relao com a vida do biografado, cuja dimenso do legado ganha novos efeitos a partir do ttulo de patrimnio concedido pela Unesco.
Nos primeiros anos de funcionamento do Programa, implementado no Brasil a partir de 2007, percebe-se um elevado nmero de candidaturas que concentram nomes como Getlio Vargas, Machado de Assis, Oswaldo Cruz, Joaquim Nabuco e Oscar Niemeyer. Nota-se, em grande medida, que os proponentes so instituies estruturadas no contexto nacional, muito motivadas pela ideia de aumentarem seus respectivos capitais simblicos.
Ao adotarmos a perspectiva da biografia desses documentos, percebemos que a agem da esfera privada para o mbito institucional tem como uma das finalidades a legitimao do acervo arquivstico no campo cultural. Dessa maneira, o MOW Brasil consolida a prtica de selecionar arquivos que sofreram transformaes, agregando valor simblico aos documentos. Em grande medida, a valorizao desses arquivos pessoais funciona por uma espcie de contgio, como se a histria de vida do biografado legitimasse a importncia dos documentos nele contidos.
A monumentalizao do acervo documental, por parte de uma instituio do peso poltico da Unesco, testemunha e confere mais veracidade memria do biografado. As narrativas sobre a memria partem de um presente especfico, munidas de intencionalidades com o intuito de perseverar, no futuro, a imagem de uma personalidade referencial, influente e exemplar para diferentes tipos de pblicos sejam de alcances regional, nacional e/ou internacional, conforme a prpria lgica de funcionamento do Programa. Nessas circunstancias, o conceito de legado, mobilizado por Luciana Heymann, auxilia a compreender os processos de construo simblica em torno dos acervos pessoais.
Por outro lado, cabe sublinhar quais candidaturas desses tipos de arquivos no obtiveram o ttulo do Memria do Mundo. A partir do perfil geral dos membros do Comit, cujos mandatos se alternaram a partir de cadeiras destinadas a diferentes segmentos do campo arquivstico brasileiro, possvel traar hipteses que explicam os porqus de alguns acervos terem sido selecionados e outros no.
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Hildebrando Maciel Alves
Mestres da Cultura, Mestres do Mundo: Sujeitos, projetos e disputas na patrimonializao do saber tradicional popular cearense
Resumo:A presente pesquisa tem como objetivo problematiza...
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Resumo:A presente pesquisa tem como objetivo problematizar a historicidade das prticas de preservao dos saberes tradicionais populares do Cear, a partir da lei dos Tesouros Vivos da Cultura do Estado do Cear, desenvolvido pela Secretaria da Cultura (SECULT-CE). Busca-se, nesse caso, identificar atravs dos programas, discursos e projetos dos sujeitos envolvidos nesse contexto, os conflitos, negociaes e apropriaes em torno da poltica cultural cearense desenvolvida nas primeiras dcadas dos anos 2000. No dia 25 de agosto de 2003, publicada no Dirio Oficial do Estado do Cear a lei n13. 351, sancionada no dia 23 do referido ms. Esse instrumento jurdico institua, no mbito da istrao pblica estadual, o Registro dos Mestres da Cultura Tradicional Popular do Estado do Cear (RMCTP-CE). a partir desse marco, que o estado do Cear iniciou uma trajetria de fortalecimento das polticas pblicas de salvaguarda de seu patrimnio cultural. Consideramos que esse processo, bem como outras aes promovidas pela SECULT/CE, conforma projetos de patrimonializao dos saberes/fazeres e das manifestaes tradicionais populares cearenses. Nesse sentido, delimitamos como recorte temporal os anos de 2003 e 2016, que correspondem promulgao da Lei dos Mestres da Cultura Tradicional Popular do Estado do Cear e ao Plano Estadual de Cultura. Para tal fim, buscamos uma imerso na legislao cultural do recorte temporal destacado, nos jornais O POVO e Dirio do Nordeste, e nos materiais de divulgao desse programa (folders, cartilhas, livros). Pensando o patrimnio como um processo, cabe ao historiador, traar uma histria do patrimnio. A partir de Dominique Poulot (2009, p.12), percebemos que a histria do patrimnio amplamente a histria da maneira como uma sociedade constri seu patrimnio. uma perspectiva que desloca o relevo que historicamente foi dado aos espaos institucionais, e procura integrar outros grupos e sujeitos que tambm reivindicam e constituem suas ordens patrimoniais. So projetos, prticas e discursos que atuam como investimentos de ordem tica, poltica e at financeira, buscando encarnar uma identidade (POULOT, 2009, p.40). Percebendo o carter processual e histrico dessas aes, surge um questionamento: o programa dos Tesouros Vivos da Cultura pode ser configurado como uma ao do campo do folclore, ou j ambientada nos meandros da seara patrimonial? Estamos diante de um cenrio que nos permite refletir sobre as diversas formas pelas quais os sujeitos, sejam eles da sociedade civil ou de esferas institucionais, mobilizam a noo de popular. a historicidade do patrimnio e de suas (disputas) polticas no territrio cearense.
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Janice Gonalves (UDESC)
Entre monumentos e documentos argentinos: narrativas sobre o ado e imagens de um presente (1910-1947)
Resumo:A comunicao discutir aspectos da preservao de...
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Resumo:A comunicao discutir aspectos da preservao de bens culturais na Argentina na primeira metade do sculo XX, tendo em vista iniciativas oficiais de patrimonializao realizadas entre os anos de 1910 e 1950 e representaes sobre o ado nelas implicadas. No primeiro momento da discusso proposta, sero brevemente apresentadas as aes pioneiras de patrimonializao ou, mais precisamente, de monumentalizao, uma vez que determinados bens foram declarados como monumentos histricos a partir da dcada de 1910 (a comear pela casa natal de Domingos Faustino Sarmiento). No segundo momento, ser destacada a criao, na dcada de 1930, de duas instituies, a saber: a Academia Nacional de Bellas Artes (em 1936) e, em 1938, a Comisin Nacional de Museos y Lugares Histricos (a partir de 1940 denominada Comisin Nacional de Museos, de Monumentos y Lugares Histricos). Embora a histria do campo patrimonial na Argentina, nos estudos a esse respeito, seja comumente associada Comisin, cabe salientar que a Academia Nacional de Bellas Artes desde logo se empenhou no levantamento sistemtico de expresses artsticas que considerou relevantes para a nao argentina, voltando-se prioritariamente, em seus incios, para a pintura, a escultura e a arquitetura e, por consequncia, produzindo narrativas que recobriam a esfera dos monumentos sob a responsabilidade da Comisin. o que pode ser observado na proposta de uma srie de publicaes reunidas sobre a rubrica Documentos de Arte Argentino, editadas pela Academia entre 1939 e 1947, e que ser analisada no terceiro momento da comunicao, com nfase na interpretao histrica que fundamenta a concepo daquela srie, bem como no material fotogrfico nela apresentado, produzido pelo fotgrafo alemo Hans Mann. Embora sejam observadas convergncias entre as perspectivas institucionais (como a valorizao da herana da dominao espanhola), o vis artstico da Academia permite vislumbrar distanciamentos em relao histria poltica stricto sensu contemplada pela Comisin (sobretudo quanto ao processo de independncia e primeira fase de autonomia). Por outro lado, verifica-se que o trabalho produzido por Hans Mann extrapolou o roteiro concebido pelos acadmicos (em especial, Martn Noel).
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Luana da Silva Oliveira (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
Trajetria das polticas culturais do Rio de Janeiro atravs da Diviso de Folclore do INEPAC (1975-1987)
Resumo:O artigo apresenta parte da discusso da pesquisa ...
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Resumo:O artigo apresenta parte da discusso da pesquisa de doutorado, em processo de finalizao, que tem como ttulo Cscia Frade e o Folclore Fluminense: trajetria do patrimnio imaterial no Rio de Janeiro (1975-2015). Por esse vis, buscamos promover uma discusso sobre as polticas culturais do estado do Rio de Janeiro, considerando que em 1975, ano da fuso do antigo estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, o Departamento de Cultura da ento Secretaria de Educao e Cultura do Estado criou o Instituto Estadual de Patrimnio Cultural INEPAC, com trs divises: Diviso de Patrimnio Histrico e Artstico; Diviso de Pesquisa da Manifestao Cultural e Diviso de Folclore. Para a direo da ltima diviso mencionada, foi convidada a folclorista Cscia Frade que assume em 1975 e permanece no cargo at 1987. O perodo que a intelectual esteve frente da Diviso de Folclore foi o momento de criao do rgo e da implantao de medidas e aes voltadas para o folclore no mbito estadual. Por este caminho visa-se mostrar o funcionamento da Diviso de Folclore do INEPAC entre 1975 e 1987, suas principais linhas de pesquisa e formas de atuao. Analisar as principais publicaes de pesquisas realizadas pela equipe do rgo, considerando o momento e as temticas focadas. Associar as publicaes ao respectivo acervo e buscar conexes entre a Diviso e a Secretaria de Educao, uma vez que a articulao com as escolas e a preocupao com a capacitao dos professores algo marcante desde a sua fundao, assim como o dilogo com a educao recorrente na prtica dos folcloristas e em toda a trajetria de Cscia Frade.
Delzimar Coutinho, que foi companheira de trabalho de Cscia, no Panorama atual da cultura popular fluminense apresentado no Frum Cultura, Arte e Tradies Fluminense, realizado em 2002, fornece um histrico das aes da Diviso e realiza um mapeamento preliminar do Acervo do INEPAC. A autora relata que iniciaram o trabalho da Diviso com um projeto de pesquisa voltado para o recolhimento de informaes atravs de questionrios aplicados a alunos de escolas estaduais. Deste projeto, algumas publicaes foram originadas, como: Do jeito mais simples crianas pesquisam cultura popular, Guia do Folclore e Cantos do Folclore Fluminense.
