ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Ana Ceclia Farias de Alencar (Universidade de So Paulo - USP)
Os irmos Correia Vieira: estudo da trajetria patrimonial por meio dos inventrios dos Sertes de Quixeramobim (CE), do sculo XVIII
Resumo:O portugus Pascoal Correia Vieira, da cidade do P...
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Resumo:O portugus Pascoal Correia Vieira, da cidade do Porto, penetrou a ribeira do Jaguaribe at chegar aos sertes de Quixeramobim (CE). Aliou-se famlia dos Montes ao casar com Ponciana de Souza Barbalho, filha de Leonor de Montes e do alferes Gaspar de Souza Barbalho. Solicitou, em momentos distintos, cartas de sesmarias ao capito-mor da capitania, bem como adquiriu patentes de capito-mor de milcias do regimento do coronel Joo de Barros Braga. Construiu um patrimnio (composto por terras, gado e posse de escravos) que, aps sua morte, foi istrado por sua mulher e seus filhos. O capito-mor Vitoriano Correia Vieira seguiu a mesma trajetria do seu irmo Pascoal: solicitou sesmarias, adquiriu patentes e acumulou bens. Tambm se uniu a uma integrante dos Montes, casando com Maria Pessoa Silva, filha de Francisca de Sousa (irm de Ponciana de Souza Barbalha, ou seja, sua sobrinha). O coronel Manoel Gomes Barreto, que era o seu scio, foi nomeado como o seu testamenteiro. Essa nomeao entra em prtica aps a morte de Vitoriano que, em seu inventrio, aberto em 1740, o coronel apareceu como marido que hoje h da inventariante e testamenteiro. A partir dessa breve apresentao, podemos perceber algumas semelhanas entre os irmos Pascoal e Vitoriano que os aproximam da elite colonial cearense, com possveis estratgias patrimoniais que possibilitaram a ambos permaneceram no poder. Mas havia mesmo uma inteno clara de restringir os bens dentro de algumas poucas famlias e assim perpetuar o poder delas? Esta comunicao tem por objetivo esmiuar os inventrios, procurando evidenciar as alianas entre as famlias locais como forma de acumulao do patrimnio. Metodologicamente, detalhou-se cada parte que compe o inventrio, como a descrio, a partilha, os dotes, as teras, as dvidas ativas e ivas etc. Dessa maneira foi possvel conhecer o conjunto de todos os bens que ambos possuam no momento de suas mortes, alm das alianas mantidas durante todo o perodo que atuaram como agentes do poder local e tambm como membros das primeiras famlias de colonizadores da regio em estudo. J o corpus documental da pesquisa composto por processos de inventrios (testamentos, escrituras de compra e venda de terras presentes nos livros de notas e carta de sesmarias das terras), produzidos na povoao de Quixeramobim e disponveis para pesquisa no Arquivo Pblico do Estado do Cear (APEC).
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urea Regina de Arajo Ribeiro
Senhores e possuidores: famlia e poder em Banabui (1700-1800)
Resumo:O objetivo ensejado no trabalho versa sobre a cons...
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Resumo:O objetivo ensejado no trabalho versa sobre a constituio de uma elite conquistadora na regio do Banabui, suas mltiplas estratgias de acumulao de terras, estabelecendo uma hierarquia de poder e as estratgias para a reproduo deste grupo social. Deste modo, buscaremos perceber a construo de redes de alianas e sociabilidade entre os grupos potentados locais, os conflitos e disputas na tentativa de instaurao de um poder local, alm de tentar compreender os arranjos empregados na tentativa de se inserir na economia vigente no perodo.
Para a compreenso da dinmica supracitada, o recorte espacial adotado compreende o territrio conhecido como Banabui no Vale do Jaguaribe, percebendo-o como integrante importante da dinmica econmica colonial, sobretudo atravs do sistema pecuarista. Diante disso, adotaremos a temporalidade compreendida entre 1700 e 1800, um sculo capaz fornecer peculiaridades e fortes caractersticas de um possvel desenvolvimento de uma elite conquistadora na regio. Embora amplo, o recorte necessrio para acompanharmos os desdobramentos desta elite conquistadora transformando-se em elite colonizadora. O recorte temporal tambm se justifica por permear as ltimas dcadas do sculo XVII, quando despontou uma das mais violentas guerras de conquista travadas na Capitania do Siar, conhecida como Guerra dos brbaros, o combate violento visava o extermnio de populaes indgenas da regio. A conjuntura da guerra possibilitou o emprego de vrios sditos na defesa dos domnios do reino portugus e a conseguinte remunerao em benefcios, como pagamento de soldo, concesso de patentes e a doao de sesmarias. O desenrolar proveniente do evento trata da permanncia na regio dos homens ativos no processo de conquista e as consequentes estratgias de manuteno de poderio local. As elites coloniais, engajadas ativamente na poltica local, foram fundamentais para garantir que os tentculos do poder metropolitano alcanassem a to longnqua terra conquistada.
Para tanto, utilizaremos algumas tipologias de fontes caras proposta e problematizao at o momento aqui estruturadas, como as fontes istrativas produzidas pela Coroa Portuguesa. Podemos destacar em especial os ofcios e requerimentos, os documentos sobre terras, como as cartas de doao de sesmarias; os inventrios dos sujeitos. Todos sob guarda e o do Arquivo Pblico do Cear (APEC). Os documentos eclesisticos, como registros paroquias na forma de batistrios, certides de casamento e bito tambm sero utilizados juntamente com genealogias, onde poderemos obter registros sobre a origem social dos sesmeiros, sua trajetria de postulantes de cargos istrativos, de concesso de patentes e demais formas de se reproduzirem como grupo de poder.
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Carlos de Almeida Prado Bacellar (FFLCH/USP)
A famlia Galvo de Frana e as famlias de seus escravos: as mltiplas estratgias de organizao familiar de livres e cativos em Itu, 1790-1830
Resumo:Na dcada final do sculo XVIII, a sada de econom...
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Resumo:Na dcada final do sculo XVIII, a sada de economia da ilha caribenha de Saint Domingue do mercado mundial teve fortes reflexos na produo de acar na capitania de So Paulo, no sudeste da Amrica portuguesa. Nesse contexto, quatro irmos da famlia Galvo de Frana resolveram migrar para a vila de Itu, 100 km ao oeste da cidade de So Paulo, visando tornarem-se produtores de acar. Para tanto, buscaram adquirir terras e escravos, em um esforo para tornarem-se senhores de engenhos de acar. Buscaram, tambm, unir-se elite agrria local atravs do casamento e do estabelecimento de laos de compadrio. Paralelamente, cada irmo buscou ampliar seu contingente de escravos, recorrendo ao trfico atlntico e reproduo vegetativa. Nossa anlise, diante desse quadro, consiste em analisar o quo semelhantes ou no foram as estratgias estabelecidas por cada irmo Galvo de Frana na construo de seus laos familiares no interior na elite ituana, bem como na formao de uma fora de trabalho cativa em suas propriedades. O que se intenciona, aqui, investigar as estratgias dessa famlia. Primeiro, dessa grande irmandade, que migra no estado de solteiros e vo buscar seus cnjuges em Itu. Prope-se discutir se agiram ou no em consonncia, dentro de um esprito de unidade familiar. Com quem se casaram, que vnculos estabeleceram com a elite local? Ao mesmo tempo, h a possibilidade de acompanhar, ao longo dos anos, as trajetrias desses irmos e, tambm, observar seus escravos. Todos os cinco irmos se estabeleceram como importantes proprietrios de engenhos de acar e suas escravarias. Seria possvel, assim, detectar prticas similares em termos de formao de famlias escravas, compadrio, reproduo da fora de trabalho? Haveria, em ltima instncia, a observao de um padro familiar de tratamento de seus escravos, ou no? Cada uma dessas indagaes ampla e complexa, e o que se prope nas linhas que se seguem desenhar as primeiras observaes de uma futura anlise mais profunda. Ao tocar, mesmo que rapidamente, nessas questes, tencionamos demonstrar a possibilidade de anlises no nvel micro, que permitam melhor compreender as estratgias dessa famlia.
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Filipe Moreira Alves de Lima (IFMG - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Minas Gerais)
Atividades agrrias, minerao e a composio de grandes fortunas na Comarca de Rio das Mortes: Minas Gerais, 1750 a 1808
Resumo:A presente proposta, fruto da pesquisa realizada n...
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Resumo:A presente proposta, fruto da pesquisa realizada no mestrado, busca caracterizar os perfis das fortunas existentes nas Vilas de So Joo e So Jos del-Rei entre os anos de 1750 a 1808, perodo em que a economia de toda a Capitania de Minas Gerais aria por importantes transformaes econmicas. sabido que ao longo do sculo XVIII a sociedade colonial conheceria significativas modificaes econmicas e demogrficas, ocasionadas pelas descobertas de fartos files aurferos situados no interior da Amrica portuguesa em fins do sculo XVII. Por outro lado, o auge dessa atividade econmica logo cessaria, dando lugar, como aponta parte da historiografia, uma crise sem precedentes, que mais uma vez modificaria os arranjos sociais e econmicos da Capitania de Minas Gerais. Nesse sentido, o que os dados obtidos atravs da pesquisa realizada nos mostram uma realidade dissonante essa ideia de uma crise generalizada que teria assolado a Capitania de Minas Gerais a partir da segunda metade dos setecentos. As vilas de So Joo e So Jos del Rei se consolidam nesse perodo como importantes centros abastecedores de vveres, atividades que se mostram como fundamentais formao das fortunas das elites econmicas das vilas citadas. A anlise pormenorizada dos cabedais dos membros dessa elite nos permite inferir que embora presente, a minerao nunca se configurou como elemento essencial composio de grandes fortunas nessas que so as principais vilas da Comarca do Rio das Mortes durante a agem do sculo XVIII para a centria seguinte, ao contrrio, em um momento de crise da minerao, a elite econmica ali estabelecida se mostra capaz de desenvolver estratgias que permitem a ampliao de seus cabedais, fortemente ancorada na produo e comercializao de gneros agrrios e pastoris. Tais estratgias, que incluem arranjos matrimonias, modificao nos padres de investimentos e a presena em importantes mercados, como a pujante praa do Rio de Janeiro, permitiu essas famlias da elite econmica, algumas inclusive envolvidas com a Inconfidncia Mineira, preservar e at mesmo ampliar suas fortunas de perfil agrrio em um momento no de crise generalizada, mas de um rearranjo econmico interno Capitania de Minas Gerais, que chegaria ao fim em 1808 com a vinda da corte, o que daria novos nimos economia mineira, que de fato se consolidaria como uma economia agrria de abastecimento. Para o alcance dos dados expostos, utilizamos como fonte principal os inventrios post-mortem, selecionados pelo valor mnimo de monte-mor de dez contos de ris, critrio estabelecido para a identificao das maiores fortunas. Alm dos inventrios utilizamos tambm outras fontes, como testamentos e relatos de viajantes.
