ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Darlan Rodrigo Sbrana (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par (Unifesspa))
ZOROBABE E SEUS DOIS DESTINOS: protagonismo tupi na chamada conquista do Maranho (Sculo XVII) a partir de narrativas dissonantes
Resumo:A considerar a narrativa histrica que vai de Fran...
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Resumo:A considerar a narrativa histrica que vai de Francisco Adolfo Varnhagen (1875; 1877) a John Manuel Monteiro (2001) ou seja, a longa tradio historiogrfica na qual os indgenas vo de povos sem histria a senhores de sua prpria histria o destino do morubixaba Zorobabe bem conhecido: depois de fazer alianas com Jernimo de Albuquerque e liderar cerca de 1500 flecheiros na guerra contra os aimors na Bahia, e depois de desmantelar o quilombo de Itapecuru, ele foi preso, enviado a Pernambuco e depois Bahia, onde tentaram inutilmente envenen-lo. No fim, teria sido enviado Lisboa, depois vora, onde teria ado os seus ltimos dias no fundo de uma cela (SALVADOR, 2010; ABNRJ, 1935). Interpretando essa narrativa, Zorobabe adquiriu designativos que vo de jaguno do senhoriato (ALENCASTRO, 2000) a primeiro exilado poltico brasileiro (MELO FRANCO, 2004; ALMEIDA: 1988). Pouco dialogando com essa tradio historiogrfica, Rodolfo Garcia (1927) aproxima esse chefe potiguar de Serubebe, um dos principais chefes tupinambs do Maranho, em 1612 (ABBEVILLE, 2008). E documento do Arquivo Histrico Ultramarino de 1619, ainda pouco estudado, relata que um principal chamado Sarobabe teria alertado Jernimo de Albuquerque sobre os motins tupis que ocorriam no Maranho a partir de 1615. Diante dessas informaes desencontradas, poderamos nos questionar: Zorobabe teria mesmo sido enviado para vora? Ou seus dotes guerreiros seriam mais bem aproveitados na Conquista do Maranho? Zorobabe, Serubebe e Sarobabe seriam o mesmo chefe? Mais do que oferecer respostas, a presente comunicao, resultado de dissertao de mestrado a respeito dos chefes tupis da Ilha Grande do Maranho (SBRANA, 2017), tem como objetivo buscar nas dissonncias das narrativas outras interpretaes que contextualizem o processo de conquista do Maranho para alm das aes de Jernimo de Albuquerque e Daniel de la Touche que, na historiografia maranhense (LIMA, 2006; ARAJO 2015; 2016; MARIZ; PROVENAL, 2007; MEIRELES, 2015; LACROIX 2006; 2008; 2012), ainda hoje disputam a qualidade de heris fundadores, enquanto o protagonismo dos tupis tecnicamente apagado pelo discurso historiogrfico, em benefcio das estratgias militares nas quais eles surgem, quando muito, como coadjuvantes ou personagens menos importantes.
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Joo Filipe Domingues Brasil (Fundao Roberto Marinho)
Redes de Relaes Chan-Guan no Chaco Entre os Sculos XVI e XVIII
Resumo:A presente comunicao parte integrante de tese ...
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Resumo:A presente comunicao parte integrante de tese de doutoramento que se destina a pesquisar a etnia indgena Kinikinau entre os sculos XVIII e XIX. Tal etnia, que aps ter sido declarada extinta habita hoje o estado do Mato Grosso do Sul, tem uma etno-histria que remonta ocupao de diversos territrios nas regies denominadas hoje como Chaco e Pantanal. Sua origem identitria diretamente associada aos Chan (Guan), povo indgena que migrou em tempos pr-coloniais para as regies supracitadas e esteve intricada nas lgicas coloniais inerentes a elas, como nas disputas fronteirias entre Portugal e Espanha, por exemplo. Tendo como referncia o conceito de Redes de Relaes desenvolvido na etnologia, o presente trabalho procura compreender e analisar historicamente as redes estabelecidas pelos Chan-Guan com diversos atores sociais na regio chaquenha entre os sculos XVI e XVIII. Utilizar tal conceito em uma perspectiva histrica permite que alcancemos entendimentos acerca da etnia, do perodo e das regies estudadas at ento ignoradas pela historiografia. Sua utilizao pressupe tambm o manuseio de outros conceitos que interagem e complementam-se, como os de fronteiras, por exemplo. Assim sendo, ao elucidarmos como se formaram e estavam calcadas as redes de relaes Chan-Guan no Chaco e no Pantanal entre os sculos XVI e XVIII, ampliamos o entendimento sobre um importante perodo da Histria da Amrica, revelando como os Kinikinau de hoje foram historicamente protagonistas. Tal abordagem ser colocada ainda em comparao com outros conceitos j utilizados para o entendimento dos Chan-Guan no Chaco e no Pantanal entre os sculos XVI e XVIII, como forma de avanarmos nos entendimentos aqui propostos. Alm desses aspectos, a pesquisa aqui desenvolvida se insere no mbito da Histria Indgena, campo que cresce h anos na historiografia brasileira. O campo de pesquisa da Histria Indgena pressupe a utilizao de ferramentas metodolgicas interdisciplinares que propiciem o entendimento do contexto histrico do perodo estudado e evidenciando o protagonismo indgena frente aos acontecimentos. A pesquisa, portanto, est baseada em anlise acerca das redes de relaes Chan-Guan na regio chaquenha entre os sculos XVI e XVIII, antes e aps o contato com os europeus.
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Joo Paulo Peixoto Costa (Instituto Federal do Piau)
Poltica indgena e a cmara municipal da vila de ndios de Messejana no Cear
Resumo:A promulgao do Diretrio dos ndios em meados do...
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Resumo:A promulgao do Diretrio dos ndios em meados do sculo XVIII inaugurou um novo contexto de relaes entre Coroa portuguesa, istrao colonial, proprietrios de terra e indgenas. A legislao visava a integrao desses povos sociedade lusitana colonial por meio do trabalho e da igualdade aos brancos na condio de vassalos do monarca de Portugal. Esta ltima ideia era flagrantemente utpica, na medida em que a prpria lei os declarava incapazes de autogoverno, submetendo-os tutela de um diretor leigo em substituio aos religiosos; por outro lado, aos ndios era garantida terra, salrio, patentes militares e cargos polticos em suas antigas aldeias, que aram condio de vilas. A partir dessas municipalidades ainda pouco discutidas pela historiografia no mbito da istrao camarria, esta pesquisa se prope a analisar a dinmica e cultura poltica indgena na cmara municipal da vila de ndios de Messejana no Cear no incio dos oitocentos. Os principais temas a serem pesquisados na documentao das atas de sesso da cmara so a gesto da terra, mercado e produo econmica, a relao frequentemente conflituosa com os extranaturais e as condies de atuao poltico-istrativa das lideranas indgenas, em uma situao de difcil definio entre a cidadania tpica do Antigo Regime - que os capacitava "andar na governana" - e sua imputada inferioridade na hierarquia social colonial - que os submetia tutela e convivncia com os brancos. Em tais posies aparentemente submissas e com pouco espao de manobra, vereadores, juzes e outros polticos indgenas expressavam uma complexa cultura poltica marcada pela prpria experincia, por suas concepes particulares de ancestralidade e pelas relaes viscerais com a monarquia e suas prprias comunidades. A legislao era clara ao obrigar que as cmaras fossem compostas tanto por ndios quanto por brancos, indicando o estatuto de vassalos dos indgenas e, ao mesmo tempo, a necessidade de serem controlados e civilizados pela convivncia. Os conflitos de interesses eram inevitveis, e comeavam pela prpria recusa de es e outros luso-brasileiros a aceitarem essas condies. A natureza desses choques claramente remete ao poder que tais cargos ofereciam, especialmente no que dizia respeito gesto da terra, motivo constante de choques entre ndios e brancos.
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Maria Cristina Bohn Martins (Unisinos)
Caciques indgenas e poltica de fronteiras na pampa argentina no sculo XVIII. Os casos de Calelin, Cangapol e Yahati
Resumo:
A documentao colonial, examinada a partir ...
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Resumo:
A documentao colonial, examinada a partir de premissas tericas e metodolgicas empenhadas em reconhecer a agncia histrica das sociedades indgenas, permite recuperar, ainda que fragmentariamente, a trajetria de importantes lideranas nativas. No caso que importa a este trabalho, buscamos compreender e discutir o protagonismo assumido por alguns caciques com os quais as autoridades da Governao de Buenos Aires tiveram que negociar quando, nos anos centrais do Setecentos, se processava o avano da fronteira colonial.
Efetivamente, ao longo desta centria, ocorreu uma intensificao dos contatos intertnicos na regio conhecida como campanha bonaerense, situao que decorreu das polticas bourbnicas para as reas de fronteira, da dinmica regional dos setores coloniais, tanto quanto dos interesses dos grupos indgenas deste territrio. Estas relaes assumiram, muitas vezes, facetas violentas, mas tambm se apresentaram na forma de intercmbio de bens e de informaes, bem como de alianas mais ou menos formais. Estas ltimas tm sido objeto de alguns trabalhos recentes propondo entendimentos alternativos aos oferecidos pela historiografia tradicional. Entre elas encontramos um conjunto de estudos que se esfora para pensar o tema a contrapelo, de forma a elucidar as motivaes e os sentidos que as negociaes de paz podem ter assumido para a parte indgena dos acordos. Tais trabalhos, via de regra, fazem parte de um conjunto de investigaes que ou a estudar as relaes de fronteira buscando compreend-la como espao de diversos tipos de interaes entre os grupos tnicos envolvidos, no centrando-se na guerra tal como fizera a tradio historiogrfica anterior.