Dessa forma, este artigo busca mapear o alcance das aes (publicaes, pesquisas, eventos, cursos para professores, etc.) desenvolvidas no campo do folclore no estado do Rio de Janeiro no perodo em que Cscia Frade atuou como diretora da Diviso de Folclore do INEPAC. E, problematizar a relao do folclore com o campo de prticas educativas e a elaborao de polticas pblicas que marcam a agem da Diviso de Folclore do INEPAC para Departamento de Patrimnio Imaterial.
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Luciano dos Santos Teixeira (IPHAN)
Matrizes da interpretao do patrimnio na dcada de 1980
Resumo:A epgrafe de abertura do livro Proteo e revital...
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Resumo:A epgrafe de abertura do livro Proteo e revitalizao do patrimnio histrico e artstico nacional, publicado pelo SPHAN/Pr-Memria em 1980, de Mrio de Andrade, afirma que defender o nosso patrimnio histrico e artstico nacional alfabetizao. Imediatamente ela coloca em primeiro plano dois aspectos fundamentais que marcariam a poltica federal de preservao do patrimnio no pais, moldando ao mesmo tempo a maior parte das discusses e interpretaes que se realizariam ao longo de toda a dcada: o recurso ao nome de Mrio de Andrade como instncia de consagrao e legitimao e a recuperao do mote estadonovista da poltica de patrimnio como um projeto pedaggico de Estado.
Essa comunicao pretende ressaltar como essa obra contribuiu para moldar as vises que foram sendo construdas nas dcadas seguintes a respeito do papel do IPHAN e dos pioneiros que colaboraram na criao de uma poltica de preservao no Brasil. E, em consonncia com isso, exerceu um papel decisivo nas disputas internas de memria que extrapolaram os muros do ento SPHAN-Pr-Memria para ajudar a formar uma imagem institucional externa, assentada em alguns pilares centrais: a diviso da histria do IPHAN (e, por extenso, do patrimnio no Brasil) em fases personalizadas; o afastamento dessa poltica em relao aos marcos mais amplos das polticas de Estado no Brasil; a eleio de marcos conceituais de cada fase e, por fim, a nfase na continuidade e antiguidade das prticas institucionais e das polticas de preservao como fator de legitimidade.
Desenvolveremos cada um destes aspectos, destacando a participao dos intelectuais que mais ativamente contriburam nesse processo, falando em nome do IPHAN ou intervindo dos novos lugares de produo de discurso de onde partiam crticas cada vez mais insistentes s polticas de patrimnio cultural e prpria ideia de patrimnio e seu papel de chancela a certas concepes de memria e identidade nacionais.
Especialmente relevantes nessa perspectiva so as disputas entre os tcnicos ligados ao que ou cada vez mais a ser caracterizado como patrimnio pedra-e-cal, principalmente arquitetos, e os outros, ligados figura de Aloisio Magalhes e ao Centro Nacional de Referncia Cultural (CNRC), notadamente cientistas sociais. Disputas que diziam respeito ao futuro que se visualizava para o IPHAN e que, portanto, envolviam concepes de histria, memria e nao, muitas vezes imbrincadas entre si.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Alberto Luiz Schneider (Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo)
Entre a histria e a memria: a inveno do bandeirante Ferno Dias Paes e o Mosteiro de So Bento (So Paulo)
Resumo:Em So Paulo, nas trs primeiras dcadas do sculo...
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Resumo:Em So Paulo, nas trs primeiras dcadas do sculo XX, houve uma profuso de discursos e representaes acerca dos tempos coloniais, fundamentalmente os bandeirantes. No comeo da dcada de 1920, quando Affonso de Taunay, ento diretor do Museu Paulista, encomendou duas grandes esttuas de mrmore, representando Raposo Tavares e Ferno Dias, junto ao escultor italiano Luigi Brizolara, a liderana da velha elite paulista comeava a ser questionada, como sugerem as agitaes militares e sociais daquele perodo. Em uma cidade cheia de imigrantes, alguns deles alando s classes mais altas, era preciso lembr-los do valor dos velhos paulistas. Nesse contexto surge um profundo investimento de memria em torno dos bandeirantes. O significado da imagem dos sertanistas de So Paulo um sujeito histrico profundamente associado sculo XVII mobilizou tanto a historiografia sobre o perodo colonial, produzida na primeira metade do sculo XX, como tambm uma srie de monumentos artsticos e representaes museolgicas do ado, fundamentalmente o Museu Paulista. A rigor, a construo da memria de Ferno Dias, tomado como o grande sertanista de So Paulo colonial, anterior a prpria historiografia construda pelos historiadores reunidos em torno do IHGSP, Afonso de Taunay frente, nas dcadas de 1920 e 1930. O objetivo desta comunicao justamente discutir como a produo historiogrfica e artstica dedicada ao bandeirante Ferno Dias, com nfase no Mosteiro de So Bento, foi inteiramente reconstruda entre os anos de 1910 e 1922, sob a liderana do beneditino alemo Dom Miguel Kruse. Em 1922, o referido conjunto arquitetnico dos beneditinos, no centro de So Paulo, recebeu uma escultura em bronze, contendo a efgie de Ferno Dias, em baixo relevo, realizada por Adelbert Gresnigt. A demolio do antigo templo foi feita com cuidado para preservar os restos de Ferno Dias Paes, ali sepultados desde 1681. Aberto o jazigo, acompanhado por Affonso de Taunay, ento professor, o prestigioso Gymnasio de So Bento, instituio escolar foi fundada em 1903. Entre os restos mortais exumados em 1910 foram encontrados um fmur de homem agigantado, restos de cabeleira ruiva, o que, assegurou Taunay, tratar-se-ia de um sujeito indubitavelmente branco. Ainda em 1922, o ano do Centenrio da Independncia, fartamente comemorado em So Paulo, instalado no transepto da igreja do mosteiro de So Bento uma lpide sepulcral em referncia a Ferno Dias e a sua esposa Maria Garcia Betim. Os beneditinos, adversrios e concorrentes dos jesutas, os inimigos dos velhos paulistas, no poderiam ficar de fora da construo da epopeia bandeirante.
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Alfredo Nava Snchez (Universidade Federal de Alagoas)
Trs minutos de racismo e identidade nacional: promovendo a comida mexicana como patrimnio imaterial da humanidade
Resumo:Trs minutos e um segundo de um vdeo utilizou o m...
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Resumo:Trs minutos e um segundo de um vdeo utilizou o ministrio de turismo no Mxico em 2010 para promover a denominao da UNESCO da comida mexicana essa definio relativa, porque foi a comida do estado de Michoacn a que foi escolhida para representar o pas como patrimnio imaterial da humanidade. Ainda que esses trs minutos paream ser muito pouco para mostrar a riqueza e particularmente o sabor dos pratos mexicanos; ou que, desde outra perspectiva igualmente redutiva a comida seja apenas uma mnima parte do valor histrico da cultura mexicana, esse tempo o suficiente para identificar algumas das camadas que compem o processo histrico de formao do que hoje representa a identidade nacional mexicana e seus vnculos com o patrimnio cultural.
Aqui propomos trabalhar particularmente sobre o lugar dentro desse processo da racializao do patrimnio e seus vnculos na formao da identidade nacional. No que diz respeito a este ltimo tema, a historiografia poltica e intelectual latino-americana das ltimas dcadas (Guerra, 2003; Palti, 2004), tem mostrado o desenvolvimento contingente e problemtico da construo da nao. No obstante, essa anlise tem se focado no plano das ideias e dos intercmbios intelectuais, sem discutir, por exemplo, a recorrente demarcao de fronteiras e marginalizao nesses intercmbios entre ndios, negros, mestios, caboclos, etc. Evidentemente, sobre o tema existem excees notveis (Schwarcz,1993; Turin, 2013; Earle, 2007). Entretanto, ambas perspectivas historiogrficas no conseguem expressar a dimenso esttica vinculada aos percursos polticos, sociais e culturais da formao de nao. E quando utilizo a palavra esttica no estou me referendo ao campo necessariamente das manifestaes artsticas, mas a uma dimenso sensvel e cognitiva das atividades humanas pela qual expressam-se perspectivas intelectuais e subjetivas (Eagleton, 1993:8-9).
Essa perspectiva de anlise permite uma ligao entre o conceito contemporneo de patrimnio e suas conexes com a inveno da nao com os desenvolvimentos polticos da racializao desses grupos excludos das narrativas nacionalistas, igualmente vinculados a uma dimenso sensvel (Mcharek, 2013). Na Amrica Latina ambos processos andaram juntos no sculo XIX, e no Mxico representam uma contradio pouco discutida e reconhecida atualmente. Segundo a identidade nacional mexicana promovida pelo governo com maior intensidade durante o sculo XX, mas ainda hoje vigente, o ado indgena representa a particularidade e o valor histrico mais valioso da nao, no obstante existe um racismo pouco reconhecido e discutido no pas, particularmente com os indgenas, mas tambm com negros, asiticos e centro-americanos.
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Amanda Alexandre Ferreira Geraldes (Universidade de vora)
Doces memrias: o alfenim como patrimnio alimentar em celebraes populares
Resumo:O alfenim um tipo de confeito de acar de orige...
