ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
-
Ana Paula Barcelos Ribeiro da Silva (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Intelectuais e circulao de ideias no Brasil e na Argentina: o pensamento histrico de Bartolom Mitre e suas apropriaes nas primeiras dcadas do sculo XX
Resumo:No incio do sculo XX, historiadores brasileiros ...
Veja mais!
Resumo:No incio do sculo XX, historiadores brasileiros e argentinos, relacionados, principalmente, ao Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro e Junta de Histria e Numismtica Americana apropriaram-se das ideias e discursos de Bartolom Mitre (1821-1906) na justificativa de projetos integracionistas que tinham como foco a escrita de uma histria oficial de carter americanista. Estes projetos envolviam ainda os Ministrios das Relaes Exteriores de ambos os pases. Na tentativa de compreender este processo, procuramos no trabalho analisar as ideias histricas de Mitre, com nfase em sua defesa do americanismo e do papel da histria em sua construo e na formao das naes aps as independncias. Alm disso, pensamos as relaes do militar, presidente e historiador argentino com o Imprio brasileiro nas dcadas de 1870 e 1880, aps a Guerra do Paraguai, a fim de identificar seu olhar sobre o Brasil e suas relaes com importantes figuras da monarquia brasileira, como o Visconde do Rio Branco. Mitre defendia a aproximao e o apaziguamento das relaes diplomticas com o Brasil em um contexto de disputas territoriais e apresentava viso distinta de muitos intelectuais argentinos em sua poca, entre eles Sarmiento, seu rival poltico, que condenava a escravido e a monarquia no pas vizinho. Estas ideias permitiram que fosse indicado pelo prprio Sarmiento para a misso diplomtica de 1872 no Brasil na qual negociaria o territrio do Chaco e ratificaria o Tratado de Aliana, assinado no incio da guerra. Compondo uma leitura estrategicamente integrada da Amrica, sobretudo a do Sul, defendemos que estas ideias o levaram a ser utilizado como argumento de autoridade para os projetos integracionistas mencionados. O principal problema da pesquisa, portanto, compreender no pensamento e na atuao de Mitre o porqu desta influncia. Acreditamos que sua circulao pela regio do Prata e pelo Brasil tenha contribudo para a produo de um olhar sobre a Amrica e as relaes Brasil / Argentina que inspirou uma gerao posterior. Para a anlise, utilizamos como fonte os jornais La Nacin, fundado por Mitre em 1870, e o Jornal do Commercio, de carter monarquista e ligado aos interesses do Imprio. Utilizamos ainda correspondncias trocadas entre Mitre e Rio Branco e algumas de suas obras, como a Historia de San Martin y de la emancipacin sudamericana, alm de textos de historiadores do incio do sculo XX. Com a pesquisa, relacionamos histria e diplomacia e pensamos a regio e as leituras do ado aqui desenvolvidas por uma via integrada, fluida e em movimento. Os dilogos e as viagens de Mitre pelo Brasil trazem contribuies para os estudos que partem desta abordagem e, ao mesmo tempo, para a ruptura com uma leitura isolada das Amricas.
Ocultar
|
-
Ana Paula Sampaio Caldeira (Universidade Federal de Minas Gerais)
A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e os intercmbios culturais e intelectuais entre Brasil, Argentina e Frana
Resumo:Ao longo do sculo XIX, os pases da Amrica Latin...
Veja mais!
Resumo:Ao longo do sculo XIX, os pases da Amrica Latina vivenciaram seus processos de independncia, que culminaram em novas formas de organizao poltica e istrativa para as jovens naes. A independncia veio acompanhada tambm da organizao de instituies culturais, como arquivos e bibliotecas pblicas, que serviam como espao de salvaguarda de documentos e de construo de uma tradio e de uma identidade nacional e cultural. Mas essas instituies, em especial as bibliotecas, tambm buscavam se afirmar no cenrio cultural como lugares de produo de novos conhecimentos, atuantes no debate cientfico, literrio e historiogrfico da poca. As bibliotecas serviam, portanto, de espelhos para as jovens naes que buscavam se apresentar ao mundo como sintonizadas com aquilo que havia de mais moderno no momento. Dessa forma, certo projeto de nao moderna no poderia prescindir de uma biblioteca pblica e de um patrimnio documental vel s suas camadas letradas.
Este trabalho se insere em um projeto de pesquisa maior, intitulado Intelectuais, instituies e prticas historiogrficas. A escrita da histria nacional no Brasil e na Argentina nas ltimas dcadas do sculo XIX, que tem como um de seus objetivos analisar as conexes estabelecidas entre intelectuais e instituies culturais brasileiras e estrangeiras nas ltimas dcadas do sculo XIX. Nosso fio condutor para pensar essas relaes institucionais a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, instituio cujas origens remetem ao incio do sculo XIX, mas que se organizou efetivamente como a principal biblioteca brasileira a partir de 1870. Foi neste momento, sob a direo de um jovem intelectual, Benjamin Franklin Ramiz Galvo, que a biblioteca ou por um perodo de modernizao, constituindo-se como uma das mais expressivas instituies culturais do Imprio Brasileiro, ponte de contatos entre o pas com diversos livreiros, escritores, polticos, historiadores e bibliotecrios latino-americanos e europeus. Nesta comunicao, interessa-nos trabalhar com uma documentao especfica, que so as cartas trocadas entre o diretor da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com dois outros intelectuais estrangeiros que, poca, tambm atuavam em importantes bibliotecas: de um lado, Ferdinand Denis bibliotecrio da Bibliothque de Sainte-Genevive, em Paris, e figura conhecida pelas suas fortes relaes com o ambiente letrado brasileiro e, de outro, Vicente Quesada diretor da Biblioteca Nacional Argentina. Nossa proposta nesta comunicao reside justamente em explorar, por meio do estudo dessas cartas, a relao que Ramiz Galvo manteve com esses dois intelectuais, com o objetivo de mapear os intercmbios cientficos entre esses trs personagens e as instituies que eles istravam.
Ocultar
|
-
Bruno os Terlizzi (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
Entre consensos e criaes: a atuao de Juan Mara Gutirrez atravs da Revista del Ro de La Plata.
Resumo:Juan Mara Gutirrez pode ser compreendido como um...
Veja mais!
Resumo:Juan Mara Gutirrez pode ser compreendido como um homem de letras polifactico, um polgrafo, tendo em vista as variadas produes letradas sobre as quais se debruou, variando desde a poesia, ando pela imprensa peridica e pela fundamental crtica histrica-literria, o que confere amplos caminhos de abordagem por diferentes reas sobre a vida e obra desse letrado argentino. Um fato que chama a ateno ao nos debruarmos sobre o itinerrio intelectual de Gutirrez um certo consenso que e estabelece em torno de sua figura principalmente entre os ciclo de letrados argentinos e sulamericanos que conviveram, contriburam e partilharam sua produo intelectual. Alguns bons indcios desse consenso podem ser encontrados pelos seus prprios contemporneos, que muitas vezes antepunham sua produo intelectual e letrada antes de qualquer outra ao ou realizao fosse no mbito pblico ou poltico. Lidando com diversas escolas de pensamento tal como o neoclassicismo, o liberalismo e o romantismo, o autor forjou para si um liberalismo literrio, cujo exerccio da liberdade intelectual, como nos lembra Myers (1998), confirma seu rigor analtico e sistematizador que pode ser observado em de suas principais obras de maturidade intelectual, tal como nos aparece o labor intelectual e editorial por trs da Revista del Ro de la Plata e os artigos assinados pelo letrado que a compem. Um dos artigos que mais se alonga por toda a Revista del Ro de la Plata justamente o estudo que Gutirrez dedica figura e obra do literato Juan Cruz Varela, ocupando nos primeiro nmeros uma quantidade considervel quantidade de pginas. Apesar de ter sido publicado ainda em 1871, mesmo ano de incio de publicao da Revista, como um texto de anlise pensado como prlogo a um projeto editorial de edio e publicao das poesias completas de Varela projeto que se mostrou frustrado , Gutirrez se aproveitou do espao do peridico editado por ele e seus colegas para completar dois possveis objetivos a curto e mdio prazo: primeiramente suprir a revista com artigos, texto e anlises inditas sobre os temas ligados histria e literatura; mas tambm plausvel pensar que secundariamente o crtico-literrio tambm pretendesse utilizar o e da revista como uma plataforma de ressonncia que pudesse amplificar o raio de circulao e alcance de sua publicao, podendo-se angariar fundos e ateno de possveis outras casas editoras interessadas em levar a cabo o projeto original de imprimir tanto o estudo crtico-literrio como as obras completas de Varela.
