ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Edison Antnio de Souza (Universidade do Estado de Mato Grosso)
Meio Ambiente e a Questo Agrria na Amaznia Meridional.
Resumo:Este trabalho pretende suscitar discusses sobre o...
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Resumo:Este trabalho pretende suscitar discusses sobre o processo de constituio da propriedade capitalista da terra na Amaznia Meridional, com destaque para o Norte de Mato Grosso e Sul do Par. O estudo contextualiza a problemtica econmica, poltica e socioambiental, mostrando-se relevante na medida que aquela regio alvo das polticas de planejamento estatal visando o avano e consolidao da fronteira agrcola capitalista no campo. Nesse sentido, as foras polticas regionais e nacionais apoiam as transformaes rpidas e profundas envolvendo interesses diversos, como a explorao pelo agronegcio capitalista e sua crescente vinculao utilizao da terra como meio de especulao financeira. Assim, alm das contradies e conflitos oriundos da luta pela terra, o avano da fronteira agrcola engendra tambm a desigualdade no uso e no o aos recursos naturais, bem como sua explorao predatria. Tendo em vista que as relaes entre meio ambiente e questo agrria so temas de extrema importncia no atual contexto poltico e econmico, pretende-se provocar reflexes sobre a expanso da agricultura moderna na fronteira da Amaznia Meridional O objetivo do texto tambm discutir as relaes sociedade e meio ambiente a partir do avano do agronegcio na Amaznia Meridional e seus impactos econmicos, sociais e ambientais. Problematizar os conflitos, desafios e projetos em disputa no contexto das polticas pblicas de expanso da fronteira capitalista contempornea. Esta temtica atual, tendo em vista que as mudanas e decises polticas em nvel nacional tm se intensificado, atravs de grandes projetos governamentais no sentido de reocupao da Amaznia. O presente artigo produto das nossas pesquisas acerca da realidade norte mato-grossense e do Sul do Par. O recorte espacial destas reflexes apresentadas neste texto encontra-se em um esforo intelectual de contribuir para a compreenso e transformao de um status quo por meio do pensamento crtico. A nossa argumentao estrutura-se a partir das questes a serem abordadas luz da Histria social e econmica que me proponho a fazer. Optei por discutir questes que envolvem a relao sociedade-natureza, categorias de anlise, que funcionam como referncias na elaborao de meu estudo sobre permanncias, transformaes e rupturas no desenrolar da modernizao da chamada Amaznia Meridional, tais como: Estado, polticas pblicas e sociedade civil no contexto de avano do capitalismo na fronteira.
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Eliaquim Timteo da Cunha (UFAM - Universidade Federal do Amazonas)
Entre las traviesas de las fronteras: trabajo indgena y los indigenismos boliviano y brasileo en el ro Guapor
Resumo:Este trabajo trata sobre la mano de obra indgena ...
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Resumo:Este trabajo trata sobre la mano de obra indgena en el desmonte de la Estrada de Hierro Madeira - EFMM, ocurrido en las dcadas de 1950 y 1960. Dicha ferrocarril fue construida, en acuerdos entre Brasil, Bolivia y los USA, entre el final del siglo XIX y principios del siglo XX para atender las demandas de la explotacin del ltex. El trabajo indgena era mediado por el Servicio de Proteccin a los Indios - SPI y la Direccin de la Ferrocarril. Otro tema abordado en ese estudio es la disputa entre el indigenismo boliviano y el brasileo referente al movimiento de indgenas Mor presentes en los puestos indgenas istrados por el SPI. Este material proporciona discutir sobre temas como violencia y transformaciones de las fronteras econmicas, polticas y tnicas en el contexto de la formacin de la Amazona Brasilea con la expansin capitalista en el siglo XX. El trabajo apunta los elementos en el perodo de cambios, cuando la frontera econmica fue desplazada del ro Guapor con explotacin del ltex y de los territorios indgenas, que forman esa regin, hacia los mrgenes de la BR 364 con los proyectos de incentivo a la colonizacin.
El episodio sobre ese conflicto fue brevemente descrito en el libro Los Indios Mor: notas etnogrficas, escrito por Stig Ryden y publicado en 1958. Ese libro es resultado de los estudios realizados en el fin de la dcada de 1930 junto a un grupo Mor en el rio Guapor. Ese trabajo hace parte de inmeras pesquisas, realizadas por Ryden, sobre arqueologa y etnologa referente a los pueblos indgenas que viven en Bolivia. Segundo el autor, lo nico objetivo que lo llev a los indgenas Mor fue coleccionar objetos etnogrficos para el Museo de Gotemburgo (Ryden, 1958, p. 18).
Entre las dcadas de 1950 y 1960 la documentacin elaborada por los inspectores que estuvieron delante de la Nona Inspectora demuestra la atencin dada para la regin del Puesto Ricardo Franco. Una de las actividades que venan siendo realizadas era la retirada de las piezas de madera que asentaban los rieles en los cuales se desplazan las ruedas de los trenes y tranvas de al Estrada de Ferro Madeira EFMM , utilizando la mano de obra indgena. Ese desmonte de la Ferrova an es poco estudiado. Fue establecido un contrato entre la Ferrova y el Servio de Protecion de los ndios: los indgenas retiraban esas piezas de madera y el SPI venda para la direccin de la Ferrova.
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Francieli Aparecida Marinato (IFMT - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Mato Grosso)
A colonizao do norte de Mato Grosso: discursos e a produo de memrias o caso de Sinop (MT)
Resumo:No presente trabalho propomos uma anlise sobre a ...
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Resumo:No presente trabalho propomos uma anlise sobre a colonizao do norte de Mato Grosso, tendo como fontes histricas reportagens de jornais de circulao local e principalmente quatro reportagens de O Globo publicadas entre 1973-1974. Estas reportagens fazem parte de um corpus documental composto por recortes de diversos peridicos que se encontram no arquivo da Colonizadora Sinop, no municpio de Sinop. So centenas de reportagens acerca da temtica da colonizao da Amaznia e da fundao de cidades no norte do estado pela Colonizadora, com destaque para a cidade de Sinop, publicadas em diferentes jornais impressos no perodo das dcadas de 1970 e 1980.
A partir da anlise geral deste corpus documental, observamos que foram publicadas reportagens em peridicos de vrios estados como forma no apenas de anunciar (noticiar) os empreendimentos colonizatrios que ocorriam na regio da Amaznia, mas sobretudo com o intuito de se promover tais empreendimentos. Isso porque havia o interesse deliberado de atrair migrantes colonizadores, mas tambm explicita a exaltao da colonizao como empreendimento privado em detrimento da realizao da reforma agrria pelo INCRA, conforme debateremos. Verificamos uma grande quantidade de reportagens entre 1972 e 1975 em jornais de circulao local e regional, destacadamente nos estados de Mato Grosso e Paran: o primeiro onde se realizava a expanso do povoamento com a fundao de novas cidades; o segundo por ser o estado de origem da Colonizadora Sinop e tambm onde se pretendia (e se preferia) atrair migrantes para a colonizao. H tambm reportagens de impressos oriundos de So Paulo e Rio de Janeiro, como o Folha de So Paulo e O Globo. Ademais, importantes revistas de circulao nacional tambm produziram longas e bem ilustradas matrias relacionadas ao assunto, dentre elas Manchete, O Cruzeiro e Veja.
Assim, dentro deste conjunto de documentos, selecionamos para anlise reportagens de O Globo publicadas em 1973-1974. Esta opo deve-se ao fato de ser este um peridico de ampla importncia e alcance nacional, o que nos permite deduzir que estas reportagens tiveram grande visibilidade. luz das concepes tericas sobre a produo intencional de uma memria histrica, discutiremos como este jornal transmitiu nestas reportagens um discurso claramente elaborado pelo Governo Federal, que teve a mdia jornalstica como principal aliada para sua propagao. Este discurso inclua neste processo de colonizao alguns elementos e exclua outros, como os ndios e agricultores despossudos. Assim, foi moldada uma mentalidade regional que marcada por diversos elementos presentes no discurso propragado no perodo da colonizao de forma intencional, como a repulsa aos povos ndigenas e a negao de sua existncia.
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Gergia Pereira Lima (Universidade Federal do Acre)
Recompondo deslocamentos: Brasivianos no cho das fronteiras interamaznicas.
Resumo:A historicidade dos deslocamentos de trabalhadores...
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Resumo:A historicidade dos deslocamentos de trabalhadores brasileiros para a regio pandina nos remete a diferentes contextos acerca da presena de brasileiros de diversas procedncias: nordestina no final do sculo XIX (cearenses, piauienses, rio-grandenses, alagoanos, sergipanos e pernambucanos); nortistas (acreanos, amazonenses e rondonienses) e centro sul no sculo XX (mineiros, goianos, capixabas, paulistas, paranaenses e mato-grossenses). Estes, so representantes de mltiplos tempos histricos que evidenciaram momentos distintos e interligados das andanas de trabalhadores brasileiros, seringueiros e suas famlias, no cho amaznico alm-fronteiras. Nesse sentido, o objetivo analisar do processo dos deslocamentos contexto no inicio do sculo XXI que envolve a comunidade brasiviana acerca da reterritorializao constituda a partir da anuncia da poltica diplomtica Brasil-Bolvia, consubstanciada atravs do Acordo Bilateral de 17 de dezembro de 2008. Expem importantes aspectos das fronteiras interamaznicas: a) historicidade do processo de anexao das terras do Acre ao Brasil; b) a perspectiva de refletir sobre a territorialidade e reterritorializao do poder tutelador do Estado exercido atravs de atos diplomticos; 3) a questo da di-viso do mundo social de tradio seringueira nas amaznias resulta de um processo de negociao e renegociao do campo da Diplomacia Brasileira e, 4) o corredor fronteirio Acre-Pando de aproximadamente de 400 quilmetros entre os municpios acreanos de: Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolndia, Xapuri, Capixaba, Plcido de Castro e Acrelndia e as reas pandinas limtrofes de Nicolas Suarez e Abun compem uma zona de contato interamericana e amaznica entre os dois pases latinos Brasil e Bolvia. Portanto, as transformaes scioespaciais, realizadas neste corredor, tomadas as configuraes dos rios Abun e Acre, entre o Estado do Acre-Brasil e o Departamento de Pando-Bolvia, no incio do sculo XXI, revelaram um processo de rearranjo migratrio direcionado pelos governos brasileiro e boliviano de famlias de seringueiros e de pequenos agricultores brasileiros, denominadas de comunidade brasiviana, presentes naquela regio a mais de um sculo.