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Paula de Souza Rosa
Fazer-se elite no rio Madeira: a famlia Monteiro (1860-1920)
Resumo:O objetivo do presente texto discutir a trajetr...
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Resumo:O objetivo do presente texto discutir a trajetria social do imigrante portugus Jos Francisco Monteiro, atravs da reconstituio das alianas familiares, das relaes de compadrio e das redes de poder, procuramos entender em que medida as estratgias sociais criadas e fortalecidas por este indivduo o possibilitou, juntamente com seu grupo familiar, fazer-se elite no rio Madeira durante a segunda metade do sculo XIX e incio do XX, perodo de expanso da fronteira extrativista e da economia da borracha em toda a regio amaznica.
A expanso da economia gomfera em meados do sculo XIX possibilitou um maior dinamismo econmico e circulao de pessoas na regio amaznica, em especial nas duas maiores cidades, Belm e Manaus, que sofreram profundas transformaes estruturais e urbanas. Contudo, o interior amaznico, ao longo do oitocentos, vivenciou mudanas semelhantes devido ao aumento das rendas provenientes da exportao dos produtos extrativistas, destaque para a borracha. Assim, a partir da segunda metade do oitocentos, regies fronteirias como a bacia do rio Madeira recebeu um grande nmero de indivduos e famlias em busca de novas oportunidades. Entre o considervel nmero de imigrantes brasileiros e estrangeiros que se dirigiram para a Amaznia nesse perodo, est o patriarca da famlia Monteiro, objeto de estudo do presente trabalho.
Desse modo, seguindo os caminhos da migrao portuguesa, tendo por base de anlise de fontes vitais, nos debruamos sobre as estratgias de insero pautadas nos laos familiares, de negcios, de vizinhana, de amizade e nas redes de informao para compreendermos a ascenso poltica e social da famlia Monteiro na regio madeirense. Assim, por meio de um estudo de caso descortinamos os arranjos entre foras polticas locais, vislumbramos alianas familiares e de amizade que, muitas vezes, resultavam em favorecimentos pessoais, que tornou possvel entender como se organizava a estrutura hierrquica na sociedade clientelista do sculo XIX, numa pequena localidade do Amazonas.
Com isso, procurou-se resgatar a complexidade da imigrao portuguesa e as multiplicidades de estratgias e prticas de insero e ascenso, baseadas na solidificao dos arranjos familiares, das alianas polticas e de negcios estabelecidas intra e extra grupo parental. A utilizao da famlia Monteiro para anlise das dinmicas sociais, revelam trajetrias de homens e mulheres que ocuparam o topo da hierarquia social e foram inseridos em uma complexa rede de compromissos unidos por vnculos matrimoniais, pelas sociedades nos negcios e favores polticos, estabelecidos pelos pais para assegurar a manuteno da herana material e imaterial, da fortuna e do status de elite, mediante a perpetuao dos interesses do grupo.
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Ricardo Cabral de Freitas (Fiocruz - Fundao Oswaldo Cruz)
"Insalutfero Rio de Janeiro": a famlia de Francisco de Mello Franco em sua viagem para o Brasil (1817-1823)
Resumo:A comunicao analisa as circunstncias da transfe...
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Resumo:A comunicao analisa as circunstncias da transferncia do mdico Francisco de Mello Franco (1757-1823) com sua famlia de Lisboa para o Rio de Janeiro em 1817. Natural de Paracatu, Minas Gerais, foi enviado a Portugal ainda jovem por sua abastada famlia para realizar seus estudos na Universidade de Coimbra. Aps a temporada beira do rio Mondego, fixou residncia em Lisboa, onde construiu slida carreira como mdico da Cmara Real e membro da Academia de Cincias. Depois de quase trs dcadas vivendo na capital, aproveitou a ocasio de sua nomeao para primeiro mdico na viagem matrimonial da princesa Leopoldina para retornar ao Brasil e fixar residncia no Rio de Janeiro.
Enquanto esteve em Portugal, Mello Franco teve profcua produo intelectual vinculada ao reformismo ilustrado lusitano. Foi autor de obras mdicas de relativo destaque na poca como O tratado da Educao Fsica dos Meninos (1790) e Elementos de Higiene (1814), e apesar das controvrsias, apontado como autor de obras polmicas e censuradas como Reino da Estupidez (1785) e Medicina Theologica (1794). Contudo, o presente trabalho concentra-se menos na anlise de seus escritos do que nos bastidores de sua deciso de retornar ao Brasil, uma arriscada aposta poltica e profissional. Quando se lanou ao mar, abriu mo de parte de seu prestigio poltico e intelectual e prescindiu de parcela significativa de sua influente rede de sociabilidade construda ao longo de dcadas. No entanto, a perspectiva de poder finalmente encaminhar seus filhos, ainda dependentes de seu prestgio e rendimentos, falou mais alto.
Ao fim da travessia do atlntico, a famlia encontrou-se envolvida nas intrigas de corte e privada da proteo de alguns de seus importantes aliados. Diante da situao adversa, seu patriarca ps em prtica novas estratgias para restabelecer sua clnica e o prestgio na nova terra, que no via mais como sua aps ter vivido na Europa durante a maior parte de sua vida. A narrativa se concentrar em trs etapas principais: 1) o acirramento das tenses polticas em Portugal desde a partida da Famlia Real; 2) As circunstncias da partida da famlia para o Brasil e sua chegada corte do Rio de Janeiro; 3) As intrigas em torno de sua suposta expulso de Francisco de Mello Franco do Pao e a trajetria de seus filhos no Brasil aps seu falecimento em 1823.
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Ricardo Schmachtenberg (Escola Municipal de Ensino Fundamental Harmonia)
Tal pai, tal filho:" As trajetrias de Jos Joaquim de Figueiredo Neves e Jos Joaquim de Andrade Neves na Provncia do Rio Grande de So Pedro, sculo XIX
Resumo:Os estudos e as discusses sobre famlia em contex...
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Resumo:Os estudos e as discusses sobre famlia em contexto histrico tm crescido de forma bastante expressiva em diferentes reas e Instituies de Ensino Superior, evidenciado a importncia que esta instituio, famlia, teve para as relaes sociais, econmicas e polticas no Brasil entre os sculos XVI e XIX. Com uma contribuio importantssima da Micro-histria, da Nova Histria Poltica, procura-se evidenciar a atuao e o comportamento social dos atores histricos e suas relaes, estratgias e redes familiares. O presente trabalho procura, nesse sentido, mostrar a atuao de Jos Joaquim de Figueiredo Neves e Jos Joaquim de Andrade Neves, dois importantes atores sociais e suas trajetrias poltico, econmica, social e militar na Vila de Rio Pardo e na Provncia do Rio Grande de So Pedro no sculo XIX e que teceram, ao longo do perodo, importantes redes e estratgias familiares e no-familiares em torno de suas trajetrias. Este trabalho se utiliza, alm de outros importantes trabalhos e referenciais tericos, de duas teses de doutorado defendidas na Universidade do Vale do Rios dos Sinos/RS e que pesquisaram as trajetrias destes dois importantes indivduos, contribuindo para ampliar e enriquecer o debate sobre os agentes sociais e suas relaes familiares, estratgias e redes para a Histria do Rio Grande do Sul e para o Brasil. No se sabe ao certo os motivos que levaram o Capito Jos Joaquim de Figueiredo Neves deixar o Arraial de Santo Antnio da Casa Branca (Capitania de Minas Gerais), onde nasceu em 1763, para a Freguesia de Nossa Senhora do Rosrio do Rio Pardo. O certo que ali, na Vila de Rio Pardo, ele formou uma das mais importantes e prestigiosas famlias. Logo se tornou um dos homens bons da Vila de Rio Pardo, onde era proprietrio de pequena rea de terra com lavouras, uma olaria e um estabelecimento comercial, vindo tambm assumir importantes cargos na Cmara Municipal. Casou-se com dona Francisca Ermelinda de Andrade, filha do Capito de Drages Joaquim Thomaz de Andrade e Siqueira e de dona Maria Joaquina de Assuno. Desse matrimnio resultou em cinco filhos, entre eles, Jos Joaquim de Andrade Neves o futuro Baro do Triunfo, que, da mesma forma que seu pai, se transformou num importante ator poltico, social e militar na Provncia do Rio Grande de So Pedro.
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Sandra da Silva Conceio (Colgio Estadual Joaquim Incio de Carvalho Irar)
Os Laos de Parentesco Entre Senhores e Escravos em Santo Estvo do Jacupe e Nossa Senhora do Resgate- 1839- 1864
Resumo:A presente pesquisa ir discutir sobre os laos d...