Ocultar
|
-
Camila Bueno Grejo (USP - Universidade de So Paulo)
Estanislao Zeballos, a questo dos armamentos brasileiros e a disputa pela hegemonia na Amrica Latina.
Resumo:A existncia de uma relao estreita entre diploma...
Veja mais!
Resumo:A existncia de uma relao estreita entre diplomacia e vida intelectual foi um trao marcante, durante o sculo XIX, na Amrica do Sul, principalmente no perodo posterior aos movimentos de independncia e em seu final, momento em que homens de letras, acadmicos e especialistas em direito tiveram um papel de destaque na elaborao e na reflexo sobre a poltica exterior de seus pases.
O crescimento econmico experimentado pela Argentina no final do sculo XIX e mantido durante a primeira dcada do XX inspirou seus dirigentes a desempenhar uma misso civilizadora na Amrica Latina, demarcando sua hegemonia sobre a regio.
De acordo com Jos Paradiso (2005, p. 38), enquanto os mercados mostravam o perfil de uma relao privilegiada com a Europa, a agenda diplomtica argentina mantinha em posio preponderante o mbito territorial imediato, j que o pas estava envolvido em um conjunto de litgios limtrofes que provocavam frices com os pases vizinhos. O autor acrescenta que vrias destas questes se arrastavam desde a poca da independncia e foram se agravando medida que transcorria a segunda metade do sculo XIX.
Para Estanislao Zeballos, a questo nacional extrapolava os limites territoriais. Partindo de uma abordagem que contemplava a organizao nacional, entendia que a afirmao da Argentina enquanto nao soberana no deveria se dar apenas diante dos pases americanos, mas, tambm, das potncias europeias.
Estanislao Zeballos percorreu, ao longo de sua vida poltica e intelectual, uma trajetria de ascenso. Seu envolvimento com as letras, a cincia e a poltica, o levou a ocupar o disputado Ministrio das Relaes Exteriores em trs oportunidades: nos governos de Jurez Celman (1889-1890), Carlos Pellegrini (1891-1892) e de Figueroa Alcorta (1906-1908), contribuindo para a construo de sua reputao como profundo conhecedor das questes diplomticas e do direito internacional.
A Argentina do incio do sculo XX poderia ser traduzida, portanto, como uma nao orgulhosa e otimista que desfrutava o despertar de um imperialismo do qual, segundo Roberto Etchepareborda (1978), Estanislao Zeballos era o maior representante.
Neste trabalho, buscaremos analisar as relaes da Argentina com o Brasil, tendo como base os embates protagonizados por Zeballos e pelo Baro do Rio Branco, especialmente em relao ao conflito diplomtico conhecido como questo dos armamentos", que marcou o campo das disputas diplomticas pela hegemonia da Amrica Latina, assim como o fim da carreira poltica de Zeballos.
Ocultar
|
-
Leda Agnes Simes de Melo
A Imprensa brasileira e argentina e a disseminao de discursos: a temtica da seca do Cear e de Santiago del Estero nos peridicos Correio da Manh e El Mundo na dcada de 1930.
Resumo:Partimos do pressuposto que os discursos so forma...
Veja mais!
Resumo:Partimos do pressuposto que os discursos so formadores de identidades e de imagens que repercutem no imaginrio social e legitimam vises de ser e estar no mundo em diferentes contextos histricos. Compreendemos, nesse aspecto, que a imprensa atua como palco dos discursos de certos grupos de intelectuais, sendo um espao privilegiado de disseminao de ideias. Na dcada de 1930, tanto no Brasil quanto na Argentina, os jornais Correio da Manh e El Mundo, respectivamente, divulgaram diversas reflexes sobre o nacional e que estavam em pauta no meio intelectual daquele contexto, principalmente em suas capitais onde circulavam com um grande nmero de tiragens. Muitas dessas escritas revelavam o que podemos chamar do no-lugar em que certas reas, como os semiridos do Cear e Santiago del Estero, ocupavam no cenrio nacional. Este artigo tem como objetivo analisar comparativamente como o Correio da Manh em algumas edies se apropriou das falas de Euclides da Cunha, Gustavo Barroso e Rachel de Queiroz, por exemplo, para mostrar o que se entendia sobre o serto do Cear e a problemtica da seca de 1932. E ao mesmo tempo, como o peridico El Mundo se colocou como tribuna para as reflexes do escritor Roberto Arlt que foi correspondente da seca de 1937 em Santiago del Estero e tambm imprimiu seu olhar sobre essa regio. Ambas escritas colocaram em questo as tenses existentes entre a velha dicotomia capital versus interior, legitimaram discursos reducionistas sobre as populaes e a natureza semirida e, por vezes, estigmatizaram suas trajetrias. O determinismo geogrfico que marca os discursos em relao s regies semiridas tornando a natureza a causa de uma possvel falta de desenvolvimento e pobreza dessas reas, no problematiza os diversos interesses polticos que atingem regies acometidas pelas secas historicamente. Logo, compreender os discursos que pairam sobre o imaginrio como uma prtica de construo de sentido que pera a histria, um dos pontos-chaves para superarmos essas vises e, de fato, pensarmos em aes concretas para a convivncia com o semirido. Por isso, a necessidade e importncia de uma histria comparada latino-americana. Entende-se que apesar de haver diferenas existentes nas trajetrias polticas, econmicas e sociais do Brasil e da Argentina, existem tambm diversas similitudes e neste trabalho daremos enfoque a elas.
Ocultar
|
-
Maria Elisa Noronha de S (PUC-RIO)
Representaes espaciais, temporalidades e construo da nao no Brasil no sculo XIX: os conceitos de serto/litoral
Resumo:A imagem espacial do serto foi amplamente utiliza...
Veja mais!