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Irisnete Santos de Melo (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHAO)
Uma tragdia em trs atos: As estratgias de ocupao e reterritorializao da Amaznia maranhense entre as dcadas de 1960-1980.
Resumo:O estudo prope abordar o processo de ocupao rec...
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Resumo:O estudo prope abordar o processo de ocupao recente do oeste do Maranho, parte integrante da chamada Amaznia Legal (Lei n 1.806 de 06/01/1953), entre as dcadas de 1960, 1970, e 1980. Nesse recorte temporal, a Amaznia maranhense ganhou destaque no cenrio nacional ao se constituir em fronteira agrcola e, como tal, ou a ser alvo de interesse e de disputa dos grandes projetos. Sabe-se que durante a vigncia do regime civil-militar (1964 a 1985), apropriar-se do espao amaznico e integr-lo s reas mais desenvolvidas do pas por meio da interveno de um novo aparato poltico e econmico foi um dos pilares do regime. Com a insero do Maranho na Amaznia Legal na dcada de 1950, o sul do Maranho (onde est inserida a parte amaznica) vai se inserir na poltica dos grandes projetos de desenvolvimento do Estado e da expanso da fronteira agrcola. Isso provoca uma redefinio do espao, constituindo um (re) ordenamento territorial e a tessitura de novas relaes de poder. Neste sentido, este trabalho visa revisar a produo acadmica sobre o tema com o intuito de mapear trs fases balizadoras do conflituoso processo de reterritorializao do oeste do Maranho: a construo e abertura da rodovia Belm-Braslia, a implantao desse eixo virio atraiu um intenso fluxo migratrio, principalmente do Nordeste, para a Amaznia oriental a partir da dcada de 1950/60, que foram responsveis pelo surgimento e o crescimento de ncleos urbanos como: Aailandia e Imperatriz; a criao Lei Estadual de Terras (1969) durante o governo de Jos Sarney, que visava reordenar o espao fsico do estado e disciplinar a ocupao do espao fsico do estado que permitiu a legalizao da grilagem, impulsionando a expulso de inmeros trabalhadores de suas terras; e a criao do Projeto Grande Carajs (1980), que converteu essa regio em um laboratrio para iniciativas empresais diversas (ferrovias, ncleos urbanos planejados, projetos oficiais de colonizao etc), bem como acirrou os conflitos agrrios e sociais. Em linhas gerais, essas medidas governamentais reconfiguraram o mapa simblico e poltico do Maranho, atraindo e expulsando diversas redes migratrias que se constituem em referncias cruciais para os estudos sobre a violncia da ocupao na Amaznia.
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Maria do Socorro de Sousa Arajo (UNEMAT)
Territrios de Fronteira Brasil/MT-Bolvia: experincias humanas entre o imaginrio e a paradiplomacia transfronteiria
Resumo:Os territrios de fronteira situados entre o Brasi...
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Resumo:Os territrios de fronteira situados entre o Brasil e a Bolvia comportam situaes ora mais, ora menos dissimuladas, que permeiam vivncias cotidianas entre brasileiros e bolivianos. Essa rea de fronteira abrange cerca de 350 km de extenso (sentido sul-norte) e de forma especfica denominada de fronteira seca (sem demarcaes convencionais), comportando o trnsito e o intercmbio entre as populaes de ambos os pases na linha divisria dos territrios nacionais. Desde o sculo XVIII, nessas espacialidades transfronteirias so construdas relaes humanas de natureza multiculturais que demarcam identidades e pertencimentos distintos, com os quais ambos os povos inventam estratgias para realizar atividades vitais como trabalhar, estudar, comercializar, estabelecer e consolidar relaes afetivas e familiares e assim, instituem uma maneira muito peculiar de serem e se entenderem como pessoas transfronteirias. As relaes interpessoais que se estabeleceram (no ado e no tempo presente) desenham uma experincia paradiplomtica (no formal), que permeia e/ou margeia formalidades polticas dos Estados brasileiro e boliviano. E, mesmo assim, alguns esteretipos so atribudos a esses espaos, elegendo-os como territrios excepcionalmente vulnerveis. Nas ltimas dcadas, os meios de comunicao e as foras de segurana estaduais e federais, especialmente do lado brasileiro, tm tratado as questes dessa espacialidade de fronteira de forma habitual incorporando o estigma de regio de criminalidade e ilicitudes. Portanto, essa concepo naturalizada constri o imaginrio dessa fronteira como um territrio de perigos constantes que comporta o trfico de drogas, de armas e de pessoas, contrabando de mercadorias, roubo de veculos, refgio de criminosos, abrigo de pessoas violentas, etc. Concomitantemente, essa formulao imaginria ou sucumbe as populaes (transfronteirias) ao banditismo, ou ignora a existncia humana delas. Assim sendo, esta Comunicao se prope a discutir tticas e estratgias utilizadas pelos atores sociais que transitam/habitam os espaos transfronteirios (Brasil-Bolvia) para manter as relaes interpessoais e vivncias cotidianas no tempo presente, bem como apontar e analisar mecanismos que produzem estigmas sobre o lugar e as populaes. Para tanto, abordagens tericas de ARRUDA (2000), MARTINS (2009), BARROZO (2017), ELIAS (1993), SILVEIRA et al (2017), entre outras, e documentos oficiais, discursos polticos e notcias jornalsticas so a base das discusses para questionar conceitos de fronteira, identidade, pertencimento e paradiplomacia.
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Renilda Miranda Cebalho (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso)
Do conceito de migrao sua encenao como fluxo/movimento de pessoas entre as naes Brasil/Bolvia no contemporneo. (1980/2016).
Resumo:O presente ensaio objetiva discutir o conceito de ...
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Resumo:O presente ensaio objetiva discutir o conceito de migrao como direito e apresentar um percurso historiogrfico sobre a migrao boliviana, abarcando estudos brasileiros e latinos americanos, tais como Manetta(2012); Diniz (2015); Xavier (2010); Ceva (2006); Domenech & Magliano (2009) & Vaba Flores (2003), com destaque para o entendimento da imigrao boliviana para os diferentes destinos transnacionais, e em especial para o Brasil. O que fazer? O que a migrao e quais perspectivas teremos para entender os deslocamentos/movimentos de/das pessoas e as reconfiguraes dos espaos/tempos elaborados nesses processos de transculturao global? A imigrao boliviana com destaque para o seu funcionamento no discurso do Estado, se apresenta como uma via de estudo que colabora para a construo de um panorama geral desse tema que tem relao com a inteno de pesquisa que entender as razes que motivaram o deslocamento das pessoas de nacionalidade boliviana para o Brasil e consequentemente a sua escolha ou no, de permanncia no municpio de Cceres/MT, zona de fronteira de Brasil/Bolvia. E o espao/tempo produzidos pelos bolivianos imigrantes fixados com residncias no municpio de Cceres, seria territrios em elaboraes? Ou fronteiras no espao limiar? Entender esse espao/tempo da territorialidade para os bolivianos residentes no municpio de Cceres/MT, que vivem e convivem sua maneira nessa confluncia de limites que significa a fronteira das naes Brasil e Bolvia, pode ser uma forma reveladora das relaes de poderes assimilados e reinventados nessa interseco de territrios. Ao final busco entender de modo terico as produes de possveis territorialidades dos imigrantes bolivianos estabelecidos no municpio de Cceres/MT, municpio que caracterizado como lindeiro, por estar na faixa de fronteira Brasil/Sta. Cruz de La Sierra/Bolvia. O que territrio/territorialidade/(re)territorialidades? Qual a relao dessas noes conceituais com o viver do imigrante em Cceres/MT? Como se configura a apropriao/dominao dos bolivianos sobre espao no municpio de Cceres/MT? Seria uma especificidade local, como condio dos projetos globais? Mobilizaremos o conceito de territrio desenvolvido por Heidrich (2008) como produo da relao da sociedade com o espao, portanto fluncia das/nas relaes, nas mais diferentes escalas.
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Vanderlei Vazelesk Ribeiro (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
Da Colonizao Proposta pelos Regimes Militares ao Neoextrativismo: Comparando Experincias de Movimentos Sociais na Amaznia Brasileira e Peruana (1962-2009)
Resumo:Neste trabalho cotejaremos a atuao de movimentos...
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Resumo:Neste trabalho cotejaremos a atuao de movimentos sociais nas Amaznias do Brasil e do Peru, desde a ascenso dos regimes militares (1962 para o Peru e 1964 para o Brasil), at as primeiras dcadas do sculo XXI. Discutiremos inicialmente como tais movimentos dialogaram com os respectivos projetos de colonizao dos anos 1960, atravs dos quais ambas amaznias eram percebidas como espaos vazios, como procuraram questionar a atuao de ambos regimes, ressaltando a especificidade peruana, onde se realizava uma reforma agrria.
Destacaremos a atuao de organizaes como a Confederacin Campesina del Per, a Confederacin Nacional Agraria, a Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (especialmente pensando sindicatos rurais que atuavam na Amaznia) e a Comisso Pastoral da Terra.
Avaliaremos tambm, como aps o fim das ditaduras, tais movimentos dialogaram com o modelo neoliberal, progressivamente implantado a partir da dcada de 1980, que para os amaznicos, dos dois lados da fronteira, significou a intensificao da explorao de recursos naturais, bem como a possibilidade cada vez maior da perda das terras que ocupavam.
Para o caso peruano, observaremos como estes movimentos buscaram atuar no contexto da guerra civil, que entre as dcadas de 1980 e 1990 mobilizaram o Estado contra o Sendero Luminoso e o Movimento Revolucionario Tupac Amar.