Esta reflexo permite, tambm, ponderarmos sobre as caractersticas da organizao poltica dos indgenas da rea, em que os caciques careciam de verdadeiro poder sobre sua gente, devendo sua autoridade ser ratificada constantemente mediante seus dotes pessoais. A noo de agncia, tal como a entendemos aqui, implica na capacidade dos atores polticos de interpretarem as condies sociais e polticas do cenrio em que se movem e, a partir da, agir sobre ele. Em outros termos, isto significa recusar anlises histricas orientadas pela noo de manipulao dos indgenas compreendidos como sujeitos incapazes de compreender as instncias de negociao.
Contrariamente a isto, possvel verificar, pela trajetria de algumas lideranas indgenas, que elas construram um leque de alternativas para enfrentar a conjuntura estabelecida nesta fronteira austral do Imprio Hispnico no Setecentos. E, a partir da, discutir-se a polaridade tradicionalmente estabelecida -pelos prprios poderes coloniais e pela historiografia decimonnica-, entre ndios amigos e ndios de guerra.
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Rafael Borges Deminicis (Museu Nacianal-UFRJ // IPHAN-ES)
As modificaes na Cermica como expresso da Acomodao Cultural Indgena frente ao domnio jesutico
Resumo:O presente trabalho est situado nas perspectivas ...
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Resumo:O presente trabalho est situado nas perspectivas mais recentes de um debate interno Arqueologia Brasileira, que consiste nos novos estudos sobre a cermica identificada at ento como neobrasileira ou regional. Neste mbito, buscamos superar a mera constatao sobre a tipologia diferenciada de uma cultura material pertencente s classes populares do contexto colonial ou ps-colonial, mescladas e sujeitas a perdas culturais, mas sim o aprofundamento e detalhamento das relaes sociais e histricas envolvidas no processo de contato e subalternizao das populaes de matriz indgena e africana do Brasil.
A comparao entre as cermicas indgenas produzidas e utilizadas em contexto funerrio pr-colonial e as de contexto funerrio-religioso encontradas nos locais ocupados por aldeamentos jesuticos (ambas provenientes de stios arqueolgicos do atual sudeste brasileiro), constitui-se como o objeto inicial de nossa pesquisa e que aqui se apresenta.
A anlise das caractersticas distintivas entre as cermicas dos contextos pr-colonial e colonial tem como objetivo compreender o processo de mudana cultural para as populaes indgenas e os possveis simbolismos envolvidos. Essa anlise consiste basicamente no levantamento e cotejamento das estruturas representativas e simbolismos abstrados das decoraes pintadas, das composies fsico-qumicas dos pigmentos das pinturas e das argilas utilizadas, das formas e funes dos vasilhames das cermicas de cada um dos referidos contextos.
Utilizamos aqui, como auxiliar a esta anlise, informaes presentes em determinadas fontes historiogrficas produzidas por cronistas e viajantes (devidamente compreendidas e contextualizadas em seu processo de produo particular); na bibliografia historiogrfica recente que discute das relaes entre jesutas e nativos; e em dados etnogrficos.
Para o embasamento terico-metodolgico desse trabalho esto as propostas de anlise da cultura material a partir das agncias perspectiva arqueolgica ps-processual, da qual faz parte arquelogos brasileiros como Lus Cludio Symanski ; e de compreenso dos processos de negociao colonial a partir das acomodaes conceito trabalhado por historiadores brasileiros como Adone Agnolin, mas invertendo aqui o que trabalhado por essa corrente historiogrfica para a compreenso das prticas e estratgias jesutas frente ao colonizados, atribuindo a qualidade deste conceito aos povos indgenas.
Enfim, as modificaes das decoraes pintadas presentes nas cermicas indgenas demonstram processo de assimilao de novo universo simblico envolvendo a morte, porm, enquadrado ainda dentro de um sistema tradicional funerrio, em semelhana ao que se processa no nvel lingustico e da ocupao do territrio.
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Ristephany Kelly da Silva Leite
ENTRE O CEAR GRANDE E O RIO GRANDE DO NORTE: Elevao da vila de Portalegre e agncias indgenas (1761-1768)
Resumo:Para compreender as transformaes culturais que o...
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Resumo:Para compreender as transformaes culturais que ocorreram na Amrica Portuguesa, precisamos entender as dinmicas estabelecidas pelo contato entre diversos grupos distintos durante o perodo colonial e as leis e diretrizes que regimentam esta sociedade. Para tanto, pretende-se, neste trabalho, apresentar a legislao conhecida como Diretrio pombalino, que determinou a elevao dos antigos aldeamentos missionrios vilas de ndios. Na capitania do Rio Grande do Norte, cinco aldeamentos indgenas foram elevados a condio de Vila de ndios. Os dois primeiros aldeamentos a serem elevados a vilas foram a Misso de Guararas, se tornando Vila Nova de Arez e a Misso de Guajiru, ento Vila Nova de Extremoz do Norte em 1760. Por questes istrativas, os outros trs aldeamentos, Apodi, Mipibu e Igramaci, tornaram-se vilas, Portalegre, So Jos e Vila Flor, respectivamente, somente em 1761. Analisar-se- a formao da Vila de Portalegre, a partir da transferncia dos ndios da Misso do Apodi - localizada na ribeira do rio Apodi - para a Serra do Regente, onde atualmente est localizada a cidade de Portalegre, no estado do Rio Grande do Norte. Para esta elevao, alm dos ndios da Misso de Apodi, tambm foram transferidos os ndios Paiac do lugar de Montemor, o novo da Amrica, na capitania do Cear Grande. No ano de 1768, o conde de Povolide e Governador General de Pernambuco, Jos da Cunha Atade, mandou que o Tesoureiro Geral Antnio Pinto, que havia ficado responsvel pelos bens confiscados dos Jesutas, pagasse ao Mestre de Campo Joo Dantas Ribeiro cento e cinquenta mil reis, que havia dado pela arrematao das terras da antiga aldeia dos ndios Paiac, naquele momento com o nome de Montemor, que haviam sido encaminhados para outra localidade, no entanto haviam regressado para estas terras e as reocupado, contrariando as ordens das autoridades coloniais. Analisando a narrativa anexada ao documento, escrita pelo Diretor da vila de Portalegre, Jos Gonalves Dias, procura-se perceber como os diferentes atores sociais reagiram s determinaes rgias, quais os percursos dos grupos indgenas envolvidos nessa elevao de vila e quais as possveis alianas estabelecidas por eles para se reestabelecerem na capitania do Cear Grande.
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Rita de Cssia Melo Santos (DCS/UFPB)
Muyr-Ubi, me do povo brasileiro
Resumo:Muyr-Ubi foi uma indgena brasileira, filha de um...
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Resumo:Muyr-Ubi foi uma indgena brasileira, filha de um principal Tabajara (Uir-Ubi), casada com Jernimo de Albuquerque nos primeiros anos da ocupao colonial no Brasil. Jernimo de Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho, desempenhou um importante papel no processo de conquista da colnia sendo o responsvel por importantes batalhas em Pernambuco e no Maranho. O encontro com Muyr-Ubi teria se dado logo nos primeiros anos ainda em Pernambuco. Aps ter perdido uma batalha, Jernimo tornou-se prisioneiro dos Tabajaras e Muyr-Ubi teria atuado como intermediria na libertao do portugus com quem contraiu matrimnio informal e do qual resultou o nascimento de oito filhos - Manoel, Andr, Jernimo, Catarina, Isabel, Antnia, Joana e Brites (Revista Genealgica Latina, vol. XI, Ano 1959, p.69). Sua converso ao catolicismo, sendo a partir de ento denominada de Maria do Esprito Santo Arcoverde, e o reconhecimento paterno oficial, permitiu que os seus filhos assem a disputar com os outros ramos da famlia os postos de controle na formao do Brasil. O casamento e a gerao de uma prole mestia sem a qual os portugueses no podiam se manter (Almeida Prado, 1941:172) foi desfeito em 1562, sob ordens de Catarina da ustria que entre os anos de 1557 e 1562 havia se tornado regente de Portugal. A Rainha Catarina alegava que sendo Jernimo de Albuquerque descendente de reis, no poderia viver em concubinato e para isso designou seu matrimnio oficial com Felipa Melo com quem viria a ter mais onze filhos. A histria de Muyr-Ubi e de seu casamento com Jernimo de Albuquerque repete o modus operante dos primeiros contatos portugueses com as populaes indgenas brasileiras. Fazer alianas com as populaes autctones, num tempo em que a prpria poltica de Estado estava baseada nos casamentos, ava tambm por estabelecer relaes matrimoniais com esses grupos. diferena, contudo, dos casamentos reais, nas relaes com as populaes indgenas havia uma assimetria marcante. Era sempre o homem europeu que se juntava mulher indgena. Junto com Muyr-Ubi, os relatos do casamento de Paraguassu com Caramuru e de Bartira com Joo Ramalho constituem o repositrio dos mitos de origem da formao nacional, atravessando sculos e sculos, celebrando a mistura e a incorporao das mulheres indgenas s famlias brasileiras. Elas so batizadas, assumem nomes catlicos, geram a prole de nacionais, so construdas como as mes do povo brasileiro desde que suas marcas tnicas sejam suprimidas ao longo do processo. O objetivo dessa comunicao discutir os modos pelos quais essas construes narrativas so produzidas e atualizadas ao longo tempo produzindo e sobrepondo diferentes regimes de memria (Oliveira, 2016).