Resumo:A imagem espacial do serto foi amplamente utilizada no sculo XIX como categoria central na formulao dos diversos projetos de construo e consolidao da nao no Brasil. Identificada ideia de deserto, de vazio a ser preenchido, aparece associada barbrie, desordem, selvageria, ao atraso, a ausncia de res-publica, em oposio ao litoral, s cidades, sempre associadas civilizao, ao progresso, ao lugar da ordem. A construo das naes americanas no sculo XIX se d no contexto do devir de um novo tipo de conscincia histrica, vinculada a uma concepo de tempo histrico linear e do progresso. Como pensar as novas naes que surgiam e que deveriam fazer parte do rol das naes civilizadas, mas tinham, para isso, que superar a herana da colonizao ibrica, a natureza selvagem, o vazio, a ausncia de leis, o peso da populao majoritariamente amerndia e escrava, o tempo do atraso? Os polticos e letrados que tomaram para si a tarefa de construir estas naes tentaram responder a esses dilemas e para isso recorreram constantemente ao uso de representaes espaciais como o serto e o pampa, capazes de expressar to bem os desafios dessas naes que pareciam condenadas a se inserir no tempo linear e acelerado do progresso e da civilizao mas que traziam em si as marcas do atraso, da barbrie, da selvageria. Seria possvel superar este dilema? A proposta desta comunicao explorar as vises que alguns membros das elites brasileiras do sculo XIX desenvolveram sobre as diferentes temporalidades presentes naquelas experincias e expressas nos conceitos de serto e do litoral. O serto aparece, neste novo contexto, relacionado a diferentes temporalidades e no mais somente ao espao. O serto como o lugar da representao de uma tenso permanente, de conflitos, face a um processo de profundas mudanas pelas quais aram os nascentes estados nacionais americanos ao longo do sculo XIX.
Interessa-me, assim, pensar os modos pelos quais alguns grupos sociais daquela sociedade percebem o mundo compartilhando noes e sensibilidades coletivas em relao aos modos de lidar com o tempo, com as relaes entre ado, presente e futuro, ou para dizermos numa frase rpida, elaboram, mesmo sem o querer ou saber, certas construes sociais de temporalidade. Interessa-me analisar como representam as suas sensibilidades acerca das formas como percebem socialmente a agem do tempo, e como manifestam, seja em suas aes, seja em seus usos lingusticos, elementos indicadores dos modos pelos quais concebem a temporalidade em que estavam (ou se sentiam) inscritos e imersos.
Ocultar
|
-
Monique Santana de Oliveira Sousa
"Letrado Patriota": As Ideias Polticas do General Abreu e Lima
Resumo:O processo de independncia dos pases da Ibero Am...
Veja mais!
Resumo:O processo de independncia dos pases da Ibero Amrica marcado por debates polticos em diferentes espaos acerca da perspectiva de Amrica e sua integrao e o que a nao e como ela seria constituda.
A questo nacional e outras vertentes poltico-sociais estavam em meio crise do Antigo Regime e o advento das ideias de liberdade as quais faziam emergir, segundo Jorge Myers, os letrados patriotas: escritores pblicos que por meio da necessidade de dilogo/debate das conjunturas polticas, transformaes sociais, novas ideologias, relaes de poder e redes de sociabilidade se viam no dever de articular a questo da nao.
Entre tantos atores polticos destaca-se Abreu e Lima, militar brasileiro, pernambucano que assistiu o pai ser morto na Revoluo de 1817 defendendo as ideias de liberdade. Candidatou-se ao exrcito de Simon Bolvar, formado em artilharia ele logo se destacaria nos campos de batalha subindo de patente.
Sua atuao no se restringiu a guerra, atuou de forma polmica tanto na Venezuela quanto no Brasil na imprensa; Em 1818 Bolvar fundava o jornal Correo Del Orinoco, o objetivo era propagar as ideias de liberdade e integrao. Abreu e Lima escreveu alguns artigos sobre estratgias militares, a construo da nao e a revoluo tendo como modelo positivo a Revoluo de Pernambuco, julgava a partir da que o nico meio do homem se livrar da tirania seria por meio da revoluo.
Abreu e Lima compactuava das ideias Bolivarianas de integrao, porm, apesar de ter colaborado para a consolidao da repblica da Gr-Colmbia, quando retornou ao Brasil ou a defender veemente a Monarquia Constitucional e a figura de D. Pedro I; criou no Rio de Janeiro seus prprios jornais: A Torre de Babel e a Arca de No em 1833, ambos pautados na defesa da Monarquia, o distanciamento da Amrica Hispnica que ava a ser sinnimo de barbrie e na crtica a disparidade e atritos dos partidos polticos e, mais tarde, O Raio de Jpiter em 1836 no intuito de articular a liberdade de imprensa e criticar a Regncia, sobretudo a figura do Regente Feij em detrimento da substituio desse pela Princesa D. Januria.
Paralelamente as publicaes na imprensa Abreu e Lima tambm escreveu artigos e livros criando atritos com outros atores polticos no cenrio brasileiro, entre eles, os membros do IHGB.Ao retornar ao Recife colaborou com o Dirio Novo, e fundou logo em seguida o seu jornal A Barca de So Pedro em defesa dos praieiros, de uma reaproximao dos pases vizinhos, de um desportuguesamento brasileiro, entre outras questes.
Esse trabalho tem por objetivo discutir as mudanas e permanncias dos escritos polticos do General na imprensa a partir da sua trajetria, analisando as representaes de nao e Amrica em seus discursos.
Ocultar
|
-
Valdir Donizete dos Santos Junior (Instituto Federal de So Paulo)
Uma agem para as Luzes: uma leitura sobre a formulao e a circulao transatlntica do conceito de Amrica Latina (c.1830-1860)
Resumo:Esta apresentao tem por objetivo discutir a cons...
Veja mais!
Resumo:Esta apresentao tem por objetivo discutir a construo do conceito de Amrica Latina e sua circulao transatlntica em meados do sculo XIX. A nfase recair em particular sobre as interconexes entre as produes de letrados ses que estiveram no Novo Mundo e as reflexes sobre as identidades subcontinentais desenvolvidas pelos prprios hispano-americanos durante esses anos.
No processo de elaborao dessa matriz identitria, destacaram-se tanto ses que que estiveram nas Amricas no perodo como, por exemplo, Michel Chevalier e Felix Belly, quanto hispano-americanos estabelecidos na Europa durante esses anos como Francisco Bilbao e Jos Maria Torres Caicedo.
Alm das circulaes transatlnticas claramente evidenciadas nesse contexto, esta comunicao procura ressaltar tambm a importncia para esses letrados do papel geopoltico da Amrica Central no momento de formulao desse conceito. Particularmente, na dcada de 1850, a construo de um canal interocenico no Panam e a ao dos chamados filibusteiros norte-americanos na regio, sintetizada pela ocupao da Nicargua pelo aventureiro William Walker, apontavam, tanto para ses como para hispano-americanos, para os perigos representados pela ascenso dos Estados Unidos como a principal potncia do Novo Mundo j em meados do sculo XIX.
preciso destacar, nesse sentido, que se para os ses, os interesses norte-americanos colocavam a posio do pas europeu no Novo Mundo em termos econmicos e geopolticos em xeque, para os hispano-americanos, pareciam representar um srio risco soberania das naes do subcontinente.
Busca-se dialogar aqui, de certo modo, com as duas perspectivas clssicas sobre as origens do conceito de Amrica Latina desenvolvidas a partir da dcada de 1960: a do norte-americano John Leddy Phelan que atribua uma primazia sa ao surgimento do termo e a do uruguaio Arturo Ardao que, em contraposio, afirmava suas razes hispano-americanas. Sem se aferrar a qualquer uma das duas vertentes, pretende-se aqui discutir como o nome Amrica Latina foi se constituindo ao longo dos anos como um produto da circulao de ideias e de intelectuais entre as duas margens do oceano Atlntico.
Ocultar
|
ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
-
Ana Carolina Machado de Souza (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
Os Anales del Museo Nacional de Mxico e a construo da memria e da identidade nacional mexicana (1877-1908)
Resumo:Esta comunicao tem como objetivo discutir como o...
Veja mais!