Para este momento, alm das confederaes peruanas supracitadas analisaremos o trabalho desenvolvido pela Associacin Interetnica para Desarrollo de la Selva Peruana, organizao desmembrada da confederao campesina, que se destacaria a partir deste momento. Tambm refletiremos sobre a mobilizao das Rondas Campesinas que na selva peruana seriam importantes para derrotar o Sendero Luminoso. Para o Brasil estudaremos a atuao do Movimento dos Sem Terra, que, oriundo da Comisso Pastoral da Terra, intensificaria sua atuao na Amaznia a partir do fim dos anos 80, ora competindo ora cooperando como sindicatos de trabalhadores rurais.
Finalmente analisa, como a partir da dcada de 1990 tais movimentos ergueram as bandeiras ecolgica e indgena, como principal meio para defender suas terras e seus territrios, entendidos estes como o espao onde habitavam, incluindo-se a gua e o ar. Para este instante busca-se analisar como buscaram projetar-se no cenrio internacional aproveitando tais bandeiras para divulgar sua causa e tornar a violncia sofrida por eles um problema no apenas local mas planetrio.
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Vinicius de Carvalho Arajo (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso)
40 anos da diviso de Mato Grosso (1978-2018): projees/expectativas e realidade
Resumo:No ano de 2018 foram completados 40 anos das prime...
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Resumo:No ano de 2018 foram completados 40 anos das primeiras eleies separadas para os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, como etapa preparatria para efetiva emancipao a ser iniciada em 01/01/1979, de acordo com a Lei Complementar 31/77. A efemride uma excelente oportunidade para reviso daquilo que os protagonistas polticos da da cena poltica pensavam sobre o projeto da criao de Mato Grosso do Sul e o que efetivamente aconteceu aps a sua implementao.
O desenvolvimento do Estado sempre foi marcado por ciclos econmicos e polticos muito concentrados no tempo e no espao e que geraram grandes desigualdades, tensionando a convivncia entre suas vrias regies e fomentando os movimentos separatistas. Neste contexto, a posio mediterrnea da capital lhe permitiu dar o apoio necessrio para o seu crescimento do seu entorno mais prximo, gerando a identidade chamada de cuiabania. Foi tambm ponto de apoio para o sul do Estado, hoje MS. E deu as condies necessrias para interiorizao para o norte e Araguaia, ajudando a desenvolver mais um polo. Tais pores foram ganhando autonomia ao longo do tempo. Mas a cidade-me acabou ficando um pouco esquecida por seus filhos.
Entender melhor este contexto sero [foram] ouvidas as opinies dos principais personagens envolvidos na disputa. Uma fonte importante so os pronunciamentos dos deputados federais da bancada de Mato Grosso na legislatura 1975-1979. Como um reflexo da coexistncia de duas regies bem definidas no Estado tnhamos 4 deputados federais baseados na regio norte, quais sejam: Gasto Muller, Joaquim Nunes Rocha, Vicente Vuolo e Jos Benedito Canellas. J os representantes do sul eram Ubaldo Barm, Antnio Carlos de Oliveira, Walter de Castro e Waldomiro Gonalves. A maioria deles se pronunciou sobre o tema, cabendo aos nortistas o debate mais intenso quanto ao mrito da criao do novo Estado e aos sulistas filiados ao Movimento Democrtico Brasileiro (MDB) a maior nfase na forma como o a separao foi conduzida, por uma ditadura e sem consulta popular.
J os personagens polticos da nova gerao que ascendeu com os dois Estados separados ou a destacar apenas os aspectos positivos, deixando as referncias negativas para trs.
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Vitale Joanoni Neto (UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO)
TRABALHO E EXCLUSO: os pees rodados na Amaznia em fins do sculo XX
Resumo:O texto aborda um problema grave e reincidente enc...
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Resumo:O texto aborda um problema grave e reincidente encontrado na fronteira amaznica que a explorao da mo de obra de trabalhadores braais, migrantes, como escravos contemporneos. Esse problema tem registros recorrentes durante todo o sculo XX, como por exemplo entre os trabalhadores da extrao do ltex no final do XIX e incio do XX, os coletores de castanha na atual regio de Marab, estado do Par no mesmo perodo, entre os trabalhadores das usinas de acar na regio de Cuiab, estado de Mato Grosso, nos anos 1930, ou os trabalhadores contratados para a construo da ferrovia Madeira Mamor no atual estado de Rondnia nos anos 1910. Todos esses casos foram tratados em diferentes momentos em relatrios como o de Belisrio Pena, romances como A Selva de Ferreira de Castro e textos como A margem da Histria de Euclides da Cunha. Aps 1964, intensificaram-se com as polticas de reocupao da Amaznia, desta vez colocadas em prtica pelos governos militares, intensificando-se a propaganda que atraiu migrantes para os diferentes projetos de reocupao da floresta, desde os assentamentos no Sul do Par, aos Projetos de Colonizao Integrados ou PICs em Rondnia, estes sob a gesto do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA), ou ainda os chamados Projetos de Colonizao Particular como os vistos no estado de Mato Grosso. A mo de obra de trabalhadores braais, tambm chamados pees, foi essencial para a derrubada da floresta, a limpeza das reas, o plantio e seu roado e na manuteno das terras e cercas, na construo da infraestrutura capaz de assegurar a reocupao dessas reas. Esses trabalhadores, frequentemente oriundos do universo rural, mas sem terra, ou pertencente a uma famlia rural numerosa, o que o obriga a sair para buscar complementar a renda, no raro se viam aliciados por empreiteiros, como fartamente documentado no acervo da Prelazia de So Flix do Araguaia em Mato Grosso, levados para frentes de trabalho nas quais foram submetidos a relaes de trabalho exaustivas, sem direito sequer ao salrio acordado inicialmente, empurrados para a escravido por dvida, impedidos de sair dos locais de trabalho. Alguns chegaram a ser negociados entre empreiteiros, vendidos pelo valor devido no barraco da empresa. Essas situaes comearam a ser denunciadas no incio dos anos 1970 pela Igreja Catlica e tais denncias se intensificaram com a criao da T em meados dessa dcada, mas o Estado brasileiro, apesar de signatrio de tratados internacionais contra esse tipo de explorao do trabalho, demorou muito para reconhecer tais casos e somente depois do final do estado ditatorial, comearam a surgir medidas legais e protetivas contra esses casos que levaram milhares de pessoas condio de escravos contemporneos.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Adilson Junior Ishihara Brito (Universidade Federal do Par)
Disputas luso-espanholas nas demarcaes do Tratado de Santo Ildefonso.
Resumo:Durante o processo de delimitao da fronteira por...
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Resumo:Durante o processo de delimitao da fronteira portuguesa e espanhola, os rios se constituram em importantes pontos de disputas entre as comisses demarcadoras iberoamericanas, dado que poderiam ser tomados como as linhas divisrias naturais do espao fsico subordinado a uma ou outra monarquia, assim como caminhos pelos quais poderiam ser mapeadas as localidades ainda desconhecidas, juntamente com os seus recursos naturais e as suas populaes nativas. Nesse aspecto, teremos como eixo de discusso diversas incurses militares aos afluentes dos rios Negro e Japur, centrais nas disputas paralelas de portugueses e espanhis durante as demarcaes, que demonstram a grande preocupao com as fronteiras interiores dos domnios portugueses, sobretudo por conta do problema de domar os sertes e transform-los em jurisdies. Partindo dessa movimentao das instncias polticas e istrativas no interior do Imprio portugus que podemos problematizar, neste trabalho, a importncia da regio do rio Amazonas em uma conjuntura poltica e diplomtica especfica: as demarcaes territoriais estabelecidas no Tratado de Santo Ildefonso (1777). Como parte de uma vasta zona fronteiria muito cobiada e ainda pouqussimo conhecida, a regio do rio Amazonas ocupou com alguma regularidade o papel de centro das principais polticas de incorporao territorial das monarquias europeias na Amrica, com destaque para a segunda metade do sculo XVIII. Essa relativa centralidade de uma regio politica e historiograficamente perifrica tambm foi produto de uma mudana interpretativa da historiografia, que ou a criticar veementemente a classificao absolutista do Estado moderno, com sua organizao e compartilhamento vertical e simtrico de poder, da metrpole da Monarquia para as suas colnias constituintes. A importncia estratgica do vale amaznico nas polticas dos Estados nacionais da regio tem sido, contudo, inversamente proporcional a sua grande dimenso territorial. A prpria edificao historiogrfica nacional tem contribudo sobremaneira para o fortalecimento de uma perspectiva perifrica dessa vasta rea irrigada da Amrica do Sul. A construo do ado histrico dos novos Estados-Nao que partilharam o espao panamaznico ao longo dos sculos XIX e XX privilegiou uma cartografia que situava como centros aquelas zonas territoriais que conduziram politica e economicamente o processo de independncia e de formao das unidades nacionais.
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Carlo Maurizio Romani (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
As Guianas sem limites na viso geo-histrica de lise Reclus
Resumo:Esta comunicaoo atende a dois objetivos bem espe...
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Resumo:Esta comunicaoo atende a dois objetivos bem especficos. Inicialmente o de discutir as diferentes possibilidades do uso histrico do pensamento do gegrafo francs lise Reclus, cuja militncia poltica e social, de vis anarquista, desde a Comuna de Paris em 1871 acabou por ofuscar durante muitos anos a dimenso magistral de sua obra escrita, inclusive em seu prprio pas de nascimento. Reclus, que iniciou suas investigaes geogrficas ainda na dcada de 1850, foi fortemente influenciado pelo pensamento proudhoniano desse perodo da histria, portanto por uma concepo istrativa dos territrios descentralizada, de base federalista, e uma organizao social da vida autnoma praticada de modo associativo na qual o povo deveria ser absolutamente soberano, e isso torna-se evidente desde seus primeiros escritos. Se a obra de Reclus j amplamente conhecida e divulgada no mbito da Geografia, ainda pouco conhecida no mbito da Histria, apesar de o autor de O Homem e a Terra ter sido um dos pioneiros na produo de uma geo-histria que ir influenciar decisivamente as futuras duas primeiras geraes dos Annales.