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Resumo:O alfenim um tipo de confeito de acar de origem rabe que foi difundido na Pennsula Ibrica ao longo da dominao moura (711-1492). Diversos foram os usos do alfenim, que a princpio era utilizado como remdio e que posteriormente foi incorporado em ritos e celebraes populares. Durante a larga produo aucareira na Madeira (1455) o alfenim cumpria um papel esttico com sua sofisticada elaborao na arte da confeitaria. A beleza e a delicadeza do alfenim foram motivo de exacerbao de status social e poder econmico. No processo das colonizaes na Amrica o alfenim foi incorporado em novos ritos. Dessa forma, essas prticas ibricas chegaram Amrica e ainda hoje o alfenim profusamente utilizado em manifestaes religiosas populares. Para alm do mundo ibrico, encontramos o alfenim no Brasil, Colmbia, Mxico, Argentina, Bolvia, Equador e Peru. No Brasil os alfenins foram observados nos estados de Gois, Rio Grande do Norte, Piau, Pernambuco, Cear, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e So Paulo. So muitas as festas onde encontramos o alfenim como o alimento que materializa a devoo, a memria, a tradio e o patrimnio da comunidade. Festas do Divino Esprito Santo, festas de santos juninos, festas de natal e festas de Santos Reis so as categorias de celebraes no Brasil onde mapeamos a presena, usos e funes rituais desse doce. Nos estudos de Histria da Alimentao entendemos a comida como cultura, linguagem e e de memrias e ainda como elemento material da cultura. Nos momentos de celebrao comer um alimento tambm significa consumir uma memria, uma tradio e uma identidade. O alfenim constitui um patrimnio alimentar nessas localidades e so os momentos de festa que salvaguardam o saber-fazer desse confeito. Nessa pesquisa, buscamos conectar o uso ritual do alfenim na Festa do Divino Esprito Santo em Pirenpolis/Gois/Brasil, nos Imprios do Esprito Santo na Ilha Terceira/Aores/Portugal, no Dia dos Afilhados em Cali/Colmbia e no Dia dos Mortos na Cidade do Mxico e em Toluca/Mxico. Alimento ritualizado, o alfenim inserido nessas interaes sociais nos possibilita compreender as prticas culturais, os processos de construo de memrias, referncias identitrias, tradies e patrimnios, a partir do consumo coletivo e ritual desse alimento que performa e opera enquanto elemento de trocas simblicas nesses festejos populares.
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Daniel Celso Araujo da Costa
As relaes entre a memria e o patrimnio histrico na construo da identidade paulista nos primeiros anos do IHGSP (1894)
Resumo:RESUMO: Com esta comunicao pretendo abordar sobr...
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Resumo:RESUMO: Com esta comunicao pretendo abordar sobre tpicos relacionados pesquisa de Mestrado em desenvolvimento no Programa de Ps-Graduao em Histria da PUC-SP, com financiamento da CAPES, cujo objetivo geral refletir sobre as relaes entre cultura e sociedade debruando-se sobre a memria, a histria e o patrimnio cultural. Partindo do entendimento do patrimnio como uma forma de escrita sobre o ado (GUIMARES, 2012), a presente apresentao de pesquisa pretende trabalhar na articulao entre patrimnio e narrativa histrica, onde esto presentes tanto as disputas em torno de uma memria coletiva ligado a um determinado grupo social e que produz sentido subsidiando a formao de uma identidade regional paulista, como tambm os usos polticos e sociais do ado que denotam as diferentes relaes entre os saberes e os poderes. Situando-se nas relaes entre memria, histria e patrimnio, este trabalho pretende contribuir para a discusso acerca de um certo tipo de histria de So Paulo, que ganha corpo e se institui ao longo da Primeira Repblica brasileira, bem como possveis concepes de preservao e conservao intrnsecas construo de uma identidade paulista no mbito do Instituto Histrico e Geogrfico de So Paulo em seus primeiros anos de atuao, sendo uma instituio central de onde emana um discurso histrico altamente positivista e que buscava formar a ideia de So Paulo como protagonista nos quadros da histria nacional. O ado ressignificado atravs da histria e reificado em patrimnio se tornou o componente essencial na construo da narrativa paulista calcada em uma memria histrica de vitoriosos com aspiraes nacionais. No geral, sobre So Paulo, a historiografia se debruou sobre o desenvolvimento e transformao da cidade evidenciando a articulao entre trs fatores principais: o caf, as ferrovias e a imigrao, envolvidos em temas gerais de histria poltica e econmica. Sendo assim, carecemos de estudos sobre o perodo que tratem de temas atuais e relevantes que tragam questes sobre a memria, o imaginrio coletivo e/ou as representaes. Penso que a perspectiva patrimonial fornece elementos conceituais e categorias de anlise pertinentes ao estudo proposto.
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Jamile da Silva Neto (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
As comemoraes do centenrio de Petrpolis como pretexto: fundando instituies, expandindo redes
Resumo:A pesquisa visa analisar a rede de intelectuais qu...
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Resumo:A pesquisa visa analisar a rede de intelectuais que se forma em torno das comemoraes pelo centenrio de fundao da cidade de Petrpolis nos anos 1930. A articulao dessa rede de intelectuais seria desdobrada na organizao e fundao do Instituto Histrico de Petrpolis, do Museu Histrico de Petrpolis e, depois, do Museu Imperial. Interessa compreender as motivaes e a atuao nessa rede em formao dos intelectuais que integraram, concomitantemente, o Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro (IHGB) e o Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Sphan), so eles: Afonso Arinos de Melo Franco, Amrico Jacobina Lacombe, Alcindo Sodr, Edgard Roquette-Pinto, Francisco Marques dos Santos, Gilberto Ferrez, Rodrigo Melo Franco de Andrade e Pedro Calmon. Buscando compreender em que medida a articulao de tal rede teria sido fundamental para ampliao dos lugares de fala e de poder dos intelectuais que se inseriram nos diferentes momentos de formao dessa rede, procura-se entender quais eram os interesses desses intelectuais quando buscam criar novas instituies que visavam contar e preservar a histria da cidade de Petrpolis e, sobretudo, do Brasil Imprio. Busca-se entender, em ltima anlise, em que medida a atuao e o empenho dos intelectuais pertencentes ao IHGB e ao Sphan na fundao e na participao de instituies preocupadas na escrita da histria e na preservao da memria do Imprio imprimiriam caractersticas ao Instituto Histrico e ao rgo de preservao. No caso do Sphan, cabe compreender quais foram os significados de intelectuais do Conselho Consultivo do rgo fazerem parte da criao de tais instituies que buscavam preservar a memria e contar a histria do perodo imperial, tendo como objetivo entender em que medida tal insero falava sobre suas vises de histria e de patrimnio nacional. Nesse sentido, intenta-se compreender como as comemoraes organizadas em favor do centenrio de fundao da cidade de Petrpolis teriam desdobramentos outros que desembocariam na formao de ampla rede de intelectuais interessados na construo de uma dada memria imperial para cidade serrada, alm de buscar entender quais seriam os objetivos desses intelectuais na ampliao dos espaos de enunciao e produo de uma escrita da histria que valorizava os grandes eventos e as personalidades ilustres do Brasil Imprio.
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Joo Rafael Santos Rebouas
Alegorias do Descobrimento: tempo histrico, comemorao e patrimnio
Resumo:Este trabalho pretende se enveredar pelo campo de ...
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Resumo:Este trabalho pretende se enveredar pelo campo de uma histria do tempo histrico no Brasil. Para tanto, selecionar-se- uma srie de acontecimentos e narrativas que compem algumas aes comemorativas e processos de patrimonializao que tiveram por cenrio o litoral sul da Bahia, particularmente o municpio de Porto Seguro, com o objetivo de realizar uma histria dos usos sociais e polticos da histria do Descobrimento do Brasil. Tendo como contedo prticas e discursos que de algum modo tanto interpretaram como inventaram uma experincia histrica brasileira a partir das repeties de seu mito fundador. Nosso objeto de pesquisa o Raid de 1939 cidade de Porto Seguro como comemorao das asas do Brasil novo data do Descobrimento.
Sero as reativaes desse acontecimento com seus discursos e prticas que atuam na configurao de narrativas da experincia histrica brasileira que iremos investigar. O Descobrimento do Brasil torna-se, desta forma, um tema articulador de diferentes questes. Sua abordagem se dar por meio da investigao de dois fenmenos que esto relacionados e que tem por fundo uma problemtica comum relativa ao tempo histrico. Esses fenmenos so: as aes de comemorao do Descobrimento do Brasil; os processos de patrimonializao dessa histria que tiveram lugar na cidade de Porto Seguro e regio. Nesse sentido o descobrimento se torna o conceito chave com o qual se relacionam o quadro conceitual que aborda os significados e usos de comemorao e patrimnio como elementos de uma experincia histrica e como estratgias de inveno de uma memria e histria nacionais.
Trata-se de abordar o Descobrimento do Brasil em sua materialidade e repetio, ou seja, analisar como o acontecimento da chegada de Cabral em 1500 desdobrado em apropriaes diversas. Objetiva-se problematizar os usos sociais e polticos dessa histria enquanto operaes de ritualizao cultural em momentos de teatralizaes do poder. Busca-se conhecer as formas e contedos dessas teatralizaes da histria Nesse sentido, pretende-se investigar qual o papel dos ritos e comemoraes na renovao da hegemonia poltica.
Aliando essas questes com uma reflexo sobre a historicidade dos processos de patrimonializao de Porto Seguro, a qual seria justificada atravs da atribuio de valor histrico que se alimenta e se reveste dos acontecimentos e narrativas do descobrimento. As repeties deste mito fundador tornam-se, assim, objeto de investigao das formas como as foras sociais e polticas reinventam o ado e dos meios que os utiliza para legitimar o presente e projetar o futuro.
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Jos Newton Coelho Meneses (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
Mesa farta, gostos diversos. Cozinha, prticas alimentares nas Minas Gerais (sculos XVIII e XIX) e o patrimnio cultural do mineiro..
Resumo:A mesa farta o objeto reflexivo desta comunica...
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Resumo:A mesa farta o objeto reflexivo desta comunicao oral. Para compreender a alimentao cotidiana dos homens bons nas Minas Gerais dos sculos XVIII e XIX, buscaremos em algumas fontes documentais especficas indcios do que se comia, de prticas mesa e da construo de um gosto alimentar identificador dessa camada social. Entendemos a mesa como sociabilidade, hospitalidade, escolhas alimentares e comportamentais, modos de viver, hbitos, gostos, gestos, ritos e tantas manifestaes culturais quanto a quantidade da oferta alimentar.