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Resumo:A presente pesquisa ir discutir sobre os laos de parentesco entre um senhor e os escravos na Freguesia de Santo Estevo do Jacupe e Nossa Senhora do Resgate. Atravs dos cruzamentos de dados oriundos Escrituras de Notas foram encontrados 13 escrituras de perfilhao no ano de 1844 a 1845, do qual o senhor Mathias da Costa e Almeida faz o reconhecimento da paternidade dos filhos que obteve com suas escravas. O mesmo morava na Fazenda Porteira que se localizava na freguesia de Nossa Senhora do Resgate. Das seis escravas que ele obteve os filhos, a primeira se chamava Elena, a qual foi nica com que o mesmo se casou e concedeu-lhe a liberdade, e juntos tiveram um filha que se chamava Jeronima, as demais escravas foram submetidas ao concubinato, todas moravam na Fazenda Porteira, o senhor Mathias da Costa e Almeida relata na escritura de Perfilhao que no tem nenhum vnculo de parentesco com as escravas apenas as mesmas eram me de seus filhos, sendo assim as outras cinco escravas eram mulheres solteiras. A histria a ser protagonizada uma relao afetiva e sexual, entre um senhor chamado Mathias da Costa e Almeida e sua escrava e ex-escrava Elena da Costa e Almeida, no decorrer dessa histria tece em prol de um casamento religioso no realizado, mas devido rogo da justia o casamento realizado atravs de um contrato de casamento sendo que o Frei Lus alegava no realizar a unio matrimonial do casal sendo estes viverem bom tempo juntos como marido e mulher e j tendo uma filha dessa unio. Atravs da fontes manuscrita bem como Escritura de Perfilhao, Carta de Liberdade, Inventrio post Mortem e Escritura de Retificao Pblica ou Escritura de contrato de casamento. Vo tecer essa histria trazendo e informaes e detalhes importantes sobre a vida familiar entre a vida em cativeiro e vida em liberdade de uma escrava e um senhor. Ou Seja, uma escrava que se torna senhora e dona da propriedade consoante realizao do casamento. De apenas escrava Elena, a mesma se torna Mulher do Senhor Mathias da Costa e Almeida e a se chamar Elena da Costa e Almeida. Sendo assim, esse cenrio histrico durante o perodo da escravizao importante ressaltar a importncia das fontes manuscritas e como as mesmas so de fundamental enriquecimento sobre a vida dos cativos durante o perodo Oitocentista, principalmente na regio do nordeste brasileiro e demais regies do Brasil, mas essa histria perou no perodo de 1820 nas Freguesias de Santo Estevo do Jacupe e Nossa Senhora do Resgate em uma Fazenda chamada Porteiras sendo proprietrio Mathias da Costa e Almeida.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Ana Silvia Volpi Scott (Universidade Estadual de Campinas)
Em tempos de guerra: legitimar filhos naturais atravs do casamento (Porto Alegre, na Guerra dos Farrapos)
Resumo:A populao do Rio Grande de So Pedro vivenciou f...
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Resumo:A populao do Rio Grande de So Pedro vivenciou frequentes perodos de guerras e conflitos ao longo dos sculos XVIII e XIX. Muitos so os estudos que analisaram e/ou vm analisando esse contexto blico recorrente, sobretudo em termos dos impactos polticos que tais escaramuas teriam provocado. A proposta desta comunicao, que integra projeto mais amplo, parte da anlise das sries de registros paroquiais (batizado, casamento e bito), para a populao livre e escravizada, que cobrem o perodo entre 1772 e 1872. Em trabalho anterior, que pretendia estudar especificamente os impactos da guerra sobre a mortalidade da populao, pudemos verificar que o prolongado conflito (1835-1845) trouxe mudanas sensveis no que diz respeito aos comportamentos relativos nupcialidade e fecundidade ilegtima (prole nascida de relaes mantidas fora do casamento reconhecido pela igreja).
A anlise dos dados agregados revelou que percentual crescente dos assentos batismais apresentava o nome da me e do pai nos registros de crianas livres da Freguesia da Madre de Deus de Porto Alegre (parquia que deu origem cidade), registradas como naturais, no contexto da guerra e no perodo imediatamente posterior. Para ilustrar essa inflexo, registre-se que entre 1825 e 1829 cerca de 10% dos assentos de crianas livres identificavam a me e o pai entre aquelas registradas como naturais, ao o que, em mais de 82% deles registrava-se apenas o nome da me daquelas crianas. Entre 1835 (incio da guerra) e 1854 (uma dcada depois do seu encerramento) mais que triplicou (alcanando quase 35% dos assentos de crianas livres e naturais).
Paralelamente identificamos tambm numerosos assentos de casamento de homens e mulheres que viviam uma unio estvel e que escolheram, naquele contexto do conflito, se casar e, consequentemente legitimar a prole natural.
Esta comunicao, portanto, tem como objetivo examinar as mudanas relacionadas ilegitimidade e ao reconhecimento de crianas naturais, atravs do casamento, que abrem inmeras perspectivas de anlise, no apenas sobre o fenmeno da ilegitimidade em tempos de guerra, mas tambm as implicaes que podem ter sobre as chances de relacionamentos consensuais transformarem-se em matrimnios sacramentados pela igreja, seja durante a guerra, seja no perodo posterior ao conflito. Prope-se o uso combinado das anlises quantitativas e dos seguimentos nominativos para conhecer os impactos da guerra sobre a populao livre portoalegrense.
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Gisele Sanglard (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)
Mes doentes, filhos em perigo: relaes familiares nas enfermarias da Misericrdia do Rio de Janeiro
Resumo:As ms condies de trabalho e habitao na cidade...
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Resumo:As ms condies de trabalho e habitao na cidade do Rio de Janeiro fez com que cada vez mais mulheres se internassem nas enfermarias do Hospital Geral da Santa Casa da Misericrdia levando junto com elas seus filhos, que acabam sendo transferidos temporariamente para a Casa dos Expostos.
O trnsito de crianas entre o Hospital Geral e a Casa dos Expostos comea a ganhar evidncia a partir da dcada de 1850 e se tornando mais efetivo a partir de 1873 quando a Irmandade abre um livro de registro especialmente dedicado a este grupo. J era a 98 criana transferida.
A circulao destas crianas, muitas vezes com pouco tempo de vida, entre as diversas instituies de assistncia sade mantidas no perodo para a Casa dos Expostos aponta para o aumento de pobres na cidade que iam buscar assistncia nos hospitais mantidos pela Misericrdia e a ausncia, ou fragilidade, dos laos de solidariedade primria quer famlia, quer companheiros que obrigava estas mulheres a levarem seus filhos para se internarem junto com elas por no terem com quem deix-los. Para os filhos destas mulheres a funo da Casa dos Expostos era outra: aliment-los e cuidar deles (guarda) para poderem ser devolvidos posteriormente as suas mes, quando estas tivessem alta. Neste perodo conviviam com as crianas deixadas na Roda aumentando assim o nmero de petizes em criao interna na instituio.
Fonte de informao importante sobre a vida das famlias pobres da cidade, os livros permitem que conheamos um pouco sobre a sade de parcela desta populao, bem como a cultura material do grupo.
Partindo do entendimento que este material fornece informaes preciosas sobre a vida das famlias pobres, este trabalho tem como objetivo discutir as caractersticas da famlia pobre na cidade do Rio de Janeiro a partir das informaes encontradas no primeiro livro de registro de crianas encaminhadas para a Casa dos Expostos. Este livro tem sua primeira anotao em fevereiro de 1873 e finaliza em maio de 1884 (totalizando 174 inscritos) e traz questes relativas sade e doena destas crianas e, em alguns casos, de suas mes; raa e cultura material; e nos informa melhor sobre a pobreza na cidade do Rio de Janeiro.
Assim, para responder s questes propostas, este trabalho ser divido em trs partes: a primeira, busca apresentar um balano historiogrfico das discusses acerca da assistncia infncia no Rio de Janeiro, no final do sculo XIX; a segunda, analisar os dados relativos s mes e seus filhos, levando em considerao aspectos como cor e estado civil; e por fim abordarei questes sobre sade e doena e cultura material, esta ltima evidenciada pela descrio das roupas que as crianas vestiam ao dar entrada na Casa dos Expostos.
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Jonathan Fachini da Silva (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Denize Terezinha Leal Freitas (Escola Estadual de Ensino Fundamental Ezequiel Nunes Filho)
As formas de classificao da (i)legimidade em duas parquias no extremo sul da Amrica portuguesa (1750-1822)
Resumo:A elaborao dos registros paroquiais (batismo, ca...
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Resumo:A elaborao dos registros paroquiais (batismo, casamento e bito) est subordinada as normativas desde sua efetividade aps o Conclio de Trento (1545-1563) e, no caso brasileiro, das Constituies Primeiras do Arcebispado da Bahia de 1707. Porm, a maneira como cada proco ir redigir as informaes e disp-las no papel extrapolam os ditames dos padres e normas estabelecidas pela Igreja tridentina. Cada realidade e as peculiaridades do processo de colonizao de cada recanto da Amrica Portuguesa exigir dos procos adaptaes, escolhas e estratgias distintas para comportar as idiossincrasias existentes entre a teoria e a prtica no mbito social da comunidade. Desta forma, nos propomos a realizar um estudo analtico das distintas formas de denominao da (i)legitimidade dos filhos nascidos nas parquias de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre e Nossa Senhora do Rosrio de Rio Pardo situadas nos extremos meridionais da Amrica Portuguesa durante a agem do sculo XVIII para o sculo XIX. O objetivo deste trabalho mais especificamente investigar o porqu do uso da denominao filho de..., ou seja, registros de batismos onde no houveram informao alguma sobre a (i)legitimidade do batizando. Esse tipo de registro foi recorrente e concomitante queles referidos a filhos legtimos (frutos de uma unio sacramentada conforme os preceitos catlicos) e filhos naturais (frutos de relaes consensuais no sacramentadas). Neste sentido, pretendemos identificar esses casos e analisar as causas desta prtica na redao dos procos, se se tratava de um lapso do escrivo eclesistico ou esses registros sem informao de (i)legitimidade foram propositivos. Para tanto, nos valeremos do estudo comparativo de duas parquias com o cruzamento nominativo dos bancos de dados elaborados sob os auspcios da Histria Social, Demogrfica Histrica e Histria da Famlia. Entender quem foram esses procos tambm pode nos ajudar a explicar esses registros. De modo geral, podemos inferir que os modelos elaborados pelos Cnones de Trento estiveram distantes de serem aplicados com regularidade, eficcia e exatido visto que as mltiplas realidades encontradas na construo das sociedades da Amrica Portuguesa.
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Marcia Luzia Krinski (Prefeitura Municipal de Araucria)
Homem ante no mercado matrimonial na Curitiba da segunda metade do sculo XVIII.
Resumo:O trabalho proposto faz parte de uma pesquisa de d...