O segundo objetivo o de apresentar um autor que muito antes de sequer podermos imaginar a concepo de uma histria ambiental, global ou transnacional, de certo modo, essa histria Reclus j a produzia. A compreenso de unidades fsicas conectadas ocupao antrpica, para alm da delimitao em fronteiras nacionais, j presumia em seu modo de organizao a indelvel relao estabelecida entre o homem e o meio que ultraava qualquer limitao arbitrria criada pelo mundo poltico, antecipando tambm a produo de uma geo-histria ambiental. Uma frase introdutria de Reclus marcante para dimensionar essa percepo interativa homem-natureza em sua obra: o homem a natureza adquirindo conscincia de si prpria. O espao fsico que ser usado para uma anlise da obra de Reclus neste ensaio, a regio das Guianas, espao distante das ocupaes humanas mais identificadas com a civilizao moderna, espao miticamente relacionado ao Eldorado ou ao mundo perdido, espao transfronteirio do setentrio sul-americano, oferece-se como um espao privilegiado para confrontarmos a atualidade de seu pensamento geo-histrico, muito frente de seu tempo.
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Cristiane Maria Marcelo (Universidade Estadual do Piau)
Questes fronteirias entre o Imprio do Brasil e a repblica da Bolvia sob o olhar do diplomata Duarte da Ponte Ribeiro (1836-1841)
Resumo:Conhecido pela alcunha de Fronteiro-mor do Imprio...
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Resumo:Conhecido pela alcunha de Fronteiro-mor do Imprio, Duarte da Ponte Ribeiro (1795-1878) foi, durante o processo de construo dos Estado nacional brasileiro, no sculo XIX, um dos grandes estudiosos e articuladores da definio das fronteiras territoriais da monarquia com os governos vizinhos. Uma parte considervel desses estudos foi dedicada conturbada fronteira com a repblica boliviana. As reais ameaas perda de territrios e a vulnerabilidade da provncia do Mato Grosso, parcamente habitada, deixava as autoridades em situao de alerta constante, especialmente depois que autoridades bolivianas vinham concedendo sesmarias em reas reclamadas por autoridades da provncia brasileira. A dificuldade de socorro da provncia do Mato Grosso, em caso de invaso estrangeira, fez com que esta localidade fosse objeto de mais de uma dezena de estudos elaborados por Duarte da Ponte Ribeiro.
A frequente movimentao de escravos e contraventores que se aproveitavam da parca vigilncia das fronteiras para se abrigarem junto s provncias bolivianas de Moxos e Chiquitos em busca de liberdade e proteo era outra problemtica que precisava ser sanada. O maior empecilho, entretanto, encontrava-se na legislao boliviana que, desde 1825, vinha publicando decretos para conceder liberdade aos escravos que adentrassem o pas. Deve-se ainda mencionar a barreira encontrada no Cdigo Penal boliviano de 1836 que impunha limites extradio, devoluo e repatriao de todo estrangeiro desertor, criminoso ou escravo que pisasse no pas.
Nos limites dessa comunicao buscaremos analisar algumas das propostas do diplomata brasileiro para melhor proteger o territrio de Mato Grosso, garantindo a integridade do Estado brasileiro e, ao mesmo tempo, explorar os seus esforos, enquanto Encarregado de Negcios junto Confederao Peru-Boliviana (1836-1841), para sanar algumas problemticas resultantes da ausncia de um acordo fronteirio entre os dois governos.
tambm nosso objetivo explorar como as diferentes concepes em torno das ideias de extradio e de estatuto da condio escrava, entre Duarte da Ponte Ribeiro e o ministro boliviano, Andrs Maria Torrico, dificultaram qualquer possibilidade de negociao entre as duas autoridades no perodo estudado.
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Daniel Montenegro Lapola
Relatos dos viajantes da Europa e a representao de alianas com indgenas na regio de fronteira entre o extremo norte brasileiro e a guiana inglesa no sculo XIX
Resumo:Atravs dos relatos dos viajantes a servio da Eur...
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Resumo:Atravs dos relatos dos viajantes a servio da Europa, procuraremos como objetivo central analisar a relao dos europeus junto aos indgenas e as alianas e estratgias utilizadas atravs da investigao cientfica para servir aos interesses do pas patrocinador do empreendimento na fronteira entre o extremo norte do Brasil com a Guiana Inglesa no sculo XIX. Estaremos trabalhando com os relatos de viagem que foram realizados pelo gegrafo alemo Robert Hermann Schomburgk (1835, 1839 e 1843), o gelogo canadense Charles Barrington Brown (1870), ambos a servio da coroa britnica e o gegrafo francs Henri Anatole Coudreau (1886 e 1889), a servio do ministrio da marinha e das colnias sas. Os trs viajantes, vindo em misso cientfica na regio, patrocinados por pases europeus, servindo aos interesses de demarcao e reconhecimento de territrio em reas de disputa com o Brasil, trazem em seus relatos diversas referncias aos grupos tnicos indgenas habitantes da regio de fronteira estudada, entre eles os Macuxi, Wai Wai e os Wapichana. O perodo estudado o sculo XIX, perodo influenciado pelo iluminismo, evolucionismo e o romantismo, onde se foi buscada a existncia dos indgenas nas veredas do curioso, do extico e do acidental. Perodo em que as disputas territoriais entre as naes europeias procuravam se configurar na regio das Guianas, o objetivo era ampliar o territrio e ter o a importantes rios e riquezas naturais. Como complemento, trabalho tambm referncias destes viajantes a epidemias e escravido que assolaram as populaes indgenas da regio, as trocas e disputas religiosas crists. Por um contexto social, procurei observar nesses relatos como esses viajantes se referem aos indgenas em sua linguagem, como a constatao de uma ampla rede de trocas e o interesse por ferramentas e adereos do mundo, ocidental, presentes at o dia de hoje. Procurando desvendar a importncia dos indgenas como aliados no processo de disputas e configuraes territoriais. Portanto, buscaremos esclarecimentos de como se construiu a representao dos indgenas, a aliana com eles e o que aparece e desaparece nos relatos destes viajantes nos avanos da pesquisa de reconhecimento cientfico e na demarcao de territrio do domnio colonial para pases que financiaram seus empreendimentos.
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Danielle Christine Othon Lacerda (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Alm das fronteiras: o comrcio francs de livros no Brasil Imprio (1830-1840)
Resumo:Esta comunicao apresenta uma reflexo sobre a mi...
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Resumo:Esta comunicao apresenta uma reflexo sobre a migrao de ses nos principais centros do Brasil ps-independncia que se dedicaram ao comrcio de livros. O sculo XIX foi promissor para a constituio e consolidao de um mercado livreiro no Brasil. Na cidade do Rio de janeiro, as primeiras casas destinadas vendas de livros comearam a se estabelecer na dcada de 1820, coincidindo com as primeiras levas migratrias de ses no territrio. A retomada das relaes entre Portugal e Frana aps a derrota napolenica fomentou o trnsito da imigrao sa em busca de oportunidades. Destacam-se entre os grupos de imigrantes europeus no Brasil, mais por imprimir sua presena nos hbitos de consumo, nas prticas e nas representaes do que pelo seu inexpressivo nmero de imigrantes, grande parte destes ses dedicavam-se venda a retalho e este contato direto com o cliente traduziam-se em trocas culturais. Dentre os diversos artigos comercializados, os livros tiveram seu espao por meio de profissionais experientes do mercado editorial francs. As redes de conexo mantida por livreiros e editores com o mercado externo mantinham abastecidas as livrarias com obras clssicas do pensamento poltico e filosfico europeu e com os ltimos romances lanados pelas grandes editoras parisienses. Entre aluguis, compra e venda de livros, as atividades comerciais destes primeiros livreiros podem ser acompanhadas por meio dos inmeros anncios publicados nos principais jornais. Considerando a atuao dos livreiros ses como mediadores nos processos de trocas culturais, busca-se compreender este sistema de inter-relaes inseridos no projeto de nao brasileira. A ambiguidade presente na construo de smbolos nacionais, como um modo a oferecer populao modelos de referncia, ao lado da ideia de civilidade com bases europeias pe em pauta o papel dos livreiros ses na importao e exportao de impressos configurando relaes transatlnticas na troca de ideias. Sob a perspectiva da histria cultural, procura-se ainda questionar tambm o movimento entre o Brasil com a Frana a partir do trnsito de livros estrangeiros, assegurando-se como espaos privilegiados, embora no exclusivo, das transferncias culturais, mesmo que assimtricas, em processos de aclimatao e recepo das obras em funo do contexto histrico e local. Distanciando-se do relativismo e da ideia de dependncia, procura-se ainda questionar o movimento de trocas culturais do Brasil com a Frana a partir do trnsito de livros estrangeiros, assegurando-se como espaos privilegiados, embora no exclusivo, das transferncias culturais, mesmo que assimtricas, em processos de aclimatao e recepo das obras em funo do contexto histrico e local.
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Francisco Marcos Mendes Nogueira (UFRGS)
A (re) produo do territrio simblico-cultural do Bumba-meu-boi maranhense no estado de Roraima (1975-2016): notas de pesquisa
Resumo:Na contemporaneidade, os estudos migratrios esto...
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Resumo:Na contemporaneidade, os estudos migratrios esto cada vez mais em evidncia por diferentes tendncias terico-metodolgicas. Dessa forma, os estudos em torno dessa temtica ganham fora e vigor, em especial com as pesquisas em torno da dimenso emprica do/no processo migratrio. Nessa perspectiva, a questo em torno do conceito de territrio e/ou das (re) produes das territorialidades coloca-se como um campo profcuo, no qual engendram questes e tenses sociais, culturais, econmicas, relaes de poder e identitrias. Por isso, entendemos que tais questes so aspectos indissociveis da realidade concreta em que sujeitos esto inseridos, tanto no lugar de origem como no de destino. Nesse perspectiva estabelece-se uma relao dialgica entre os conceitos de migrao, cultura popular e territrio. Os referidos conceitos servem como chave de leitura da realidade sociocultural a partir da insero da cultura popular do Bumba-meu-boi no Extremo Norte do Pas, em Roraima.
