ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Cristiano Rodrigues Rabelo (SEDUC CE)
Quando a comunidade narra: olhares, silncios e temporalidade na formao do Conjunto Palmeiras.
Resumo:Situado na periferia de Fortaleza, o Conjunto Palm...
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Resumo:Situado na periferia de Fortaleza, o Conjunto Palmeiras nasceu em 1974, oriundo de um processo de remoo de moradores de reas centrais da capital cearense. O conjunto habitacional recm-criado carecia de infraestrutura adequada moradia: sem gua encanada, energia eltrica, transporte e postos de trabalho. Foi preciso grande mobilizao popular para que a situao precria fosse modificada ao longo das dcadas seguintes. As lutas sociais necessrias para que se conquistassem direitos bsicos so constantemente lembradas na produo de narrativas que buscaram constituir sentidos diversos sobre esse ado vivido. Um dos primeiros trabalhos institucionalmente feitos foram as cartilhas da srie Memrias de Nossas Lutas, cujo objetivo era fazer com que as prximas geraes tivessem o a esse ado de conquistas, indicando que a memria para o bairro era muito mais que apenas lembrar o que ou, mas uma ao importante na constante busca por direitos. Isso fica cada vez mais claro, pois com a criao do Banco Palmas, em 1998, instituio que inaugura no Brasil o conceito de banco comunitrio de desenvolvimento e o de economia solidria na cidade de Fortaleza, o Conjunto Palmeiras a a ser conhecido e reconhecido nacional e internacionalmente pela ideia inovadora desenvolvida. Este fato marcou um novo momento na produo de narrativas sobre o local, em que o trabalho da instituio ou a ser o grande foco das narrativas produzidas. Desse modo, por meio da metodologia da Histria Oral, se analisou o que Alberti (2004) chamou de documento vivo, isto , a relao que esses sujeitos estabeleceram entre presente e ado, criando interpretaes sobre o que e como viveram. Membros da associao de moradores (ASMOCONP), associao de mulheres em movimento, responsveis pela produo de um jornal comunitrio, da pastoral operria e da rdio comunitria, eles atuaram, e ainda atuam, na busca de melhorias pelo Conjunto Palmeiras, produzindo olhares que ora se cruzam, ora se distanciam, mas que servem para entender que essas narrativas so, como afirma Rosenthal (2006), a prpria realidade sendo transmitida, constituindo temporalidades especficas e possibilitando a anlise de silncios na relao com a memria institucionalmente produzida sobre o bairro.
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David Durval Jesus Vieira (Instituto Federal do Par)
Muito alm da minerao: faces da histria de Parauapebas na dcada de 1980
Resumo:A partir do encaminhamento de uma atividade dirigi...
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Resumo:A partir do encaminhamento de uma atividade dirigida a estudantes do 1 Ano do Ensino Mdio de cursos tcnicos integrados do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Par (IFPA) Campus Parauapebas, percebeu-se uma carncia em termos de pesquisa sobre a histria do municpio. Em virtude disso, submetemos o projeto de pesquisa Parauapebas: migrao e cidadania (1984-1988), com o objetivo de contribuir com a pesquisa sobre a histria da emancipao da cidade com base na experincia de parte dos migrantes que compam os aglomerados urbanos em torno do ncleo habitacional de Parauapebas, na dcada de 1980. O presente trabalho se refere a um dos resultados obtidos at o momento na execuo do referido projeto: o levantamento de notcias do jornal Dirio do Par por meio do o ao site da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Para tanto, analisamos o processo histrico de implantao de Grandes Projetos na Amaznia. Na dcada de 1970 a explorao e comercializao do minrio de ferro e de outros minerais descobertos no Par converteram-se no objetivo principal da interveno econmica do Regime Militar na Amaznia (PETIT, 2003, p. 98). O sudeste paraense, onde est localizado atualmente o municpio de Parauapebas, fazia parte da rea de abrangncia do Programa Grande Carajs (PGC). O Programa implementou na regio a extrao do minrio de ferro da Serra dos Carajs, por meio de uma gigantesca estrutura envolvendo, alm da company town na Serra dos Carajs, um sistema que abarca minas, instalaes de beneficiamento e um ptio de estocagem, as instalaes porturias e a Estrada de Ferro Carajs, interligando a Serra dos Carajs ao terminal martimo da Ponta da Madeira, em So Lus, no Maranho (MONTEIRO, 2005, p. 190). Em 1982, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) iniciou a construo de dois ncleos habitacionais em Carajs: a Vila Residencial de N5 e um ncleo habitacional chamado Parauapebas, doado ao municpio de Marab. Na viso de parte dos estudiosos locais, a implantao do PGC e a construo do ncleo habitacional de Parauapebas atraram muitos migrantes que formaram povoados nas proximidades desse ncleo. Os investimentos da prefeitura de Marab em Parauapebas no eram acompanhados na mesma proporo, o que j teria ficado perceptvel com a revolta dos garimpeiros, motivando o incio de um movimento de emancipao da cidade. No entanto, os autores, aparentemente, desconsideraram algumas notcias de jornais da dcada de 1980, que apresentam problemas e tenses sociais, relacionadas ao saneamento bsico, proliferao de doenas, condies de trabalho, abastecimento de gua, dentre outras coisas apresentadas e analisadas por este trabalho.
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Erivania Azevedo Lopis
Os Espaos Pblicos e a Memria Local Caruaruense: a complexidade dos lugares de vivncia, de memria e de histria
Resumo:Os espaos pblicos so entendidos como espaos de...