Resumo:Esta comunicao tem como objetivo discutir como os Anales del Museo Nacional de Mxico (de 1877 a 1909) se relacionaram com a construo de uma memria e identidade nacional mexicana. Os Anales comportam estudos histricos, antropolgicos, arqueolgicos, botnicos e zoolgicos de objetos pertencentes s sociedades pr-hispnicas. Da mesma forma, neles tambm esto contidos tratados, ensaios e escritos realizados no perodo colonial. A publicao corresponde a um esforo da diretoria do Museo Nacional de Mxico em se fazer pblico esse material.
Os Anales del Museo Nacional de Mxico contriburam por 100 anos para a intelectualidade mexicana, esforo possvel devido mobilizao de intelectuais como Francisco del Paso y Troncoso, Jsus Snchez, Gumesindo Mendoza, Alfredo Chavero, Jos Mara Vigil, Manuel Orozco y Berra, Luiz Gonzlez Obregn, Jess Galindo y Villa, Elas Amador, entre outros. Os Anales so importantes para o estudo da construo da identidade nacional como projeto poltico devido a dois pontos principais: primeiro por terem reunido um grande nmero de intelectuais, conservadores e liberais, que buscavam interpretar o ado mexicano; e por estarem atrelados a uma instituio que obtinha auxlio do governo federal e que era parte da estruturao programada pelo mesmo.
Em janeiro 1877, a relao entre editores dos Anales, diretoria do Museo Nacional do Mxico e governo ficou mais estreita, quando o prprio Porfrio Daz autorizou o financiamento da impresso, caracterizando-a como gastos para instruo pblica. Os autores publicados tambm interpretavam as fontes documentais trazidas pela revista e o texto de Snchez que abre o captulo um exemplo dessa categoria de interpretao de fatos. Era a construo historiogrfica que acontecia, o delinear do seu ponto de vista histrico.
No sculo XIX, com vises antropolgicas, os intelectuais aram a repensar a histria mexicana, inserindo as sociedades indgenas como representantes dignas de uma civilizao, at mesmo para os padres europeus. O processo de ressignificao no correspondeu apenas necessidade de se entender o outro a partir dos prprios preceitos, mas de aceitar uma histria que teria um ado heroico e honroso, e se desligar daquela viso de um povo brbaro e selvagem. Nos oitocentos, com as guerras de independncia, governos institudos e depostos, o que se buscava era um novo denominador comum para o que antes eram os sditos. E o projeto oficial do governo republicano procurou construir uma identidade nacional que servisse, tambm, a esse propsito.
Ocultar
|
-
Bruno Batista Bolfarini (Universidade Federal do Esprito Santo - UFES)
'"Utopia Arcaica" ou "Utopia andina"? A modernidade presente no discurso indigenista-socialista na Revista Amauta (1924-1930).
Resumo:Fundada em 1926 pelo intelectual peruano Jos Carl...
Veja mais!
Resumo:Fundada em 1926 pelo intelectual peruano Jos Carlos Maritegui a Amauta canalizou em suas pginas os diferentes fluxos ideolgicos e culturais que despontavam no Peru na dcada de 1920 o indigenismo e o socialismo. Ela foi o veculo de expresso da chamada vanguarda indigenista peruana, que defendeu um projeto cultural alternativo que uniria o que considerava expresses da modernidade ocidental com a tradio autctone peruana, com fim de romper com uma expresso cultural criolla e colocar o autctone como smbolo de uma nova nacionalidade a ser construda, representada pelo incsico.
Propomos uma discusso acerca do discurso indigenista na Amauta, que diz respeito a como o movimento indigenista peruano da dcada de 1920 foi visto, se como propagandista de um ideal chamado de Utopia Arcaica ou se foi movido por um ideal de Utopia Andina e, desse modo, traremos uma leitura alternativa de que a gerao de intelectuais peruanos que se reuniu em torno do projeto desta revista teve um ideal de modernidade.
Entendemos que a concepo que esses intelectuais tiveram acerca do indigenismo e do socialismo foram fruto tanto dos acontecimentos locais como dos mundiais, pois, as interpretaes que elaboram acerca da histria peruana - que reivindicaram um protagonismo por parte dos indgenas, foram influenciadas pela experincia das rebelies indigeno-campesinas que eclodiam na Serra peruana, assim como pela expectativa que tinham de um horizonte revolucionrio grande parte influenciado pela Revoluo Russa e por outros movimentos revolucionrios na periferia do mundo europeu-ocidental.
Nas pginas de Amauta podemos perceber uma tentativa de conciliao entre o que esses intelectuais enxergavam serem a modernidade ocidental com uma tradio histrica que pretendiam recriar, a qual, atravs de um processo revolucionrio, extirparia a colonialidade presente na sociedade peruana.
Contudo, entendemos que para alm das interpretaes que creditam essa gerao de intelectuais, principalmente a Maritegui, como percursores de um pensamento de-colonial, o ideal de modernidade e a concepo que tinham de histria que moveu essa gerao, tratando-se, portanto, de colocar o Peru nos trilhos da histria mundial e no apenas de criar uma nova expresso de pensamento tipicamente latino-americana.
Para isso, mostraremos a Amauta como uma revista que fez uma operao de transculturao dentro de seu projeto esttico e poltico de criao de uma nova tradio peruana e concluiremos, atravs da perspectiva de campo de experincia e de horizonte de expectativa de Reinhardt Koselleck, que o projeto poltico desses intelectuais de unir o indigenismo com o socialismo, teve por mote um ideal de modernidade.
Ocultar
|
-
Fernando Luiz Vale Castro (UFRJ)
Duncan Campbell Scott, Escolas Residenciais e a questo indgena no Canad.
Resumo:O objetivo desta apresentao analisar a questo...
Veja mais!
Resumo:O objetivo desta apresentao analisar a questo indgena no Canad nas ltimas dcadas do sculo XIX e primeiras do XX a partir da ao e do pensamento do intelectual canadense Duncan Campbell Scott (1862 1947). Funcionrio do Departamento de Assuntos Indgenas entre os anos de 1913 e 1932 considerado um dos principais defensores do processo de assimilao dos povos autctones.
A partir das reflexes e da trajetria do autor, pretende-se compreender a poltica indigenista canadense durante o perodo dos denominados Tratados Numerados. Estes, em um total de 11, foram elaborados entre os anos de 1871 e 1921 os quais alguns tiveram Campbell Scott como um de seus comissrios. Os primeiros desses tratados serviram de base para a implantao da poltica assimilacionista colocada em prtica nos anos seguintes pelo Departamento de Assuntos Indgenas.
Igualmente, ser analisado o projeto das Escolas Residenciais que buscavam estabelecer um processo de embranquecimento da populao nativa canadense, determinando que todo nativo entre 7 e 15 anos, fosse internado nesses locais. Essa poltica, baseada nas Escolas supracitadas, de acordo com o relatrio da Comisso da Verdade e de Reconciliao, publicado em 2015, apresentava como proposta pedaggica bsica separar as crianas aborgenes das suas famlias biolgicas, impondo uma espcie de doutrinao, tendo como base o modelo cultural europeu-canadense, tendo como objetivo central eliminar a cultura das chamadas Primeiras Naes.
Alm da violncia simblica, as escolas se caracterizaram como locais isolados, muitas vezes sem condies mnimas para garantir uma educao de qualidade para os autctones, apresentando, ao longo do tempo um elevado nmero de falecimentos por doenas como gripe e tuberculose, fato que, para a Comisso da Verdade e de Reconciliao, permite definir tais escolas como espaos onde ocorrerou verdadeiro genocdio, tanto fsico quanto cultural, ao longo de mais de um sculo.
Mesmo no tendo sido fundador da poltica indigenista canadense, convm salientar que Scott Campbell defendeu essa poltica assimilacionista, que teve nas Escolas Residenciais sua sntese, ao longo de sua trajetria como membro da burocracia estatal canadense.