Desta feita, o presente trabalho, ainda em andamento, busca lanar notas introdutrias sobre a insero da cultura maranhense atravs da prtica do Bumba-meu-boi no estado de Roraima, entre os anos de 1975 a 2016. Para esse fim, tomar-se- como lcus os municpios de Alto Alegre, Boa Vista e Mucaja, respectivamente com prticas do Bumba-meu-boi Douradinho, Estrela do Vale e o Rei Brilhante. Por conseguinte, a investigao de natureza qualitativa com abordagem metodolgica da pesquisa participante e da histria oral. A representatividade e os critrios de seleo do grupo de sujeitos-colaboradores considera a tcnica Snowball (bola de neve), na qual um sujeito indica outro, formando uma rede de participantes. Por fim, a migrao acaba por visibilizar a produo, a construo e a modificao dos espaos territoriais, ao consideramos a desterritorializao, a reterritorializao e a territorializao como processos indissociveis, alm do que, a prtica sociocultural do Bumba-meu-boi em Roraima mostra-se como instrumento para a (re) configurao do territrio simblico-cultural em vista de positivar a identidade dos migrantes a partir da cultura popular do lugar de destino, ou seja, do estado do Maranho.
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Gabriel Goulart Barboza
O Estado das Misses: Insurgncias pela criao de um novo estado da federao no Contestado
Resumo:Durante quase todo o sculo XIX e inicio do sculo...
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Resumo:Durante quase todo o sculo XIX e inicio do sculo XX os estados de Santa Catarina, So Paulo e posteriormente Paran, se envolveram numa contenda sobre a demarcao das fronteiras internas e a respectiva jurisdio de cada um sobre parte do territrio do Sul do Brasil que ficou conhecido como o Contestado. A disputa teve seu incio quando So Paulo deixou de ser responsvel pela jurisdio do Sul do pas e agravou-se ainda mais com a criao da provncia do Paran, em 1853. A partir da, So Paulo se absteve da disputa, deixando que Santa Catarina e Paran definissem a questo, que s teve seu desfecho, em 1916, com a interveno do governo federal e a do Acordo de Limites pelos lderes dos dois estados. Contudo, durante a resoluo desse conflito, emergiu uma proposta de parte da elite local da regio Sudoeste paranaense, colocando a criao de um novo estado, o Estado das Misses, como a melhor alternativa para resolver a questo. Aps uma luta poltica nas Assembleias Legislativas e nos peridicos em defesa desse ideal, ocorreu uma primeira insurgncia armada, em 1917, sendo abafada pelas tropas dos governos estaduais e federais. Em 1922 e 1927, o movimento vai reaparecer, entretanto, com outras caractersticas, expandindo-se para alm das elites paranaenses e estabelecendo um forte vnculo com o movimento tenentista e caudilhos do Rio Grande do Sul. Dessa forma, este trabalho pretende analisar essas trs insurgncias em defesa da criao do Estado das Misses, relacionando-as com os contextos polticos internos e externos da Primeira Repblica (1889-1930). O cumprimento desse objetivo deve acontecer por meio da metodologia da micro-histria, investigando os principais grupos responsveis pela defesa do ideal e promovendo um jogo de escalas com contextos mais amplos. A partir da, pretende-se ir alm de uma anlise regional, discutindo problemticas relacionadas questo de limites, ao exrcito, a circulao de tenentes no Contestado e a mobilidade da fronteira argentino-brasileira, tendo em vista que nesse momento uma das colunas tenentista da regio, ligada a membros do movimento do Estado das Misses, recebeu financiamento atravs do pas vizinho. Deste modo, espera-se com esse estudo, estar contribuindo para historiografia da regio do Contestado e do perodo da Primeira Repblica.
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Regina Beatriz Guimares Neto (UFPE)
Polticas de despossesso e luta por direitos: narrativas dos trabalhadores na Amaznia
Resumo:Esta apresentao trata da relevncia das narrativ...
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Resumo:Esta apresentao trata da relevncia das narrativas de trabalhadores no contexto das migraes contemporneas na Amaznia brasileira. As anlises situam as narrativas e as experincias dos trabalhadores em um quadro de aprofundamento da vulnerabilidade e da precariedade de suas condies de vida, mas que tambm revelam novas iniciativas de resistncia. O debate metodolgico problematiza os testemunhos e as narrativas orais dos deslocados, ilegais, refugiados, indocumentados que ocupam a cena pblica hoje no Brasil.
Uma das marcas histricas que os deslocamentos de trabalhadores revelam, que envolvem diversos grupos sociais, a crescente desterritorializao e degradao-precarizao das condies de trabalho. Condies que transformam a vida em sinnimo de radical vulnerabilidade para famlias, grupos de pessoas e indivduos, afetando direitos bsicos como trabalho, moradia e alimentao e que deixam um rastro de enfermidades, como a malria, e a prtica de trabalho escravo, na modalidade trabalho escravo contemporneo.
Certamente, uma das questes mais prementes no mundo contemporneo a que se refere credibilidade do testemunho oral ou escrito dos trabalhadores expropriados de bens e de direitos. Acredito que historiadoras e historiadores tm exigido, em relao produo dos vestgios documentais, analisar as implicaes tericas e metodolgicas que envolvem testemunhas e testemunhos, sua legitimidade e validade diante de outros. A linguagem testemunhal no s tem um carter autorreferencial (eu vi, eu estava l ou "esta a minha histria"), mas tambm carrega a fora da histria individual entrelaada outras histrias e experincias. Assim, constitui-se num ponto de partida decisivo para a compreenso dos vnculos sociais num espao de luta por direitos.
Este texto resultado das investigaes que realizei em torno de um eixo central: una histria plural do trabalho, dos deslocamentos geogrficos de trabalhadores pobres, denominados de migrantes, dos conflitos por terra e da violncia nos territrios de ocupao recente na Amaznia, a partir das trs ltimas dcadas do sculo XX. Integra um projeto de pesquisa contemplado com bolsa de produtividade pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (Cnpq).
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Sabina Ferreira Alexandre Luz (UNIRIO), Moema de Rezende Vergara (Museu de Astronomia e Cincias Afins)
Definindo limites e estabelecendo fronteiras: a experincia de grandes heris a servio do Estado na Amaznia Ocidental oitocentista.
Resumo:O Segundo Reinado do Imprio do Brasil foi marcado...
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Resumo:O Segundo Reinado do Imprio do Brasil foi marcado por um forte investimento na explorao e produo cartogrficas, assim como na demarcao de fronteiras. O territrio tornou-se um tema caro construo de uma nacionalidade que foi definida, em grande parte, ao longo do sculo XIX. Na ausncia de uma identidade cultural ou tnica comum, o territrio tornou-se pea fundamental (ou mesmo a prpria essncia) da identidade nacional. De maneira que se apropriar deste territrio, definir suas fronteiras e sua extenso era imprescindvel para a afirmao do Estado Imperial e para a consolidao da nao brasileira.
Partindo desta premissa, nos propomos a analisar neste trabalho alguns documentos produzidos a partir da Comisso Mista de Demarcao de Limites entre o Imprio do Brasil e a Repblica do Peru de 1874 cujo representante brasileiro era o almirante Antonio Luis Von Hoonholtz (posteriormente Baro de Tef). Esta comisso foi responsvel por demarcar os limites entre os dois pases definidos, em grande parte, pelo sinuoso leito do rio Javari. O estabelecimento das coordenadas geogrficas das nascentes deste rio tornava-se um elemento-chave para o sucesso desta empreitada. A cincia e seus dados precisos, calculados pelo uso de instrumentos, fariam o contraponto necessrio figura de um territrio de natureza e populao indomveis.
As condies de penetrao e explorao do rio Javari, assim como o encontro com as populaes indgenas da regio foram to marcantes que o Baro de Tef teve uma parte de seus dirios publicada em Paris. O ttulo da obra nos revela a maneira aventureira e heroica com a qual a comisso foi vista tanto em Paris como igualmente no Brasil: "Um explorador brasileiro dois mil quilmetros de navegao de canoa em um rio inexplorado e completamente dominado por ferozes e indomveis selvagens".
A partir desta obra, buscaremos discutir de que maneira houve, durante o sculo XIX, o encontro entre um projeto para o Brasil pensado e articulado a partir da capital e um Brasil real dissonante com o primeiro. Alm disso, analisaremos os discursos produzidos a partir deste encontro e a maneira com a qual os elementos presentes neste projeto dissonante foram interpretados e tornaram-se legitimadores da ao civilizatria que o Estado Imperial e, posteriormente, que o Estado nacional, empregaram na (re)conquista destas terras. Assim, as definies de natureza, selva, ndios, civilizao e selvageria presentes nesta obra sero objeto de estudo e crtica.
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Tamily Frota Pantoja
Os Ticuna, o indigenismo tutelar e o sentido histrico do Direito nos processos criminais/judiciais sobe o massace do "Capacete" (1988-2001)
Resumo:Esta proposta de comunicao busca apresentar uma ...
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Resumo:Esta proposta de comunicao busca apresentar uma reflexo sobre um conjunto de fontes jurdicas e de imprensa versadas sobre o massacre ocorrido em 28 de maro de 1988 contra o povo Ticuna, no igarap do Capacete, localizado no municpio amazonense de Benjamin Constant. O processo criminal aberto pelo Ministrio Pblico Federal no Amazonas contra os agentes do comrcio ilegal de madeira responsveis pela morte de 14 indgenas , tem incio no ano de 1991, e a sentena referente ao mesmo foi estabelecida pela Justia Federal em 2001. Esse episdio de extrema violncia que marca as relaes intertnicas nos leva a refletir acerca das situaes de fronteira na Amaznia, sendo o contnuo genocdio determinante para o progresso dessa regio, de acordo com o antroplogo Joo Pacheco de Oliveira.
Entretanto, deve-se ter a dimenso de que categorizar o genocdio um ato que envolve associaes polticas. A leitura dos documentos jurdicos/judiciais evidencia um processo lento e contraditrio de definio em torno desse crime, onde est explcita a negao do direito de ocupao tradicional do territrio pelos indgenas, ao mesmo tempo em que neles ressoam vozes dissidentes e de constante denncia. A partir da imprensa, possvel observar uma vigorosa repercusso pblica em torno da legitimao da violncia imposta aos ndios naquela localidade, mobilizada, inclusive, por polticos profissionais que sustentam um discurso carregado de preconceitos culturais os quais so inseparveis dos seus interesses econmicos.