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Resumo:Os espaos pblicos so entendidos como espaos de vivencia social, destinados ao consumo da populao, como espaos simblicos seja na perspectiva histrica, cultural ou geogrfica, alm de serem espaos de ao poltica. Na contemporaneidade, esses espaos so elementos determinantes na identidade da coletividade dos indivduos sociais. A diversidade, a ibilidade e a alteridade devem estar presentes, para a apropriao espacial e simblica destes espaos. Partindo dessa premissa, a cidade de Caruaru, no agreste pernambucano, aqui utilizada como nosso campo de estudo, tem muitos de seus espaos que em alguns casos so tambm monumentos patrimoniais transformados. Esses espaos, que so tambm lugares de memria, so alterados em sua estrutura e significao. Dado novos usos, como resultado de diversos interesses de diferentes grupos sociais, alm do crescimento do capital imobilirio e da espetacularizao do turismo. Esses espaos, encarnados em monumentos, tornam-se campo de disputas polticas e mercadolgicas. Comum a muitas outras cidades que com o apogeu do crescimento industrial e sua conseqente sede de modernizao, Caruaru tem sofrido com uma mutilao sem retorno como coloca Nora a sua memria e seus espaos de coletividade. Casos alarmantes como: a destruio da Catedral de Nossa Senhora da Dores, de arquitetura barroca e seu coreto e jardim, sendo colocada em seu lugar uma nova catedral com uma arquitetura mais moderna, mas sem o espao pblico que fazia parte de seu territrio; A Estao Rodoviria, que atualmente ainda local de disputa de interesses, tombada pelo IPHAN e foi deteriorada no ano de 2005, onde at a nossa contemporaneidade a por fracassados projetos de restauro e transformao (novo uso) do espao e de seu conjunto arquitetnico; Alm da Praa do Rosrio, espao pblico e patrimnio no consagrado, que foi praticamente destruda para mudanas no trnsito da localidade. Esses casos, demonstram historicamente uma ausncia de polticas pblicas eficazes, na preservao e proteo dos espaos pblicos e patrimoniais do municpio. Os diversos interesses polticos e econmicos foram preponderantes para a elaborao de subterfgios a lei, ou at seu total desrespeito, para alcanar o objetivo de transformar ou se livrar desses lugares que se tornaram um entrave aos interesses de determinados grupos ou proprietrios. Somados a isso, vemos uma ausncia de polticas Pblicas de incentivo a construo e/ou manuteno de espaos de pblicos de vivncia e propagao no imaginrio social da memria local.
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Henrique Sena dos Santos (Universidade Federal do Recncavo da Bahia)
Uma cidade ilustrada, uma disputa visvel: revistas de variedades e a construo de uma cultura visual em Salvador nas primeiras dcadas do sculo XX
Resumo:Salvador, primeiras dcadas do sculo XX. Automve...
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Resumo:Salvador, primeiras dcadas do sculo XX. Automveis cruzam a recm-inaugurada Avenida Sete. Senhorinhas e rapazes, na soverteria Chic, comentam o mais novo filme em exibio no Cinema Ideal. Os sportsmen da Sport Club Victoria comemoram o ttulo do campeonato de foot-ball no luxuoso Hotel Sul Americano. Mademoiselles assistem a uma elegante partida de tennis no Club Bahiano de Tennis, o mais distinto da cidade. Todas estas prticas eram novidades em Salvador naqueles tempos e representavam a tentativa de aproximao da cidade aos ideais da civilidade. Diante de tantas inovaes, as elites e camadas mdias soteropolitanas pareciam excitadas sobre o modo de se relacionar com todas essas prticas que ocorriam no espao pblico. Como se comportar na rua, no cinema e no clube? Como frequentar, um estdio de futebol e mesmo torcer? E finalmente, com que roupa devo ir a todos estes novos lugares e ser vista neles? Para estas e outras perguntas, as elites urbanas locais recorriam s revistas ilustradas soteropolitanas que assumiram o papel central de produzir e organizar um contedo mundano, difundi-lo atravs das suas pginas impressas com as mais novas tecnologias de uma imprensa que se modernizava. Numa tentativa de melhor compreender as transformaes pelas quais ava Salvador e como uma parte da populao se relacionava com aquelas, a nossa inteno neste trabalho discutir como as revistas ilustradas atuaram no processo de organizao de uma nova vida social na cidade na qual difuso de nova imagem para Salvador foi fundamental. As partir da leitura das imagens e textos sobre a cidade e as suas novas prticas luz da cultura visual e dos conceitos de representao, prtica e apropriao, buscaremos perceber como os editores dos peridicos, ao mobilizarem modernas tcnicas e formas de produo e reproduo sistemtica de imagem e texto em colunas, reportagens e propagandas, aram a disputar com a populao a construo de nova narrativa visual para os usos da cidade. Enfim, como os editores, colunistas e outros intelectuais das revistas tentaram assumir uma liderana na construo conflituosa e no sem resistncia de uma nova visualidade para a cidade e uma nova pedagogia do ver e ser visto em Salvador uma das nossas questes. Por outro lado, tambm empreenderemos um esforo de perceber como este processo no foi harmonioso na medida em que uma leitura a contrapelo dos peridicos sugere que esta pedagogia visual no foi seguida sem ressignificaes por parte dos habitantes e leitores cujas apropriaes no modo de ver e ser visto nos usos da cidade no raramente eram motivo de indignao pelos editores responsveis dos peridicos.
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Ianna Edwirges Uchoa Almeida (UECE - Universidade Estadual do Cear)
A memria nas paredes: Histria e identidade no Acervo do Mucuripe Padre Nilson (Fortaleza- Cear)
Resumo: No Brasil, os debates sobre patrimnio ganharam f...
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Resumo: No Brasil, os debates sobre patrimnio ganharam flego no perodo da redemocratizao, concomitantemente cresceram as discusses sobre os usos da memria. Embora essas pautas tenham sido levantadas em demasia, as reflexes ainda no se esgotaram. Nesse contexto de acelerao da histria merecem ser retomados.
Refletiremos sobre o Acervo do Mucuripe, idealizado e organizado pela moradora residente no bairro que recebe o mesmo nome. Esta comunidade se localiza na faixa litornea que circunscreve a cidade de Fortaleza. Esta poro da cidade ou por intensas remodelaes espaciais apartir dos anos 1950.
Vera Lcia Marcelino Miranda, no dia 17 de maio de 1997 ou a abrigar em sua residncia localizada na Rua Boa vista na 17 o Acervinho do Mucuripe Padre Jos Nilson, em homenagem ao proco da comunidade, que desde 1950 era liderana religiosa e comunitria do Mucuripe. Este acervo contava com recortes de jornais, fotografias, pinturas e tudo o mais que Verinha, como era carinhosamente conhecida no bairro podia armazenar em sua pequena moradia.
A proposta da moradora era constituir um lugar de memria em meio as ofensivas remodelaes espaciais realizadas pelo poder pblico e pela iniciativa privada, por meio da especulao imobiliria. Em consequncia deste processo, a prpria mucuripense como tanto outros, teve a sua residncia remanejada pelos projetos urbansticos da cidade.