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Resumo:O trabalho proposto faz parte de uma pesquisa de doutorado que investiga as escolhas matrimoniais na regio do atual Paran Tradicional, na segunda metade do sculo XVIII. A partir da anlise de processos de esponsais, utiliza mtodos da micro-histria, sobretudo o cruzamento nominativo, no esforo de mapear e recompor as trajetrias individuais e familiares dos envolvidos em litgios esponsalcios. Entre estes, poucos pertenciam s principais famlias. A maioria das famlias analisadas so pobres, muitas pardas, porm todas livres. Na documentao estudada observamos a utilizao da palavra ante para se referir a homens que, pela natureza de suas atividades econmicas -minerao, conduo de tropas-, ou a servio de Sua Majestade, no esforo militar e colonizador que deslocava as fronteiras, caminhavam distncias mdias e longas e avam por Curitiba. Outros homens periodicamente se deslocavam no trabalho de fazer e/ou refazer os caminhos; alm dos que se ausentavam para fugir da arregimentao forada para as tropas. O fato de Curitiba ser uma regio de agem com frequente ausncia de elementos masculinos, principalmente jovens e de meia idade, interfere no comportamento matrimonial e na composio de domiclios. Esse cenrio emoldura situaes de rapto e seduo de moas por forasteiros, de viuvez presumida e consequente adultrio, e de chefias domiciliares femininas e/ou agregao de mulheres com marido ausente a fogos. Por exemplo, no processo de autos entre partes em 1750 Maria de Ramos aproveitou a ocasio em que Antonio de Lima vinha de agem vila de Curitiba para pedir ao Reverendo vigrio da vara a priso do rapaz que lhe prometera casamento, e Maria Ribeira Buena, no processo de esponsais de 1785, grvida e temendo o desamparo, pede a priso de Joo Bicudo, que quer se ausentar para as partes do Sul. Observamos a ao da Igreja no sentido de coonestar a situao familiar nos processos de esponsais, mas a ilegitimidade cresceu nos registros de batismo nesse perodo. J na formao de casais entre as famlias mais abastadas comum outro tipo de viajante, o que chegava de Portugal com sua pureza de sangue e unia-se filha de um grande proprietrio de terras e de escravos. Outra agem masculina muito encontrada, nas famlias do estamento social superior, poderia ser tambm geogrfica, mas era antes de tudo de cunho espiritual: a entrada para a vida religiosa.
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Rachel dos Santos Marques (Instituto Federal Farroupilha - Campus Alegrete)
Junto ao amigo Caetano que pessoa de satisfao: as relaes horizontais nas estratgias sociais dos habitantes da Vila de Rio Grande de So Pedro no sculo XVIII
Resumo:O presente trabalho fruto de uma pesquisa ainda ...
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Resumo:O presente trabalho fruto de uma pesquisa ainda em andamento que discute o papel das relaes horizontais estabelecidas entre os atores do ado na elaborao de suas estratgias sociais. A maior parte dos trabalhos a respeito de estratgias sociais enfoca as relaes verticais entre as pessoas, especialmente aquelas de carter clientelista, e a importncia das mesmas no questionada. No entanto, resta uma lacuna no que diz respeito ao papel exercido, na fabricao do tecido social, pela formao de laos entre pessoas consideradas socialmente semelhantes. Inicia-se a pesquisa analisando as relaes de compadrio tecidas na Vila de Rio Grande de So Pedro em dois momentos distintos: de sua formao (1737) tomada da mesma por sditos da Coroa Espanhola (1763), e da retomada (1776) ao momento em que a Freguesia comea a ser dividida (1800). Desde pelo menos o famoso artigo de Sidney Mintze e Eric Wolf (1950), An Analysis of Ritual Co-Parenthood (Compadrazgo), que se trabalha com a noo do compadrio como formador de solidariedades sociais verticais (entre pessoas de status social diferenciado) ou (entre pessoas de status social semelhante), o que foi chamado pelos autores de como adaptabilidade do compadrio. A adaptabilidade seria, ento, a caracterstica fundamental e excepcional do compadrio: sua capacidade de contribuir, de forma duradoura e coerente, para determinar modelos de relaes sociais que eram muito diferentes um do outro. Essa caracterstica da instituio, de se expressar de formas diferentes em resposta a necessidades no usuais, tratada por Guido Alfani como o ponto forte desse lao fraco, fazendo referncia nomenclatura utilizada na network analysis, lembrando a argumentao elaborada por Mark Granovetter a respeito de laos sociais fortes e fraco. Ou seja, em algumas situaes, laos fracos so mais efetivos para se atingir determinado objetivo do que laos fortes. Isso especialmente verdadeiro no caso do o a informaes e diversificao de oportunidades, j que h maior probabilidade de que aqueles que compartilham um lao fraco atuem em crculos sociais diferentes. Para viabilizar a pesquisa preciso identificar relacionamentos entre os atores sociais que vo alm do compadrio. Para tanto, est sendo feita a identificao das famlias, e o recurso a diversas fontes organizadas em uma base de dados relacional, tais como requerimentos, processos, listagens de soldados por companhia, testamentos, entre outros. Projetou-se tal pesquisa como um trabalho de longo prazo, que ir gerando resultados parciais ao longo de sua trajetria. O trabalho apresentado nesse momento refere-se s relaes de compadrio entre pessoas de status sociais semelhantes e suas possveis implicaes nas estratgias dessas famlias.
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Rangel Cerceau Netto (Centro Universitrio de Belo Horizonte)
Autoridades de Mando: a famlia mestia e o poder familiar entre patriarcado e matriarcado em Minas Gerais colonial.
Resumo:A partir das representaes patrifocais e matrifoc...
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Resumo:A partir das representaes patrifocais e matrifocais vivenciadas nas relaes familiares nas Minas Gerais colonial, busca-se analisar a formao de uma tradio de valores hbridos de autoridades de mando entre homens e mulheres. A pesquisa evidencia o poder de influncia divergente entre patrifocalidade e matrifocalidade nas relaes familiares e em outros aspectos da vida cotidiana, pelo menos em relao aos grupos das africanas, indgenas e suas descendentes com homens portugueses e naturais da terra. Tambm prope a ideia de uma famlia mestia que se constituiu num sem nmero de possibilidades familiares a partir das mestiagens vivenciadas no convvio das famlias que envolviam indivduos brancos, pretos, crioulos, mestios, mulatos, pardos, cabras, mamalucos, cafuzos, caribocas, entre outros e sendo eles livres, escravos e libertos. A proposta do trabalho, tambm contempla analisar as estratgias de unies conjugais, o universo cultural e de sociabilidade dos sujeitos que compem a famlia no contexto escravista, assim como, os processos de mesclas entre indivduos nas diferentes configuraes familiares. Tambm h uma necessidade de se valorizar a percepo da diversidade cultural marcada pelo envolvimento de africanos, europeus, ndios e mestios. Enfim, um cotidiano construdo por comportamentos culturais e de autoridade divergentes entre homens e mulheres, o que nos leva a relativizar a autoridade patriarcal em grupos sociais cada vez mais especficos. Vrios aspectos da vida familiar foram observados e interpretados por meio da discusso historiogrfica e da anlise de iconografias, testamentos, termos de dicionrios, visitas pastorais e devassas eclesisticas. Assim o trabalho em questo busca indagar em que medida o patriarcalismo e/ou o matriarcalismo constituram em modelos de autoridades familiares presentes na sociedade colonial? Como se constituiu a estrutura patrifocal e matrifocal, no mbito da famlia, em especial em quais grupos sociais se reduziria essas autoridades de mando? Neste contexto, o trabalho reflete as diversidades das formas de convvio e de papeis entre homens e mulheres como chefes, a sobreposio de funes de membros familiares, entre outras dinmicas que nos ensina a debruar sobre os agentes sociais que se inventam e reinventam fazendo de suas condies particulares instrumentos poderosos de viver, sobreviver e constituir famlia.
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Sirleia Maria Arantes (Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais)
O ciclo vital das famlias de Joaquim Rodrigues Teixeira, pardo e de Maria Correa Estrela, parda em Minas Gerais, 1770-1870.
Resumo:A famlia, em tela a dos pardos livres, na fregues...
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Resumo:A famlia, em tela a dos pardos livres, na freguesia de Nossa Senhora do Pilar e na freguesia de Nossa Senhora da Conceio de Aiuruoca, em Minas Gerais organizavam-se pela mescla da unidade familiar enquanto unidade produtiva e pelas relaes tecidas para alm dos laos consanguneos e dos imperativos da procriao estabelecidos pelos laos de matrimnio, pelo concubinato, pelas redes de compadrio, pelas amizades e pela afinidade. Nessa intricada rede social h diferentes modelos de famlias presentes na vida dos livres de cor e suas redes de relaes sociais estabelecidas para ascender e cotidianamente sobreviver e, assim, legar um patrimnio material e imaterial aos seus descendentes,por meio de seus legados e testamentos de ultima vontade.
As famlias legitimas so percebidas pelo registro do casamento ou do batismo que aponta na ata o estado civil dos pais. A partir dessa documentao e com os nomes de famlia, foi possvel compor as fichas de famlia. As escolhas dos nomes de famlia so importantes em uma sociedade na qual os compromissos so firmados pela palavra escrita ou falada. Os usos da palavra nas relaes creditcias eram comuns numa sociedade com escassez de moeda e as relaes comerciais foram firmadas cotidianamente pelos acordos de troca de mercadoria.
A ficha de famlia permite acompanhar as relaes legtimas contradas pelo matrimnio. A partir dos batismos conjugados com as outras fontes, pode-se mensurar o tamanho da famlia pelo nmero de filhos no mesmo ncleo ou em fogos independentes. Porm, os registros de casamento e de batismos para a freguesia do Pilar e de Aiuruoca, trazem informaes incompletas, desde a qualidade, a condio e a idade, dificultando preencher os dados demogrficos das famlias nas fichas. Neste trabalho, para completar as lacunas das fichas de famlia sero utilizados os cruzamentos das atas paroquiais com os Mapas de Populao, os Testamentos e os Inventrios. Com essa metodologia foi possvel observar o ciclo vital das famlias de Joaquim Rodrigues Teixeira, pardo e de Maria Correa Estrela, parda, apreendendo o tamanho do domiclio, o nmero de filhos, a durabilidade dos consrcios e outros aspectos demogrficos na analise da constituio da famlia.