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Fernanda Aparecida Domingos Pinheiro (Universidade da Integrao Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)
Indgenas num tribunal colonial: pela manuteno ou restituio da liberdade (Minas Gerais, sc. XVIII)
Resumo:A escravido e a liberdade dos ndios constituram...
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Resumo:A escravido e a liberdade dos ndios constituram uma importante matria da poltica indigenista da Coroa portuguesa. Desde o sculo XVI, uma vasta legislao regulava os meios de escravizar povos nativos, bem como de explorar a fora de trabalho dos que eram livres e j viviam integrados sociedade colonial. Apesar disso, a escravizao ilcita - resultante dos apresamentos promovidos por sertanistas em assaltos, do no pagamento dos salrios e no devoluo dos ndios istrados a suas aldeias e da alienao dos mesmos - foi uma prtica recorrente em diferentes capitanias. Para evitar os abusos por parte dos colonos e de muitos missionrios, de tempo em tempo, a Coroa aboliu o cativeiro e refirmou a liberdade natural de todos os ndios. Isso, entretanto, no bastou para pr fim definitivamente ao cativeiro indgena. As demandas por mo de obra ocasionadas pela expanso territorial e consequente necessidade de explorao de riquezas, abastecimento do mercado interno e defensa das fronteiras, tornou a extino do cativeiro indgena um longo processo, marcado pela relutncia dos colonos em abrir mo dessa fora de trabalho. Em razo disso, novas estratgias precisaram ser empenhadas por parte dos prprios ndios. Em defesa da liberdade, alguns deles recorreram Justia. Num tribunal do interior da Amrica portuguesa, moveram processos para escapar do cativeiro ilcito no qual eram mantidos. Outros se utilizaram dessa arena pblica de embates para pr fim s ameaas ou tentativas de escravizao, reivindicando algum grau de proteo contra tal prtica que subsistia em uma importante regio das Minas Gerais, durante a segunda metade do sculo XVIII. Em conjunto, as aes cveis revelam uma importante faceta da resistncia indgena, isto , o manuseio de recursos judiciais durante o perodo colonial. E mais: nos informam sobre a precariedade que marcava as trajetrias dos indgenas em uma sociedade escravista e lanam luz sobre experincias compartilhadas em cativeiro entre diferentes sujeitos os nativos e os que foram forosamente trazidos da frica. O propsito desta comunicao , portanto, relacionar as batalhas judiciais dos indgenas a alguns aspectos das relaes escravistas at agora pouco explorados.
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Iviana Izabel Bezerra de Lira (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Um procurador indgena: a histria de Jos Pereira dos Santos
Resumo:Esta comunicao objetiva narrar aspectos da vida ...
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Resumo:Esta comunicao objetiva narrar aspectos da vida social e poltica do ndio Jos Pereira dos Santos. Pertencente a Nao Potiguar e Tabajara, atuou como representante dos moradores da Freguesia e Aldeia de Nossa Senhora das Escadas, na capitania de Pernambuco na funo de procurador, no sculo XVIII. Nosso personagem era filho do capito Jos Pereira e de Donna Arcngela Pinheiro. O nome que lhe foi conferido no patenteava a importncia poltica do sangue dos seus anteados, a famlia Camaro. Parte da nossa investigao recai, similarmente, na busca por elucidar a sua atuao na funo de Procurador dos ndios. Da mesma forma, perceber quem era esse sujeito to mencionado em documentos normativos, como cartas, alvars e regimentos, cujas prticas buscavam nortear polticas direcionadas s populaes nativas. A representao exercida pelo procurador lhe conferia a responsabilidade de requerer a justia em nome de outrem. A metodologia que privilegiamos para este estudo se pauta numa anlise das aes promovidas por este procurar indgena. De modo exemplar, apresentamos o requerimento que em determinado momento traduziu o desejo por parte dos moradores de Nossa Senhora das Escadas, de verem aumentadas suas extenses de terras para fins de cultivo. Essa petio se tornou elemento motivador no conflito que envolveu Jos Pereira e o no ndio Jos Rodrigues. Tal contenda, contou ainda com a participao do juiz de fora responsvel por realizar as correies da aldeia predita. Nossa investigao busca se inserir em diferentes perspectivas historiogrficas que demandam perceber as estratgias indgenas que foram responsveis por modificarem suas condies, de sujeitos ivos para agentes que participavam da dinmica colonial de diferentes modos e em distintas esferas. O acervo documental que ampara nosso estudo emerge das correspondncias istrativas que circulavam entre as instituies coloniais, disponveis no Arquivo Histrico Ultramarino. So fontes manuscritas que em nosso entendimento podem revelar narrativas de vidas que configuram mais uma maneira de enxergar o ndio para alm da perspectiva dicotmica, ora aliado, ora opositor do colonizador branco.
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Karilene Costa Fonseca (IFMA - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Maranho)
Agenciamentos indgenas no Maranho regencial ( 1840- 1860)
Resumo:O presente trabalho dissertativo trata da Colnia ...
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Resumo:O presente trabalho dissertativo trata da Colnia So Pedro do Pindar- Maranho em 1840/1860, Colnia indgena: local de civilizao e catequizao para os indgenas da margem do rio Pindar, em detrimento do projeto geral da civilizao. Foi uma Colnia indgena, proposta e findada pelo projeto da poltica indigenista do Maranho no sculo XIX, utilizada como modelo para as demais Colnias de ndios que surgiram aps a So Pedro do Pindar. Objetivo central para construo dessas Colnias findou-se na ideia, quando colonizados, deixariam de praticar seus modos vivendi, e assim esqueceriam as suas indianidades, ocorrendo o desaparecimento fsico e cultural das populaes desse estado. A Colnia estava localizada as margens do rio Pindar, um dos principais afluentes do Maranho, responsvel pela alimentao das populaes indgenas desta localidade, foi uma regio ininterrupta de construes de engenhos, e, portanto, fazendeiros prximos aos territrios autctones. Tal trabalho visa investigar os agenciamentos indgenas do povo Guajajara no Maranho regencial, investigando a Colnia indgena So Pedro do Pindar a qual estavam inseridos. As objees e questionamentos que postularam nosso estudo permitiram que fssemos a campo de pesquisa, aguados para ouvir e traduzir histrias no ditas. Assim, mergulhamos nos arquivos do Maranho, e pensamos que estaramos perdidos de antemo. Contundo, muitas foram s dificuldades, reflexes e inflexes peradas nas perguntas preliminares desta pesquisa, sobretudo, se teramos o direito de falar sobre os indgenas que circundaram o sculo XIX. Analisando o que tnhamos de estudo sobre os indgenas na perspectiva do Imprio, pasmem! Poucos foram os trabalhos encontrados, no que diz respeito de enxerg-los em primeiro lugar nas narrativas. Por isso resolvemos nos dedicar a um suposto desenho deste perodo, sobremaneira, uma possvel histria dos ndios, certamente, buscando dilogos com eles, raros apresentados na cultura dos letrados. Foi isso que nos motivou a seguir adiante nessa pesquisa. O recorte temporal escolhido ocorreu em virtude da variedade documental existente. Objetivamos a partir das fontes histricas arroladas no nosso projeto dissertativo e discusses terico-metodolgicas, problematizar os discursos sobre as polticas indgenas e indigenistas, desconstruindo as descries da historiografia local, pois apresentam os Guajajara como meros expectadores das histrias de contatos intertnicos, onde, ao contrrio, observamos na documentao consultada at o momento, as diversas aes indgenas construindo agenciamentos diante dos colonizadores, da ocorrncia de conflitos, acomodaes e negociaes.
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Karina Moreira Ribeiro da Silva e Melo (Universidade Estadual de Campinas)
Histrias vividas por Andrs Guacurary y Artigas e os seus
Resumo:Andrs Guacurary y Artigas provavelmente veio ao m...
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Resumo:Andrs Guacurary y Artigas provavelmente veio ao mundo em princpios do ltimo quarto do sculo XVIII, mesma poca em que Buenos Aires se tornou a capital do recm-fundado vice-reino do Prata e as reformas bourbnicas foram postas em prtica tambm nas terras guarani-missioneiras onde nasceu. Muito jovem, certamente partilhou dos efeitos da conquista de sete dos trinta Povos missioneiros para a Coroa Portuguesa, em 1801. A parte mais transparente da vida de Andrs a conturbada dcada de 1810, em que desempenhou um papel de relevo nos conflitos posteriores revoluo de Maio daquele ano, evento que inaugurou um longo e agitado processo no vice-reino do Prata em busca de autonomia em relao coroa da Espanha. Entre os anos 1815 e 1821, sabe-se que participou como lder poltico e militar de pelo menos quatro campanhas importantes. A primeira, contra o Paraguai em 1815, quando assumiu o cargo de governador e comandante geral de Misiones, um feito poltico indito por aquelas bandas. Misiones era uma das provncias platinas mais disputadas entre portugueses, espanhis, portenhos e habitantes locais; uma grande poro de terra cujo histrico de ocupao capaz de contar muito sobre a experincia de Andrs e seus anteados. A segunda campanha foi em 1816, contra os portugueses que buscavam ocupar as misses ocidentais ( ocidente do rio Uruguai). Na terceira campanha, Andrs e seu exrcito de ndios, como se disse poca, invadiu a capital da provncia de Corrientes em 1818, tendo como um dos objetivos imediatos restituir o cargo de governador quele que havia sido deposto por foras bonaerenses. Na quarta, em 1819, novamente enfrentou foras portuguesas durante as reiteradas incurses aos povos missioneiros orientais. Nesta derradeira campanha, foi capturado e levado preso ao Rio de Janeiro, onde possivelmente faleceu, entre 1821 e 1822, quando o Imprio do Brasil declarou, neste ltimo ano, sua independncia de Portugal. Sua atuao poltica e militar de destaque gerou registros preciosos sobre a importncia das alianas com os indgenas para a formao social e consolidao de fronteiras entre os Estados argentino, brasileiro e uruguaio. Uma das ltimas notcias sobre a vida deste importante personagem na histria brasileira e da regio platina que aps ter experimentado vitrias e padecimentos to desumanos durante acirrados processos emancipacionistas, Andrs foi solto e tentou retornar para sua terra natal, para junto dos seus, como ele mesmo escreveu.