As prticas e condutas alimentares so para a Histria e os historiadores, instrumento primordial para a compreenso de identidades e de economias, de sociabilidades e de concepes de sade, de simbologias e de prticas de coco. Com isso apreende-se a mesa de forma mais complexa onde, espacial e socialmente, se enquadram servios e oficiais que os elaboram, lugares da domesticidade em torno das prticas alimentares como o quintal a cozinha e a sala , bem como papis desempenhados por mulheres e homens da casa. A abrangncia se amplia quando o alimento e a alimentao tornam-se objeto de novas perspectivas de leitura crtica dos artefatos da alimentao e dos instrumentos da cozinha. Associada a uma tendncia comparativa e de dilogos espao-temporais enriquecedores, ler a histria pela mesa, alm de instigante, revelador.
A comida como cultura, como prope Massimo Montanari, apresenta-se para o estudioso como linguagem apresentadora de temporalidades e esse jogo de espao e tempo diverso e desigual, construindo vocbulos, gramticas, sintaxes e retricas denotadoras de um contexto social especfico. Ingredientes e receitas, conjugao de pratos e formas de comportamento mesa so, assim, evidncias de formas de viver interessantes para a compreenso de um todo cultural. Neste sentido teremos o olhar sobre o espao-tempo das Minas ao final do perodo colonial e a fora dessa tradio na construo do patrimnio alimentar dos mineiros.
A pesquisa que fundamenta esta comunicao tem base em um corpo documental diverso, mas radicalmente, parte da leitura de um acervo de Inventrios post mortem (em bancos de dados de todas as comarcas mineiras setecentistas) e de narrativas de viajantes europeus que visitaram o espao em tela at os anos 30 do sculo XIX. Complementa-se com alguma base documental de tratados de sade e de relatos originrios das fiscalizaes camarrias, abrangendo espaos diversos dessas Comarcas.
Por fim reflete-se sobre a diversidade da comida mineira e sua fora identitria hoje.
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Ktia Brasilino Michelan (Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional-IPHAN)
Usos da Idade Mdia nos Processos de Registro de celebraes do catolicismo.
Resumo:Atualmente, existem nove celebraes religiosas do...
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Resumo:Atualmente, existem nove celebraes religiosas do catolicismo registradas como Patrimnio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN). Dada a necessidade de demonstrao de que tais celebraes, alm de outros aspectos, possuem uma continuidade histrica de transmisso cultural de, no mnimo, trs geraes de praticantes para a obteno do Registro, os dossis que embasam os Processos de Registro buscam construir narrativas de ancestralidade no apenas amparadas no relato oral, mas tambm apoiadas em referncias historiogrficas e documentos histricos, fabricando, assim, muitas vezes, um discurso de continuidade temporal de longa durao. Nesse sentido, a Idade Mdia como perodo de consolidao do catolicismo , recorrentemente, referenciada como suposta origem de tais celebraes ou, pelo menos, de alguns de seus elementos e crenas. O objetivo da presente proposta de comunicao , portanto, analisar o uso do conhecimento medieval em tais processos, buscando entender em que medida h um aprofundamento das pesquisas para tanto, quais os dados utilizados, os autores de referenciados e os documentos histricos que embasam as construes narrativas dessa pretensa continuidade histrica das celebraes. Em outras palavras, pretende-se investigar qual a apropriao do conhecimento que o discurso patrimonial faz da historiografia acerca da Idade Mdia, buscando pensar qual o uso dado ao ado medieval para legitimar o presente por meio dos processos de patrimonializao. Para tanto, sero analisados os dossis e os pareceres do Conselho Consultivo das manifestaes religiosas do catolicismo inscritas no Livro de Celebraes, nomeadamente: o Crio de Nossa Senhora de Nazar (PA), a Festa do Divino Esprito Santo de Paraty (RJ), a Festa do Divino Esprito Santo de Pirenpolis (GO), as Festividades do Glorioso So Sebastio na Regio do Maraj (PA), a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antnio em Barbalha (CE), Festa de SantAna de Caic (RN), a Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim (BA), a Procisso do Senhor dos os de Santa Catarina (SC) e a Romaria de Carros de Bois da Festa do Divino Pai Eterno de Trindade (GO).
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Vagner Silva Ramos Filho (Universidade Estadual de Campinas)
Mais um livro... relativo aos cangaceiros: a escrita da histria entre usos do ado, atos valorativos e patrimonialidades
Resumo:O trabalho decorre de investigao ampliada sobre ...
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Resumo:O trabalho decorre de investigao ampliada sobre as memrias do cangao, fenmeno de banditismo vivenciado na regio do Nordeste brasileiro, em recorte temporal que contempla o perodo de 1938 a 1982. Situa-se entre o ano de morte de Lampio, o Rei do Cangao, na Gruta de Angico-SE, e o ano do pedido de tombamento nacional deste local. Nesse cenrio, o problema central a indagao dos processos de ressignificao dessa memria to cristalizada nas leituras das identidades nordestinas diante dos quadros imaginrios nacionais. Para a presente comunicao, sinalizamos que, se a histria do patrimnio amplamente a histria da maneira como uma sociedade constri seu patrimnio, o que remete prpria constituio do campo, cabe investigar afinidades, convices, racionalizaes e condutas polticas geradoras de uma condio de patrimonialidade para tal memria que aram a relacionar-se com iniciativas de patrimonializao (POULOT, 2009: 12 e 28). Assim, busca-se estudar a trajetria de pensamento a respeito do tema por meio de produo escrita intelectual situada entre mdicos-criminalistas, acadmicos, folcloristas, artistas e memorialistas, com enfoque nas experincias de determinados sujeitos por serem recorrentes em debates de grupos que os tomam como referncia e terem possivelmente estabelecido formas peculiares de tratar o assunto no espao pblico. So eles: Estcio de Lima, responsvel por Mundo Estranho dos Cangaceiros (1965); Cristina Machado, autora de As Tticas de Guerra dos Cangaceiros (1969); Cmara Cascudo, autor de Flor de Romances Trgicos (1966); Glauber Rocha, diretor de Deus e Diabo na Terra do Sol (1963); Aglae Oliveira, que escreveu Lampio, Cangao e Nordeste (1970). O impulso de tais escolhas parte de um tpico ainda pouco discutido, afinal, da mesma forma que uma escrita sobre o ado demanda uma operao que transforme uma massa documental em fonte para a construo desse ado, tambm um ato valorativo que transforma objetos do ado em patrimnio cultural de uma coletividade humana (GUIMARES, 2012:100)? A tnica das semelhanas quanto ao interesse pelo dito popular regional e das diferenas quanto s atribuies de valor s oralidades, lugares, prticas e objetos do cangao notada em cena chama ateno. No somente pela ideia de que cultura popular tornou-se um objeto de interesse porque seu perigo foi eliminado (CERTEAU, 1995: 55), supostamente. Em suma, dentre algumas conjecturas, a hiptese basilar da pesquisa sugere que indagar esses sentidos do popular em disputa nos percursos entre o folclore e o patrimnio uma forma pertinente de entender dilemas do lugar da memria cangaceira na construo da cultura nordestina em meio s (in)definies dos contornos simblicos da nao.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Carolina Ruoso (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
Minimuseu Firmeza: margem e na defesa de uma Histria da Arte no Cear
Resumo:Escrever uma Histria da Arte a partir do Cear ...
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Resumo:Escrever uma Histria da Arte a partir do Cear um ato poltico, geopoltico e de embate permanente contra o cnone de uma Histria da Arte de perspectiva eurocntrica. Estudar e pesquisar Histria da Arte a partir do Cear, significa partir do debate sobre a existncia de centros e periferias as artes, portanto fundamental argumentarmos que nossa perspectiva de anlise parte de uma Histria Social e Cultural da Arte e das teorias da descolonizao nos mundos da arte. Esta apresentao um desdobramento da tese de doutorado a respeito do Museu de Arte da Universidade Federal do Cear, onde apresentamos a imaginao museal do Estrigas, membro fundador do Minimuseu Firmeza. Ao analisarmos a imaginao do Estrigas compreendemos que nas aes que faziam parte do papel deste pequeno museu estavam relacionadas com uma defesa da existncia de uma Histria da Arte no Cear. Ento, mas por qual razo era preciso defender a existncia de uma Histria da Arte? Ficamos com esta pergunta como ponto de partida da nossa investigao, estamos estudando atualmente as relaes entre arte contempornea e museologia social no Brasil e na frica. Segundo Babacar Mbaye Diop (2012) a investida colonizadora, retira dos colonizados seu patrimnio cultural, a justificativa civilizatria retira dos Africanos a sua capacidade de se reconhecer como produtor de cultura. Para Sally Price antroploga da arte, os historiadores da arte, historiadores, entre outros estudiosos inventaram a noo de primitivo para afirmar a ideia de que h povos sem histria (1996). Para a sociloga da arte Batrice Joyeux-Prunel (2016) a Histria da Arte foi construda a partir de um contexto geopoltica e de afirmao centralizada do cnone eurocntrico, pensar os embates entre centros e periferias das artes fundamental na perspectiva de uma Histria Social e Cultural da Arte, especialmente, para estudarmos a circulao de artistas, obras de arte e saberes. Ns entendemos, portanto, que o Minimuseu Firmeza uma experincia de museologia social e comunitria, pela presena de um fluxo de artistas, pela prtica dos atelis ao ar livre no jardim do stio do bairro Mondubim, em Fortaleza. A prtica de escrita, documentao e registro de Estrigas, produziu um Centro de Documentao para a Histria da Arte desenvolvida a partir do Cear, especialmente por tratar no apenas dos artistas cearenses mas por apresentar leituras de autores de diferentes lugares do mundo, por descrever as visitas de crticos de arte, curadores de exposio, de artistas que avam por Fortaleza e realizavam pesquisas no Minimuseu Firmeza, pois era considerado a referncia para quem chegava na cidade. As pesquisas desenvolvidas e exposies realizadas por Estrigas e Nice Firmeza, so objeto de nossa anlise neste texto.
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Francisca Maria Neta (Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL)
PATRIMONIO HISTRICO E CULTURAL EM COMUNIDADES TRADICIONAIS disputas pelas memrias dos quilombolas da Tabacaria em Palmeira dos ndios/AL
Resumo:As disputas pelas memrias de negros escravizados ...