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Talison Mendes Picheli (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
"Este inocente foi baptizado liberto": as alforrias de pia nos registros de batismo de Campinas (1774-1871)
Resumo:A historiografia que trata do tema das alforrias t...
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Resumo:A historiografia que trata do tema das alforrias tem enfatizado as vrias formas de o liberdade que estavam presentes no cotidiano de pessoas escravizadas que viveram na sociedade escravista brasileira. Os meios pelos quais esses sujeitos conseguiam alcanar a condio jurdica de libertos eram mltiplos e no se limitavam s cartas de alforria registradas em cartrios notariais. Testamentos, inventrios post-mortem, autos de prestao de verbas testamentrias, aes de liberdade e at mesmo registros de batismo da Igreja Catlica tambm foram fontes fundamentais para a conquista da manumisso pelos cativos. Contudo, poucos trabalhos que se ocuparam desse tema conseguiram abarcar um recorte temporal mais amplo em suas investigaes. Muito do que se produziu at o momento esteve voltado para a compreenso do fenmeno em contextos bastante especficos h estudos, por exemplo, sobre a dinmica das alforrias relacionada ascenso ou queda da economia em determinadas localidades, presena ou ausncia do trfico transatlntico, e at mesmo realidade de regies em que prevaleceram economias de plantation ou de subsistncia. Poucas foram as vezes em que essas questes foram analisadas em conjunto, a fim de se obter uma melhor compreenso das manumisses ao longo do tempo.
Dessa maneira, apresento como se deu a dinmica das alforrias de pia batismal em Campinas, no decorrer de um perodo mais extenso de tempo, de cerca de um sculo (1774-1871). Coloco lado a lado essas diferentes questes e comparo os resultados parciais obtidos em minha pesquisa com aqueles de historiadores que tambm se debruaram sobre o estudo das manumisses com base em outras fontes (cartas de alforria, testamentos e inventrios). O local escolhido para a anlise adequado para esse exerccio, pois, ao longo do sculo XIX, aps uma fase de produo de subsistncia, Campinas se transforma em uma economia de plantation, dependente, primeiro, do trfico transatlntico, e posteriormente do trfico interno. Assim, possvel entender os diferentes padres que foram se estabelecendo em cada momento e analisar como as eventuais mudanas afetaram os significados que homens e mulheres escravizados atribuam a esse processo, bem como as estratgias de que lanavam mo para conquistar a liberdade. Por meio do mtodo de ligao nominativa, utilizo como fontes os livros paroquiais de batismo das parquias de Nossa Senhora da Conceio e de Santa Cruz, os censos populacionais realizados em Campinas em fins do sculo XVIII e ao longo da primeira metade do sculo XIX, e os testamentos e inventrios daqueles que libertaram seus escravos na pia batismal.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Clara Maria da Silva
Famlia escrava e relaes de compadrio: estratgias de ao e tticas de resistncia nos processos de produo e apropriao dos espaos (So Jos de Mipibu, 1830-1888)
Resumo:Desde a dcada de 1970, as pesquisas que mais tm ...
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Resumo:Desde a dcada de 1970, as pesquisas que mais tm contribudo para a renovao dos estudos sobre a escravido tm focalizado regies de plantation do Sudeste. Em artigo publicado na revista Tempo, Sheila de Castro Faria chamou ateno para a necessidade de se ampliarem os estudos historiogrficos sobre as condies materiais de vida, a formao e os interesses na organizao familiar dos cativos em regies economicamente menos dinmicas do Imprio. Da mesma forma, Robert Slenes tambm tem apontado para a necessidade de se ampliarem os estudos sobre o Nordeste e o Sul, espaos com propriedades escravistas menos estveis. O estudo dessas regies se faz importante para compreendermos as estratgias de controle senhorial e as tticas dos escravos para criarem comunidades unidas em torno de experincias, valores e memrias, em situaes distintas e possivelmente menos favorveis. Na historiografia do Rio Grande do Norte faltam estudos articulando a constituio das propriedades dedicadas grande lavoura, organizao das atividades econmicas e padres de posse da mo de obra escrava com as experincias das famlias cativas, lacuna que esse trabalho procura preencher. importante salientar que, no Rio Grande do Norte, as pesquisas sobre escravido tm focado em duas regies perifricas: a vila de Arez e a vila do Prncipe. Ambas se caracterizam pela necessidade de pouca escravaria em suas atividades econmicas, pois a primeira era uma regio com atividades pouco dinmicas e a ltima tinha a produo voltada para a pecuria, situaes distintas, mas que justificam a menor recorrncia da mo de obra escrava nessas regies. Em vista disso, temos uma lacuna na historiografia norte-rio-grandense, com a ausncia de estudos sobre escravido em reas de produo canavieira as quais necessitavam de significativa mo de obra. Propomos cobrir essa lacuna tendo como recorte espacial e temporal a comarca de So Jos de Mipibu no sculo XIX. Por ser uma regio de destaque na produo aucareira, esta espacialidade privilegiada para o desenvolvimento de estudos acerca da organizao e do funcionamento do sistema escravista nesta provncia. Optando pela metodologia da micro-histria, analisaremos registros paroquiais de batismo e casamento desta comarca a fim de examinar como a escolha dos padrinhos nestas cerimnias seriam uma forma de resistncia dos negros escravizados e como os conflitos do mundo do trabalho incidiram nas experincias dessas famlias. Analisaremos este objeto - a famlia escrava - na perspectiva de uma histria social dos espaos, enfatizando as estratgias de ao dos proprietrios e tticas de resistncia dos escravizados nos processos de produo e apropriao dos espaos.
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Danielle Bruna Alves Neves
Escravido e Matrimnio na Freguesia de Nossa Senhora da Apresentao (1727-1760)
Resumo:Este trabalho tem por objetivo analisar o perfil d...
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Resumo:Este trabalho tem por objetivo analisar o perfil da populao negra e indgena escravizada, suas estratgias matrimoniais e processo de mestiagem na Capitania do Rio Grande, por meio dos registros matrimoniais da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentao, tendo como recorte temporal os anos de 1727 a 1760. Neste perodo, a parquia englobava a maior parte do litoral leste da capitania, incluindo a matriz, localizada na cidade de Natal; os aldeamentos indgenas de Guajir (atual Extremoz), Mipib (atual So Jos de Mipib) e Papari (atual Nsia Floresta); e algumas capelas espalhadas nas reas rurais, na ribeira dos rios Mipib, Cear-mirim, Potengi e Jundia. A historiografia clssica norte-rio-grandense, cujos maiores expoentes so Cmara Cascudo, Tavares de Lyra e Rocha Pombo, apontava a pouca importncia da escravido, principalmente africana, na economia da regio, devido ao desenvolvimento da pecuria e de atividades econmicas que no demandavam mo de obra escrava abundante. Porm, estudos recentes, como os de Muirakytan Macedo, Helder Macedo e Aldinzia Souza, vm destacando a presena significativa de escravos, de negros e ndios, em diferentes espaos e perodos do Rio Grande do Norte. Apesar de no ter tido uma atividade econmica vinculada exportao, no se deixou de utilizar a fora de trabalho escravo em outras reas, como a pesca, a pecuria, a extrao salineira e atividades ligadas ao espao urbano. O trabalho escravo indgena foi utilizado muito em decorrncia da Guerra dos Brbaros perodo de conflitos entre os colonizadores e os indgenas, em decorrncia do avano da colonizao nos sertes da Paraba, Cear e Rio Grande. Estes indivduos eram provenientes, muitas vezes, desses embates e foram aprisionados e, posteriormente, vendidos ou apropriados como esplio de guerra. Por meio das informaes contidas nos registros paroquiais, possvel perceber que a Freguesia de Nossa Senhora da Apresentao era formada por espaos onde foram tecidos laos familiares entre a populao portuguesa, negra, indgena, mestia, livre e escrava. Diante da importncia da anlise das estratgias matrimoniais para a compreenso das dinmicas sociais entre os indivduos de diferentes qualidades e condies jurdicas na sociedade colonial escravista da Capitania do Rio Grande, este trabalho estuda como os cativos se apropriavam do cdigo social dos brancos para atingirem seus objetivos e legitimar seus laos familiares para seus senhores e para a sociedade. A dimenso do trabalho partir da Histria Serial, tendo em vista que trabalhamos com fontes seriais. A aproximao da Histria com a Demografia permite estudos populacionais mais detalhados, anlises sobre variveis diversas e pesquisas sobre pessoas comuns e suas dinmicas sociais.
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Dermeval Marins de Freitas (Secretria Estadual de Educao do Rio de Janeiro)
Famlia e compadrio escravo na Vila de Santo Antnio de S (c.1750-c.1808)
Resumo:Nesta comunicao pretendo analisar o desenvolvime...
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Resumo:Nesta comunicao pretendo analisar o desenvolvimento da populao escrava na Vila de Santo Antnio de S, em especial na freguesia homnima, situada no Recncavo do Rio de Janeiro a partir da segunda metade do sculo XVIII e incio do XIX a partir de documentos paroquiais da Igreja Matriz de Santo Antnio de S, tais como o livro de registro de casamentos de escravos e o livro de registro de batismo de crianas escravas. Nesse perodo ocorreu um crescimento nos nmeros da realizao destes sacramentos. Argumentamos que este fenmeno estaria ligado ao desenvolvimento econmico no qual o Rio de Janeiro estava ando naquele momento, permitindo o incremento da populao escrava via trfico aliado a reproduo natural dos cativos.
Partindo para os laos de compadrio iremos analisar a tendncia dos mesmos no perodo percebendo de que estes laos favoreceram a constituio de comunidades escravas. Desse modo procuraremos estabelecer a relao entre aumento da populao escrava e aumento do estabelecimento do parentesco ritual com outros escravos.