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Murilo Souza dos Santos
Sobre quem recai a culpa? A questo da imputabilidade no processo da escrava e ndia Felcia (1756-1761)
Resumo:Em 1756, a ndia Felcia Ana, escrava de Manuel Es...
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Resumo:Em 1756, a ndia Felcia Ana, escrava de Manuel Esteves da Costa, foi denunciada ao Santo Ofcio pelo crime de bigamia. Natural de Topais, no serto do Rio Negro, Estado do Gro-Par e Maranho, disse ter se casado segunda vez porque assim lhe mandou seu senhor. Presa, chegou a ser remetida para Lisboa a fim de que fosse julgada. No extraordinrio que a ndia tenha tentado se livrar da culpa atribuindo a outro a responsabilidade pelo crime cometido, o que faz esse processo notvel que tanto Manoel Esteves, quanto o reverendo em cuja presena se realizou o casamento foram seguidamente processados pela Inquisio por cumplicidade em bigamia. Gerou-se dessa maneira uma situao na qual os trs atores principais envolvidos em um casamento de escravos senhores, escravos e a autoridade eclesistica foram obrigados a desenvolver estratgias para assegurar a prpria absolvio, servindo-se do que podia garantir sua condio, na forma de privilgios, recursos e influncias. Naquele contexto, diferentemente do que acontecia na esfera civil, na qual a comprovao do dano bastava para a condenao, nos tribunais religiosos confirmar o dolo era parte integrante do processo. Isto posto, ao fazer uso de uma fonte processual oriunda da atuao do Tribunal do Santo Ofcio na Amaznia portuguesa, essa comunicao pretende matizar como se aplicava e se reformulava na prtica inquisitorial concepes relativas a imputabilidade da pessoa escravizada no cotidiano de relaes escravistas no qual conviviam trabalhadores submetidos a condies parecidas, mas de estatutos jurdicos diferenciados. Em termos jurdicos, imputar significa atribuir a algum a responsabilidade por um fato criminoso e, nesse sentido, o conceito de imputabilidade diz respeito s condies exigidas para que a atribuio de responsabilidade fosse devida. preciso testar a hiptese de que diferena de tratamento e imposio de pena conforme a qualidade do ru correspondiam variaes das exigncias para que a responsabilidade fosse imputada e, mais apropriadamente, se a imputabilidade da pessoa escrava era concebida como sendo em alguma medida diferente da imputabilidade de pessoas livres. No processo em questo, os trs rus foram considerados culpados e os trs, por diferentes modos que merecem ser estudados, conseguiram atenuar suas penas. Analisar-se- as estratgias de defesa das partes e as decises tomadas pelo Tribunal da Inquisio, a fim de entender em que medida a pessoa escravizada poderia responder por crimes cometidos, alegadamente, sob ordens de seu senhor.
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Rafael Rogrio Nascimento dos Santos (UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par)
Redes de conhecimento no Vale Amaznico: ndios e a Histria Natural (1750-1803)
Resumo:O trabalho que apresento aqui so as reflexes ini...
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Resumo:O trabalho que apresento aqui so as reflexes iniciais da pesquisa que desenvolvo no doutorado. Fruto de uma mudana tardia, mas feita em boa hora, procuro pensar a participao dos povos indgenas nas redes de conhecimento no vale amaznico a partir da segunda metade do sculo XVIII. Considero que os saberes indgenas e suas prticas foram utilizados por filsofos naturalistas, viajantes, missionrios, botnicos, entre outros, no domnio da Histria natural.
Nesse nterim, foram criadas/ampliadas redes de conhecimento que permitiam Portugal aprofundar o domnio de seu imprio. Tais informaes diziam respeito a dados imateriais, estudos tericos, localizaes geogrficas, alm de animais e plantas (vivos/as e mortos/as) e pessoas que circulavam no ultramar. De um lado do Atlntico temos a produo e preparao das viagens filosficas, das exploraes em outros continentes orientadas pelas instrues de Vandelli e dos seguidores de Lineu, do outro temos viajantes e visitados em um saber-fazer que apesar de seguir uma diretriz cientfica europeia, tambm tm suas prprias configuraes locais (PRATT, 1999).
Essas redes, evidentemente, no surgem no sculo das Luzes. Existe uma vasta bibliografia que d conta de mostrar tais redes de circulao e informao, Desde o incio da colonizao, remessas de animais eram feitas para a Europa e mais especificamente para o Portugal. As aves vivas e mortas tinham lugar de destaque. (KURY, 2008)
O que pretendo tratar sobre como os povos indgenas participaram desse processo. At o momento a lida com a documentao tem mostrado um trfego de informaes e materiais que seguem o direcionamento do serto para mar. As fontes apontam que cobras , onas, periquitos, papagaios, macacos, pica-flores, plantas, as famosas drogas do serto, portanto, itens da fauna e flora saindo do serto, por exemplo, que saem do rio Japur indo para Belm (Gro-Par), e serem enviados a Portugal, para as famosas Quintas Reais, atual Palcio Real de Belm .
Essa riqussima documentao apresenta a possibilidade de trabalhar com questes sobre redes de informaes trocadas e produzidas entre metrpoles e suas colnias, mostrando o percurso de itens da fauna e flora amaznica at Portugal. (SAFIER, 2010). Geralmente, na historiografia, os grandes responsveis por moverem esse processo so viajantes, filsofos naturalistas, funcionrios do governo portugus, mas ser que somente eles estavam envolvidos? Como os conhecimentos indgenas eram utilizados nesse universo? Como os prprios ndios participavam disso?
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Soraia Sales Dornelles (Universidade Federal do Maranho)
O Capito Jos Pedro de Souza e sua reivindicao perante o estado brasileiro: repensar o lugar dos povos indgenas na histria imperial.
Resumo:As trajetrias de lideranas indgenas tem sido lu...
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Resumo:As trajetrias de lideranas indgenas tem sido lugar privilegiado para compreendermos as formas com que distintos grupos reivindicaram direitos, apontando, inquestionavelmente a relevncia central de tais atores na construo de polticas imperiais relativas terra, trabalho, colonizao, atuao militar e construo identitria. Nesse sentido, a trajetria do capito Jos Pedro de Souza exemplar. Nascido no Mato Grosso, foi educado no aldeamento capuchinho de Santa Cruz em Miranda, onde as prerrogativas legais do Regulamento das Misses, lei imperial norteadora da questo indgena no XIX, haviam galgado distinto sucesso no quesito disciplina militar. Ali, aprendeu a ler, escrever e tornou-se professor de doutrina. Aps o seu aldeamento ter sido saqueado pelos paraguaios nos primeiros atos do maior conflito blico internacional da Amrica do Sul, arregimentou indgenas para a batalha e esteve sob a liderana de duas investidas ante os inimigos no ano de 1865. Apesar dos prstimos nos trabalhos da guerra, o capito terena encontrou-se em uma complicada situao em meados de 1867, quando chegou provncia paulista. quele tempo, retornava de uma malfadada visita Corte, para onde partira na inteno de conhecer o imperador e solicitar dele a retribuio por seus servios na forma de um posto militar. Em So Paulo, aproximou-se de autoridades istrativas de primeiro escalo e mobilizou sua causa na imprensa com a publicao de diversas matrias e uma petio por ele redigida. As lideranas dos distintos grupos indgenas buscaram estabelecer contato direto com as autoridades, indo Corte, ou s capitais provinciais, colocando em segundo plano a hierarquia imposta pelo Regulamento de 1845, que os submetia oficialmente aos diretores de aldeamentos e juzes de rfos. Assim, nunca restringiram sua esfera de negociao aos aldeamentos e seus diretores e procos, nem s Diretorias Gerais do ndios, instncia provincial do Servio de Catequese e Civilizao do Imprio. Suas demandas principais foram a reclamao sobre expropriao territorial, a denncia sobre perseguies violentas, a possibilidade de arrecadar objetos desejados nos encontros, a solicitao de recursos para os aldeamentos e, por que no, a vontade curiosa de conhecer certas figuras polticas e lugares. O que os indgenas de todo o imprio buscavam era o reconhecimento mnimo de direitos e respeito, assim o tinha deixado claro o Capito Jos Pedro de Souza, que recomendou ao imperador demonstrar que o indgena que se aproxima dos degraus do trono no recebido como um mendigo a quem se atira uma esmola, mas como um cidado a quem se recompensam os servios com verdadeira igualdade entre aqueles que souberam distinguir-se.
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Vania Maria Losada Moreira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Caboclo, heri e mito: Bernardo e a construo da historia indgena
Resumo:Na madrugada do dia 7 de setembro de 1887 o cruz...
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Resumo:Na madrugada do dia 7 de setembro de 1887 o cruzador da Marinha de Guerra Imperial Marinheiro naufragou nas proximidades da barra do Rio Doce. O acidente ocorreu em frente a um pequeno povoado da provncia do Esprito Santo chamado Regncia Augusta, pouco depois de o cruzador se chocar com um pontal na altura de Comboios. Estavam a bordo 142 homens, dentre os quais 93 marinheiros e vrios oficiais de diferentes patentes. Segundo os testemunhos da poca, a noite estava muita escura, no havia nenhuma embarcao no local para realizar o resgate das vtimas e a situao no se tornou completamente catastrfica graas coragem de um caboclo, que salvou 128 vtimas daquele fatdico naufrgio.