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Resumo:As disputas pelas memrias de negros escravizados para o reconhecimento de direitos e reparao de dvida social foram impulsionadas a partir da promulgao da Constituio de 1988. Os remanescentes quilombolas da Tabacaria, comunidade situada na zona rural do municpio de Palmeira dos ndios, interior do Estado de Alagoas, desde o final dos anos de 1990, vem travando um luta como os fazendeiros locais pelo direito posse da terra, tendo como argumentos a dvida histrica como os descendentes de povos escravizados. O estudo tem como proposta analisar as prticas sociais dos quilombolas atravs das disputas memoriais coletivas, atravs valores patrimoniais imateriais. Este trabalho tem como finalidade descrever o patrimnio histrico e cultural, tendo como nfase as polticas pblicas que vem sendo implementadas a partir da Constituio de 1988. A anlise est ancorada nos conceitos de memria, identidade e patrimnio atravs da diversidade da cultura local, objetivando analisar a comunidade remanescente quilombola Tabacaria. O estudo baseia-se na avaliao terica e metodolgica do reconhecimento do patrimnio cultural atravs da perspectiva da histria cultural a partir de referncias bibliogrficas e utilizao dos relatos orais, das experincias vividas pelos remanescentes quilombolas. Assim, a pesquisa parte das vivncias relatadas pelos integrantes da comunidade e, portanto, da construo identtria alinhavada pelo cotidiano de cada indivduo na construo de uma memria coletiva. A pesquisa dar-se- pela anlise dos aspectos constitutivos da preservao da memria e da valorizao das representaes materiais e imateriais existentes na comunidade para compreender o processo de implementao das polticas afirmativas e as implicaes de suas aes, estabelecendo conexes da poltica nacional com o local. As reivindicaes polticas pela posse da terra so aes coletivas que possibilitaram, ainda com bastante limitao, o aos bens pblicos, mas que negligenciada pelo poder pblico e, evidentemente, pelas as polticas de aes efetivas. A anlise pera pela compreenso das singularidades culturais e identitrias do espao histrico das referncias locais.
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Isabel Cristina Martins Guillen (UFPE)
Disputando memrias no territrio citadino. O Movimento Negro no Recife e as polticas de memria da escravido e da cultura negra (1980-2010)
Resumo:Nas ltimas dcadas, assistimos no mundo diversas ...
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Resumo:Nas ltimas dcadas, assistimos no mundo diversas discusses que pautam a escravido no Atlntico como um tema sensvel para o qual se props polticas de reparao, dentre as quais se destaca o programa da UNESCO A Rota do Escravo. No mbito dessas discusses, em ambas as margens do Atlntico, polticas de patrimnio foram pensadas e postas em ao, inclusive no Brasil, em que podemos apontar as discusses suscitadas pela descoberta do Cais do Valongo e a realizao do Inventrio dos Lugares de Memria do Trfico Atlntico de Escravos e da Histria dos Africanos Escravizados no Brasil. No mbito dessas discusses, aprovamos pelo FUNCULTURA, em 2017, projeto que objetiva apontar os lugares de memria da escravido e da cultura negra na regio metropolitana do Recife, como uma ao que visa fornecer ao pblico em geral e em especial a estudantes e professores material para discutir a presena de africanos escravizados na cidade e as aes de agentes da cultura negra, e que buscam imprimir no territrio citadino lugares de memria. Oe trabalho que agora apresentamos objetiva discutir as aes dos movimentos negros entre as dcadas de 1980 a 2010 para cunhar no territrio da cidade, em que a histria da escravido e da cultura negra no era visvel, lugares de memria que propiciassem o debate e a visibilidade da participao de negros e negras na construo histrica da cidade. Nesse sentido, analisaremos as aes que levaram construo do monumento (busto) de Zumbi dos Palmares, na Praa do Carmo; a colocao da esttua a Solano Trindade, no Ptio de So Pedro, e o monumento aos maracatus, representando Dona Santa, rainha do Maracatu Elefante, em frente ao Forte das Cinco Pontas, prximo ao Ptio do Tero, lugar em que se realiza na segunda-feira de Carnaval a Noite dos Tambores Silenciosos, cerimnia na qual os maracatus-nao reverenciam seus ancestrais africanos escravizados. Entendemos essas aes como polticas culturais e de patrimnio (em seu sentido amplo) que objetivaram retirar da invisibilidade as aes de importantes sujeitos responsveis pela cultura negra no Recife, bem como firmar na cidade lugares de memria da escravido, no caso especfico da Praa do Carmo com a esttua do busto de Zumbi, que foi importante palco para a Missa dos Quilombos nos anos 1980. Analisaremos principalmente as aes do Movimento Negro Unificado, nas dcadas de 1980 e 1990 e as aes do Ncleo de Cultura Afro da Cidade do Recife, responsvel por diversas aes culturais a partir do incio da primeira dcada do sculo XXI.
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Leila Bianchi Aguiar (Unirio)
Reflexes sobre prticas de turismo e preservao do patrimnio cultural na regio do Cais do Valongo
Resumo:A regio do Cais do Valongo, tambm conhecida como...
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Resumo:A regio do Cais do Valongo, tambm conhecida como Pequena frica, na zona porturia da cidade do Rio de Janeiro, fortemente marcada pela histria da escravido e pela presena negra. No entanto, muitas das marcas da herana africana foram invisibilizadas, caso do Cais do Valongo, onde, possivelmente, ocorreu o maior desembarque de escravizados no mundo e o cemitrio dos pretos novos, onde foram enterrados os escravizados que morriam ao longo da viagem ou logo aps o desembarque no porto. Bens capazes de materializar essa herana permaneceram submersos por mais de um sculo. Apesar de estar fortemente marcada por um ado escravista e pela forte presena de ex-escravos que trabalharam na estiva da regio porturia no ps-abolio, apenas, em 2011 foi criado um circuito da herana africana. Tais tenses e paradoxos sero investigados ao acompanharmos as prticas de turismo e de preservao do patrimnio cultural na cidade do Rio de Janeiro que, por muito tempo, estiveram marcadas pelas referncias a uma herana europeia, em imveis ligados istrao, religiosidade catlica e defesa, materializadas nos bens imveis tombados pelas instituies de patrimnio. Tambm so indcios desse apagamento as prticas de turismo na cidade que desprezavam a regio porturia da cidade e concentraram suas atividades na orla da zona sul da cidade. Para alm dessas aes que forjaram o apagamento de um ado traumtico, to pouco representado pelas polticas de preservao do patrimnio, nas instituies de memria e nas atividades tursticas na cidade do Rio de Janeiro, em funo das relaes de dominao e modos de excluso racial, buscamos ainda analisar contestaes e resistncias contnuas que, na ltima dcada, tm conferido visibilidades ao ado escravista e do ps-abolio na regio, incluindo a concesso do ttulo de patrimnio da humanidade pela Unesco. Essa pesquisa fruto do projeto Echoes: European Colonial Heritage Modalities in Entagled Cities, coordenado pelas Universidades de Hull e Aartus, e parte do mdulo 4 que investiga os usos das heranas coloniais em uma parceria entre o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e o Departamento de Histria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
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Liane Campos Bonzoumet (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
O Dito e o "No Dito": As tramas da memria e o ltimo esconderijo de Olga Benrio.
Resumo:O presente trabalho se concentra nos processos de ...
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Resumo:O presente trabalho se concentra nos processos de elaborao da memria e seus reflexos nas prticas discursivas no setor do patrimnio, onde so atribudos processos de esquecimento e invisibilidade de pessoas e espaos sociais. O objeto emprico a ser trabalhado se direciona no ltimo esconderijo de Olga Benrio, comunista e judia, vtima do governo Vargas e do regime nazista. Pretendo demonstrar como a elaborao das narrativas que envolveram a personagem influenciaram na memria do local e como foram utilizadas no sentido de elaborao de estratgias e polticas de esquecimento ps-acontecimentos, ressaltando a ao do estado na seleo e construo da memria, compreendendo o patrimnio como instrumento poltico e pedaggico que orienta a ligao da sociedade com as instituies de memria e histria. Pollak (1989) observa que o no-dito das lembranas tambm exercem uma funo estratgica, ou seja, nem sempre o silncio e o esquecimento so o efeito de um fenmeno natural, mas formas de negociar com a realidade social. Nesse sentido, o ocaso do imvel possui significado relevante para compreenso de como a memria de Olga foi construda no Brasil. Cabe ressaltar, que falar sobre a memria da personagem implica um grande paradoxo, pois envolve extremos de visibilidade e invisibilidade de suas representificaes. Olga ficou conhecida no Brasil, aps a publicizao da sua trajetria atravs de livros, filmes e produes teatrais, durante a Era da Seduo pela Memria (Huyssen, 2004). No entanto, o imvel onde ela viveu seus ltimos momentos de vida em liberdade foi conduzido a invisibilidade. Nesse contexto, Pollak tambm atenta sobre a seletividade da memria e das construes sociais do ado no presente, destacando seu carter conflitivo na disputa entre grupos sociais. Outro ponto de fundamental importncia em suas ideias refere-se ao esquecimento e a compreenso das relaes de foras envolvidas nas disputas pela memria. Segundo o autor, o longo silncio sobre o ado, longe de conduzir ao esquecimento, a resistncia que uma sociedade civil impotente ope ao excesso de discursos oficiais. (Pollak, 1989 p.5). Ante o exposto, o presente trabalho visa demonstrar atravs da histria de Olga que o campo patrimonial pode funcionar como um aparelho ideolgico da memria, desse modo, tanto a lembrana, quanto o esquecimento envolvem intenes, conflitos e manipulaes.
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Rafael Zamorano Bezerra (21)
De mercadoria muselia. A coleo Souza Lima de marfins asiticos
Resumo:A presente pesquisa de ps-doutorado (Ps-doutorad...