Fortaleza, como todas as outras grandes cidades, se transformou em uma grande metrpole as custas de segregao da populao mais pobre, e a comunidade Mucuripe, desde que ou a ser ocupada pela elite e pelos empreendimentos tursticos virou uma zona de tenses e disputas entre os moradores locais e os que detm o poder do capital imobilirio, aliados ao poder pblico.
Em sus origens, o Mucuripe foi ocupado por migrantes do serto cearense ou povos do litoral que viviam da pesca em suas jangadas. Com a construo do Porto do Mucuripe (1952) uma grande leva de migrantes ou a ocupar essa regio, que aram a ocupar a Rua da Frente (atual Avenida Beira-Mar) com suas palhoas, bares e cabars, espaos de sociabilizao dos pescadores e estivadores e suas famlias.
O Acervo do Mucuripe Padre Jos Nilson se constituiu como um espao de apropriao da identidade local por ressaltar os seus atores sociais: os jangadeiros, estivadores, e suas mulheres que desenvolviam atividades de bordados e culinria enquanto seus maridos estavam em alto mar.
Ao analisarmos o acervo como fonte pontuamos que a escrita da Histria no se restringe apenas aos doutos, mas cabe a cada cidado que toma conscincia de sua prpria identidade e a do grupo ao qual pertence.
Assim ,Vera Miranda realizou um valioso trabalho de salvaguarda da memria e da Histria do Mucuripe.
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Igor Campos Santos
UMA CIDADE SILENCIADA: memrias e representaes da "Princesa do Sul" (Ilhus-BA 1920-1930)
Resumo:Este trabalho faz parte da pesquisa em andamento n...
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Resumo:Este trabalho faz parte da pesquisa em andamento no programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus II e tem por objetivo discutir as representaes acerca da cidade de Ilhus (BA), sejam elas produzidas pela literatura, fotografias, planos urbansticos, leis, discursos jornalsticos e mdicos ou dos prprios usos que se faziam sobre o espao, conectando-a com a construo e cristalizao da memria local. Para isso analisamos o processo de urbanizao de Ilhus, a formulao da sua identidade e de sua memria histrica atravs dos discursos de modernidade e civilidade e a consequente excluso da populao pobre (trabalhadores urbanos, mendigos, loucos, vadios, prostitutas, menores abandonados, gatunos, entre outros grupos que se encontravam a margem da sociedade ou fora dos ciclos polticos oficiais), ou mal afamados, dessa memria entre os anos de 1920 e 1939. Dessa forma procuramos evidenciar a existncia dos grupos que compem a classe pobre na cidade real, apontando os conflitos travados com o poder pblico que tentava exclu-los da rea central, destacando as mudanas e permanncias de prticas polticas na Municipalidade durante a primeira repblica e o perodo varguista. Sendo assim, partimos das anlises dos discursos oficiais e jornalsticos sobre a cidade e seu processo de modernizao, percebendo as intenes dos peridicos locais (Correio de Ilhus e Dirio da Tarde) de criminalizar ou at mesmo silenciar a populao pobre tida como mal afamada, em contraste com a exaltao das mudanas adotadas pela municipalidade quanto a organizao do espao pblico e a regulao dos comportamentos dos muncipes; com o objetivo de formular a representao de uma cidade tida como sinnimo de progresso e riqueza e estabelecer uma memria para a mesma. Contudo, a partir da leitura de Romances do escritor regional Jorge Amado ambientados na urbe, como So Jorge dos Ilhus [1944], Gabriela Cravo e Canela [1958], entre outros, observamos distintas maneiras de representar a cidade e sua populao, captamos o olhar do autor sobre todo esse processo pelo qual Ilhus ava naquele momento, entramos em contato com as contradies provenientes do processo de modernizao e podemos visualizar diferentes atores sociais que compunham a cidade como os trabalhadores urbanos em geral (carroceiros, quituteiras, leiteiros, lavadeiras, cozinheiras, estivadores, prostitutas, etc.), mendigos, loucos, vadios, meninos de rua e demais sujeitos que levavam uma vida considerada transgressora e foram silenciados da memria histrica local.
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Natlia do Carmo Louzada (Instituto Federal Goiano)
Lugares da diferena: o tombamento federal de terreiros de candombl em Salvador
Resumo:Entre os anos de 1984 e 2018 foram homologados no ...
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Resumo:Entre os anos de 1984 e 2018 foram homologados no Brasil onze tombamentos federais de terreiros de candombl, contemplando as trs mais expressivas tradies tnicas desta religio. A primeira destas patrimonializaes resultou de uma intensa mobilizao social que, criticando o carter eurocentrado do conjunto de bens do patrimnio cultural nacional, afirmava o valor e os significados do candombl no mbito da histria da Bahia e da cultura afro-brasileira como um todo. Embora a grande maioria do dos bens culturais preservados pelo SPHAN at ento privilegiasse as cidades aurferas mineiras, bem como as cidades de Salvador, Rio de Janeiro e o estado de Pernambuco, em suas relaes com o perodo colonial, o patrimnio religioso catlico havia sido o alvo majoritrio destas patrimonializaes. Nesse sentido, a Casa Branca do Engenho Velho da Federao seria celebrada, em 1984, como o primeiro bem cultural afro-brasileiro a ser nacionalmente reconhecido. Contudo, ainda que o tombamento deste terreiro considerado pela tradio nag da Bahia como o mais antigo do pas - tenha imposto uma ruptura tradio de preservao do SPHAN necessrio destacar que o recurso ao instrumento do tombamento foi motivado, sobretudo, pela vulnerabilidade daquela comunidade religiosa frente ameaa de despejo feita pelo proprietrio legal da rea em que historicamente se estabelecia o terreiro. No obstante, apenas quatorze anos depois, em 1999, seria aprovado o tombamento de um outro terreiro pelo rgo federal de preservao. Mais uma vez, mediante o avano da especulao imobiliria sobre a rea do templo em Salvador. Posteriormente, outros cinco terreiros foram tombados na capital baiana, em sua maioria resistindo a empreendimentos imobilirios, graves problemas graves de infraestrutura, ou situaes de intolerncia religiosa. Assim sendo, a presente comunicao se prope a matizar as tessituras do patrimnio cultural da cidade de Salvador a partir do estudo dos processos federais de tombamento de terreiros de candombl na capital. Nos interessa abordar o descentramento do protagonismo do Estado frente a agncia dos diversos sujeitos sociais que desejam elaborar os contornos da nao imaginada, a fim de deslocar o debate sobre patrimnio para uma reflexo acerca de suas relaes com a garantia de direitos.