O responsvel pelo resgate era um homem simples, pescador e conhecido na regio pela alcunha de caboclo Bernardo. Demonstrou extrema coragem e valentia em um dia particularmente especial para a construo da identidade nacional e da histria ptria, quando o Imprio comemorava o sexagsimo quinto ano de independncia do pais. Por essa razo, foi imediatamente festejado como um heri nacional, tornando-se depois um mito. Primeiro, foi homenageado na capital da provncia. Pouco depois foi condecorado pela regente princesa Isabel no Rio de Janeiro, com medalha de ouro.
Atualmente o Caboclo Bernardo um heri consolidado no imaginrio e festejado como tal pelas instituies e autoridades polticas regionais. Tambm se tornou mito e, na acepo de Raoul Girardet, o mito pode ser definido como uma narrativa que se refere ao ado, mas que conserva no presente funes importantes. Nesta linha de raciocnio, Mircea Eliade frisa a funo cognitiva do mito, uma vez que conta como uma realidade chegou existncia, quer seja uma realidade total, o cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espcie vegetal, um comportamento humano, uma instituio [...]. Outra funo importante do mito foi sublinhado por Georges Sorel, que destacou a correlao entre mito e ao, i.e., a funo do mito como fora motriz da ao social, poltica, religiosa etc. Nesta comunicao Bernardo ser problematizado a partir de trs eixos fundamentais: como heri, i.e., como personagem central de uma narrativa cujo objetivo criar um heri nacional para a provncia e/ou estado do Esprito Santo; como mito, em uma narrativa em que a identidade indgena do caboclo reforada, figurando como elemento legitimador e propulsor da luta dos tupiniquins para a demarcao de suas terras; e finalmente como personagem histrico, cuja biografia pode funcionar como um fresta para discutir e problematizar a histria indgena no Oitocentos, borrada e at mesmo apagada pela narrativa dominante acerca da histria regional e nacional.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Aldemir Barros da Silva Jnior (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS)
Maninha Xukuru-Kariri: hoje sabemos o lugar que queremos ocupar na Histria do pas
Resumo:Este artigo resulta da produo de um documentrio...
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Resumo:Este artigo resulta da produo de um documentrio sobre a histria de vida da liderana indgena Maninha Xukuru-Kariri. Tem como objetivo percorrer o seu processo de formao poltica, observando a importncia da biografia de indgenas para o fortalecimento do movimento indgena com o uso da memria enquanto ferramenta poltica na formao de novas lideranas. Assim, aborda a trajetria de Maninha Xukuru-Kariri, a partir da ideia de que ela foi para a eternidade sem saber que a sua histria ficaria ainda mais forte, conforme observou seu pai Antnio Celestino. Desta forma, tal trajetria no se finaliza com o seu precoce falecimento em 11 de outubro de 2006, pelo contrrio, a memria de Maninha permanece no cotidiano dos povos indgenas do Nordeste, como instrumento de conscientizao poltica.
Para este estudo, metodologicamente, a trajetria de Maninha est divida em trs momentos, guiada pela ideia, apresentada por seu pai, de que tem gente que busca ser e gente que nasce para ser, ou seja, quando Maninha se voltou aos estudos buscando qualificao para o mercado de trabalho, e, posteriormente, quando decidiu dedicar-se ao movimento indgena. O terceiro momento o prprio uso poltico da trajetria de Maninha como exemplo a ser seguido. A construo narrativa est ancorada em entrevistas com Maninha, registros de sua participao em palestras, assembleias e reunies, entrevistas com lideranas indgenas e familiares, cartazes, faixas, fotografias, banners, documentao da APOINME, Ministrio Pblico, FUNAI, CIMI, diversas fontes cujo cruzamento permite percorrer a trajetria de uma liderana indgena na tenso entre povos indgenas e o Estado brasileiro.
O primeiro momento representa a necessidade dos indgenas em buscar outras possibilidades de vida fora das aldeias, realidade para diversos povos indgenas do Nordeste diante das condies apresentadas nas aldeias, o que interfere na dinmica interna dos grupos. O segundo momento de sua trajetria foi possvel por Maninha ser filha de Antnio Celestino, uma das lideranas que encabearam a luta do seu povo. Aproximando-se da militncia poltica do seu pai, vivenciou as necessidades do movimento indgena de engajamento em suas demandas.
Maninha incorporou o etnnimo Xukuru e suas aes aram a ser conduzidas pela busca de qualidade de vida para os Xukuru-Kariri, mas logo entendeu que o problema regional, ampliando suas aes para o conjunto dos povos indgenas habitantes na regio Nordeste, sendo coordenadora da APOINME (Articulao dos Povos Indgenas do Nordeste, Minas Gerais e Esprito Santo). Hoje, sua trajetria inspira novas lideranas e continua presente na luta dos povos indgenas pelo reconhecimento dos seus direitos.
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Carine Santos Pinto (Colgio Patrocnio de So Jos)
O PROTAGONISMO FULKAX E CAXAG: ressurgimento de comunidades indgenas em Sergipe.
Resumo:O presente artigo de pesquisa se presta a relatar ...
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Resumo:O presente artigo de pesquisa se presta a relatar historicamente e analisar criticamente a luta de dois grupos indgenas que, desde o incio deste sculo buscam, de maneiras distintas, a posse de territrios que possivelmente resultar na formao de novas comunidades indgenas no Estado de Sergipe. O primeiro grupo formado por membros da etnia Caxag que atualmente residem no aldeamento da cidade de Porto Real de Colgio-AL, junto aos Kariri-Xoc. Eles desejam resgatar seu ado histrico atravs do processo de construo de memrias, para demonstrar que seus anteados pertenciam etnia que habitou o atual municpio de Pacatuba. Para isso, foi realizado um estudo antropolgico a mando da Procuradora Livia Tinoco.
O segundo grupo indgena, composto inicialmente pela famlia Cruz, se identificava com a etnia Kariri-Xoc e habitava a comunidade de Porto Real do Colgio-AL, assim como o primeiro. No incio do sculo XXI, ao comear a observar o ambiente em que viviam, perceberam que, para eles, o aldeamento j no lhes garantia a segurana de dar continuidade aos seus costumes, tradies e principalmente ao ritual religioso do Ouricuri. Ento am a externar um desejo de separao motivado pela grande mistura de ndios e brancos no identificados e pela falta de providncias por parte do cacique e do paj Kariri-Xoc, que viam no aldeamento a prtica de ms condutas, como o uso de drogas e nada faziam para solucionar tais questes. Ento, ao buscar o ado histrico desta famlia, a ndia Josete Cruz observou que seus anteados pertenciam as etnias Fulni (PE), Kariri (AL) e Xoc (SE) e criou uma neologia fundindo as trs etnias resultando em um novo grupo: Fulkax , que acabou inspirando o slogan utilizado pelo grupo Fulkaxs: por uma terra sem conflitos, pelo fato desta questo ser amigvel com o latifundirio, dono da Fazenda Cadoz, que aceitou realizar a venda da Fazenda por saber que os indgenas preservaro a regio de mata fechada que h na localidade.
A metodologia a ser aplicada no desenvolvimento desta pesquisa consiste, primeiramente, na leitura e interpretao de fontes primrias, que em sua maioria correspondem documentao de carter judicial, que aliadas ao referencial terico daro e ao desenvolvimento do estudo. E tambm ser feito uso da Histria Oral, que com o e da Histria Imediata possibilitar uma maior compreenso dos fatos.
Quanto ao uso de fontes primrias, utilizaremos documentos de Ao Civil Pblica , os quais foram disponibilizados pela Procuradora Lvia Tinoco, mas que tambm so de fcil o na Justia Federal de Sergipe, disponveis no site do Ministrio Pblico Federal a despeito dos conflitos existentes entre ndios das diferentes etnias (Kariri-Xoc, Caxag e Fulkax).
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Edson Hely Silva (UFPE/UFCG)
Cio Pereira Xukuru do Ororub: testemunho da participao indgena nas Ligas Camponesas no Semirido pernambucano
Resumo:Ccero Pereira de Arajo, nasceu em 1921 na atual ...