O avano das iniciativas indgenas pela questo do territrio foi proporcionado por estratgias polticas de maior ressonncia pblica das denncias contra a violao dos seus direitos exercida pelos madeireiros. Neste sentido, a formao do Conselho Geral da Tribo Ticuna (C.G.T.T.), na dcada de 1980, marca tambm um momento importante da articulao dos Ticuna por uma posio de defesa autnoma de seus direitos perante o Estado, onde lideranas e o capito das aldeias atuam nas relaes mais imediatas com as instituies responsveis pela investigao de casos de agresso contra os ndios.
O povo Ticuna tem articulado estratgias de resistncia poltica vinculadas ao projeto de demarcao, de forma a imprimir nas instituies do Estado sua fora poltica destinada a romper com a tutela do indigenismo oficial e a favorecer uma mediao democrtica, mesmo que desproporcional fora do autoritarismo fincado nas instncias oficiais.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Arlene Guimares Foletto (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - COLGIO DE APLICAO)
Crimes de Elite: as melhores famlias da terra e as prticas ilcitas na fronteira oeste do Rio Grande de So Pedro na segunda metade do XIX
Resumo:O presente trabalho coloca-se na busca de demonstr...
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Resumo:O presente trabalho coloca-se na busca de demonstrar as relaes dos membros da elite rural local com as prticas ilcitas. A pesquisa se pauta em um levantamento dos processos-crime da antiga parquia de So Patrcio de Itaqui, ao longo da segunda metade do sculo XIX. Para compreender melhor as relaes, os sujeitos e as prticas, faz-se tambm um cruzamento incessante entre diferentes fundos documentais. Atravs dos crimes em si, mas tambm dos relatos feitos por testemunhas, vtimas, rus... possvel perceber um pouco do cotidiano, por vezes, tambm marcado pela violncia que se justificava em prol de defender o nome, a honra e alguma vaca ou ovelha daqueles que usufruam o privilgio de ocupar o topo da hierarquia social. Nos casos j analisados, foi possvel perceber, tambm, desde a formao de bando, at as relaes de clientelagem, amizade e parentesco. Vnculos verticais consolidados com subordinados na hierarquia social e horizontais com os pares mantinham vivos os laos de fidelidade e lealdade que fundavam a reciprocidade, at mesmo durante as brigas. No bastava, portanto, ter recursos econmicos e pertencer s melhores famlias da terra. Era preciso demonstrar que gozava de privilgios e status, calcados em relaes, como por exemplo, amizade e compadrio entre os pares e os subalternos. Em outros tipos de processo-crime, tambm, apareciam traos da vida cotidiana e um pouco sobre os valores e valentia dos indivduos da fronteira. Ao que tudo indica, no precisava muito para tirar a faca da bainha ou empunhar a pistola para defender sua vontade e honra. Tumultos eram comuns at por desavenas criadas nos bolichos, nos bilhares, nas rinhas de galo ou nas corridas de cavalo. E na hora de ajustar alguma querela, normalmente, o indivduo no ia s, mas acompanhado de seu bando, por menor que fosse. A teia das relaes dava sustentculo e ratificava o poder de mando que chegava at ao uso da farda militar para defender interesses ora pessoal, ora familiar. Fosse em processos de furto de gado, em limites territoriais, em calnias ou at em homicdios. Mas a prtica ilcita se tornava crime? O processo chegava ao fim? Quem eram as testemunhas? Quem ocupava os cargos, tanto na polcia quanto no judicirio? As penas eram aplicadas? Estas perguntas, no momento, norteiam a continuidade da pesquisa. Para alm dos casos j analisados, pretende-se agora partir para um estudo quantitativo e ento tecer um perfil no s dos crimes praticados pelas melhores famlias da terra, mas tambm do comportamento da justia na aplicao das leis. Entender em que medida a criminalidade era percebida na parquia e se os critrios de punio adotados eram os mesmos, independente da posio na hierarquia social.
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Bruno Pereira de Lima Aranha (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
Encontros e desencontros: o Rio Grande do Sul na viso do argentino Juan Bautista Ambrosetti (1891-1892)
Resumo:O presente trabalho consiste numa proposta de anl...
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Resumo:O presente trabalho consiste numa proposta de anlise de um dos relatos realizado pelo viajante argentino Juan Bautista Ambrosetti que, partindo de Buenos Aires se dirigiu a Misiones, fronteira no nordeste argentino, e publicou textos sobre a regio na ltima dcada do sculo XIX. A questo do avano da fronteira (um tpico comum s novas naes americanas do sculo XIX) se fez presente no debate intelectual e poltico argentino. O fato de Misiones ser uma regio de fronteira com o Brasil acabou por gerar problemas de litgio de fronteira entre os dois pases. A primeira das trs expedies realizadas por Ambrosetti se ou nas vsperas da do Tratado de Palmas (1895), que estabeleceu as fronteiras definitivas entre Brasil e Argentina na regio, sendo que uma grande poro de territrio que a Argentina considerava como parte de Misiones, aps o Tratado acabou sendo incorporada ao territrio brasileiro. Sua primeira viagem, realizada em 1891, contou com a peculiaridade de ter tomado a rota do rio Uruguai. Assim sendo, no deixou de realizar incurses pelo estado do Rio Grande do Sul, sendo o relato do viajante um espao para manifestaes deste sentimento para com o outro brasileiro presente no outro lado da fronteira.
Ambrosetti foi o nico viajante argentino que no se limitou a percorrer apenas a borda fronteiria no Alto Uruguai. Percorreu aproximadamente 340 km pelo noroeste do Rio Grande do Sul, entrando por Cerro Pelado, seguindo para o leste at Santo Angelo e depois retornando para o rio Uruguai, saindo pela Colnia Militar do Alto Uruguai. No lado brasileiro, um dos seus maiores interesses era poder conhecer as antigas Misses Orientais, ou seja: as que se localizavam na margem direita do Uruguai.
Ao analisar a regio das misses como um espao comum, muitas vezes a fronteira poltica entre os dois pases perdia o sentido. H momentos, no entanto, em que a fronteira aparece. Isso bastante notrio quando, na altura de San Javier, o argentino planejava o dia de cruzar o Uruguai at Cerro Pelado, no lado brasileiro. Pelo fato de estar iniciando uma excurso pelo interior brasileiro, no sendo mais uma viagem fluvial entre as duas costas, ele divagou a respeito de estar adentrando a um territrio estrangeiro distinto de sua ptria de origem.
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Carla Menegat (Instituto Federal Sul-Rio-Grandense)
Debates acalorados: A formao da opinio pblica na Corte sobre os conflitos na fronteira meridional. (1845-1860)
Resumo:Ao contrrio do que se poderia imaginar graas h...
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Resumo:Ao contrrio do que se poderia imaginar graas historiografia, com o fim da Guerra da Cisplatina e a independncia da Repblica Oriental do Uruguai, o avano fundirio do estancieiros sul-rio-grandenses sobre o norte do pas vizinho no cessou. De fato, nos anos 1830 esse processo se intensificou ainda mais, abrindo uma nova frente de ocupao no centro-norte. Com a pacificao da Provncia do Rio Grande do Sul aps a Revoluo Farroupilha, a partir de 1845, uma srie de dificuldades desses estancieiros que se estabeleceram alm da fronteira meridional do Imprio comeam a despontar como pauta de conflito nas relaes do Rio da Prata. Essa investigao se volta sobre como, atravs da imprensa estabelecida na Corte no Rio de Janeiro, esses estancieiros demandaram aes do governo imperial sobre seus problemas, construindo uma narrativa que reivindicava sua ao como um servio nao, como parte de um projeto nacional interrompido. Os diferentes discursos e as alternativas propostas por esse grupo da elite regional so aqui analisados buscando entender quais desses anseios foram considerados, quais realmente resultaram em intervenes polticas e quais foram frustrados. Discutindo com outras pesquisas, o objetivo aqui perceber o quanto essa construo poltica resultou na formao de uma opinio pblica sobre o tema. Isso implica em observar o que seria uma opinio pblica durante o Segundo Imprio. Alm disso, como apontamentos iniciais, a ideia tambm demonstrar como esse debate na imprensa se combinava com outras instncias de discusso, como o Conselho de Estado do Imprio e com o parlamento, indicando que esse debate era nacional e no apenas uma demanda regionalmente localizada como a historiografia vem indicando. Por fim, identificar os autores dessa discusso permite localizar os agentes que estavam integrados no sistema poltico imperial e que permitiam, por suas redes de relaes que houvesse uma permeabilidade das pautas da elite pecuria da provncia. Em parte tambm se trata de identificar mecanismos que permitiam que agentes mal localizados no sistema poltico constitussem um caminho para ar as instncias mais importantes do poder poltico do Brasil Imprio.
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Cesar Augusto Barcellos Guazzelli (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Neto encontra sua alma! Um caudilho Rio-Grandense na Histria e na Literatura (c.1636-c.1866)
Resumo:O caudilho Antnio de Souza Neto foi um importante...