Aliado a isso, tambm analisaremos as tendncias concernentes a legitimidade e ilegitimidade escrava e de que modo estas influram no comportamento frente ao compadrio escravo, isto , se escravos casados tendem a escolher padrinhos tambm escravos. Nesse sentido, buscaremos analisar o quanto o casamento e a famlia escrava estendida estabelecida por meio do parentesco ritual - eram importantes na constituio de comunidades escravas. A luz de outros estudos iremos comparar os dados da freguesia de Santo Antnio de S com a de outras freguesias rurais do Rio de Janeiro nesse perodo buscando perceber se as tendncias verificadas na freguesia de Santo Antnio de S tambm podem ser verificadas nestas mesmas freguesias.
Ainda com relao ao batismo de adultos iremos analisar o peso dos mesmos nos registros paroquiais, tanto na freguesia de Santo Antnio de S como em outras freguesias rurais do Rio de Janeiro. A partir disso avaliaremos a importncia da hiptese de que muitos dos escravos africanos que no foram batizados nos portos de embarque na frica foram batizados no porto de desembarque, isto , nas paroquias urbanas do Rio de Janeiro, sendo pouqussimos os casos destes batismos nas freguesias rurais.
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Igor Bruno Cavalcante dos Santos (Rede de Ensino Gnesis)
Amancebar-se tambm constituir famlia: o concubinato na escravista e mestia comarca de Sabar (sc. XVIII)
Resumo:A famlia constitui uma instituio que, sem temer...
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Resumo:A famlia constitui uma instituio que, sem temer as perigosas generalizaes na Histria, pode-se afirmar que tenha existido em todas as sociedades que se tm notcias. Porm, como as maneiras de organizaes humanas so variadas, seu sentido tambm se apresenta como algo desfavorvel s certezas e, por isso, tem sido amplamente discutido por estudiosos de diversas reas de atuao.
Em grande parte, sendo objeto de estudo de historiadores, esses tm buscado, ao longo dos anos, nas chamadas fontes eclesisticas registros paroquiais de batizado, casamento e bito e os processos de banhos matrimoniais e em listas nominativas, ou mapeamentos populacionais por fogos (tambm chamados de maos de populao), formas de compreender as configuraes familiares em suas mais variadas nuances.
Nos dias atuais, no tocante aos estudos referentes Amrica portuguesa, o estudo da famlia vem contribuindo significativamente para o alargamento da compreenso acerca dos diversos aspectos que constituram a complexa sociedade colonial. Dentro desse campo de investigao, as tramas do cotidiano so esmiuadas e as distintas maneiras de pensar e formas de viver do sons, cores e contornos a uma sociedade que se apresentou sob a forma de um verdadeiro caleidoscpio biolgico e, principalmente, cultural.
Nesse sentido, dialogando com uma recente historiografia acerca da Histria da Famlia, da Escravido e das Mestiagens na Amrica Portuguesa, a presente comunicao tem o objetivo de repensar o conceito de concubinato, famlia, escravido e mestiagens na regio de Sabar no transcorrer do sculo XVIII. Para isso, utiliza-se as devassas eclesisticas e, perscruta-se as maneiras de pensar e de vivenciar as relaes familiares que caracterizaram as dinmicas coloniais, influenciando, dessa forma, no apenas a pluralidade familiar, mas o cotidiano de uma sociedade experimentada no sistema escravista. Essa comunicao, certamente, ajudar a pensar as relaes concubinrias no apenas enquanto alternativas para se angariar liberdades entre muitas cativas, mas, igualmente, situ-las no campo das possibilidades para o despertar de afetos e a construo de uma sociedade profundamente mestiada.
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Julian de Souza da Mota (UFMA - Universidade Federal do Maranho)
MICROANLISE E ESCRAVIDO: as experincias de sujeitos escravizados na Vila de Mara, Bahia, nos Oitocentos.
Resumo:O sculo XX foi palco de um intenso debate acerca ...
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Resumo:O sculo XX foi palco de um intenso debate acerca do ofcio do historiador, sobretudo, pela crena de uma possvel crise da histria. Foi nesse nterim que vimos e experimentamos uma intensa reformulao que trouxe baila historiogrfica novos temas, novas fontes, novas metodologias e propiciou tambm a insero de novos sujeitos no panteo da histria. Os Annales, nomeadamente a sua segunda gerao, dilataram o horizonte das pesquisas em histria e propiciaram que uma gama de fontes pudessem ser utilizadas. Ao descentralizar os estudos que durante muito tempo estiveram centrados nos grandes nomes e nos principais acontecimentos da nao, a histria sai do individual e a ao social, so as formas de organizao social, familiar e no mundo do trabalho dentre outras que am a interessar. A Histria Social, tira do anonimato homens e mulheres outrora colocados margem da histria. nessa perspectiva que essa pesquisa se insere, as experincias de homens e mulheres que viveram na Mara dos Oitocentos so o nosso fio condutor; inseridos num contexto de pequenos posses, onde a economia era de subsistncia e de baixa exportao, esses sujeitos experienciaram formas de viver diferentes das daqueles que tambm sendo escravos viviam nas grandes posses ou nos grandes centros urbanos, como por exemplo, Salvador. Os debates acerca da necessidade de novas metodologias fez surgir na Europa, na segunda metade do sculo XX, ainda de maneira experimental o que hoje se convencionou chamar de microanlise. A aproximao entre microanlise e escravido j est em curso no Brasil h algum tempo, nesse sentido os historiadores que se debruam sobre a temtica fazem largo uso dos mtodos desenvolvidos pelos micro analistas, a saber, a reduo de escala de observao e a ligao nominativa, para reconstruir pequenas trajetrias familiares de escravizados e seus descendentes. Ao operacionalizar a reduo de escala possvel perceber em contextos aparentemente menores, como o de Mara, vivncias dispares daquelas vividas em outras partes da provncia da Bahia ou mesmo do Imprio. As pequenas posses possibilitaram muito possivelmente em Mara uma relao de maior proximidade entre senhores e escravos, de maior proximidade, no quer dizer de afabilidade, muito embora essa possibilidade no seja descartada. Essa pesquisa, lanando mo de uma documentao de cunho judicial, objetiva perscrutar as trajetrias de homens e mulheres que reduzidos a escravido, forjaram experincias diversificadas no interior das senzalas, sendo agenciadores de suas prprias liberdade e granjeando pequenas autonomias; ao mesmo tempo que aponta as potencialidades da microanlise no trato com as fontes referentes a escravido.
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Paula Mello dos Santos
Redes de afeto e histrias de amor: escravido e laos de solidariedade na freguesia rural de Jacarepagu (1790-1810).
Resumo: A presente pesquisa analisa relaes amorosas ent...
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Resumo: A presente pesquisa analisa relaes amorosas entre senhores, de um lado, e, de outros, escravos e forros. Decerto, a proposta de trazer o amor entre explorados e exploradores como objeto historiogrfico fundamenta-se na tentativa de compreender como amor e desigualdade no eram aspectos necessariamente excludentes. Para tal fim, escolhemos a freguesia de Jacarepagu, uma das mais antigas parquias rurais dos arredores da Baa de Guanabara, durante o final do sculo XVIII e a primeira dcada do sculo XIX (1790-1810).
A proposta analisar relaes de assimetria e dependncia que envolviam escravos, livres e libertos em seus espaos de convvio. Tais relaes engendravam a paisagem da freguesia de Jacarepagu, na medida em que indivduos social e juridicamente distintos podiam se conciliar afetivamente. Embora ordenados e categorizados como desiguais, partilhavam o mesmo universo relacional atravessado por relaes de compadrio, matrimnios e partilhas de bens, que evidenciam proximidades e conciliaes. Diante deste cenrio, amor, cordialidade, amizade e outros vnculos de solidariedade sero aspectos a serem considerados. Afinal, nada sugere que desiguais no podiam se amar, reciprocamente.
Tal empreendimento possvel a partir da anlise documental dos arquivos paroquiais do Rio de Janeiro. Desse modo, assentos paroquiais como livros de batismos, habilitaes de casamentos, registros de matrimnios e livros de bitos sero fundamentais para perscrutar a estrutura social. Ademais, recorre-se neste estudo s contribuies da micro-histria para a formulao de teias de sociabilidade entre os escravos nos devidos documentos analisados, observando alm de laos matrimoniais, filiaes e vnculos de compadrio, o entrelaamento de relaes que circundavam o meio escravista.
O resultado do cenrio analisado uma paisagem atravessada por relaes assimtricas de afeto, as quais sejam por meio de estratgias sociais ou indicativos de afinidades diversas, demonstram um sistema escravista muito mais alinhado s dinmicas em prol da alforria, da liberdade, do amor e da culpa crist. Solidariedade, afeto e cordialidade eram afeies estimadas e compartilhadas na sociedade ibrica do Antigo Regime. Mais do que uma ideia de bem-querer geral, eram meios de controle e harmonizao das disparidades encontradas naquelas sociedades, postas sob um sistema de reiterao das hierarquias. Transportadas para o Novo Mundo, conduziram a uma ressignificao de seus aportes, ao dar base a uma sociedade escravista do antigo regime.
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Vincius Augusto Andrade de Assis (UEL - Universidade Estadual de Londrina)
Compadrio, hierarquia social e estratgias de (sobre)viver no sul escravista (Castro/PR, sculos XVIII-XIX)
Resumo:Este trabalho apresenta os resultados parciais da ...