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Resumo:Ccero Pereira de Arajo, nasceu em 1921 na atual Aldeia Cana Brava de onde provm a linhagem do cacicado Xukuru do Ororub. Seu Cio Pereira como era conhecido, de famlia numerosa, desde a infncia, como muitas crianas na poca, trabalhou duro na roa, no pequeno pedao de terra da famlia, quando no nas terras das fazendas invasores das terras do antigo Aldeamento de Cimbres (Pesqueira/PE). Foi dono de uma bodega em Cana Brava, reconhecido lder na Serra do Ororub, conselheiro e apaziguador de contendas entre vizinhos. Nos relatos falava das juntadas, reunio daqueles moradores que possuam pequenos lotes, os stios, para trabalharem em mutires de ajuda mtua. Os ndios Xukuru mobilizavam-se para reconquistar o territrio. Uma das alternativas foi a Liga Camponesa, apoiada pelo conhecido comunista Gregrio Bezerra e por Francisco Julio que estiveram na regio. Em 1963, os ndios ocuparam a localidade Pedra dgua plantando roa, mas foram perseguidos pela polcia e o Exrcito. Ccero Pereira rememorou que foram presos: Porque eles invadiram terreno do governo. Eles invadiram para trabalhar l. Que foi como um bocado de ciganos, aquela empanada, l. Envolvido na retomada de Pedra dgua, Seu Cio Pereira, por participar de uma reunio em Cana Brava, foi preso com moradores na Serra do Ororub e em Pesqueira. Ccero Pereira teve um papel fundamental nas mobilizaes contemporneas dos Xukuru do Ororub. Quando os indgenas em meados de 1980, elegendo seu filho o Cacique Xico, reconhecida e expressiva liderana com projeo em todo o pas por ocasio das mobilizaes na Assembleia Nacional Constituinte na elaborao da Constituio Federal em 1998, com significativas conquista de direitos para os povos indgenas, sobretudo os ndios no Nordeste. Seu Cio foi eleito Vice Cacique.Com atuao sempre discreta, garantiu o apoio necessrio, muitas vezes com recursos financeiros pessoais, para a atuao de Xico e a organizao indgena. Por isso sempre foi visto como uma importante referncia nas mobilizaes indgenas. Muito abalado e magoado desde o assassinato do Cacique Xico, doente se viu forado a deixar o territrio indgena e vir morar na cidade. Em sua casa a todos/as recebia com satisfao e sempre disposto a uma longa conversa sobre o ado, as memrias Xukuru e por foi tambm uma grande referncia. Vibrava com as conquistas do seu povo e depositava muita esperana no futuro, explicitando o orgulho da liderana exercida pelo ento jovem Cacique Marcos, seu neto. Falecido em 2005 foi plantado na mata sagrada da Aldeia Pedra dgua, ao lado de onde tambm est plantado o Cacique Xico e outros xukurus mortos ou matados, que como afirmam os Xukuru do Ororub, encantaram-se!
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Estvo Martins Palitot (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
Vistos e ouvidos, raramente atentidos. Os povos indgenas no Nordeste que foram olvidados pelo Servio de Proteo aos ndios (1910-1960).
Resumo:A histria dos povos indgenas no Nordeste durante...
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Resumo:A histria dos povos indgenas no Nordeste durante o perodo republicano marcada pelos processos de etnogneses e viagens da volta nos quais grupos tidos como extintos pelos rgos oficiais lograram reorganizar-se e apresentar suas demandas frente s mesmas instituies que os consideravam como no sendo mais indgenas. Tais processos foram ubquos em toda a regio e so registrados desde o comeo do sculo XX quando foi criado o Servio de Proteo aos ndios e variaram imensamente no grau de sucesso do reconhecimento dos povos que buscavam a fraternal proteo do SPI. Enfrentando violentos conflitos fundirios, perigosas viagens peregrinas at os centros de poder da Repblica e intensa represso das autoridades locais muitos representantes indgenas atravessaram verdadeiras sagas. Muitas dessas lideranas contaram com apoio de mediadores (padres, jornalistas, antroplogos, advogados, juzes) e atravs deles tiveram algum tipo de xito no reconhecimento de suas demandas, com a criao de Postos Indgenas por um reticente SPI. Outros grupos, com menos articulaes e apoios foram esquecidos em silncios e lacunas da istrao, da histria e da etnologia. para a histria desses insucessos que esse artigo se volta, mapeando os grupos que entre os anos de 1910-1967 tiveram seus pedidos olvidados nos desvos da poltica local, da violncia fundiria e de uma istrao indigenista por demais frgil e precria. Neste trabalho, abordaremos esses processos com o foco na trajetria singular de algumas dessas lideranas peregrinas. Metodologicamente iremos trabalhar a partir das fontes documentais do Servio de Proteo aos ndios e de teses e dissertao das reas de Histria e Antropologia que registrem as memrias dos povos indgenas sobre esses processos. Apesar do carter lacunar das fontes levantadas, entendemos que o exerccio de recuperar analiticamente tais situaes possvel a partir de uma perspectiva benjaminiana que se prope "a escovar a histria a contrapelo" evidenciando as trajetrias de pessoas e grupos esquecidos e silenciados pelos discursos histricos hegemnicos. Da mesma forma, entendemos que o recurso microhistria e ao tratamento etnogrfico de arquivos documentais um caminho prolfico no dilogo entre as disciplinas da histria e da antropologia.
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Klber Rodrigues Santos (SEED SE), Diogo Francisco Cruz Monteiro (Escola A Mgica do Saber)
Territrio, identidades e atuao poltica: biografia do ex-cacique Apolnio Xok
Resumo:Apesar da grande importncia da biografia em const...
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Resumo:Apesar da grande importncia da biografia em constituir as trajetrias de sujeitos individuais, esse tipo de pesquisa ainda pouco presente no mbito acadmico sergipano, principalmente quando se trata de sujeitos invisibilizados, como os indgenas. Este texto apresenta as propostas iniciais de um projeto de pesquisa que visa analisar a trajetria de vida do ex-cacique Apolnio Xok (Jos Apolnio Santos) durante as dcadas de 1970 e 1980, destacando sua atuao poltica no perodo em que a comunidade Xok (Porto da Folha/Sergipe) lutava pela demarcao do seu territrio na Ilha de So Pedro. Realizaremos entrevistas com o ex-cacique, pesquisa documental, atravs da consulta de livros, reportagens, notas e depoimentos em jornais, alm de suas memrias publicadas nas redes sociais (Facebook). Trabalharemos com as discusses sobre Antropologia Poltica, luta por reconhecimento e mediao, biografia e etnicidade. Atravs da Antropologia Poltica, buscaremos entender as relaes de poder que permearam a vida do ex-cacique, sua relao com instituies e grupos sociais da comunidade Xok, suas aes de resistncia ou conflito com as estruturas de poder local, estadual e nacional. Optaremos por compreender a biografia como trajetria, uma srie de posies sucessivamente ocupadas por um mesmo indivduo (ou um mesmo grupo) num determinado espao. Baseando-nos em Axel Honneth, consideraremos a atuao do ex-cacique como importante forma de mediao entre a situao indgena e a opinio pblica, que colaborou para o reconhecimento social do povo Xok. As aes de mediao do ex-cacique, levando-se em conta as teorias sobre etnicidade de Fredrik Barth, eram organizadas atravs do acionamento das retricas de identificao e diferena, numa permanente construo dialgico-relacional envolvendo indgenas e a sociedade envolvente, no interior de disputas por legitimao de identidades que visavam atender aos interesses especficos das partes envolvidas. Portanto, essa investigao pode ser fundamental para o Estado de Sergipe, visto que trabalhos sobre os povos indgenas so escassos e fragmentados, principalmente quando dizem respeito atuao de suas lideranas e organizaes polticas.
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Letcia Zanon Yokoi (USP - Universidade de So Paulo)
Reflexes a partir de histrias de vida de mulheres indgenas da Terra Indgena Jaragu, So Paulo-SP
Resumo:A partir da dcada de 1980 as mulheres indgenas d...
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Resumo:A partir da dcada de 1980 as mulheres indgenas de diversas regies do Brasil aram a se organizar em associaes, que se multiplicaram ao longo dos anos seguintes, transformando a participao feminina no movimento indgena. Para alm destas atuaes em organizaes, suas vozes e aes tambm so importantes nos espaos dos povos indgenas nos quais elas esto inseridas. Neste trabalho partirei de histrias de vida de algumas mulheres na Terra Indgena (TI) Jaragu, localizada na cidade de So Paulo-SP, para compreender as aes em defesa de direitos que tem sido empreendidas por elas no contexto histrico de mobilizao de mulheres indgenas no pas e tambm no que se refere a questes internas de seu povo. Neste sentido, utilizo a histria oral como mtodo de pesquisa para perceber as atuaes das mulheres na realizao do primeiro Encontro Estadual de Mulheres Indgenas em 2018 e tambm no estabelecimento de novas aldeias, em reas de retomadas de terra.
Em setembro de 2018 ocorreu o primeiro Encontro Estadual de Mulheres Indgenas na TI Jaragu. O evento foi organizado por um grupo de mulheres que compam naquele mesmo ano o Coletivo Mulheres Indgenas Lutar Resistir e teve o objetivo de facilitar e fortalecer os caminhos de atuao tanto nos debates internos quanto externos ao povo. Podemos perceber este evento no contexto histrico de mobilizao feminina que ocorre entre diversas etnias, que resulta em organizaes formais e realizao de encontros para discutir questes importantes no apenas com relao ao gnero, mas tambm aos povos indgenas como um todo. As histrias de vida de algumas mulheres que participaram da organizao deste evento nos trazem elementos para refletir sobre o contexto nacional de mobilizao feminina.
Para alm das mulheres que estiveram frente da organizao do evento e da formao do Coletivo, existem outras formas de colaborar com a busca por direitos em outros espaos onde as suas vozes e aes so tambm fundamentais. Neste sentido, ser estudada a histria de vida de uma mulher que esteve presente na retomada de uma rea de terras na TI e contribui para a permanncia das famlias nela. A reflexo sobre os aspectos da sua atuao nos abre as portas para refletir sobre o gnero e questes culturais, mas tambm sobre as escolhas enquanto sujeito histrico.
Sendo assim, este trabalho busca, a partir das histrias de vida de mulheres da TI Jaragu, refletir sobre as diversas formas das suas atuaes em defesa dos direitos de seu povo, buscando perceber as questes culturais que permeiam suas prticas, a relao com o contexto nacional onde movimentos feministas e de mulheres, indgenas ou no, tem conquistado cada vez mais espao e as particularidades que configuram sua forma de agir no mundo.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Adauto Santos da Rocha (UFCG - Universidade Federal de Campina Grande)
ndios Xukuru-Kariri: migraes, resistncias e relaes de trabalho
Resumo:Diante da escassa literatura sobre ndios no Norde...