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Resumo:O caudilho Antnio de Souza Neto foi um importante senhor da guerra na provncia fronteiria do Rio Grande do Sul, protagonista nos principais conflitos fronteirios do Sculo XIX. Apoiando desde o incio os revoltosos na Guerra dos Farrapos, proclamou a Repblica Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836. Foi um dos seis generais farroupilhas ao longo de toda rebelio, e exilou-se no Estado Oriental do Uruguai quando houve a pacificao da Guerra dos Farrapos em fevereiro de 1845. Grande proprietrio de terras, gados e escravos, muitas vezes esteve frente de reivindicaes de estancieiros rio-grandenses no Estado Oriental, quase invariavelmente contra governantes do Partido Blanco. Durante as campanhas contra Oribe e Rosas nos anos 1851-1852 teve ativa participao ao lado da coaliso entre o Imprio Brasileiro, os Colorados orientais e os seguidores do argentino Urquiza, governador de Entre Rios sublevado contra o poder de Rosas. Em 1863, apoiou a insurgncia de do chefe Colorado Venancio Flores contra o presidente Berro, do Partido Blanco. Neste conflito envolveu as foras do Imprio do Brasil, provocando uma enrgica reao do Paraguai, que seria uma das desencadeantes da Guerra da Trplice Aliana. Organizou um regimento de cavalaria sob seu comando para lutar no grande conflito, falecendo em Corrientes em julho de 1866. Sobre a trajetria de Antnio de Souza Neto, o escritor rio-grandense Tabajara Ruas escreveu o romance Neto Perde Sua Alma, publicado em 2001, e no mesmo ano foi lanado o filme homnimo, com roteiro do prprio autor. Tendo o livro como fonte, o presente trabalho procura buscar na Literatura alguns significados que o referido romance cria sobre fronteiras, caudilhismo e as guerras na estremadura sulina do Imprio. Mais que isto, como a Guerra dos Farrapos e seus protagonistas ainda constroem um mito de origem importante para a formao de uma identidade regional-provincial para o Rio Grande do Sul. Neste sentido, a Literatura rio-grandense cumpre um papel fundamental atingindo um pblico alvo relevante; a exposio do contedo do livro como filme incrementou muito a divulgao das ideias do autor, tornando o texto cannico em relao ao Rio Grande em tempos de guerra. (Este trabalho est associado ao projeto A provncia em princpio, a fronteira por meio e o Imprio por fim: Neto e Canabarro na Guerra do Paraguai (1864-1865) em desenvolvimento.)
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Isac Alisson Viana de Medeiros
Cristianizao do espao e produo de um territrio cristo: Importncia da Matriz e capelas para a manuteno das relaes de poder da Igreja Catlica no territrio da Freguesia da Gloriosa Senhora de Santa Ana do Serid (1788-1838).
Resumo:Prope um estudo acerca do territrio da Freguesia...
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Resumo:Prope um estudo acerca do territrio da Freguesia da Gloriosa Senhora de Santa Ana do Serid (1788 a 1838), a partir dos templos religiosos Matriz e capelas construdos no recorte em questo. Segundo Marcelo Lopes Souza o territrio compreende-se por um espao definido e delimitado por e a partir de relaes de poder. Nesse sentido, abordamos a territorializao da freguesia entendendo a Igreja Catlica como agente modelador do espao. Considera-se que a doutrina crist se estabelece como um conjunto de prticas que tem como funo o controle do territrio e das pessoas sobre as suas prprias diretrizes e interesses, a partir de estratgias que visam manter a existncia e legitimar a f, assim como a sua reproduo ao longo da histria. A construo de templos religiosos tratava-se de uma dessas estratgias que agiam com o intuito de modelar o espao conquistado com caractersticas crists que ajudassem a manter o controle e posse das terras sob o poder da Igreja Catlica. J o conceito de Cristianizao espacial apropriado de Cludia Damasceno excencial para discutir a espacialidade dos prdios religiosos dispostos na Freguesia do Serid, assim como a contribuio destes para o controle e manuteno do poder da religio catlica no territrio. Nesse sentido, partimos do pressuposto de que uma poro da conquista da Igreja ava pela cristianizao do espao a ser dominado, dando a ele caractersticas prprias da sua religio, com o intuito de marcar o seu domnio como tambm estabelecer um sistema de manuteno de sua f entre a populao que ali residia. Metodologicamente, parte de reviso historiogrfica; seleo, coleta e anlise quantitativa e qualitativa das fontes paroquiais (livros de batizado, casamento e bito, que vo de 1788 a 1838 e que juntos somam um total de 4.024 registros) para estabelecimento de perfil das cerimnias ocorridas nos templos religiosos da freguesia, assim como a produo da trajetria do processo histrico de surgimento destes at o momento em que o territrio estudado se constitui em freguesia. Ainda discute as cerimnias ocorridas nesses templos religiosos, assim como os padres e coadjutores que as celebraram com o intuito de analisar a apropriao do territrio por meio da tradio crist. Concluiu-se que a Freguesia do Serid constituiu-se como um territrio cristo, tendo na figura dos templos religiosos um elemento de grande relevncia para esse processo, j que os mesmos atuaram como centros difusores da religio catlica ao o que a construo destes estava diretamente vinculada ao processo de povoamento das terras do serto da capitania do Rio Grande do Norte, ao ponto em que o estabelecimento das povoaes e sede da Freguesia vinculavam-se a construo desses edifcios na rea a ser povoada.
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Mairton Celestino da Silva (Universidade Federal do Piau)
Rios, Entradas expanso portuguesa nos domnios do Estado do Maranho e Piau, sculo XVIII
Resumo:Nos ltimos anos tornou-se evidente o salto qualit...
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Resumo:Nos ltimos anos tornou-se evidente o salto qualitativo e quantidade de pesquisas interessadas em compreender os sculos iniciais da presena portuguesa nas Amricas. Mais do que revisitar o perodo, esses trabalhos buscam dialogar numa perspectiva atlntica, pontuando as particularidades dos modelos de contatos culturais da poca moderna em regies como frica, Amricas e regio das ndias. Para alm da relao dicotmica dominadores/dominados, colonos/metrpoles, senhores/escravos, as expanses ultramarinas seriam compreendidas, portanto, como processos dinmicos de intercmbios culturais, de trocas e de circulaes de mercadorias, pessoas e de saberes que ajudariam a definir e compreender as transformaes do mundo. No sculo XVIII, acreditava-se que as terras que formavam o Estado do Gro-Par e Maranho tinham uma extenso de 1.500 lguas, indo do litoral do atlntico equatorial at as serras das Ibiapaba, situadas na parte norte at fazer limites com as terras da capitania de Pernambuco. Ao sul, seus limites estavam demarcados pelas nascentes do rio Parnaba e serra dos Dois Irmos at atingir as minas de So Felix e terras da Natividade. Sua larga extenso continuava at as terras do Mato Grosso e limitava-se ao norte com os rios Sarar, Madeira, Negro, Solimes, Amazonas, e as campinas e matas que ficam at o rio Vicente Pizon, no Cabo do Norte. Esses espaos de fronteiras se constituam a partir do rio Tocantins que margeavam as extensas terras do Norte, que, nos acordos dos limites territoriais, eram definidas como de domnio dos Espanhis. Ao longo do sculo XVIII, a rede hidrogrfica dessa regio veria, ao longo dos anos, a entrada em cena dos bandeirantes paulistas que, na expanso rumo ao extremo oeste, alcanariam quelas terras cujo potencial mineralgico se julgava existir a partir da suposta idealizao das terras do centro como lugar potente de riquezas. As entradas coloniais, o expansionismo pecuarista e os projetos de explorao dos rios Mearim, Graja, Pindar e Parnaba obedeceriam dinmica de explorao que atravessou mltiplas etapas, indo do interesse em conhecer, do desejo de explorar e da vontade de interlig-los aos negcios das praas comerciais. Nesta comunicao, pretendo analisar o contexto dessas entradas no centro-sul do Estado do Maranho e situar o conhecimento em torno das redes hidrogrficas como fatores preponderantes nos empreendimentos coloniais, rompendo assim com a ideia do suposto isolamento.Divido a comunicao em dois momentos atravs dos quais tento evidenciar propostas distintas de explorao dos rios localizados na capitania do Maranho, por meio da explorao das matas e, na capitania de So Jos do Piau, com a explorao das terras s margens do rio via criao de gado vacum e cavalar.
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Paloma Falco Amaya (Fundaao Casa de Rui Barbosa)
O Forte de Santa Tecla: o conflito de uma paisagem fortificada
Resumo:A ao colonizadora empreendida pelas coroas espan...
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Resumo:A ao colonizadora empreendida pelas coroas espanhola e portuguesa na Amrica do Sul durante do sculo XVIII reuniu diferentes articulaes entre os diversos atores sociais presentes no espao fronteirio pampeano. Uma rede de relaes foi criada, unindo as sociedades que ali viviam e suas experincias militares na paisagem, sendo marcadas pela construo de diversas fortificaes defensivas. As construes das fortificaes se inseriram no contexto histrico de conflitos entre as coroas luso-espanhola ao longo de dcadas. Na fronteira sul do Brasil, destaca-se o Forte de Santa Tecla, localizado na atual cidade de Bag e edificado em 1774, com a funo de efetivar e defender a ocupao territorial pelos espanhis na regio platina. As pesquisas arqueolgica e documental possibilitaram a reconstruo do processo histrico e das disputas territoriais. Sendo assim, esse trabalho teve por objetivo analisar o Forte de Santa Tecla como uma fortificao fundamental na construo da fronteira platina no perodo colonial, observando a paisagem e os conflitos, assim como identificando por meio da cartografia os elementos que contribuiram na escolha e na definio do espao geogrfico para edificao do forte. A escolha espacial para essa construo militar como ponto estratgico considerou a paisagem do territrio, tendo em vista e posio privilegiada para vigilncia do inimigo. A anlise das plantas do Forte de Santa Tecla permitiu constatar os usos estratgicos no espao para a demonstrao e perdurao do poder. Nesta pesquisa, busquei evidenciar por meio da cartografia histrica os aspectos, relacionando a paisagem e a construo do Forte de Santa Tecla e os usos estratgicos no espao. Assim, a formao da fronteira platina durante o perodo colonial foi marcada por embates histricos que envolveram diferentes elementos e atores sociais. Ao analisarmos o pampa gacho, desde sua tipicidade como espao heterogneo e de multidimensionalidade, podemos estudar as relaes de poder, a conquista militar, e a problemtica da paisagem. A discusso proposta aqui teve como objetivo problematizar e discorrer a respeito do uso cartogrfico para a investigao arqueolgica e histrica.
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Pedro Christian Lders (USP - Universidade de So Paulo)
Comrcio e topografia dos caminhos de So Paulo (dcada de 1760)
Resumo:Em meados do sculo XVIII diferentes ligaes terr...