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Resumo:A presente pesquisa de ps-doutorado (Ps-doutorado Jnior - PDJ / CNPq) vem realizando a descrio e a anlise dos diferentes regimes de valor dos objetos que integram a coleo Souza Lima, pertencente ao Museu Histrico Nacional (MHN). Trata-se de um conjunto de esculturas catlicas produzidas em marfim e provenientes das possesses e relaes econmicas portuguesas na sia. O nome da coleo faz referncia ao colecionador Jos Luiz de Souza Lima e foi penhorada em 1933 pela Caixa Econmica, sendo comprada para o MHN por ordem de Getlio Vargas por 100 contos de ris, aps apelos de Gustavo Barroso, diretor do MHN na poca e que na ocasio a classificou como inigualvel. A coleo Souza Lima formada por 572 imagens crists esculpidas em sua maioria em marfim, incluindo imaginrias oriundas de Goa, Ceilo, Filipinas e China. considerada por diversos especialistas como um dos mais volumosos e significativos conjuntos de esculturas crists asiticas em marfim sob a guarda de um museu pblico brasileiro. Uma coleo deste porte e singularidade permite desenvolver uma srie de questes histricas, culturais e ticas que podem ser potencializadas a partir de uma pesquisa que busque analisar a trajetria dos objetos que a compem. Isso se relaciona com os aspectos polticos, econmicos, sociais e ticos dos diferentes regimes de valor que marcam sua trajetria. Nesse sentido, essas estatuetas configuram-se como mercadorias tpicas do mundo moderno e, portanto, vinculadas ao projeto de dominao colonial e ao mercado de escravizados. Vimos, portanto, descrevendo: 1) os diferentes contextos de produo e circulao dessas estatuetas enquanto mercadorias vinculadas ao trfico de escravos e Carreira das ndias; 2) sua insero no mercado de antiguidades nos sculo XIX e XX, e vinculada construo de um Orientalismo Portugus que as classifica enquanto esculturas luso-oriental; 3) o processo de musealizao da coleo e as questes ticas que envolvem objetos vinculados ao mercado de escravizados ao colonialismo. Dessa forma, a pesquisa ser dividida em trs descries: os objetos da coleo enquanto mercadorias, que se inserem no contexto de circulao de pessoas e coisas entre as possesses portuguesas na frica, sia e Amrica; a insero dessas estatuetas no mercado de antiguidades a partir do sculo XIX e ao longo do XX, perodo em que grandes colees de marfins luso ou hispnico orientais so formadas; a coleo enquanto muselia a partir de seu processo de musealizao na dcada de 1930, momento em que a coleo incorporada ao acervo do MHN.
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Ricardo de Aguiar Pacheco (UFRPE)
Conjunto Arquitetnico do Carmo do Recife e as identidades locais
Resumo:Neste estudo analisamos a documentao do processo...
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Resumo:Neste estudo analisamos a documentao do processo de tombamento presente no Arquivo Central do IPHAN buscando descrever o processo de tombamento das Edificaes que compem o Conjunto Arquitetnico do Carmo, Recife, PE observando as informaes utilizadas para lhe atribuir valor simblico.
A leitura dessa documentao percebe o uso de fontes histricas para reconstituir os processos vividos pelo bem tombado. Ao mesmo tempo observa a incorporao de valores e significados construdos pela comunidade que utiliza o bem cultural.
Autores como Maurice Hawlbachs (1990) salientam que as memrias coletivas de uma comunidade so alimentadas pelas memrias individuais de seus membros. Essas falas sobre o ado so readas no apenas entre indivduos do tempo presente mas tambm atravs das geraes por meio de estruturas sociais complexas que implicam a construo e legitimao da verso de determinados sujeitos e de suas representaes sobre o ado.
Acompanhando esse debate Paul Ricoeur (2007) aponta que para a memria social se transmitir pela coletividade importante o papel dos sujeitos que se responsabilizam pela comunicao de dada representao do ado para seu grupo social. Esses agentes sociais, que chamou de prximos, so os indivduos a quem a comunidade confia que guardem, em suas memrias individuais, as narrativas do ado e as informem aos demais.
Podemos inserir essa definio de memria social no campo simblico das sociedades formulada por Pierre Bourdieu (1989). Sendo ela uma narrativa legtima sobre o ado formulada e difundida por sujeitos autorizados se constituindo como elemento do poder simblico.
Em seu conjunto, a anlise da documentao do Arquivo Geral do IPHAN sobre o processo de tombamento do Conjunto Arquitetnico do Carmo do Recife nos permite identificar que o processo de significao desses bens culturais no campo simblico (Bourdieu, 1989) se apoia tanto na produo historiogrfica disponvel no momento em que foi realizado o estudo como na memria social (Hawlbachs) da comunidade que os utiliza. Percebemos que se realizou uma pesquisa histrica e documental que permitiu a construo de uma narrativa do ado com base em fontes documentais. Mas tambm mobilizou um intelectual ligado a comunidade carmelita, o frei Andr Pratt, para sistematizar sua percepo dos valores desses bens culturais. Com essa escolha sistematiza uma determinada representao do ado (Ricouer) dessas edificaes e dos processos histricos em que elas estiveram envolvidas que se transporta para a memria social da comunidade.
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Yazid Jorge Guimares Costa (universidade federal do cear)
Uma anlise da expanso dos museus no Brasil (1901-1992)
Resumo:Pensar sobre os museus brasileiros no sculo XX ...
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Resumo:Pensar sobre os museus brasileiros no sculo XX refletir sobre um contexto em profunda transformao. Quer pensemos tais instituies como lugares de memria ou instituies de memria, uma constante em sua apreenso o carter de disputa por representaes que se desenvolvem no mbito dos museus. Tais disputas tm se acirrado de modo vertiginoso a partir de fins dos anos 1960 no ocidente, com especial destaque para as crticas s funes dos museus na sociedade e s formas de exercer suas atividades. Ainda que seja um fato a ascenso de crticas ao modelo dito tradicional de museu, buscando ser a instituio uma referncia com a sociedade, e no apenas para a sociedade, ou para um colecionador, promovendo a transio de um modelo institucional de carter transmissivo de conhecimentos para um no qual a ambio promover o dilogo, o nmero de museus ou por uma ampliao. Um dos elementos possveis para compreender as disputas que envolvem os museus exatamente aquela da expanso dos museus, questionando suas tipologias, seus acervos, suas localizaes, nmero de visitantes e seus mantenedores, observando que o pas saltou de 06 (seis) museus registrados no I Anurio Estatstico (1908-1912) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica (IBGE), para 3.025 instituies (2010), segundo o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Pode-se apontar o papel internacional de duas organizaes na conduo de tal expanso, a Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), e o Conselho Internacional de Museus (ICOM), ambas criadas em 1946, no bojo do ps-Segunda Guerra Mundial, sendo a atuao de ambas organizaes uma forte promotora da criao de museus e polticas em seus membros. Portanto, objetivamos com este trabalho vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Patrimnio e Memria (GEPPM-UFC/CNPq) e financiado por bolsa CAPES/DS refletir sobre a expanso dos museus no Brasil no sculo XX, analisando a disseminao da instituio museal na sociedade brasileira. Em vista de cumprir tais objetivos ns analisamos estatsticas referentes aos museus a partir de um olhar quantitativo tipologias, regies, perodos de criao, etc. a partir dos dados publicados nos Anurios Estatsticos do IBGE, bem como de outras obras publicadas desde 1953 sobre o tema, aliando tal anlise com uma reflexo terica sobre as transformaes no perfil do setor. Assim, cremos que possvel a partir da anlise da expanso dos museus no Brasil refletir sobre a ascenso de novos atores e temticas nas disputas pelo poder de representao no campo dos museus.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Alexandra Sablina do Nascimento Veras (UFC/GEPPM)
DO PIONEIRISMO AOS LUGARES DE MEMRIA: O CASO DOS REMANESCENTES DA INDSTRIA MORAES, EM PARNABA, PIAU.
Resumo:Parnaba, localizada no extremo Norte do Piau, vi...
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Resumo:Parnaba, localizada no extremo Norte do Piau, vivenciou recentemente o fechamento e desmonte de um complexo industrial. Em 2005, a Indstria Moraes S/A, depois de mais de um sculo de existncia, fechou definitivamente seus portes. A Moraes S/A Indstria & Comrcio, fundada em 04 de maro de 1904, foi uma indstria especializada no beneficiamento da cera de carnaba e na extrao de leos vegetais do babau, da oiticica e do tucum. Por ter se destacado no ramo do processamento industrial da cera de carnaba, no final dos anos 1970 a Indstria Moraes ficou reconhecida por peridicos, memorialistas e escritores parnaibanos como uma das maiores indstrias do Piau e do Nordeste.
No entanto, hoje quem a pelo centro histrico de Parnaba, precisamente na regio que compreende o entorno do Porto das Barcas, um de seus principais pontos tursticos, depara-se com as runas do que sobrou da antiga Indstria Moraes, que muito alm de um smbolo de poder e opulncia, foi considerada um dos principais meios de subsistncia de parte da populao local e regies vizinhas. No terreno onde se localizava a Usina So Jos, hoje pertencente prefeitura municipal de Parnaba, restam apenas uma parte em runas de sua estrutura, que recorrentemente tem sido utilizada por usurios de drogas. A Usina Alberto Correia, uma das nicas que ainda no foi liquidada, mantendo grande parte de sua estrutura original, hoje corresponde a um conjunto de prdios desmoronados e consumidos pelo tempo, marcados por lembranas, silncios e esquecimentos.
A ausncia de polticas pblicas de valorao e preservao desses bens, e a dificuldade ainda existente de reconhecimento desses remanescentes como patrimnio, colocam em risco a permanncia do legado e de uma memria coletiva associada a industrializao. Sem saber o que fazer, e como fazer, esses prdios e instalaes tornam-se um problema na paisagem e na dinmica urbana das cidades contemporneas (MENEGUELLO, 2011).