Ocultar
|
-
Gabriel etti (UFF - Instituto de Estudos Estratgicos)
O vocabulrio poltico das cartas indgenas: circulao, apropriao e resistncia na Argentina (1852-1885)
Resumo: Ao longo do sculo XIX, indgenas e criollos esta...
Veja mais!
Resumo: Ao longo do sculo XIX, indgenas e criollos estabeleceram tensas e intensas relaes econmicas, sociais e polticas. As cartas enviadas a partir das tolderias a autoridades civis, militares e eclesisticas oferecem um rico testemunho dos contatos, negociaes e conflitos.
Elas materializam a fora dos caciques e so fontes analisadas por uma srie cada vez maior de historiadores. Esta apresentao expor os resultados de pesquisa que teve como marcos cronolgicos a queda de Juan Manuel de Rosas e as chamadas Campanhas do Deserto: uma poca de intensa circulao de pessoas, produtos, ideias e cartas entre as tolderas dos pampas e da Patagnia e os comandos militares, os gabinetes dos governos e os missionrios.
A pesquisa teve como foco dois grupos indgenas especficos os ranqueles e os salineros pois estes mantiveram atuaes e relaes muito distintas com os criollos e os governos no perodo analisado.
Sobre este corpo documental, foi aplicada a metodologia do contextualismo lingustico de J. G. A. Pocock, para verificar como aqueles que escreveram as cartas fossem caciques, tradutores ou secretrios se apropriaram do vocabulrio poltico ibero-americano para negociar e expressar fora e poder. Objetivamos verificar como eles utilizaram idiomas de outra origem, como utilizaram a linguagem dos criollos, apropriando-se e utilizando-a como instrumento de fora poltica.
Esta anlise entende as cartas indgenas como vestgios selecionados pelos prprios criollos, nos quais foi utilizada uma tcnica no nativa (a escrita) e outro idioma (o castelhano), com o objetivo de inverter a fora desta arma poltica.
Procuramos identificar os efeitos do ato de escrever politicamente, relacionando-os com as circunstncias do momento e o comportamento de outros agentes que utilizavam a mesma linguagem militares, civis e religiosos. Verificamos que conceitos tpicos do vocabulrio poltico ocidental em especial o ibero-americano distantes das culturas nativas, aram a permear as cartas, sendo empregados consciente e ativamente como instrumentos da luta poltica, em negociaes e resistncias frente aos violentos discursos e prticas do Estado.
Conceitos como Gobierno, Repblica, Nacin, Argentina, Amrica e tantos outros, expressaram graus diversos de compreenso e adeso, dando conta do interesse indgena em recorrer a termos criollos para garantir seus prprios interesses. O objetivo final da pesquisa foi identificar fluxos de saberes na luta pela manuteno de autonomias ou pela insero negociada nas soberanias ditas nacionais.
Ocultar
|
-
Ivia Minelli (Universidade Estadual de Campinas)
O indgena no discurso cultural argentino do Centenrio: uma presena remanescente
Resumo:Analisar a questo indgena na Argentina enfrent...
Veja mais!
Resumo:Analisar a questo indgena na Argentina enfrentar as armadilhas constitutivas de um dos mais exitosos discursos de homogeneizao cultural e tnica da Amrica Hispnica, que circunscreveu a referncia dos povos originrios do Rio da Prata ao remoto ado colonial e, assim, configurou uma memria nacional segundo a premissa da nao branca do continente. Embora a historiografia recente tenha se debruado sobre tal problemtica, considerando os arranjos simblicos que inserem a Argentina num processo oitocentista de reinveno do eu americano, possvel identificar nessas revises historiogrficas a manuteno de certo padro de excepcionalidade argentina no continente, principalmente porque os estudos argentinos acabam manejando sua memria histrica dentro de um reportrio tautolgico de Estado, povo e progresso, cristalizado pelo prprio sculo XIX, que exclui o elemento indgena.
O propsito desse estudo indicar fontes e nichos historiogrficos que nos permitam explorar entradas alternativas temtica indgena na Argentina e demonstrar que, apesar de o indgena como categoria discursiva ter sido historicamente desprestigiado pelo discurso nacional, no incio do sculo XX essa era uma leitura ainda em formulao, sendo possvel encontrar documentos que asseguram sua potencialidade discursiva no perodo. Para explorar esse vis interpretativo, proponho uma anlise dos debates ocorridos no contexto do Centenrio de independncia da Argentina, momento em que a definio das caractersticas da tradio nacional, fenmeno que se convencionou chamar de criollismo, animava a narrativa de parcelas distintas da sociedade, desde os acadmicos at a imprensa popular.
Os materiais do criollismo popular que destaco so as revistas criollas. Essas publicaes, que mantinham em seus programas editoriais a defesa do modo de vida gaucho, circularam intensamente pelas cidades argentinas, principalmente, entre as dcadas de 1900 e 1910, mas foram consideradas por intelectuais ligados ao Estado, como Ricardo Rojas (1882-1957), subprodutos de uma experincia popular, o que as condenou ao ostracismo. Organizadas a partir de diferentes interesses ideolgicos, mas unidas pelo tom contestatrio tutela da cultura criolla sugerida pela elite letrada, as revistas proporcionam um vasto repertrio de embate pela definio da tradio que, inclusive, reposiciona o lugar e a voz indgena. Pouca conhecidas inclusive pelo pblico argentino, essas revistas proporcionam um novo olhar sobre as referncias criollas e indgenas em intensas disputas no perodo.
Ocultar
|
-
Jos Bento de Oliveira Camassa (Universidade de So Paulo)
As naes diante de seus confins: potencialidades, identidades e dilemas na Amaznia na tica viajante de Euclides da Cunha (1905) e na Patagnia na de Roberto Payr (1898)
Resumo:Na Belle poque latino-americana, a Amaznia e a P...
Veja mais!
Resumo:Na Belle poque latino-americana, a Amaznia e a Patagnia foram alvo de intensas disputas fronteirias (a primeira, entre Brasil, Bolvia e Peru; a segunda entre Chile e Argentina) e processos de ocupao territorial e explorao econmica, no bojo da Era dos Imprios (1875-1914) e do Capitalismo da Segunda Revoluo Industrial.
Compararemos dois relatos de viagem para as regies na poca: a de Euclides da Cunha para o Alto Purus, no Acre, na chefia de uma expedio oficial do Itamaraty em 1905 e a do jornalista argentino Roberto Payr pelo litoral patagnico em 1898, como reprter do dirio portenho La Nacin.
Conferindo um tom ensastico a seus relatos e incorporando aportes tericos cientificistas, os dois autores discutem questes em comum: como fomentar o desenvolvimento econmico nessas regies afastadas? Como povo-las? Como integr-las ao territrio de seus pases? Como civiliz-las?
Cotejaremos as representaes que os dois intelectuais fazem das regies bem como as propostas polticas que sustentam para elas. Ambos coincidem no diagnstico de abandono em que as reas se encontram em relao aos governos centrais, considerando as medidas por eles adotadas como contraproducentes, recrudescendo o cenrio de penria das populaes locais.
Dessa forma, os autores matizam o rtulo de intrinsecamente brbaras e inspitas das regies, apontando que seus signos de incivilidade, em grande parte, tm origem social. Argumentam tambm em prol dos potenciais naturais e civilizacionais da Amaznia e da Patagnia, uma vez domadas as naturezas locais. A questo, assim, deixa de estar sobre a natureza em si, mas sobre os processos histricos e sociais de ocupao das regies.