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Robert Moses Pechman (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional/ UFRJ)
Pedagogias urbanas: corpos, mentes e mquinas na cidade
Resumo:
Todos os afetos esto na cidade. dios, paixes,...
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Resumo:
Todos os afetos esto na cidade. dios, paixes, vergonhas, ressentimentos, desejos. O que se quer aqui, pois, investigar, nas diferentes representaes da cidade, como esta responde s mltiplas afetaes que atropelam o homem urbano no seu processo de adaptao modernidade e de re-inveno de si mesmo. Um processo de adaptao marcado por pedagogias que vo desde a marcao do tempo pelos relgios, ando pela disciplinarizao dos corpos e culminando na captura de mentes e coraes, seja pela fico, seja pelas novas formas de racionalidade que invadem o cotidiano e se naturalizamcomo a nova forma de se viver nos aglomerados citadinos.
Trata-se, ento, de pensar a cidade no plano da constituio de um cotidiano, que no deve ser confundido com rotinas e banalizaes. Mas um cotidiano que reinventa novos modelos de sociabilidade, coisa que exige que o homem se adapte incessantemente s novas formas e s novas maneiras de ser na cidade..
De poros abertos a cidade atrai e captura todos e cada um para novas maneiras de ser na urbe onde a insconstncia do ser cede cada vez mais s cristalizaes coaguladas numa pedagogia que a tudo quer circunscrever .
Chamarei essa pedagogia de inveno. inveno porque uma criao da cultura que visa atualizar o repertrio de sentidos que a cidade perfaz toda vez que seu sistema de socialidade colapsa. Nesse momento preciso reinventar a vida urbana. Mas como faz-lo diante da presena na cidade de todo tipo de maquinrio que vai do bonde mquina de escrever? No se trata apenas de mquinas inertes pois elas so penetrantes no cenrio urbano. Elas transtornam e transformam esses cenrio modificando profundamente as noes de tempo e espao obrigando a reconfigurao do ser e do estar na cidade. As invenes dizem respeito, portanto, a uma espcie de doao de novos sentidos, alanvancados pelas mquinas, interpretao do viver urbano.
A compreenso de uma sociabilidade atravessada pelo entrecruzamento de mquina/corpo talvez se explicite a partir do conceito de Conforto. Se genealogicamente essa concepo nasce da desarticulao entre a moradia do cidado e a cidade, historicamente essa noo de Conforto legitima a aceitao da mquina como parte integrante e incontornvel da vida urbana da modernidade. No entanto, essas mquinas no so apenas materialidades, elas encarnam vividamente o novo "esprito do capitalismo que apontar para novas formas de viver em cidade.
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Thas Troncon Rosa (PP)
Urbanidades liminares: dinmicas socioespaciais nas margens da cidade. Apontamentos de uma pesquisa coletiva em Salvador BA.
Resumo:O artigo apresenta investigaes em curso em Salva...
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Resumo:O artigo apresenta investigaes em curso em Salvador/BA, a partir das quais prope-se pensar as cidades e o urbanismo a partir de margens e limiares, perscrutando dimenses socioespaciais e os meandros da conformao de distintos regimes de urbanidade a serem considerados analtica e politicamente. Partindo da crtica a abordagens totalizantes e dicotmicas sobre a cidade que vigoram em parte dos estudos urbanos, entende-se que a delimitao normativa do que seria "a cidade" e, consequentemente, o seu "avesso", estabelece fronteiras socioespaciais que deixam escapar a complexidade de relaes que conformam, na prtica, a prpria cidade e as experincias urbanas contemporneas. Nesse sentido, margens e limiares, tomados como perspectiva epistemolgica e poltica, so pensados no como espaos fixos, mas como zonas mveis, continuamente redefinidas, evidenciando sua dimenso processual e relacional.
Dotar de historicidade os processos de produo popular que constituem a maior parte da cidade de Salvador (cuja dimenso racial incontornvel, ancorados que esto nos violentos escombros da escravido no pas), implica em repensar tambm os modos duais a partir dos quais os espaos de moradia e vida cotidiana dos pobres na cidade foram construdos social, poltica, jurdica e academicamente no pas, a partir de referenciais exgenos traduzidos s realidades do sudeste brasileiro: centro/periferia; favela/asfalto; cidade formal/cidade informal. dessa perspectiva que nos valemos do pensar por margens e limiares, buscando apreender formas mais complexas desse desenho das desigualdades no espao urbano para alm de categorias auto-explicativas (como excluso) ou que qualificam pela negao (informalidade, anomia).
Tais reflexes se ancoram em pesquisas situadas em diversos territrios em Salvador, as quais tm explorado, metodologicamente, a articulao entre dimenses histricas e etnogrficas. No h um recorte espacial especfico: a construo dos campos da pesquisa se estabelece em dilogo com outras aes, a partir das quais so tomadas como ponto de partida trajetrias urbanas e territorialidades nas quais vnculos foram sendo estabelecidos o que envolve confrontar empiricamente margens e processos de produo de urbanidades em diversas localidades da cidade.
Espera-se estabelecer uma reflexo ampliada sobre dinmicas de produo do que denominamos urbanidades liminares, investigando aproximaes e disjunes entre saberes e dispositivos tcnicos de planejamento e gesto urbana (e social) e saberes, prticas e narrativas de produo de cidade e urbanidade em ato, alargando e fortalecendo campos de reflexo crtica que se somem aos ainda escassos estudos urbanos que vm se atentando existncia de mltiplas maneiras de fazer cidade.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Aleida Fontoura Batistoti (UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Trabalhadores de rua na Salvador do sculo XIX: De quem estamos falando?
Resumo:O espao urbano da cidade de Salvador/BA, em parti...