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Resumo:Este trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa Campos Mestios: compadrio e hierarquia social no sul escravista (Castro/PR, sculos XVIII-XIX) , desenvolvida junto ao Programa de Ps-graduao em Histria Social da Universidade Estadual de Londrina, no qual busco analisar as hierarquias e sociabilidades geradas pelo compadrio de escravizados e livres que ainda carregavam na cor da pele as marcas da escravido na vila de Castro, localizada nos Campos Gerais do atual estado do Paran, e marcada pelo comrcio e criao de gado, pela economia de abastecimento interno, escassa populao cativa distribuda majoritariamente em pequenos e mdios plantis, alm de um relevante aumento populacional e percentual de pardos livres e escravizados na agem do sculo XVIII para o XIX. Para o desenvolvimento da pesquisa foi tomado como fonte principal os livros de batismo 1 e 2 da Parquia de SantAna de Castro, que congregam o perodo entre 1795-1810, em confluncia com as listas nominativas de habitantes e mapas populacionais. Tais documentos permitem uma analise serial a fim de observar a presena e preferncia de madrinhas e padrinhos cativos, forros e livres, a formao majoritria de famlias matrifocais entre as gentes de cor e a constituio de comunidades escravas nas grandes fazendas; assim como a reduo na escala de observao, via micro-histria, visando compreender as experincias de vida e estratgias cotidianas numa sociedade rural no apenas de senhores e escravos, mas tambm de bastardos, pardos e pretos forros. Quanto historiografia da escravido, dialoguei no decorrer da pesquisa com alguns resultados obtidos pelos estudos populacionais oriundos da demografia histrica, como tambm com estudos da agncia e da resistncia escrava perante negociaes e conflitos cotidianos; destaco importncia desta ltima perspectiva, pois nela as vises escravas da escravido e suas astcias perante a ordem vigente emergem dos documentos, e assim entendem-se as situaes diversas onde os escravizados procuraram salvar suas vidas, criar alternativas e defender seus interesses. Denota-se, por fim, que a hierarquia social forjada pela escravido influenciava as sociabilidades e o parentesco sacralizado na pia batismal, ainda que numa sociedade onde fora precria os elementos que costumam caracterizar a ordem escravocrata na Amrica portuguesa.
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Vitor Hugo Monteiro Franco (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Diversidade das famlias dos escravos da Ordem de So Bento: uma anlise sobre a legitimidade na Fazenda de Iguass (Rio de Janeiro, 1817-1857)
Resumo:Na Fazenda So Bento de Iguass, situada no Recnc...
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Resumo:Na Fazenda So Bento de Iguass, situada no Recncavo do Rio de Janeiro, Escravido e Religio eram faces de uma mesma moeda. Os proprietrios deste empreendimento agrcola eram os monges da Ordem de So Bento, a mais antiga ordem religiosa do cristianismo ocidental. Estes religiosos chegaram ao Novo Mundo ainda no sculo XVI, e estabeleceram mosteiros nas mais diversas regies do Brasil, desde o Rio de Janeiro, So Paulo, Bahia, Pernambuco, at a Paraba. Parte considervel da sustentao destas abadias provinha da produo de suas propriedades rurais, como a de Iguass. Nelas os trabalhos realizados por africanos e seus descendentes escravizados, alocados nas mais diversas funes, eram imprescindveis. A experincia de cativeiro destas pessoas estava invariavelmente ligada aos desgnios da Ordem de So Bento, logo tambm aos dogmas da Igreja Catlica. No por acaso as fontes da primeira metade do sculo XIX apresentam estes indivduos como Escravos da Religio. Embora vivessem em um cenrio de extrema explorao e violncia, esses africanos e afro-brasileiros escravizados estabeleceram laos familiares e comunitrios fundamentais para sua sobrevivncia no mundo do cativeiro.
H um extenso debate sobre a formao desses laos entre cativos de senhores laicos - aqueles sob domnio de senhores no representantes da Igreja Catlica. Entretanto, pouco se sabe sobre as famlias formadas por cativos pertencentes s ordens religiosas, mesmo sendo grandes detentoras de mo de obra escrava. No oitocentos, a Ordem de So Bento foi a representante do clero regular com o maior nmero de cativos no Brasil, chegando a contar com uma escravaria com mais de 4.000 pessoas nas principais provncias do pas. S na Fazenda de Iguass, como veremos, este nmero nunca esteve abaixo de cem. O desafio que por hora se apresenta de articular os avanos j alcanados pela historiografia sobre o tema com as especificidades de ser escravo da Religio.
Em que medida, Escravido e Religio influenciaram a experincia de vida dessas pessoas escravizadas? Quais as expectativas que os monges-senhores e cativos tinham com a famlia escrava? Estes fatores influenciaram os ndices de legitimidade na fazenda? Para responder a essas e outras questes, utilizei uma gama variada de fontes, como registros paroquiais, inventrios, testamentos, jornais. Para tanto empreguei duas abordagens, a do mtodo de ligao nominativa de fontes, j consagrado pela Histria demogrfica, conjugado a Histria social na sua vertente micro-histrica.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Caroline Amorim Gil (Casa de Oswaldo Cruz)
Propaganda, maternidade e alimentao infantil: a famlia como objeto do discurso mdico e da publicidade no incio do sculo XX
Resumo:O trabalho apresentado tem como objetivo analisar ...
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Resumo:O trabalho apresentado tem como objetivo analisar o papel da propaganda na construo de uma poltica destinada alimentao infantil nas primeiras dcadas do sculo XX, na cidade do Rio de Janeiro. O Perodo marcado por transformaes fsicas, polticas e ideolgicas na capital federal, que a elevaram ao patamar de uma urbe moderna. Neste ambiente tem-se o crescimento das redes de transporte, permitindo maior circulao e encurtamento das distncias e a imprensa adquire papel cada vez mais relevante na transmisso de notcias.
Desde a segunda metade do sculo XIX o uso da farinha lctea estava em curso na Europa. Identifica-se na virada do sculo a conquista e explorao de territrios antes no afetados. Aqui se encontra a imprensa, e com ela a obteno de um maior pblico, levando essas formas alimentares a lugares que precisam ser mais bem compreendidos a fim de que possamos conhecer o alcance do alimento artificial. A famlia apareceu como o grande objeto de ao dos produtos anunciados, a promessa de alimentar a criana era direcionado principalmente me. Em alguns casos, como nos anncios voltados s classes mais abastadas, eram os pais que davam o aval dos produtos. Por outro lado, ao se dirigirem s classes populares, as propagandas garantiam a praticidade e ressaltavam o baixo custo. Uma modificao total do hbito da famlia brasileira, no que concerne alimentao infantil.
Este cenrio marcado por um nmero expressivo de teses de alunos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro debatendo o impacto de alimentos que no o leite materno na vida do recm-nascido. Os trabalhos problematizavam a vida urbana e o papel da mulher na maternidade, tanto pelo cunho moral, apelando para discursos em torno da verdadeira maternidade e o ser me; quanto por aspectos cientficos, atravs da observao de crianas ao longo dos primeiros meses de vida e o impacto da alimentao no seu desenvolvimento.
A pesquisa buscar analisar o debate mdico na academia, atravs de trabalhados de concluso de curso da Faculdade de Medicina e propagandas de leite na imprensa corrente. Os questionamentos que surgem so: como ocorreu a difuso das farinhas entre os mais pobres, em que medida as polticas governamentais tiveram eficcia no controle do leite artificial e quais argumentos foram utilizados no convencimento das famlias para compra desses produtos. Deste modo o texto abordar as percepes iniciais dos dados coletados e analisados.
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Daniella Santos Magalhes
Famlia: estratgias jurdicas e religiosas para manuteno da famlia tradicional brasileira.
Resumo:A origem da famlia remonta ao aparecimento do hom...
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Resumo:A origem da famlia remonta ao aparecimento do homem na terra, constituindo-se como instituio de alicerce da moderna organizao social que surgiu como um fato natural em que predominou o carter social sobre o jurdico. interessante considerar que o instituto familiar acompanha o desenrolar da histria com as adaptaes exigidas pelas mudanas sociais, a exemplo do reconhecimento de igualdade entre os cnjuges e mesmo a possibilidade do rompimento matrimonial no permitido outrora, bem como, de forma concomitante, d permanncia a valores, crenas, costumes que se seguem no tempo.
Dado a importncia deste instituto, mesmo sendo fruto de um fenmeno natural, com o ar do tempo observa-se o interesse das instituies sociais (a exemplo da Igreja e do Estado) envolvidas em regular, ou mesmo padronizar, um modelo a ser seguido pelos indivduos que constituiro famlias. Neste sentido, no mbito jurdico, h de se observar o que se compreende como famlia natural, qual corresponde a um fenmeno natural que lateja em toda vida, que a de perpetuar-se, sem necessidade de uma aceitao externa para assim ser considerada, e ao que se denomina de famlia natural segue a legtima considerada como quela que surge da conveno legal, a partir da conveno entre as partes interessadas. Ademais, as famlias carregam o grmen do Estado que traz em sua existncia elementos constitutivos das famlias, a exemplo dos direitos, obrigaes e deveres convencionados no seio familiar que so estabelecidos no pelo dilogo entre os pares, mas que devem ser obedecidos pelo cumprimento da regra estabelecida pelo Estado. Alm do Estado, a Igreja toma para si os assuntos em torno da famlia, e atravs do Direito Cannico que mantem sua autoridade. Neste sentido, para a Igreja a instituio familiar constituda pelo matrimnio e considerada um contrato indissolvel por se tratar de uma comunho de Deus e do homem.
Ademais, adverte-se que o Concilio de Trento ao reafirmar o poder da Igreja Catlica sobre o Direito ratifica o casamento como um contrato (monogmico) formal, o qual exige o acordo de vontade entre as partes e sua manifestao expressa diante do sacerdote e testemunhas. O matrimnio tem como finalidade para o Direito Cannico, a procriao, a educao e uma forma incorruptvel de se relacionar sexualmente, os primeiros considerados como fins primrios e ao ltimo a finalidade secundria.
Apesar do contexto jurdico e social acerca da famlia, a exemplo: da unio entre pessoas do mesmo sexo, a concepo do poder familiar substituindo o ptrio poder, notrio o embate entre a famlia considerada como tradicional com as novas modalidades familiares.
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Gian Carlo de Melo Silva (UFAL)
Famlias, Parentes, Agregados e Escravos: Um estudo sobre a sociedade na Comarca de Alagoas no perodo Colonial (1750-1817)
Resumo:Ao estudarmos o perodo colonial partimos da compr...