Contudo, h divergncias significativas entre as leituras de Payr e Cunha. Enquanto o primeiro apresenta uma viso otimista e triunfalista do futuro econmico da Patagnia, o segundo mais reticente em relao implantao da modernidade na selva amaznica, refletindo sobre as dificuldades desse projeto.
Payr, em um vis claramente anglfilo, v a Patagnia como uma Austrlia argentina, isto , um espao desrtico a ser desbravado, a fim de ser transformado numa regio de inaudita prosperidade para o pas platino. Por sua vez, Euclides da Cunha discute, em seus ensaios amaznicos, os imes da economia predatria seringueira nos projetos de modernizao na Floresta Amaznica.
Ademais, h grandes diferenas entre as perspectivas de Payr e de Euclides em relao identidade tnica e racial que deveria prevalecer na Patagnia e da Amaznia. Ao o que o primeiro almeja uma anglicizao da regio por meio da migrao de pioneers britnicos, o brasileiro defende que o Estado ampare os seringueiros em grande parte, migrantes sertanejos pobres do Nordeste.
Ocultar
|
-
Paul Montoya (PUCRS)
Intelectuales, Positivismo y Evolucin. Prado, Villarn y Cornejo representantes del positivismo evolucionista Andino (1894-1919)
Resumo:Los intrpretes contemporneos del positivismo lat...
Veja mais!
Resumo:Los intrpretes contemporneos del positivismo latinoamericano suelen depararse con una suerte de apora o contradiccin aparente al aproximarse a su objeto de estudio a nivel regional. La diversidad de tesis, escritos y autores asociados a la denominada corriente del positivismo europeo. Que transitan desde la 'ortodoxia' basada en las tesis del Comtismo, pasando por desarrollos 'heterodoxos' o libres de los postulados del autor francs (Littr o Stuart Mill) y arribando a reelaboraciones, no siempre consensuales, de las tesis centrales de la propuesta metodolgica positivista asociadas a los desarrollos del evolucionismo espenceriano ingls.
Es as como en Amrica Latina intrpretes como el mexicano Zea, el uruguayo Ardao o el brasileo Cruz Costa, por ejemplo, se depararon en su momento con una suerte de diversidad o asincrona en los procesos de recepcin, re-elaboracin y 'usos' locales de las tesis del positivismo europeo entre los diferentes pases de la regin. Partiendo de una visin esencialista de las llamadas 'corrientes europeas' concluyeron que la variedad de reelaboraciones locales de corpus filosficos como el referido (positivismo comteano, positivismo evolucionista, krausista, etc.) habran sido consecuencia de incongruencias o desviaciones tericas de la regin. Afirmaciones que epistemlogos como al argentino Palti se han ocupado ya de colocar en jaque.
En coherencia con esto, en los medios o pases Andinos, por tanto tambin en el Per, la literatura sobre el tema afirma, por un lado, una introduccin tenue de los postulados del positivismo y, por otro, un nfasis o opcin terica por parte de los positivistas peruanos hacia las tesis del corpus evolucionista, ingls y liberal. De esa forma la juncin elaborada en el expresin 'Positivismo Evolucionista' calzara de forma meridiana en medios como los pases andinos y, por tanto, tambin el Per .
Mi objetivo en la presentacin es colocar a prueba esta afirmacin corriente a partir de la biografa y produccin intelectual de tres intelectuales peruanos del perodo: Javier Prado (1871-1921), Manuel Villarn (1873-1958) y Mariano Cornejo (1866-1942). Los tres desarrollaron labor poltica, acadmica y docente. Son autores de una importante produccin textual, por tanto, combinaron labor poltica e intelectual. Y son, entre la intelectualidad peruana del perodo considerados entre los principales introductores de las tesis del denominado positivismo evolucionista en el medio peruano.
En razn del lmite de espacio, mi idea ser presentar su produccin inserida en el contexto de debates del perodo, principales tesis e intentar contrastarlas en cuanto a la recepcin y re-elaboraciones del denominado positivismo de corte evolucionista.
Ocultar
|
-
Renato Martins (Departmento de Histria - FFLCH-USP)
A perspectiva arielista das escritas da histria de Francisco Garca Caldern e Srgio Buarque de Holanda (1912-1920)
Resumo:Resultado de uma pesquisa de ps-doutorado em anda...
Veja mais!
Resumo:Resultado de uma pesquisa de ps-doutorado em andamento, esta comunicao tem como objetivo explorar a perspectiva arielista das escritas da histria do diplomata e ensasta peruano Francisco Garca Caldern (1883-1953) e do crtico e historiador brasileiro Srgio Buarque de Holanda (1902-1982). O arielismo, na condio de uma corrente hispano-americana de pensamento, incentivou uma nova conceituao das relaes entre Estados Unidos e Amrica Latina, em parte motivado pelo que Oscar Teran qualifica de el primer anti-imperialismo latinoamericano: entre la guerra hispano-norteamericana y el estalido de la primera guerra mundial, uma serie de discursos antimperialistas comienza a cobrir la superfcie poltica y cultural del subcontinente latinoamericano (Teran, 1986: 85). sabido que o discurso arielista parte da apropriao de personagens ficcionais da pea A tempestade (1610-1611), de Shakespeare, por intelectuais majoritariamente ambientados na Amrica Latina, a despeito de suas variaes e divergncias histricas. Nesses termos, o espiritual Ariel comparado Amrica Latina em expressiva reprovao ao selvagem Caliban, representante do utilitarismo da sociedade capitalista norte-americana. Prspero representa um elemento de conciliao entre os dois personagens.
Os estudos arielistas, e o arielismo de Francisco Garca Caldern e Srgio Buarque de Holanda, j contam com anlises contundentes de Marco Antonio Pamplona, Bernardo Ricpero, Valdir Donizete dos Santos, Pedro Meira Monteiro, entre outros. Somando-se a eles, esta proposta investe no aspecto ainda pouco explorado da dimenso das escritas da histria arielistas. Os dois intelectuais foram atores privilegiados das formas inaugurais de anti-imperialismo na Amrica Latina, reagindo emergncia desta fase de consolidao dos Estados Unidos no cenrio internacional de forma parecida. Ambos publicaram reflexes que apontam para a ideia de que os EUA e a Amrica do Sul se configuram em duas unidades distintas, formadas, basicamente, por uma histria das relaes internacionais reunida substancialmente em torno dos seguintes perodos: os relacionamentos entre as colonizaes ibricas e anglo-sax, e entre os posteriores processos de independncia nacionais no continente, abordados particularmente por dois regimes polticos deles resultantes, a democracia parlamentar e a Monarquia. Ao alimentar um dilogo entre Histria Intelectual e Histria da Amrica e tendo por objeto a interlocuo destes dois autores com o arielismo entre 1912 e 1920, perodo em que publicaram o grosso de suas publicaes sobre a questo, as suas escritas da histria sero exploradas (1) enquanto regimes de historicidade especficos; e (2) na funo dos personagens ficcionais de A tempestade nestes regimes.
Ocultar
|
ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
-
Alexandra Dias Ferraz Tedesco (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
As viagens de formao na Argentina do sculo XX: aproximaes ente a histria e as cincias sociais
Resumo:A proposta da presente comunicao apresentar um...
Veja mais!