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Resumo:O espao urbano da cidade de Salvador/BA, em particular a rua e os espaos pblicos, palco para o trabalho informal de diversos soteropolitanos. Este estudo alicera-se nesta premissa e busca suscitar elementos para a compreenso dessa prtica laboral, que se manifesta historicamente na referida cidade, e de seus atravessamentos na cidade contempornea. Esta prtica de trabalho, que ao longo do tempo foi sendo moldado, carrega consigo um enorme peso histrico, uma vez que reverbera uma herana do modelo de colonizao escravocrata, a qual mostra-se refletida na sociedade, nas aes e nos modos de trabalho ainda presentes na contemporaneidade. Assim, exprime-se o reflexo da escravido que foi vivenciada no ado, perodo profundamente marcado por uma estrutura social imutvel, em que as diferenas raciais e sociais eram extremamente evidentes e devastadoras. Ento, desde o sculo XIX, este modelo de trabalho informal ou a se inserir nas ruas de Salvador: negros e negras, escravos e ex-escravos, aram a ocupar as ruas da cidade para realizao de seus trabalhos. O ofcio aqui evidenciado se reproduz por meio do trabalho informal, de rua, em que se faz presente na histria da economia urbana de Salvador desde tempos remotos at os dias atuais. Esses trabalhadores so pessoas constantemente invisibilizadas perante a sociedade, mesmo estando to presentes nos espaos urbanos. As disputas e tensionamentos tambm so fatores que atravessam e interferem o dia-a-dia desses trabalhadores no seu contexto de trabalho: retrato do ado que deixou marcas significativas, tentativas de ordenamento e categorizao, regulao e represso, em sua maioria, praticados pelo poder pblico, por meio de seus agentes de fiscalizao. Os produtos comercializados pelos trabalhadores so diversificados: alimentcios, bebidas em geral, eletrnicos, utilidades, dentre outros. Nesse processo de movimentao constante, eles se apropriam dos espaos pblicos produzindo e sendo produtos das trocas urbanas e sociais. Os trabalhadores de rua permeiam e recriam as ruas de Salvador, se munem com seus instrumentos de trabalho frutos do poder de adaptabilidade adquirido com a evoluo social dessa classe trabalhadora e aplicam originalidade ao se apropriarem desses instrumentos aplicando usos distintos conforme a necessidade que se impe. Este estudo encontra-se em andamento, parte da pesquisa Urbanidades Liminares: moradia e dinmicas socioespaciais nas margens da cidade. A partir da pesquisa pretende-se aprofundar o entendimento das dinmicas socioespaciais dos trabalhadores de rua, por meio da insero em campo.
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Anna Maria Litwak Neves (UFPE)
Os desafios enfrentados pelos trabalhadores da Companhia de Tecidos Paulista no o aos servios pblicos, em meio a um sistema de fbrica com vila operria (1940-1950).
Resumo:A Companhia de Tecidos Paulista (CTP) se consolido...
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Resumo:A Companhia de Tecidos Paulista (CTP) se consolidou, entre os anos 1940 e 1950, como um importante complexo txtil regional, sendo considerado um dos maiores do pas durante a primeira metade do sculo XX. Seus domnios no se limitavam apenas ao municpio do Paulista (PE), abarcando uma extensa rea territorial que mesclava outras cidades, zonas rurais e urbanas, bem como longas faixas litorneas. A propriedade da quase totalidade das terras permitia aos empresrios o controle no apenas sobre a questo da moradia dos trabalhadores, submetidos a um sistema de fbrica com vila operria, como tambm dos espaos de sociabilidade e lazer. Mais do que isso, a empresa detinha, de forma implcita, o poder de determinar o o da populao local ao sistema educacional e aos demais servios bsicos essenciais, uma vez que a construo de prdios pblicos no mbito de um territrio empresarial se tornava um desafio at mesmo para o poder estatal. Nesse nterim, surgiram conflitos entre o Governo Estadual e a istrao da CTP, embates esses que se intensificaram durante o Estado Novo, na interventoria de Agamenon Magalhes (1937-1945), e peraram o perodo aps a Segunda Guerra Mundial. Os debates em torno dessas questes eram marcantes, sobretudo, nas discusses dos deputados no mbito da Assembleia Legislativa (ALEPE). Se por um lado a construo de escolas e postos de sade eram essenciais para atender a uma populao que ultraava os 40.000 habitantes no incio dos anos 1950, por outro lado a posse das terras nas mos de uma pessoa jurdica suscitava, na esfera parlamentar, discusses sobre a desapropriao de terras para o interesse pblico, especialmente aps a promulgao da Constituio Estadual de 1947. Esse trabalho tem por objetivo analisar os impactos negativos, para o operariado da CTP, da vida em uma cidade operria, especialmente no que concerne s dificuldades de o aos servios pblicos. Tambm pretendemos perceber de que formas o poder estatal comeou a penetrar nos meandros de Paulista a partir do final dos anos 1940, se utilizando de projetos de leis e de negociaes com a Companhia. Para tanto, utilizaremos como fontes principais, sobretudo, os anais da ALEPE e as notcias de jornais, com destaque para a Folha do Povo e o Dirio de Pernambuco.
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Jiani Fernando Langaro (UFG - Universidade Federal de Gois)
As mulheres e as lutas por infraestrutura urbana na periferia de Toledo-PR (dcadas de 1980 e 1990)
Resumo:Toledo, cidade agroindustrial com pouco mais de 12...
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Resumo:Toledo, cidade agroindustrial com pouco mais de 120 mil habitantes, situada prximo fronteira com o Paraguai e Argentina, viveu, durante as dcadas de 1970 e 1980, um crescimento acelerado de sua populao. Os novos moradores, em sua maioria vindos do campo, para ali se dirigiam em busca de emprego, aps terem suas permanncias no meio rural inviabilizadas pelas transformaes agrrias empreendidas pelos projetos de desenvolvimento da ditadura, geradores de concentrao fundiria e do fechamento de postos de trabalho para agricultores no-proprietrios.
Prximo s agroindstrias da cidade, com notvel destaque para o entorno da planta industrial da Sadia, novos bairros surgiram, em sua maioria, fruto de empreendimentos imobilirios privados. Trabalhadores de diferentes categorias reuniam suas economias e adquiriam terrenos para construir suas casas, geralmente adquirindo construes de madeira, ociosas no meio rural, que eram transportadas para os novos bairros. Entretanto, esses locais eram carentes de infraestrutura urbana, como rede de gua e energia eltrica, transporte pblico e pavimentao das ruas.
Diante de tais adversidades, nas dcadas de 1980 e 1990, foram fortes os movimentos sociais de luta por melhorias urbanas na periferia da cidade, cuja particularidade era o foco na reivindicao de infraestrutura urbana, e no na luta pelo o ao solo urbano. Auxiliados pela igreja catlica e por partidos de esquerda, moradores se organizaram por meio das diretorias das capelas e das associaes de moradores, para obter do Estado as melhorias que demandavam.