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Resumo:Ao estudarmos o perodo colonial partimos da compreenso de que existiu unio entre Igreja e Estado para formao de famlias como uma estratgia de colonizao e de combate ao pecado. Tal aspecto vale para os primeiros anos de presena portuguesa no Brasil, mas com o ar dos sculos vamos observar, que a famlia formada na casa-grande no existiu unicamente. Exerceu sua funo como unidade produtiva, foi uma base para consolidao da colonizao ou, nas palavras de Freyre, o grande fator colonizador do Brasil (FREYRE, 2011, p. 81) mas no existiu de forma nica e imperativa. O estudo atravs de testamentos e inventrios que remontam ao sculo XVII em Pernambuco mostram uma diversidade de formaes familiares. So mes e filhos, convivendo com seus netos, sem necessariamente terem suas unies sacramentadas. Sobre a diversificao das formas de existncia familiar, Mariza Corra j alertou que a famlia patriarcal pode ter existido, e seu papel ter sido extremamente importante, apenas no existiu sozinha (CORRA, 1982, p. 25). Assim, na compreenso do espao de Alagoas iremos partir dessa diversidade de lares, compreendidos como mltiplos e que se somaram no ado colonial para formar a sociedade local. Nosso olhar ser conduzido a partir das informaes contidas em fontes como os inventrios e testamentos, somados ao Rol de Confessados. Os primeiros abrangem localidades mais afastadas da antiga sede da Comarca, a Vila das Alagoas ou Santa Maria Madalena de Alagoas do Sul. Iremos percorrer a regio de Porto de Pedras, localizada prximo Vila de Porto Calvo e que possua muitos engenhos e proprietrios com cabeas de gado. O que nos fornecer um panorama de como estavam as distribuies de riqueza na regio, que foi no sculo XVI o local irradiador da colonizao nas terras ao sul da Capitania de Pernambuco, mas que em finais do sculo XVIII no era a freguesia de maior importncia em Alagoas. Como colonizao de fez acompanhando o percurso das guas, conforme os dizeres de Diegues Jnior (DIEGUES JNIOR, 2012, p. 45) iremos desembocar na Lagoa do Norte, as margens do Rio Munda e entender como estava formada aquela sociedade, que vivia mais prxima do ncleo principal da Comarca. Falaremos de Santa Luzia do Norte e vamos observar os engenhos e povoados que formaram a freguesia, dando uma dinmica prpria que ficou registrada atravs do Rol de Confessados. Em ambas localidades temos registros que apontam para formaes de famlias com escravos, entre escravos, somente com mes e filhos, mulheres e homens vivos istrando seus bens ou vivendo e sobrevivendo no cotidiano colonial.
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Joo Guilherme da Trindade Curado (SEDUCE/GO)
A(s) famlia(s) residente(s) no Engenho de So Joaquim: fragmentos da vida em Meia Ponte/GO no sculo XIX
Resumo:A sociedade goiana surgiu em decorrncia da minera...
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Resumo:A sociedade goiana surgiu em decorrncia da minerao nas dcadas iniciais do sculo XVIII, quando o encontro da trade fundante do povo brasileiro se repetiu s margens de mananciais aurferos possibilitando o aparecimento de ncleos populacionais constitudos basicamente por bandeirantes, religiosos, escravos, alguns ndios e poucas mulheres. No final da mesma centria e na seguinte, em especial, a populao da ento Meia Ponte (atual Pirenpolis Gois) ou a se ocupar das atividades voltadas para a agropecuria, uma vez que a produo diminua a cada novo levantamento do quinto; os registros populacionais eram mais constantes, mesmo que falhos, durante a minerao quando a capitao era mais recorrente e rigorosa possibilitando informaes quantitativas, o que foi significativamente alterado com a ruralidade em decorrncia das distncias e da produo basicamente voltada subsistncia. Contexto que surgiu o Engenho de So Joaquim nas proximidades do arraial de Meia Ponte conhecido como entreposto comercial pelas junes de Estradas Reais que cortavam as terras brasileiras; a fazenda era propriedade de Joaquim Alves de Oliveira, natural de outro ncleo minerador goiano, mas que percebeu a possibilidade de expanso comercial a partir de uma grande fazenda na qual residia com a famlia durante parte do ano. A investigao tem por objetivo estudar a(s) famlia(s) residente(s) no Engenho de So Joaquim e a proposta um recorte metodolgico tendo por e tambm a micro-histria e o dilogo com outras reas do conhecimento, em especial as cincias humanas, auxiliares na busca de compreenso de um pequeno universo rural em que vrias das categorias de definio de laos familiares se fizeram presentes e que podem ser visualizados por meio de estudos genealgicos, paroquiais e testamentrios, sendo os relatos dos viajantes Pohl e Saint-Hilaire tambm importantes contributos por chamarem a ateno para excessos de concubinatos no territrio goiano; tal perspectiva indica a necessidade de explorao dos variados sistemas familiares existentes entre os residentes na fazenda em perspectiva com indicadores caractersticos: a esposa de Joaquim Alves j era me ao se casar, filhos do casal faleceram pequenos e uma s filha chegou a idade adulta se casando com aquele que se tornou gerente da fazenda e no tiveram filhos; ela teve um caso com um capataz, que atirou e matou a me (esposa de Joaquim Alves); o marido teve prole com uma escrava da fazenda. O destaque para as histrias ocorre em funo da atuao poltica e cultural de Joaquim Alves que estabeleceu comrcio com outras provncias, era comandante e fundou o primeiro jornal do Centro Oeste que veiculou, inclusive, notcias relacionadas a populao e s famlias goianas do sculo XIX.
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Luciane Cristina Scarato (MeciLA - Cebrap - Universitt zu Kln)
Convivialidades atlnticas, famlia e instruo nas Minas oitocentistas
Resumo:Os vrios tipos de famlia engendrados por diferen...
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Resumo:Os vrios tipos de famlia engendrados por diferentes atores sociais tiveram um papel essencial na articulao, (re) produo e contestao das assimetrias de poder no mundo atlntico luso-brasileiro. Assim, no somente os ncleos familiares normativo-cristos, mas tambm aqueles constitudos por mes solteiras e por unies informais, geralmente ilegtimas tais como amancebamentos caracterizaram as sociedades ibricas e coloniais. Isso ocorria porque a famlia, para alm de questes religiosas e econmicas, ava tambm por relaes de gnero, raa, ocupao e instruo de seus membros. Esta comunicao, portanto, se prope a analisar a combinao de trs desses elementos, a saber: famlia, instruo e raa. Argumenta-se que a escolaridade foi uma estratgia utilizada por famlias compostas de mestios e seus descendentes, ainda que em menor escala do que as famlias majoritariamente portuguesas, para negociar as leis de pureza de sangue que impunham obstculos integrao de mulatos, muulmanos, trabalhadores manuais, judeus, cristos-novos e filhos ilegtimos sociedade luso-brasileira. Para tal, parte-se, principalmente, da anlise de processos de genere et moribus na capitania de Minas Gerais, oriundos do Seminrio de Mariana. Fundado em 1750, o seminrio tornou-se uma alternativa educacional no apenas para os filhos das elites locais, mas tambm uma opo de ascenso social, por meio da religio e da instruo, para grupos sociais menos favorecidos. Estudar no seminrio propiciava aos alunos uma educao com a qual poderiam atuar como professores, independentemente de seguirem a carreira eclesistica. Atravs da reconstruo de algumas trajetrias individuais de eclesisticos-professores atuantes nas Minas Gerais oitocentistas, busca-se tambm reconstruir as redes de convivialidade estabelecidas entre mestres, alunos e suas famlias, revelando as interaes conflituosas e solidrias entre eles. Desse modo, o presente trabalho analisa questes sociodemogrficas relacionadas famlia, imigrao e instruo na Amrica Portuguesa sob uma perspectiva atlntica que conecta Portugal, Brasil e frica, incluindo as Ilhas, sem se sobrepor s especificidades locais. Espera-se, assim, contribuir para os debates sobre famlia e educao, por meio de um prisma transatlntico.
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Tarcsio Rodrigues Botelho (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
Terra e famlia: transmisso da propriedade rural nas famlias de Curral Del Rei, Minas Gerais, no sculo XIX
Resumo:Em sociedades pr-industriais, a transmisso da po...
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Resumo:Em sociedades pr-industriais, a transmisso da posse e propriedade da terra aspecto central nas estratgias de sobrevivncia e reproduo de parte significativa das famlias. Observar como sucessivas geraes foram tendo o terra de seus anteados, com alguns membros da famlia eleitos para a sucesso fundiria (enquanto outros so excludos), uma via privilegiada para se compreender como as famlias tm sucesso (ou falham) na manuteno e ampliao dos seus bens materiais ao longo do tempo. O objetivo dessa comunicao captar algumas das estratgias de reproduo familiar que se conectam com o o terra atravs de um estudo exploratrio de documentos que, no perodo imperial brasileiro e no incio da Repblica, foram elaborados para comprovar a propriedade da terra. O foco do estudo a freguesia de N. Sra. da Boa Viagem do Curral Del Rei, do termo de Sabar, que depois abrigar a cidade de Belo Horizonte, a nova capital construda para o Estado de Minas Gerais ainda na primeira dcada do regime republicano. A escolha de Curral Del Rei tem duas motivaes bsicas. Em primeiro lugar, era uma parquia com territrio pequeno, de ocupao muito antiga (suas primeiras sesmarias foram concedidas na dcada de 1710) e com atividades econmicas estveis, precocemente votadas para o abastecimento das reas mineradoras existentes em sua vizinhana. Em segundo lugar, por ter sido o local onde se construiu a nova capital de Minas Gerais, seu territrio foi extensiva e intensivamente documentado, com a produo de mapas, plantas, descries textuais, fotografias e relatrios que esquadrinharam todo o seu espao. O ponto de partida o Registro Paroquial de Terras, previsto pela Lei de Terras de 1850 (Lei 601, de 18 de setembro de 1850) e regulamentado pelo Decreto 1.318, de 20 de janeiro de 1854. Embora no tenha atingido os objetivos inicialmente previstos, o registro produziu um volume considervel de informao sobre a posse da terra no Brasil. O ponto final da observao o momento em que a Comisso Construtora da Nova Capital comea a atuar no antigo arraial de Curral Del Rei, conduzindo os processos de desapropriao que foram necessrios para que se pudesse demolir o antigo arraial e construir o novo arruamento com os principais edifcios exigidos pela istrao pblica. Pretendo verificar os possveis ecos dos Registros Paroquiais de Terras de 1850 na documentao utilizada para comprovar a posse da terra nos processos de desapropriao da dcada de 1890, na tentativa de reconstruir as estratgias de reproduo familiar associadas posse da terra. Complementarmente, pretendo utilizar as diversas listas nominativas de habitantes disponveis para o arraial (1840, 1855 e 1862).
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