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Resumo:Diante da escassa literatura sobre ndios no Nordeste que migram para trabalhos sazonais, esta pesquisa busca evidenciar as mobilidades entre os territrios indgenas e os centros urbanos, tomando como base as inmeras situaes em que ndios deslocam-se para s cidades, incentivados pelo sonho de uma vida melhor e pela necessidade de sobrevivncia. Entre fins do sculo XIX e incio do XX os Xukuru-Kariri, habitantes no municpio de Palmeira dos ndios/AL realizaram diversos movimentos migratrios aps expropriaes territoriais a partir da Lei de Terras de 1850, para o reconhecimento tnico (com a aquisio da Fazenda Canto em 1952) e posteriores retomadas de territrios que culminaram na formao de outras aldeias (como a Mata da Cafurna), mas, insuficientes para viverem, o que provocou a busca de trabalhos temporrios pela falta de reas para plantio nas aldeias. Procurando estabelecer dilogos entre as memrias de ndios Xukuru-Kariri, pesquisas documentais e registros histricos de mobilidades vivenciadas pelos citados ndios, observamos que os to sonhados recursos financeiros buscados nos campos de trabalho se transformaram em moradias precrias, insalubres condies/relaes de trabalho, m remunerao e desestruturao familiar, marcando o retorno de muitos Xukuru-Kariri s aldeias em Palmeira dos ndios. As idas, vindas e experincias de trabalho evidenciam as exploraes vivenciadas fora dos territrios no exerccio de trabalhos circulares no setor sucroalcooleiro de Alagoas, em indstrias na regio Sudeste, como empregadas domsticas/diaristas e, de maneira quase unnime, na construo civil, uma mo de obra barata e disponvel. Portanto, esta pesquisa vem somar-se a outras que evidenciaram fluxos migratrios indgenas, experincias vivenciadas, reivindicaes de direitos institudos pelo Estado e afirmaes de expresses socioculturais. Sobremaneira, estudamos os processos histricos de homens e mulheres que migraram e no deixaram de sonhar, reivindicar e resistir, juntando-se para pressionar o Estado, reivindicando territrios indgenas invadidos por criadores de gado, partcipes do cenrio poltico local. Desse modo, no apenas narramos travessias e a formao de redes, mas, com nossas reflexes, pensamos a histria de migrantes indgenas invisibilizados.
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Ana de Melo (Prefeitura da Cidade do Rio de janeiro)
A atuao do Conselho indigenista Missionrio na promoo do protagonismo indgena
Resumo:O sculo XXI, para os indgenas brasileiros, tm s...
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Resumo:O sculo XXI, para os indgenas brasileiros, tm sido um cenrio de construes e reconstrues, buscando reconhecimento de suas identidades e a implantao da legislao especfica. Esses grupos reivindicam seus direitos j adquiridos atravs do movimento social chamado de Movimento Indgena. Uma questo complexa, que envolve o uso da terra e o reconhecimento tnico de minorias dentro de um Estado que se reconhece como pluri tnico.
O objetivo desse trabalho analisar a participao do Conselho Indigenista Missionrio (CIMI) no fortalecimento do Movimento Indgena, e no protagonismo indgena, ou seja, a atuao dos indgenas no dilogo com o outro sem a necessidade de mediadores.
Nos movimentos que reivindicavam o fim de um regime autoritrio no Brasil, a questo indgena foi amplamente envolvida. O incio desse movimento se deu nos anos de 1970 com a realizao das chamadas Assembleias Indgenas, promovidas pelo Conselho Indigenista Missionrio ligado a setores progressistas da Igreja Catlica.
As Assembleias indgenas, promovidas pelo CIMI, configuraram espaos de mobilizao poltica, deram origem ao que se convencionou chamar de lideranas indgenas e observa-se, a partir de tal momento, uma crescente capacitao para trabalhar com a burocracia no indgena e ter o s polticas pblicas destinadas a esses povos.
A criao do CIMI atende a uma crescente preocupao com os problemas sociais por parte da Igreja Catlica. Essa preocupao foi debatida no Conclio do Vaticano II (1962-1965) que colocou em pauta um trabalho humanitrio por parte da instituio e ainda uma presso feita pelos antroplogos na Declarao de Barbados que propunha a extino do trabalho missionrio.
Essas e outras transformaes ideolgicas, trouxeram mudanas nas prticas de indigenistas, ocorrendo um aumento no apoio junto a esses povos. A libertao dos grupos menos favorecidos atravs da prtica crist tornou-se a mola propulsora para uma mudana na poltica da Igreja Catlica, iniciando o que ficou conhecido como a Teologia da Libertao.
A Teologia da Libertao tinha amplo espao na ideologia do CIMI, que realizava uma evangelizao engajada em favor dos excludos, sintetizada pelo termo opo pelos pobres, que propunha um modelo de mobilizao social para promoo humana.
Neste sentido o CIMI foi um grande aliado na promoo da causa indgena, dando visibilidade ao movimento e tendo as seguintes metas: a luta pela terra, a autodeterminao, respeito efetivo a cultura, a transformao sociopoltica global e o ecumenismo com dilogo religioso.
A anlise da atuao do CIMI nos primrdios da sua criao nos revela um panorama do Movimento indgena em sua forma associativa desenvolvido nas dcadas finais do sculo XX e em desenvolvimento at a atualidade.
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Deisiane Da Silva Bezerra (Secretaria Municipal de Educao de Igaci)
Processo de reconhecimento tnico Carnij/Fulni-: Entre teias, conexes e alianas
Resumo:Buscamos analisar a construo de personagens e si...
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Resumo:Buscamos analisar a construo de personagens e situaes para compreender a rede de relaes, tecida pelo povo indgena Carnij, atuais Fulni-, habitantes em guas Bela/PE e pelo Padre Alfredo Pinto Dmaso, ento proco nos municpios pernambucanos de guas Belas e Bom Conselho, que favorecidas pelo contexto histrico do pas, nas esferas local e nacional, resultaram na organizao de mobilizaes indgenas para o reconhecimento tnico. Neste sentido, discutimos a constituio de alianas intertnicas a partir dessa organizao, bem como, o ambiente sociocultural e poltico que propiciou esses acontecimentos. Para melhor compreender esse processo histrico foi fundamental utilizar aspectos referentes s dcadas de 1920 1950, momento histrico em que, intermediados pelo Padre, os indgenas foram reconhecidos pelo Servio de Proteo ao ndio/SPI, seguidos de outros povos em Pernambuco, Alagoas e Bahia.
Os processos polticos, sociais e econmicos dispostos nesse recorte temporal ajudaram a pensar, no decorrer do texto, sobre os dispositivos usados pelo Estado para provocar a integrao do ndio sociedade nacional e nas formas utilizadas para tentar apagar as diferenas socioculturais contrastivas atravs da submisso a sistemas de dominao tais quais, Instituies criadas pelo Estado nacional, Igreja Catlica Romana, entre outras. Alm, das estratgias do governo para gerir territrios atravs do poder tutelar sobre os ndios e em contrapartida, as estratgias indgenas para afirmao da identidade tnica e conquistar direitos polticos (OLIVEIRA, 1988).
At ento, o rgo indigenista oficial estava voltado principalmente para as Regies Centro-Oeste e Norte do pas, com o objetivo inicial de promover uma nova colonizao no territrio brasileiro, nacionalizando os espaos que ainda no haviam sido alcanados. Buscando assim resolver o problema da falta de mo de obra, devido a abolio da escravido negra no pas, que tinha como base uma economia essencialmente agrria, adotando-se medidas para solucionar o problema, com a utilizao da mo-de-obra indgena. Alm disso, existia um interesse do Estado nacional em garantir a proteo das fronteiras do pas, ao tempo que se controlava os ndios empregando-os como guarda de fronteiras.
Neste sentido, os caminhos percorridos por Alfredo Pinto Dmaso, desdobraram-se na construo da figura do Padre e do homem, desse modo, necessrio considerar aspectos importantes na anlise dessa personagem inserida em processos especficos.Para fundamentar essa discusso, alm de autores que trataram da temtica indgena, utilizamos fontes documentais disponveis no acervo do Memorial Pe. Alfredo Dmaso (Bom Conselho/PE) e tambm relatos das memrias de indgenas idosos que conviveram com o religioso.
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Edivania Granja da Silva Oliveira (IF SERTO PE)
Povo Indgena Pankar, Serra do Arapu, Carnaubeira da Penha/PE: relaes socioambientais e intertnica no serto do So Francisco
Resumo:A pesquisa em andamento trata de compreender os am...