Nesses movimentos, a presena feminina era constante e fundamental, tendo as mulheres atuao destacada, tanto nas mobilizaes como no dia a dia das entidades que organizavam as lutas por direitos. Entretanto, as memrias construdas e realimentadas pelos remanescentes desses movimentos costumam lembrar com destaque a atuao masculina, apoiando-se no fato dos homens geralmente ocuparem com exclusividade os cargos de diretores das associaes de bairro, reduzindo as mulheres a meros coadjuvantes.
Visando problematizar essas memrias, lanamos mo da histria oral e dialogaremos com as trajetrias de trs mulheres, Lecdia, Maria e Aparecida, moradoras, respectivamente, dos Jardins Panorama, Alto Alegre e Amrica. Com base em suas lembranas e narrativas, observaremos o espao e o protagonismo que elas reservam e reivindicam para as mulheres nas recordaes desses movimentos sociais, bem como tentaremos dar visibilidade s formas crticas com que observam as relaes sociais e de poder estabelecidas na cidade.
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Jos Humberto Carneiro Pinheiro Filho (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
O sexo da cidade: espaos e corpos da prostituio em Fortaleza na primeira metade do sculo XX
Resumo:A cidade de Fortaleza iniciou o sculo XX com uma ...
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Resumo:A cidade de Fortaleza iniciou o sculo XX com uma populao de mais de 48.000 habitantes, chegando aos anos 1940 com quase quatro vezes mais esse nmero, atingindo um ndice de 180 mil pessoas. Nessas primeiras dcadas, a gesto municipal alterava o desenho do chamado permetro urbano, criando ruas, avenidas, praas, e regulava suas ocupaes e construes, tentando padronizar as edificaes de residncias e prdios comerciais, principalmente na rea mais central. Tambm nesse perodo, certos usos de corpos e espaos na cidade emergiam como problema em discursos e prticas. Um deles foi nomeado e classificado de localizao do meretrcio. Uma articulao de formas materiais e no materiais, textuais e no textuais para nomear, classificar e gerir corpos e espaos como prostituio na primeira metade do sculo XX em Fortaleza configurou-se em textos jornalsticos, reclamaes na imprensa, registros jurdicos, istrativos e aes policiais. Penso essa articulao discursiva e no discursiva a partir da hiptese de um funcionamento da cidade pornotpica, como classificaes dos usos dos corpos e dos lugares do chamado comrcio sexual e sua produo de noes de (des)ordem urbana e de subjetividades numa relao de corpos e espaos da sexualidade na e como cidade. A paisagem urbana se inscreveria como relaes de corpos e espaos que seriam definidos como opostos, como contrrios irredutveis. A casa de famlia no seria a casa da prostituio, o comrcio de bens e servios, inclusive de servios tambm realizados com o corpo, no seria o chamado comrcio do sexo, o quarteiro de famlia no deveria ser o quarteiro de prostitutas. Com essa perspectiva, pretende-se contribuir para pensar a histria de um espao urbano como uma tecnologia do sexo, como dispositivo da sexualidade, com suas configuraes legais, normativas e tcnicas na constituio de visibilidades, dizibilidades e significados sexuais nas prticas urbanas (ou como prticas urbanas). Os sujeitos classificados nessa cidade pornotpica poderiam se refazer (escapar) colocando-se em outras definies de trajetrias ou mesmo de classificaes, como subjetividades que no seriam (ou no seriam exclusivamente) de prostitutas, por exemplo, no se reconhecendo nessas disposies, e espaos que seriam reconhecidos como estabelecimentos comerciais ou quartos para dormir, e no prostbulos.
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Jlia de Arajo Bernardes (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
No o do Frevo e ao som do Maracatu: Uma anlise histrica-antropolgica das agremiaes carnavalescas Banhistas do Pina e Encanto do Pina e o processo de urbanizao do bairro do Pina
Resumo:Observar as transformaes socioespaciais ocorrida...
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Resumo:Observar as transformaes socioespaciais ocorridas nos processos urbansticos, atravs da tica das culturas populares, constitui um campo fecundo para a anlise de como se ordena e se opera a dinmica da cidade. As territorialidades e (re)configuraes dos espaos ligados s camadas de baixa renda, especificamente s fraes produtoras e praticantes de formas de expresso cultural, so fortemente influenciadas pelo crescimento das cidades e pelos processos urbansticos que nelas ocorrem. Com base em pesquisa de campo realizada na Ilha do Bode, no bairro do Pina, Recife, este trabalho pretende analisar e discutir como duas agremiaes carnavalescas sediadas nessa comunidade, o Bloco Banhistas do Pina (1932) e o Maracatu Encanto do Pina (1980), majoritariamente formadas por pessoas pobres e afrodescendentes, afetadas direta e indiretamente pela especulao imobiliria e elitizao do espao, encontram formas especficas de vivenciar e de resistir a essa situao de tenso e conflito urbanos. A trajetria histrica destes grupos est estritamente ligada histria da urbanizao desta localidade, com a qual e a partir da qual criaram razes identitrias, estabeleceram vnculos, relaes e estratgias de enfrentamento dos desafios cotidianos mediante a realidade do bairro, que se modificam cada vez mais diante de tais transformaes segregacionistas. Ao observamos o processo histrico de formao e de crescimento da cidade do Recife, o bairro do Pina chama a ateno, primeiramente, por ser uma rea que ou por diversas e profundas transformaes socioespaciais em um perodo de tempo relativamente curto. Historicamente marcado por ser local de moradia de trabalhadores braais e de pescadores, habitando em mocambos, palafitas, favelas e algumas poucas casas de alvenaria, as terras localizadas na rea estuarina do Pina, com suas praias e manguezais, foram por muito tempo vistas negativamente pelos recifenses. Atualmente, o bairro tem um dos metro-quadrados mais caros da cidade. As remoes, impactos e ausncias que estes dois grupos enfrentam trazem impactos socioculturais profundos. Nota-se que, a partir das agremiaes das quais participam e das manifestaes culturais que produzem, esses atores relacionam-se com as demais classes e grupos socioculturais, desenvolvem formas alternativas de integrao vida coletiva na cidade, constroem seus prprios simbolismos e buscam reconfigurar os espaos urbanos em que habitam ou com os quais convivem dia-dia. A importncia deste estudo histrico-antropolgico se d, principalmente, pela busca do entendimento de como uma comunidade afrodescendente de baixa renda, organizada em torno de agremiaes carnavalescas tradicionais, resiste aos impactos urbanos, alm de buscar reconhecimento social e cultural.