Este trabalho tem como objetivo discutir algumas questes relacionadas aos remanescentes dessa indstria, problematizando, a partir das memrias orais de ex-operrios, como esses vestgios vo, no tempo presente, se transformando em lugares de memria. Esses lugares de memria so lugares de vida. Trazem recordaes de perodos em que a vida cotidiana estava vinculada aos enfrentamentos e valores atribudos ao trabalho. Mas, por outro lado, so tambm lugares de perda, de lamento, de esvaziamento (FERREIRA, 2009).
Palavras chaves: Memria. Trabalhadores. Patrimnio Industrial.
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Aline Montenegro Magalhes (Museu Histrico Nacional)
Da agonia ao conforto. A trajetria de um instrumento de tortura do acervo do Museu Histrico Nacional
Resumo:O objetivo do presente trabalho analisar os dife...
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Resumo:O objetivo do presente trabalho analisar os diferentes usos de um tronco de torturar escravos que integra o acervo do Museu Histrico Nacional (MHN) e encontra-se no circuito de exposio de longa durao da instituio. Pretende-se identificar os lugares por ele ocupado nas narrativas histricas produzidas pelo MHN, bem como as diferentes memrias construdas a partir desse objeto.
Trata-se de um tronco de madeira para aprisionar e aoitar trs escravos ao mesmo tempo, prendendo-os pelo pescoo e pelos pulsos, ou apenas pelos ps. Ali se trava contato com a materialidade de maus tratos to difundidos na iconografia que representa cenas da escravido no Brasil do sculo XIX, onde o tronco aparece em pleno uso, assim como o pelourinho e o viramundo.
Entretanto, embora exposto como instrumento de torturar escravos, o tronco ou a integrar o acervo do MHN por ter sido transformado em banco, em um stio do interior do Cear, aps a abolio da escravido naquele estado. Gustavo Barroso, primeiro diretor do museu foi quem solicitou ao ento dono da propriedade, Coronel Porfrio da Costa Ribeiro, o antigo tronco transformado em banco, que foi da antiga vila da Paupina, que pertencera a seu bisav, o Capito-Mr dos ndios, Joo da Cunha Pereira.
O ato de solicitar o objeto e integr-lo ao acervo do Museu Histrico Nacional foi interpretado como uma forma de uma escrita de si na instituio que dirigia. O fato de atribuir valor de relquia histrica ao artefato solicitado que, mediante essa solicitao, foi transferido para o referido Museu deixa claro que Barroso se sentia inserido na histria dos homens distintos, contada nas galerias de exposio. Sua ascendncia j apontaria para sua distino, pois vinha de um militar, que teve atuao considerada relevante no Cear do sculo XIX. O tronco no era valorizado pelo seu uso como instrumento de suplcio dos escravos, mas sim por ter pertencido a algum que se desejava cultuar no Pantheon da Ptria. Significava tambm a transposio da memria pessoal do diretor do Museu para a memria nacional, uma vez que o contato com o objeto o fazia lembrar de sua infncia no stio da famlia.
Nessa perspectiva, pretende-se analisar o processo de musealizao do tronco/banco, identificando as diferentes leituras e apropriaes do objeto, entre e para a construo das memrias individuais de Barroso e documento para a escrita da histria do Brasil produzida na instituio. Nosso objetivo compreender como essas prticas subsidiaram as representaes do negro nas narrativas do MHN.
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Andr Luiz Rocha Cardoso (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco), Mariana Zerbone Alves de Albuquerque (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
O Recife atravs dos trilhos:O patrimnio ferrovirio como fonte para a histria das cidades
Resumo:A paisagem urbana se (re) constri ao longo do tem...
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Resumo:A paisagem urbana se (re) constri ao longo do tempo acumulando marcas de perodos distintos. Seus elementos podem mudar de funo ao longo de cada poca. Representam os arranjos sociais estabelecidos em diferentes momentos e sua relevncia na vivncia da sociedade responsvel por produzir memrias individuais e coletivas. A relevncia de objetos e edificaes para a memria dos espaos ou para a preservao de uma histria cria argumentos para que esses elementos possam vir a ser compreendidos enquanto patrimnio cultural.
O transporte ferrovirio assume essa relevncia na produo do espao brasileiro a partir do final do sculo XIX, promovendo impactos no mbito social e cultural. Contudo, com o declnio do sistema ferrovirio, muitos de seus equipamentos perderam funes originais e aram a se perpetuar na paisagem como elementos de memria de uma histria dinmica. Com isto, essas ferrovias e seus elementos remanescentes hoje tm sua importncia como patrimnio cultural e a Carta de Nizhny Tagil (2003), traz que a importncia desse patrimnio em todas as suas manifestaes e seus significados devem ser estudados em sua histria e levados ao conhecimento da humanidade, para seu benefcio. Esses elementos podem servir como fontes para o estudo dos processos de formao e transformao da cidade. E, ao analisar o caso do Recife, o objetivo deste trabalho identificar a relevncia do patrimnio cultural ferrovirio enquanto ferramenta para a compreenso da histria de uma cidade, afirmando a importncia de sua preservao.
Este trabalho se fundamenta na apresentao de possibilidades para a produo historiogrfica ressaltando o valor cognitivo e histrico do patrimnio cultural, definidos por (MENEZES, 2009) que permitem revelar aspectos mais profundos da sociedade em tempos ados, que ficaram marcados no espao os quais, com o apoio de outras fontes, possibilitam entender os mecanismos de transformao do espao urbano. Para alm dos vestgios materiais, no entanto, faz-se necessrio o dilogo com as memrias atreladas aos tempos marcados nestes elementos, uma vez que as aes do homem concretizadas em objetos fsicos sofrem a ao do tempo, perdendo traos de sua integralidade (PESAVENTO, 2005). A metodologia empregada na execuo desta pesquisa se ancora na observao e anlise dos elementos do patrimnio ferrovirio, de modo a perceb-los na sua condio de testemunhos de uma poca, partindo da reviso bibliogrfica e da utilizao de algumas fontes primrias e da observao em campo para identificao dos elementos do patrimnio ferrovirio hoje ainda presentes na paisagem recifense, destacando possibilidades para sua utilizao enquanto fonte na compreenso da histria da cidade.
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Camila Carvalho Moura F
Paredes da Memria: a Fbrica de Manteiga Puro Leite em Campinas do Piau, na busca da construo da sua memria (1897-1941)
Resumo:A comunicao oral discutir o processo de constru...
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Resumo:A comunicao oral discutir o processo de construo da memria coletiva acerca da Fbrica de Manteiga Puro Leite em Campinas do Piau de 1897 a 1941, atravs de relatos orais. Localizado na regio sul do Piau, o municpio de Campinas, ainda um povoado de Simplcio Mendes na poca, chamado de Campos, era regio onde predominava terras semiridas e economia baseada na pecuria extensiva. Em 1897, o povoado sediou a fbrica de laticnios serto adentro, pela qual voltou-se na produo de derivados do leite. O idealizador foi o engenheiro Antnio Jos de Sampaio, que depois de visitar pases como Sua e Alemanha avaliou que a indstria de laticnios poderia desenvolver-se na regio, precisamente nas Fazendas Nacionais onde atravs de uma anlise tcnica e cientfica das terras, verificou que a regio tinha condies favorveis para a extenso fabril. A implantao da indstria de laticnios seria a experincia de um projeto privado precursor no Piau. A iniciativa do engenheiro se desprendia do paternalismo do Estado, visto que promoveu prticas como a formao de colnia de imigrantes, a abertura de estradas e a instalao de aparelhos meteorolgicos. A tecnologia utilizada, no que concerne aos maquinrios, era o que havia de mais moderno para poca, sendo importados da Europa. A modernidade aos poucos substitua sistema da tradio. Naquela oportunidade a pecuria experimentava mais uma crise. Esse projeto que reordenaria o desenvolvimento econmico do Piau foi interrompido durante seu funcionamento, porque grupos polticos locais articularam a destituio do posto de Antnio Jos de Sampaio de arrendatrio das Fazendas Nacionais, que eram motivo de disputas entre os grupos polticos locais, haja vista que eram terras representativas de grande poder aquisitivo para a elite agrria. A indstria implantou o trabalho assalariado provocando o descontentamento entre os latifundirios da regio. Tendo em vista um contexto de conflitos de cunho poltico, a anlise da construo da memria imprescindvel para tentar compreender como as lembranas dos grupos sociais se formularam a respeito desse acontecimento. A narrativa ter como e principal entrevistas com indivduos que herdaram a memria sobre o acontecimento A construo da proposta de trabalho dialoga com, Murice Halbwachs (1990) que discute a memria como sendo decorrente dos processos sociais. Outro autor utilizado foi Jacques Le Goff (1990), o qual discorre as distores da memria social, e ainda, Michel Pollak (1992) com o conceito de memria em disputa nortear a ocorrncia das memrias concorrentes.
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Jorge Luiz Ferreira Lima (Secretaria da Educao D)
O boom da memria no interior do Cear: memria intelectual e patrimonializao em Sobral (1984-2000)
Resumo:Este trabalho apresenta uma discusso em torno do ...