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Resumo:Em meados do sculo XVIII diferentes ligaes terrestres entre a cidade de So Paulo e diversas regies do ento Estado do Brasil j tinham sido estabelecidas ao longo das dcadas anteriores. Alm de caminhos da cidade para suas prximas freguesias e aldeias, esparsas no territrio municipal, e para as vilas no litoral e interior da antiga Capitania de So Vicente, outras estradas percorriam um trajeto muito mais longo, ligando So Paulo no s ao Rio de Janeiro e a Minas Gerais, mas tambm ao extremo sul das conquistas portuguesas na Amrica, qual seja, a Colnia do Sacramento, s margens do Rio da Prata, bem como ao interior do continente, s regies de minerao de Gois e Mato Grosso.
Este trabalho tem como escopo analisar a documentao paulista da dcada de 1760, em particular aquela produzida pela Cmara Municipal de So Paulo, pelos ouvidores e pelos governadores, a fim de estabelecer o papel que as estradas que partiam da cidade desempenhavam no conjunto das preocupaes e medidas daqueles diferentes oficiais da governana da Capitania e como elas determinavam a atuao dos seus habitantes no perodo. A restaurao da autonomia istrativa de So Paulo em 1765 justifica a importncia do perodo em apreo, pois a anlise dos anos imediatamente anteriores e posteriores a esta importante medida istrativa pela Coroa de Portugal possibilitar o reconhecimento de indcios importantes para a compreenso das rupturas e continuidades observveis na istrao e uso das estradas paulistas, o gnero de comrcio praticado ao longo delas, a ocupao humana e econmica do territrio atravessado por esses caminhos, os rendimentos advindos da movimentao em razo da poltica fiscal ento em vigor e as estruturas para e e manuteno das estradas e seus usurios.
A anlise dos caminhos a partir da documentao coeva, assim, intenta esclarecer, em geral: (1) quais eram as estradas que partiam da cidade de So Paulo, suas localizaes e direes, e a relao entre elas e os poderes constitudos na Capitania; (2) qual era a ocupao territorial e produo econmica que se desenvolvia ao longo destas estradas; e, finalmente (3) qual era o tipo e mbito do comrcio que se realizava atravs dos caminhos, por quais pessoas e atravs da interligao de quais territrios.
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Rodrigo Leonardo de Sousa Oliveira (IF Catarinense - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia Catarinense)
Ilicitudes nas fronteiras entre Minas e Rio: O caso do bando do Mo de Luva
Resumo:O estudo das fronteiras tem rendido timas discuss...
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Resumo:O estudo das fronteiras tem rendido timas discusses em nossa historiografia colonial. Visto pelas elites e pelos oficiais rgios como espaos da violncia, das aes de quilombolas e de ndios bravos, a fronteira era tambm conhecida como o local propcio para vrias ilicitudes, dentre eles o contrabando. Os sertes (fronteiras) da capitania mineira tornaram-se conhecidos, tradicionalmente, como terra de ningum. A ausncia, a omisso e/ou a inpcia das autoridades propiciaram a essa comarca a exacerbao da violncia. Essas paragens tornaram-se redutos do mandonismo bandoleiro, ou seja, constituio de territrios de mando comandados por poderosos potentados que por meio da fora armada e da intimao fsica dominavam determinadas paragens. Devido falta de autoridades ou existncia de conflitos de jurisdio, o direito a violncia ava a ser alimentada pela anarquia, e o banditismo era, portanto, mais legtimo do que a autoridade ausente ou litigante (Anastasia, 2005: 55). Sendo assim, desordens, assassinatos e as mais variadas transgresses eram algo comum na realidade violenta, prevista e imprevista desses sertes. Nesse sentido, a criminalidade e os desmandos atingiam todos os segmentos sociais. Da o surgimento de poderosas organizaes criminosas no perodo em questo.
Por meio do estudo de caso do bando do Mo de Luva, pretende-se mostrar como este grupo de extraviadores conseguiu no apenas contrabandear o ouro nos sertes de Macacu e Cantagalo, mas demonstrar como estes homens foram capazes de constituir uma rea de mando com a participao de membros do ento governador Lus da Cunha Meneses.
Composta por brancos pobres, escravos, libertos, indgenas e oficiais rgios, este bando ocupava-se do extravio ilegal de ouro para o Rio de Janeiro, procurando, dessa forma, fugir dos registros e dos destacamentos localizados naquelas proximidades. Acabaram sendo presos, inclusive o Luva, por meio do sistema de engano proposto pelo ento governador das Minas Lus da Cunha Menezes. Procurou-se infiltrar na extrao um cabo e alguns soldados para que estes ganhassem a confiana dos extraviadores como novos aliados. O Vice-Rei chegou a contestar tal sistema. Ele acreditava que a abertura de um caminho s margens do Paraibuna proposto por Cunha Meneses estaria facilitando os extravios com a conivncia de tal governador. Desta forma, temos nestes locais um caso exemplar de como a fronteira pode ser o espao primordial para variadas ilicitudes.
Esperamos que o nosso trabalho colabore para os atuais estudos sobre as culturas polticas nas reas de fronteiras (o exerccio do mando e ilicitudes por parte de bandos armados).
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Rosana dos Santos Lopes (UESC)
Poltica e Urbanizao: estudos comparativos entre o Plano Diretor (1933), o Plano Regulador (1938) da cidade de Ilhus - Bahia.
Resumo:A relao do Municpio de Ilhus com o mundo atln...
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Resumo:A relao do Municpio de Ilhus com o mundo atlntico, ao longo de sua histria, sempre foi significativa. O territrio deste municpio possua grande extenso e, na primeira metade do sculo XX, particularmente com o crescimento da produo cacaueira nos seus diversos distritos e vilas, carecia de um planejamento urbano capaz de organizar a cidade, cujo crescimento, tanto do ponto de vista populacional, como de edificaes, abertura e melhoramento das ruas e avenidas, tornou-se cada vez mais evidente, exigindo melhor organizao. Como iniciativa, a prefeitura municipal, em 1933, na gesto de Eusinio Lavigne, aprovou o Plano Director para a Remodelao e Expanso da Cidade, onde so apresentadas as plantas da cidade, sob o ponto de vista de remodelao e expanso, das redes de esgoto sanitrios e os perfis de ruas, destacando as suas finalidades de embelezamento da paisagem urbana, e indicar enfim, os diferentes bairros conforme o destino rigorosamente reflectido que lhes foi designado.
H de se evidenciar a relao e influncia direta do porto sobre a cidade e desta sobre o porto, visto a grande concentrao de habitantes, do comrcio, de trabalhadores e exportadores, cuja movimentao e efervescncia compunha a paisagem ilheense.
Em 1938 aprovado outro projeto, distinto do Plano Diretor, intitulado Novo Plano Regulador, em que o autor do mesmo, afirma que deve ser implementado imediatamente e seguir obrigatoriamente as propostas indicadas.
Enquanto os engenheiros do Plano Diretor de 1933 alertam que alguns espaos impostos (pela geografia da cidade) pouco podem ser modificados, no Plano Regulador - 1938, elaborado pelo engenheiro Paulo Peltier Queiroz, objetivava-se dar uma nova diretriz cidade, apreendendo disso, que o Plano anterior no surtiu o efeito desejado, visto que seus colegas no seguiram as leis de urbanismo nos seus princpios bsicos.
Importa destacar que o estudo comparativo busca traar as articulaes polticas, aliadas aos interesses econmicos e de embelezamento da cidade de Ilhus, especialmente nos anos de 1930 a 1950. Ademais, grande parte da sociedade ilheense dedicava-se exportao de cacau, sendo o porto e seu entorno, lugar privilegiado para o desenvolvimento de atividades comerciais, de viagens, entrada e saida de pessoais, enfim, lugar de decises politicas, economicas que implicavam no desenrolar da vida urbna.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Carlos Oiti Berbert Jnior (Universidade Federal de Goias)
Teoria da Histria: memria ficcional e memria historiogrfica
Resumo:Como trabalhado em meu livro "Histria, a retrica...
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Resumo:Como trabalhado em meu livro "Histria, a retrica e a crise dos paradigmas", partimos de uma constatao: h uma crise de paradigmas no interior da narrativa histrica. A referida crise advm da aproximao, desde os anos de 1960, entre os campos da histria e da literatura, pois a relao entre ambos trouxe para o debate uma concepo de retri-
ca que privilegiava os aspectos poticos em detrimento da capacidade referencial da narrativa histrica. Diante dessa constatao, este estudo objetiva, principalmente, apresentar os caminhos que levaram crise que resultou, simultaneamente, no rompimento com o paradigma
moderno e no estabelecimento de um novo paradigma, denominado
ps-moderno. Constituiu-se uma polarizao entre esses modelos, os
quais aram, cada um a seu modo, a patrocinar uma viso parcial no tocante capacidade da histria em se referir ao ado e apreend-
-lo. De um lado, o paradigma moderno considerava apenas a anlise
documental como suficiente para encontrar a verdade. De outro lado, o
paradigma ps-moderno propunha emprestar narrativa histrica uma
autonomia que, at ento, no tinha lhe sido concedida.
Apresentar o debate, examinando alguns de seus principais expoen-
tes, apenas o objetivo inicial deste texto. Muito mais importante ser
refletir sobre a problemtica que observamos emergir da ruptura ins-
talada no campo da teoria da histria. No h como deixar de i-
tir que o questionamento feito pelo paradigma ps-moderno apontou
para elementos no integrados discusso no campo da teoria da his-
tria, tais como o lugar e a funo da narrativa no texto historiogrfico.
Quando do encaminhamento de sua proposio, o paradigma ps-mo-
derno evidenciou uma concepo parcial de retrica que a associava
apenas aos aspectos literrios e poticos. Esses aspectos, transferidos
para o texto historiogrfico, concederiam narrativa a autonomia e a
ausncia de referencial, conforme sugerimos. Em suas verses mais ex-
tremas, o paradigma ps-moderno submeteu a retrica a uma simples
questo de poder. Nessa verso, o texto historiogrfico reduzir-se-ia a
exprimir unicamente a viso poltica do historiador. Ao mapear o deba-
te sobre essas novas concepes narrativas, percebemos que o problema
se encontrava exatamente no estreitamento e na radicalizao impostos
funo retrica. Assim, poder-se- problematizar os chuveiros propostos pelo simpsio temtico.
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