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Philippe Arthur dos Reis (Universidade Estadual de Campinas)
Belas, nada recatadas e do lar: as proprietrias de casas e o desenho urbano da cidade de So Paulo (1906-1915)
Resumo:Assim como outras cidades do final do sculo XIX, ...
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Resumo:Assim como outras cidades do final do sculo XIX, So Paulo experimentou intensas transformaes em sua materialidade urbana, sobretudo no aumento de casas que atendiam a constante chegada de imigrantes e nacionais que ali aram a residir. A intensa fiscalizao municipal, realizada por seus tcnicos, engenheiros e arquitetos, e respaldada por uma ambgua legislao produzida por diferentes vereadores, recaa sobre as novas e velhas construes da cidade, resultando em um espao que se desejava que fosse ordenado, so e limpo, ante o medo da intensificao de doenas e ao mesmo tempo orientava que certos estratos sociais ocuem determinados bairros da cidade. Neste ponto, os setores mdios ganharam relevncia, pois foram os sujeitos que tiveram grande destaque no investimento da cidade que mais cresce no mundo, segundo os letreiros de bondes que circulavam na primeira metade do sculo XX.
De profissionais liberais a funcionrios pblicos, os setores mdios investiram grande parte de suas rendas no mercado imobilirio rentista, produzindo bairros inteiros, ao contrrio do que foi proposto por uma parte da historiografia que apontou que So Paulo foi uma cidade produzida e enriquecida apenas pelo dinheiro de grandes cafeicultores e industriais. Ao analisar os requerimentos e memoriais de construo, junto com os desenhos tcnicos produzidos em grande parte por construtores no diplomados, percebemos que as mulheres tiveram uma destacada presena no seleto grupo de empresrios da habitao paulistana, pois eram proprietrias que dialogavam diretamente com os inquilinos e profissionais da cidade, conheciam os meandros do jogo institucional da urbanizao, e sobretudo istravam suas propriedades, vendendo e alugando boa parte dos imveis que foram edificados na capital paulista entre o final do sculo XIX e princpios do XX. A partir das observaes de Peter Gay sobre a educao dos sentidos da sociedade moderna, e suas relaes com a formao do urbanismo como disciplina acadmica e prtica poltica formulada por Franois Bguin, propomos aprofundar algumas das portas abertas por Stella Bresciani no que compete produo material da cidade de So Paulo, com ateno a seus agentes produtores e consumidores, de modo que determinados grupos, como o das mulheres e dos setores mdios, ganhem evidncia nas discusses histricas e historiogrficas sobre as cidades.
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Rosenilda Ramalho
GERADORES DO SERTO URBANO: Discursos progressistas na urbe caicoense (1954-1969)
Resumo:A cidade tomada como foco de disputas de poderes, ...
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Resumo:A cidade tomada como foco de disputas de poderes, herdeira dos tempos coloniais, a necessidade de fiscalizar os espao citadino e sua populao em funo de interesses individuais e do Estado, ela precisaria ser dominada, tendo os sujeitos citadinos seus corpos controlados e impostos as regras da urbe.
Um dos, ou seno o primeiro, dispositivo de controlar a cidade do final do sculo XIX, como aponta a historiadora Maria Izilda Matos, foi o higinico-sanitarista. Atravs do olhar mdico conjugado ao/observao/transformao do engenheiro e interveno de um Estado planejador/reformador, pretendia de todos as formas neutralizar e embelezar espaos urbanos. Assim, os caminhos percorridos por cada cidade, desde a elaborao de posturas municipais, cadastros, projetos e plantas, at a efetivao das primeiras mudanas nas suas reas centrais, seguiam quase um ritual, muito embora variassem de acordo com as condies econmicas, polticas e sociais locais ou regionais da poca (SOUSA, 2001).
Avanamos ento nesse texto apresentando a cidade de Caic entre os anos de 1954 1968; localizada no serto do Rio Grande do Norte. Escolhemos delimitar o recorte temporal, pois vai ser durante esse perodo que circulou na cidade o peridico A Flha, nele as transformaes do espao pblico aparecia como um dos principais focos dos governantes municipais, afinal, uma cidade que almejava o progresso precisava investir no espao urbano. O jornal A Flha era elaborado por representantes da elite caicoense, os textos eram bem enfticos, orgulhavam-se de serem uma cidade alicerada nos discursos progressistas, composta e entrelaada por sonhos de uma cidade ideal, bela e civilizada em seus objetos espaos e prticas sociais.
Os espaos do peridico se constituam em uma ambincia adequada para o destaque de uma elite local, que se promovia enquanto adepta aos discursos modernistas e partidria dos valores tradicionais do hercleo caicoense, exemplo fiel de homem forte, arguto e viril a ser seguido. Os novos costumes e formas de conduta vo tentar ser difundidas pelas elites, expandindo-se de forma diferente e ganhando novos sentidos, atingindo homens e principalmente as mulheres.
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Yasminn Escrcio Meneses da Silva
Das margens: as transformaes na cidade de Teresina-PI, sob o olhar de suas lavadeiras (Dcada de 1970)
Resumo:Teresina, capital do Piau, banhada pelos rios Pot...