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Resumo:Este trabalho apresenta uma discusso em torno do processo de patrimonializao verificado na cidade de Sobral, no norte do Cear, entre os anos de 1984 e 2000. Tal recorte compreende o momento em que a memria do jornalista Deolindo Barreto Lima (1884-1924) foi invocada por seus familiares por ocasio do sexagsimo ano de sua morte brutal, resultado da consumao de um assassinato ocorrido no interior da Cmara Municipal num dia de eleio. Aps um breve mapeamento da trajetria de construo desta memria dura, esforo perpetrado por seus amigos e familiares nos anos que se seguiram imediatamente morte, buscamos identificar a associao desta memria ao processo de patrimonializao da cidade, concludo com o tombamento do stio urbano histrico e arquitetnico, aps o indispensvel trmite do processo junto ao rgo federal encarregado da poltica patrimonial a nvel nacional, isto , do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN). A discusso ancora-se ainda nas memrias do jornalista Vicente Loyola (1873-1919), cuja trajetria profissional no pode ser dissociada de sua atuao poltica e se deu de maneira concomitante de Deolindo Barreto. Estes dois intelectuais viveram e deram larga contribuio para a consolidao da imprensa enquanto lugar de fala e de debate na cidade, demarcando posies ideolgicas e sociais e angariando uma longa lista de desafetos, motivo pelo qual suas mortes no deixaram de ser atribudas aos dios que giravam em torno de suas pessoas. Nos anos 1980, no contexto do chamado "boom" da memria, num momento em que o pas ava pelo processo de redemocratizao, as memrias duras de Deolindo Barreto foram invocadas pela famlia, momento ainda que a Prefeitura Municipal de Sobral, sob a istrao de Joaquim Barreto inaugurou um monumento ao jornalista assassinado. O objeto foi instalada em frente Cmara Municipal, assinalando, por meio da patrimonializao, a suavizao das memrias duras do homenageado. Os nomes dos dois jornalistas foram ainda convertidos em toponmia, legendando duas ruas da cidade. Neste sentido, aram a fazer parte do cotidiano, pontuando os os dos caminhantes, usurios e construtores dos significados das prticas de uso do espao urbano. Os caminhos do patrimnio aram, no caso em questo, pela suavizao das memrias, pelo esquecimento e o apagamento de tenses, construindo um discurso em torno da importncia de uma cidade a partir de sua contribuio para a histria do Cear e do Brasil, valorizando seu patrimnio edificado e as trajetrias de seus filhos ilustres, dentre estes, os dois jornalistas mencionados. O tombamento sacramentou, assim, uma poltica patrimonial resultante da suavizao da memria.
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Sergio Lima Silva (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Sobre Posies Institucionais e Sobreposies Culturais: O Caso do Conjunto Paisagstico do Stio da Trindade.
Resumo: OBJETIVO: A presente pesquisa tem, como ...
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Resumo: OBJETIVO: A presente pesquisa tem, como objetivo geral, identificar se h conflitos entre as determinaes institucionais de tombamento, e os usos e prticas socioespaciais. Especificamente, buscar as origens histricas que possibilitaram a transformao de um local repleto de historicidade, num local de eventos cclicos demarcados, e de festividades eventuais, apesar dos impedimentos legais; Entender a clara sobreposio cultural de interesse turstico/comercial, sobre o interesse dos fatos histricos inerentes ao local; Verificar se h uma preocupao da istrao municipal, responsvel pelo Stio da Trindade, com a educao patrimonial.
METODOLOGIA: A metodologia a ser utilizada, buscar como fonte primria, o memorial descritivo de tombamento do Conjunto Paisagstico do Stio da Trindade, face a necessidade de entender os critrios utilizados no processo de tombamento.
Trata-se de local onde, no sculo XVII (1630-1635), foi construdo o Forte do Arraial do Bom Jesus, durante a luta de resistncia ao avano holands para o interior do Estado. Posteriormente, no mesmo local, funcionou no casaro que pertenceu famlia Trindade Perreti (de onde se originou o nome Stio da Trindade), a sede do Movimento de Cultura Popular M, responsvel, alm da divulgao e promoo da Cultura Popular, pela implementao do programa de educao de base e de adultos, tendo como coordenador o Professor Paulo Freire. Alm da presena de escavao arqueolgica promovida pelo Departamento de Arqueologia da UFPE, coordenada pelo Professor Marcos Albuquerque, atualmente protegida por um gradil.
Como fontes secundrias, utilizaremos pesquisa bibliogrfica que justifique a fundamentao terica, bem como fornea os dados necessrios para o entendimento da formao histrica do local. Para entender a sobreposio cultural, ser aplicado pesquisa qualitativa junto aos es do Conjunto Paisagstico, bem como junto ao pblico usurio, na tentativa de medir at que ponto o local mais conhecido pelos eventos, do que pela historicidade ali presente. Quanto aos usos e prticas atuais, para a sua devida anlise, utilizaremos o mtodo de observao no-estruturada, no participante, individual e sistemtica, considerando os dias e horrios do cotidiano do local e, principalmente, nos eventos cclicos realizados nos meses de junho (festas juninas), e no ms de dezembro (festas natalinas), para tentar formar um quadro de uso e prtica, na contemporaneidade, do local em estudo.
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Walkiria Maria de Freitas Martins (Colgio de Aplicao Joo XXIII/UFJF)
Curvas de concreto para alm das serras de Minas: Conjunto da Pampulha, patrimnio cultural, do local ao global (1984-2016)
Resumo:O presente trabalho visa a apresentar nossa propos...
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Resumo:O presente trabalho visa a apresentar nossa proposta de Doutorado Sanduche, a ser realizado nos Estados Unidos da Amrica (EUA) como parte do projeto de Doutorado em Histria que vimos desenvolvendo desde o incio de 2017.
O projeto de Doutorado tem por objetivo analisar os processos que levaram s incluses do Conjunto Urbanstico de Braslia (DF) e do Conjunto Arquitetnico da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), na Lista do Patrimnio Mundial, em 1987 e em 2016, respectivamente. Dentro dessa temtica, propomos a realizao de pesquisas em bibliotecas e arquivos norte-americanos a respeito da participao de arquitetos e artistas plsticos brasileiros, ligados ao movimento moderno, nos EUA, entre as dcadas de 1930 e 1960.
O objetivo principal o o a acervos documentais e bibliogrficos desse que considerado um importante centro difusor de ideias sobre o movimento da arquitetura moderna do sculo XX: a cidade de Nova York, nos EUA. Em Nova York ocorreu a Feira de 1939, quando o pavilho brasileiro projetado por Oscar Niemeyer e Lucio Costa foi construdo. Em Nova York localiza-se o MoMA, o qual se constituiu como um dos principais centros de divulgao da arquitetura moderna no sculo XX e que realizou em 1943 a exposio Brazil Builds a qual tornou mundialmente conhecida a arquitetura brasileira. Tambm em Nova York foi construda, no final da dcada de 1940, a Sede da ONU com a participao do arquiteto Oscar Niemeyer, entre outros.
Buscamos subsdios que auxiliem na avaliao da hiptese de que as relaes entre Brasil e EUA - no que diz respeito arquitetura moderna - contriburam para a projeo internacional de arquitetos e obras brasileiras. Acreditamos que as consequncias dessas relaes no tenham ficado circunscritas ao contexto histrico do perodo entre-guerras e do ps-guerra (1948-1991). Nossa hiptese de que o reconhecimento internacional alcanado por alguns artistas e arquitetos brasileiros ligados ao movimento moderno, tambm tenha influenciado os processos de consagrao como patrimnios, de suas obras, a partir do final do sculo XX. Cremos que obras de Oscar Niemeyer, Lcio Costa, Cndido Portinari, Roberto Burle Marx e outros, tenham encontrado ambiente propenso, no cenrio internacional, para serem reconhecidas como patrimnios, dentro e fora do Brasil. So os casos do Conjunto Moderno da Pampulha e do Conjunto Urbanstico de Braslia, reconhecidos pela UNESCO como Patrimnios Mundiais.
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Yasmin Darviche (Aluna de mestrado da FAU USP)
Memria operria e patrimnio: reflexes sobre o tombamento da Companhia Nitro Qumica Brasileira - SP
Resumo:O presente artigo resultado de pesquisas recm i...
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Resumo:O presente artigo resultado de pesquisas recm iniciadas no curso de mestrado, e trata do lugar da memria e identidade ligadas ao trabalho e ao trabalhador no campo do patrimnio nos anos 2000.
Este perodo vem sendo reconhecido pela reviso conceitual sobre patrimnio, em que se busca incorporar territrios, prticas e grupos sociais representativos da pluralidade cultural brasileira. Uma anlise crtica acerca dos reconhecimentos realizados at ento indica que ainda h desafios a serem superados, como a valorao de exemplares em territrios perifricos, e a representatividade grupos sociais no hegemnicos, como os trabalhadores. Desta maneira, refletiremos a partir de um estudo de caso, o tombamento da Companhia Nitro Qumica Brasileira - CNQB.
Instalada em 1935 em So Miguel Paulista, na cidade de So Paulo, a CNQB foi uma importante indstria de produtos qumicos no Brasil. A fbrica responsabilizou-se no somente pela instalao de equipamentos de carter fabril, mas tambm aqueles voltados ao assistencialismo de seus funcionrios, como creche, clube e vila operria. A partir dos anos 1980, dentro de um processo de reorientao dos modos de produo, a maioria destes edifcios foram demolidos, ou restaram em estado de abandono. Pela estreita relao entre moradores do bairro e a fbrica, a demolio dos edifcios causou comoo na populao, pedindo seu tombamento. Assim, em 2012, os remanescentes da fbrica da CNQB foram tombados pelo Conpresp - rgo municipal de patrimnio de So Paulo. O reconhecimento oficial voltou-se aos espaos produtivos, implantados dentro do permetro dos muros da fbrica. Aqueles alm desta delimitao, como a vila operria ou a sede social do clube de lazer, no foram contemplados.
A compreenso da importncia da fbrica e seus equipamentos assistenciais como patrimnio do trabalhador se apoiar em duas fontes principais, na narrativa oficial do patrimnio, e na voz dos sujeitos sociais. Para tal ser abordada uma reflexo apoiada em entrevistas com moradores do bairro, realizadas pela autora. Este caso foi selecionado pois exemplifica o tensionamento da relao entre a memria e a identidade construdas sobre o cotidiano do trabalho, da luta, da moradia e do lazer, quando se constri o caminho de atribuio de valor para o reconhecimento oficial, no sendo um fim bvio o tombamento que reconhece o valor dos aspectos ligados cultura do trabalhador em suas mais diversas representaes. A partir do reconhecimento do patrimnio como campo de disputas, o artigo busca refletir sobre a atuao dos rgos de tombamento sob tica questionadora, e prope a abertura de discusses sobre a presena da dimenso social do trabalho nos processos oficiais de reconhecimento nestas duas primeiras dcadas dos anos 2000.
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