Resumo:A proposta da presente comunicao apresentar uma discusso inicial sobre o papel das viagens de formao na circulao de ideias e estilos de vida na Argentina da primeira metade do sculo XX. Trata-se de, atravs de uma proposta de mapeamento dos itinerrios de formao dos intelectuais argentinos, compreender o impacto das viagens na composio do campo intelectual argentino daquele contexto. Parte-se, para tanto, de uma diviso heurstica. De um lado, os letrados oriundos de famlias proeminentes que dominaram a cena intelectual argentina na primeira metade do sculo atravs de uma poderosa rede de revistas e instituies privadas e, de outro, os produtores culturais e cientficos vinculados universidade. Pretende-se observar que as duas esferas privada e universitria engendram disposies distintas no que diz respeito aos modos de aquisio da cultura. Nesse sentido, h uma distino importante entre as viagens de formao que se direcionam Europa, majoritamente Frana, e as viagens tcnicas, a partir da dcada de 1950, aos Estados Unidos. A partir dessa comparao, torna-se possvel observar o aggiornamento na republica mundial das letras, como salienta Pascale Casanova tal como se desdobra em um campo nacional e, ao mesmo tempo, cotejar a reverberao dessas diferentes plataformas de consagrao intelectual nas divises do coeficiente de prestgio letrado na Argentina. A hiptese parte, nesse sentido, de uma aposta colaborativa entre Histria e Cincias Sociais, na medida em que procura agenciar os aspectos tericos e atitudinais mas, tambm, as vicissitudes institucionais da transformao do conceito de intelectual na Argentina dos anos 1950: de diletante em tcnico/cientista. A hiptese a ser desenvolvida parte de um projeto mais amplo que procura considerar as tenses entre esfera privada e esfera estatal de produo intelectual como um aspecto decisivo nas identidades profissionais que se estabelecem na Amrica Latina a partir da dcada de 1950, especialmente a partir da consolidao das Cincias Sociais como plataforma interpretativa dos conflitos contemporneos. Nesse sentido, essa comunicao privilegiar o caso argentino como observatrio central dessa dinmica.
Ocultar
|
-
Alexandre Queiroz de Oliveira (Universidade de So Paulo)
A Revoluo no Paraso: Resignificaes do conceito de Libertao na Igreja latino-americana (1968 1979)
Resumo:Os sentidos conferidos ao conceito de Libertao...
Veja mais!
Resumo:Os sentidos conferidos ao conceito de Libertao expressaram significados polticos, sociais e religiosos na Amrica Latina, sobretudo entre os anos 1960 e 70. Considerando um "mtodo de afirmao eclesistica", as Concluses das Conferncias Episcopais de Medelln (1968) e de Puebla (1979), assim como outros documentos que versaram sobre a Questo Social, foram selecionadas como as fontes primrias da pesquisa de mestrado que conclumos em 2018 na UNIFESP. Essas publicaes discutiram e conceituaram significados da Libertao para a Igreja, o homem e a sociedade latino-americana. Inseridos em um processo de reestruturao da Igreja Catlica no subcontinente ao longo do sculo XX e apropriando-se do repertrio terico da Doutrina Social da Igreja, os debates sobre a Libertao fundamentaram a formulao da Teologia da Libertao e catalisaram polmicas sobre o papel poltico e social da Igreja, em um contexto marcado por discusses acerca da pobreza, do Subdesenvolvimento e da Dependncia. Esses debates, no mbito das Conferncias, que foram analisadas e comparadas, mobilizaram trs acepes conceituais: Libertao Espiritual, afeita aos postulados mais tradicionais da teologia, designando o Reino de Deus como reencontro com a natureza humana e a liberdade; Libertao Dialtica, conforme elaborado na Conferncia de Medelln, assumindo uma concepo dialtica da Libertao entre o plano salvfico mundano e ps-morte; e a Libertao Marxista, pautada na nominal defesa do Marxismo e marcada por uma perspectiva revolucionria. Dessa forma, mapeamos a circulao de ideias bem como os debates que se estabeleceram entre distintas interpretaes da Libertao. Os bispos catlicos e outros membros do claro, junto a telogos e intelectuais, apropriaram-se dos referenciais dessa "longa tradio catlica" e articularam-se considerando a especificidade conjuntural da Amrica Latina entre os anos 1960 e 1980. Entender as trajetrias, sociabilidades e tenses desses indivduos tambm foi de grande importncia para interpretar a forma como essas ideias polticas e teolgicas foram mobilizadas. Estas definies, centradas na afirmao de uma identidade latino-americana, referendando-se na teologia e nas prticas da Igreja, constituram releituras do ado, crticas sobre o presente e prenncios de futuro.
Ocultar
|
-
Ana Beatriz Mau Nunes (USP - Universidade de So Paulo)
Os sentidos e significados das identidades latino-americanas no intercmbio epistolar de Gabriela Mistral e Victoria Ocampo (1926 - 1956)
Resumo:As escritoras Gabriela Mistral e Victoria Ocampo m...
Veja mais!
Resumo:As escritoras Gabriela Mistral e Victoria Ocampo mantiveram ao longo de trinta anos (1926 1956) um intenso intercmbio epistolar, em que dialogaram sobre temas diversificados: a condio social, econmica e poltica das mulheres na Amrica Latina; os percalos da escrita profissional; sobre a Guerra Civil Espanhola, a ascenso dos nazifascismos na Europa e suas ressonncias na Amrica. Uma temtica em particular mobilizou intensos debates e, inclusive, desavenas. A questo das identidades hispano-americanas foi um ponto central em seu dilogo epistolar e suscitou tenses entre as escritoras, pois possuam entendimentos opostos sobre o tema. Tanto os sentidos da formao identitria latino-americana quanto as suas responsabilidades individuais perante o desenvolvimento de seus pases de origem eram percebidos de maneiras diferentes. Isso se deve, em parte, ao fato de que partiam de origens tnico-sociais diversas . Ocampo era filha da elite oligrquica portenha. Foi alfabetizada em alfabetizada em francs e ingls durante a infncia, formao complementada pelas constantes viagens para a Europa, onde assistiu aulas em Oxford e no Collge de . Gabriela Mistral, por sua vez, nasceu em Vicua, no Chile. Trabalhou como professora de educao bsica enquanto compunha poemas e ensaios publicados nos jornais de sua cidade. Aos poucos, ganha notoriedade e reconhecimento, dentro e fora de seu pas, tanto por sua atuao como maestra quanto por seus escritos poticos. Suas trajetrias influenciaram em seus posicionamentos polticos. O pensamento poltico de Gabriela Mistral est substancialmente caracterizado pela defesa do indigenismo, pela proposio de reformas agrrias e pela necessidade de afirmar a identidade latino-americana em contraposio dominao europeia e estado-unidense. Para Victoria Ocampo, em contrapartida, as temticas mais pungentes em seus escritos esto relacionadas reivindicao das Amricas enquanto espao primordial de troca constante entre o nacional e o universal. Inclusive, como elemento central de garantia de desenvolvimento e progresso do continente. Enquanto Mistral se auto proclama como herdeira das comunidades indgenas pr-colombianas, Ocampo tenta conquistar para si o selo de cidad do mundo. Nesta comunicao, temos por objetivo averiguar como o ambiente epistolar se constitui enquanto espao privilegiado para que refletissem e dialogassem sobre suas percepes a respeito dos significados das identidades latino-americanas.
Ocultar
|
-
Jos Luis Bendicho Beired (Universidade Estadual Paulista)
Dinmicas da direita autoritria na Amrica Latina
Resumo:Forjadas nos processos de formao e consolidao ...
Veja mais!