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Resumo:A pesquisa em andamento trata de compreender os ambientes que historicamente os indgenas Pankar habitavam e habitam, a Serra do Arapu, rea de brejo de altitude na bacia do rio So Francisco, espao de habitao de grupos humanos h centenas de anos. E, desde o incio da colonizao portuguesa na regio, a Serra do Arapu foi lugar de refgio e moradia de indgenas. Tambm faz parte da rea de estudo a regio da velha Itacuruba e da velha Rodelas, atual Lago de Itaparica, envolvendo a historicidade das margens e ilhas do Rio So Francisco como importantes espaos de ocupao de indgenas e disputas com no indgenas desde do perodo colonial. Para tanto, buscamos perceber a apropriao da Natureza pelos Pankar envolta nas sociabilidades, nas expresses da religiosidade, nos conhecimentos e nas formas simblicas das relaes estabelecidas por este povo nos Ambientes em que viviam/vivem, no reconhecimento das relaes socioambientais permeadas por elementos da Natureza e da Cultura. Na perspectiva de uma histria indgena possvel de ser reconstituda a partir das interpretaes dos conhecimentos sobre a flora, fauna, os sentidos e significados atribudos aos rio So Francisco e das nomeaes dos indgenas para os diversos elementos da Natureza, demonstrando a mobilizao e a afirmao da presena indgena na Serra do Arapu e reas adjacncias, suas relaes socioambientais no Submdio So Franciscano, atravs das memrias dos Pankar e de outros grupos tnicos, especialmente os indgenas, Atikum, Pankararu e Tux, os Negros do Gilu e os negros de Pedra dos Cavalos, envolvendo a regio da velha Itacuruba e da velha Rodelas. Portanto, as memrias indgenas Pankar sobre os circuitos de trocas culturais e o rio So Francisco como espao de trnsito ritualstico, de brincadeiras do Tor, de visitas parentais, de plantios em pocas de secas, de trabalho, de vidas da gente indgena do serto do So Francisco. Para tanto, utilizamos a Histria Oral para pesquisas sobre as memrias dos Pankar e dos grupos tnicos envolvidos no estudo e fontes bibliogrficas e documentais sobre o Ambiente e os indgenas, especialmente os indgenas do Serto Pernambuco. Alm de documentao de instituies governamentais para a compreenso dos Pankar em suas mobilizaes para afirmao da identidade tnica e reivindicao de direitos, como tambm as relaes socioambientais com outros grupos tnicos e os impactos causados pelo barramento das guas, o processo de desterritorializao e a realocao em assentamentos de irrigao na regio. Os novos projetos de empreendimentos governamentais: Transposio, Minerao e Usina Nuclear e as novas emergncias tnicas, disputas e agenciamentos na regio da Nova Itacuruba.
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Emanuel de Arajo Rabelo (UFRR)
o protagonismo indgena em Roraima e a constituio de 1988
Resumo:Os anos finais do sculo XX so muito importantes ...
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Resumo:Os anos finais do sculo XX so muito importantes para os povos indgenas brasileiros porque trazem tona questes que, em tempos anteriores, no eram levados a srio tanto pelo Estado Nacional (que tutelava os ndios nas suas decises) ou mesmo pela sociedade civil nas relaes de alteridade com os indgenas. Segundo Maria Regina Celestino de Almeida (2010) os povos indgenas tiveram participao essencial nos processos de conquista e colonizao em todas as regies da Amrica. Na condio de aliados ou inimigos, eles desempenharam importantes e variados papis na construo das sociedades coloniais e ps-coloniais. No incio do sculo XX, com a SPI, a poltica indigenista do Estado deixa de ser apenas reconhecimento dos grupos indgenas ou simples uso mo de obra e a a ser um processo de assimilao tnica, no necessariamente de respeito diferena cultural e identitria indgena, mas que esses sujeitos pudessem ser integrados a sociedade nacional, e de tutela em especial no que se refere a temas relacionados s terras indgenas. Os indgenas brasileiros so, do ponto de vista contemporneo, os mais interessados em que o pas tenha uma poltica indigenista humanista e democrtica, a qual os auxilie em sua luta pela permanncia histrica e que dignifique a sua especificidade e diferena diferente da ideia de comunho nacional. Este trabalho tem como objetivo discutir e analisar a partir das ltimas dcadas do sculo ado, a ascenso de grupos sociopolticos que ocorrem durante os anos finais do sculo XX, interligado com a histria do tempo presente, dando nfase a Historiografia indgena do Brasil, em especial, os indgenas do nordeste de Roraima, da Terra Indgena Raposa Serra do Sol entre 1980-2005. Se fez tambm no trabalho a anlise de suas mobilizaes, organizaes, reafirmaes identitrias, e as relaes de poder entre estes e os no indgenas envolvidos nesse processo, sejam por parte de um Estado Nacional tutelar ou das elites locais interessadas em explorar as terras indgenas, em algo que envolvia as demandas indgenas, buscando sempre o protagonismo indgena. Relaciona os direitos conquistados com a Constituio Federal de 1988, em especial a homologao da TIRSS, considerado o maior territrio indgena em rea contnua do Brasil. As fontes so as atas das assembleias dos povos indgenas da regio e as bibliografias sobre o tema, considerando as organizaes sociais dos perodos da dcada de oitenta, noventa e comeo de dois mil.
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Flavio Joselino Benites (Professor)
Gilvan Lemos: a biografia de um bigrafo Xukuru
Resumo:Objetivamos problematizar as imagens e discursos s...
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Resumo:Objetivamos problematizar as imagens e discursos sobre os ndios expressos pelo escritor pernambucano Gilvan Lemos (1928-2015) no romance A lenda dos cem (1995), que favoreceu formar uma imagem de um povo indgena imaginrio os Xacuris/Xukuru. O livro foi publicado durante o processo de regularizao fundiria do territrio do povo Xukuru de Pesqueira/PE, em 1989 com Funai iniciando primeiramente com a Identificao e Delimitao do espao, que em 1992 foi declarada a posse permanente aos Xukuru. Por fim, em 1995, o territrio teve a demarcao fsica definida, sendo homologado em 2001. Ao longo da pesquisa, faremos uma anlise biogrfica do autor a partir de jornais: O Dirio da Noite, Jornal Commercio e Dirio de Pernambuco, publicados no estado de Pernambuco entre a dcada de 1990 aos anos 2000, junto com sua obra biogrfica Gilvan Lemos: o ltimo captulo para discutirmos como foi apresentado o ndio no romance e porqu, para um dilogo entre a narrativa ficcional e os debates sobre os ndios no Brasil na dcada de 90 do sculo XX, a partir da chamada nova histria indgena. Esse processo nos permitir a teorizao sobre o uso de obras literrias como fonte, testemunho e documento para compreenso do processo histrico. Junto a isto, utilizaremos Anlise do Discurso (AD) Michel Pcheux (1938-1983) para analisarmos as condies de produo em que se construiu a obra de Gilvan, e os discursos ideolgico por trs de tais afirmaes, refletindo como estabeleceu a viso do autor sobre os indgenas no perodo de litgio, e a quem interessava tais formulaes. A obra literria, fruto do seu tempo histrico, nos apresenta o discurso construdos acerca de um povo indgena Xacuris/Xucuru remetendo a um ado idlico, se baseando em conceitos de aculturao, mestiagem e assimilao, no condizente com a realidade dos Xukuru conforme os estudos acerca dos ndios do Nordeste. A pesquisa possibilita refletir que o romance uma interessante fonte para se discutir o olhar comum acerca do ndio folclorizado que ainda persiste na sociedade contempornea, como tambm analisar a utilizao das ideias sobre aculturao e extino de povos indgenas sobre os ndios, a exemplo dos Xukuru em Pernambuco no citado perodo. Por fim, h evidencias que uma obra literria no apenas algo fruto do seu tempo, mas fruto do dilogo com outras obras de seu tempo e todo esse processo nos possibilita problematizar as relaes de poder entre as imagens e discursos construdos sobre os povos indgenas no Nordeste ao longo da Histria do Brasil seja na literatura ou no.
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Mary Hellen Lima das Neves (AL)
HABITANDO NA MATA DA CAFURNA: afirmao identitria e socioambiental no semirido alagoano
Resumo:
Em Alagoas so 38 os municpios reconhecidos com...
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Resumo:
Em Alagoas so 38 os municpios reconhecidos como no Semirido, entre os quais est Palmeira dos ndios, mesmo que tradicionalmente seja localizado em uma regio chamada tambm de Agreste. O municpio cresceu ao redor de um brejo de altitude, onde so encontradas diversas espcies da Mata Atlntica, Caatinga e espcies endmicas com a presena de fauna e flora diversas em uma altitude que varia entre 300m a 1000m, cercado por matas midas. Esta pesquisa apresenta informaes acerca da Aldeia Mata da Cafurna e a importncia deste territrio para seus habitantes, pois trata-se de uma relao entre o indivduo e a Natureza, presente em um lugar que antes era apenas um espao geogrfico, mas que com o ar dos anos configurou-se como o territrio Xukuru-Kariri, espao de reafirmao identitria em uma relao muito estreita com o Ambiente, possibilitando uma relao ntima com o sagrado, alm de onde extrado a base para produo da arte indgena, produo de remdios naturais, configurando-se tambm como base para sobrevivncia sociocultural enquanto povo indgena. Entre os recursos naturais existentes, marcante a riqueza hdrica, que atualmente s atende aos indgenas, mas que em outras pocas chegou a abastecer parte do municpio. No local existe um aude, uma lagoa e nascentes banhadas pelo Rio Coruripe. Apresentamos tambm discusses acerca da histria indgena e da Histria Ambiental, sendo possvel compreender que s aps muitos anos foi possvel fazer uma reviso historiogrfica que desconstrusse a ideia em que Histria e Natureza eram opostas. A Histria Ambiental aqui estudada pensada no sentido de reconhecer que os atos humanos acontecem dentro de uma rede de relaes, processos e sistemas que so to naturais quantos so culturais. Tornando claro que, a posse dos territrios indgenas vo alm do fato de possuir a terra. A terra, neste caso, condio para ser e existir do povo indgena, que mesmo com inmeras perseguies e violncias se mobilizam para expressarem-se socioculturalmente. Como base a escrita do texto iniciamos com a reviso de literatura, seguido de um levantamento de dados oficiais, e por fim, o trabalho de campo, interligados a uma perspectiva interdisciplinar, possibilitando que diversas reas de conhecimento dialoguem de forma ampla.
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