Resumo:Forjadas nos processos de formao e consolidao do Estado nacional, as correntes de direita integram o espectro politico e ideolgico da Amrica Latina desde o sculo XIX. Ao longo do sculo XX, o campo da direita sofreu uma srie de mutaes associadas s tenses do ambiente internacional e s transformaes dos pases latino-americanos. Do conservadorismo tradicional do sculo XIX, a direita transitou para posies radicais, marcadamente autoritrias e ultranacionalistas aps a Primeira Guerra Mundial, quando tambm foi associada ao estatismo, corporativismo, xenofobismo, militarismo e catolicismo. No plano externo, a crise do liberalismo, a ascenso dos movimentos socialistas e a Revoluo Russa tiveram como contrapartida a emergncia de uma onda politica de extrema-direita na Europa que serviu de inspirao para experincias congneres na Amrica Latina. Longe de serem uma cpia, as experincias autoritrias latino-americanas desenvolveram-se sob inmeras formas: formulao de programas polticos, criao de ligas, fundao de movimentos, participao nas eleies, por meio da mobilizao de intelectuais, militares e polticos. Estabeleceu-se um conjunto de prticas e de paradigmas que persistiram at a dcada de 1970: por um lado, isso contribuiu para orientar o intervencionismo do Estado junto sociedade e economia; e serviu de base legitimao das correntes conservadoras, do militarismo e dos sistemas repressivos governamentais. O golpe do General Augusto Pinochet inaugurou uma nova fase e um novo padro ideolgico que se convencionou chamar de neoconservador em razo da adeso ao fundamentalismo de mercado em consonncia com o abandono de certas pautas da direita nacionalista. Recentemente, uma nova inflexo tem se manifestado por meio da retomada de propostas da poca entreguerras, com nfase em bandeiras conservadoras, nacionalismo, racismo, xenofobismo, antiliberalismo, antisocialismo e valorizao do papel das foras armadas. Tomando alguns pases e casos concretos, o objetivo desta comunicao ser refletir a respeito dos marcos, conceitos e linguagens que balizaram as transformaes politico-ideolgicas da direita autoritria latino-americana.
Ocultar
|
-
Mario Angelo Brando de Oliveira Miranda (PUC-Rio)
Guerra Fria, anticomunismo e democracia no ambiente poltico do Ps II Guerra Mundial no Brasil, no Chile e no Uruguai: pensando um vocabulrio poltico comum
Resumo:Com o fim da II Guerra a estratgia argumentativa ...
Veja mais!
Resumo:Com o fim da II Guerra a estratgia argumentativa adotada pelos Estados Unidos, enquanto liderana do bloco ocidental capitalista, tinha como foco principal a difuso de um conceito de democracia que estava associado ao capitalismo e que se opunha radicalmente ao comunismo, visto como expresso de autoritarismo e totalitarismo. Diante de um mundo bipolar, dominado pelo clima da Guerra Fria, no possvel pensar as experincias polticas vividas sem se considerar um vocabulrio comum, vinculado s suas questes prementes. Neste ambiente, os atores polticos dos mais variados pases do mundo, articulavam um conjunto de demandas locais particulares a um debate que se propunha mundial, aglutinando apoios e definindo estratgias. Na Amrica do Sul, estes desdobramentos ocorrem simultaneamente crescente demanda pela ampliao da efetiva participao popular na poltica implicando dentre outros aspectos em um gradual processo de transformao das linguagens polticas e de ressignificao de um conjunto de conceitos centrais, como a prpria noo de democracia.
Apoiado em discursos presentes na grande imprensa, este trabalho analisa os usos atribudos a este conceito em meio s aes anticomunistas desenvolvidas no Brasil, no Chile e no Uruguai, no final dos anos 1940. No Brasil e no Chile, a construo da ideia de uma democracia defensiva, contribuiu para que se quebrassem as resistncias impostas fiscalizao e ao controle dos partidos comunistas e, finalmente, a sua proscrio da cena poltica, em nome de uma suposta luta pela sobrevivncia do regime em 1947/1948. No Uruguai, por sua vez, o partido manteve suas atividades legais e sua presena no ambiente poltico at 1973, quando foi proscrito pelo golpe militar. Diante deste cenrio a adoo de uma perspectiva de analise comparada possibilita a exposio de similaridades e diferenas de interpretao, significao e uso do conceito de democracia nestes pases. Contudo, para alm de apenas de opor cenrios nacionais, este trabalho atenta para a circulao de ideias nestes espaos. Ainda em 1948, por exemplo, em meio aos esforos para a construo de uma poltica regional de controle e vigilncia do comunismo, agentes polticos brasileiros e chilenos se viram surpresos com o argumento sustentado pela polcia poltica uruguaia para no se imiscuir nestas questes: a defesa e garantia da democracia. Estes cruzamentos, que tambm se articulam a compreenso de um vocabulrio comum, abrem espao para construo de pontes entre as respectivas histrias nacionais e a sua insero em um contexto regional ou mesmo global, apontando assim para a compreenso do ambiente poltico sul-americano a partir de um olhar mais amplo.
Ocultar
|
-
Ricardo Machado (UFFS)
Arielismo e poltica no pensamento artstico-teosfico de Flix Peyrallo (1882-1933)
Resumo:Nascido em Montevidu em 18 de maio de 1882, Flix...
Veja mais!
Resumo:Nascido em Montevidu em 18 de maio de 1882, Flix Peyrallo foi um destacado msico uruguaio, falecido na mesma cidade em 8 de abril de 1933. Atuante na vida intelectual de sua poca, foi aluno de Luis Sambucetti (1880 1926), dirigiu distintas sociedades orquestrais e publicou com frequncia em revistas culturais. Atuou na direo do coro do Centro Enciclopdico, instituio responsvel tambm pela publicao de uma revista com o mesmo nome, em que Peyrallo foi editor e publicou artigos regularmente. Seus textos articulam discusses entre a msica e a teosofia, criticando a cultura e a sociedade moderna, defendendo o ensino musical como resposta moral ao materialismo. Nesta comunicao, atravs do pensamento de Flix Peyrallo, apresentaremos uma discusso a respeito da relao entre a msica, teosofia e suas implicaes polticas. Nas primeiras dcadas do sculo XX a educao pela arte ou a ser defendida por muitos intelectuais como formadora de civilidade. No Uruguai, assim como em outros lugares, o canto coral teve uma centralidade nessa educao sensvel para as multides. Em seus textos, Flix Peyrralo demonstrava uma profunda f na arte como promotora de uma evoluo de ordem moral. Alm disso, manifestavam a presena do pensamento arielista uruguaio em que a arte estaria encarregada de exaltar valores etreos, opostos ao materialismo, que na viso dele, seria fruto da modernidade. Defende a ideia de que a arte deve ser um elemento de coeso extremamente necessrio democracia, que para ele nada mais seria do que a forma de governo em que cada um encontra o seu lugar entre as partes. As opinies, critrios individuais e as speras discusses so atitudes completamente opostas daquelas promovidas pelo funcionamento de uma agrupao coral. Para Peyrallo, literalmente a humanidade seria um grande organismo constituido por clulas-homens. O canto coral promoveria um sentimento em que cada um uma clula viva do conjunto de um corpo orgnico, uma sociedade hierrquica, mas completamente irmanada, aproximando-o de uma estetizao da arte em asceno no perodo. Nesses termos que Flix Peyrallo considerava o canto coral a mais alta expresso aststica, promovido pelas sociedades mais avanadas culturalmente, como possibilidade de evoluo psquica que garantiria tambm uma evoluo de ordem moral, pois seria signo poltico de uma sociedade que permitiria uma relao com a arte que iria alm da simples fruio ou ilustrao intelectual. O corao, a emotividade seriam a chave poltica para a realizao artstica dessa sociedade, cuja responsabilidade seria relegada aos intelectuais e artistas em trazer ao pblico a boa arte, moralmente e politicamente.
Ocultar
|