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Resumo:Teresina, capital do Piau, banhada pelos rios Poti e Parnaba, agregou em suas margens inmeras mulheres que sem condies financeiras para manter a si e sua famlia, encontravam nos rios uma forma de trabalho lucrativa e fcil de ser mantida, a lavagem de roupas. Na dcada de 1970, foi constante o aumento do nmero de mulheres nas margens dos rios para executar tal tarefa, como parte dos resultados da forte migrao que se tornou frequente nos anos que sucederam o chamado perodo do milagre econmico dos governos militares, ampliando o nmero de pessoas sem renda e sem perspectivas nas capitais brasileiras em busca de melhoria de vida. Teresina, vivendo nesse perodo uma constante transformao em suas estruturas fsicas, produzidas pelo ento progresso, buscou viabilizar meios estruturais para enfrentar a necessidade de organizao, higiene e esttica causada pela utilizao dos rios como meio de trabalho por mulheres pobres. Assim, buscamos analisar por meio dessa pesquisa, apoiados na metodologia da Histria Oral, compreender como as lavadeiras, em seu lugar social, que so os rios da cidade, e posteriormente a lavanderia comunitria criada pelo governo estadual, perceberam as transformaes da cidade, pautadas por um discurso desenvolvimentista, mediante as melhorias da qualidade de seus servios e o incessante aumento na procura pelo mesmo, incentivadas pelos rgos sociais do governo. O entendimento de progresso para os sujeitos envolvidos na pesquisa revela-se dentro de uma aceitao e adaptao, esta em relao s aes intervencionistas que resultaram nas modificaes estruturais da trama urbana. Dentro dessa perspectiva necessrio compreender que atravs dos relatos orais, na qual obtemos uma ideia de como as mulheres que lavavam roupas nos rios se enxergavam, e por meio dessa viso, como buscavam meios de engrandecer seus servios, j auxiliados pela lavanderia comunitria, ao oferecer um ambiente de trabalho diferente dos que j haviam sido habituadas. Com os novos locais de trabalho, a procura pelo servio aumentou, no entanto, os ganhos obtidos com as lavagens no cresceu to fortemente, mudando pouca coisa em relao a renda das lavadeiras. Verificou-se ainda, uma perceptvel transformao em seus hbitos e habituais mtodos de lavagem, que diferentes dos utilizados s margens dos rios, considerando que as mesmas j no necessitavam disporem-se na beira dos rios, nem ao sol escaldante, que perdurava desde o amanhecer, at o anoitecer. Na lavanderia comunitria percebe-se que a situao da lavadeira melhorou significativamente, principalmente em relao a uma maior preocupao com a sade, segurana e comodidade das lavadeiras, que aram a ser presentes em sua nova rotina.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Eduardo Matos Lopes (Prefeitura Municipal de Parnamirim)
Corpos e espaos excludos: a moderna sociedade natalense e o Leprosrio So Francisco de Assis na dcada de 1930
Resumo:A finalidade deste trabalho compreender a rela...
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Resumo:A finalidade deste trabalho compreender a relao entre o Leprosrio So Francisco de Assis e a sociedade natalense na dcada de 1930, pensando o prprio leprosrio como um espao de excluso social, fruto da modernidade da poca, associando s discusses sobre o corpo, a cidade e as instituies mdico-hospitalares na poltica higienista e sanitarista de Getlio Vargas. Em Natal, a implantao de diversas instituies, dentre elas o leprosrio, explicita adoo de prticas sanitaristas. A construo dessa instituio ocorreu em meados da dcada de 1920 e com ele, pretendia-se dotar o Rio Grande do Norte de um espao modelo para tratamento dos leprosos. A meta era construir uma microcidade, com as caractersticas de uma estao de recreio, com ambiete aprazvel, dotada de toda uma infraestrutura de que necessitavam os confinados. A partir da segunda metade do sculo XIX, a ideia de modernidade surgida nos pases europeus trouxe para o Brasil novos ideais de limpeza, tanto no mbito higinico como no social e a modernidade proporcionou muitas mudanas nos espaos citadinos. Tais mudanas estavam associadas industrializao, ao tratamento dado ao corpo, gua, ao lixo e aos esgotos. Era necessrio cuidar para que a evacuao dos dejetos no meio ambiente, no charco, no rio, na rua, no fosse mais possvel. Com isso, ocorreu o saneamento desejado que culminou em uma viso geral dos comportamentos sociais. No Brasil, o governo de Vargas aderiu a um programa de melhoramento de sade pblica, uma vez que j havia um modelo internacional. As medidas proporcionaram melhoria das condies sanitrias das cidades, bem como dos seus moradores e foram associadas ao novo conceito de modernidade. Muitos historiadores se debruaram para entender as relaes entre corpo, dejetos, odores, espao e cidade. Na Europa, o movimento sanitarista pregou a limpeza da gua e a boa drenagem, assim como a higiene fsica e moral, ocasionando sinais de patologia dos odores que redobravam os da patologia urbana, cujo enfraquecimento da tolerncia conduzia a uma dupla transformao: uma retirada do indivduo que se isolava para a toalete e a defeco, o banheiro dissimulado, o manejamento privado e individualizado das guas; ao mesmo tempo, uma luta contra os fedores inissveis. Era necessrio ventilar, desinfetar, drenar e irrigar, lavar as cidades e os homens, deixar as cidades limpas e corpos controlados. Em Natal no foi diferente, e diante destas preocupaes, aos poucos surgiram relatos dos problemas citados, em que a soluo seria higienizar a cidade. Entretanto, na maioria das vezes, as mazelas no eram as doenas, mas os doentes.
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Gabriel Luz de Oliveira (UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto)
Os eflvios do progresso: embates entre tradio e modernidade na proteo do patrimnio urbano de Mariana (Minas Gerais)
Resumo:Atualmente, so comuns entre os viajantes que perc...
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Resumo:Atualmente, so comuns entre os viajantes que percorrem as ruas de Mariana, os discursos que descrevem a beleza de parte de sua paisagem urbana. Tambm so corriqueiras as narrativas produzidas em torno da necessidade e da importncia da preservao da mesma. Tais compreenses dos espaos urbanos oriundos das cidades pr-industriais s foram possveis por intermdio das aes de patrimonializao conduzidas no Brasil de forma sistemtica a partir da dcada de 1930. Contudo, a despeito da existncia de uma profcua produo oriunda de diversos campos disciplinares voltados para essas questes, tm prevalecido as leituras esttico-estilsticas do patrimnio urbano, as quais acabam sendo utilizadas como um meio de perpetuar narrativas que privilegiam uma construo histrica bastante eurocntrica. A obsesso da sociedade contempornea pelas imagens, o caos urbano vivido nas cidades ps-industriais e o acirramento nas relaes sociais nas metrpoles so outros fatores que podem ter contribudo para reforar uma leitura nostlgica de determinados espaos, principalmente as reminiscncias das cidades pr-industriais mineiras do sculo XVIII, como lugares harmnicos e buclicos, em cuja composio haveria uma integrao entre as pessoas, a natureza e a arquitetura. As paisagens das cidades coloniais so, no entanto, resultado da violncia generalizada contra as populaes amerndias e negras, expatriadas, violentadas e escravizadas e, alm disso, consequncia no apenas do seu trabalho fsico compulsrio, mas, produtos de sua agncia poltico-social. A produo historiogrfica que tem se debruado sobre os modos de formao do tecido urbano de Mariana tem evidenciado a fluidez da composio social na ocupao do seu territrio. A comunicao que ora se apresenta tem como proposta tratar de aspectos do processo de transformao do espao urbano de Mariana no perodo entre 1965 ano de implantao da primeira empresa de extrao mineral no municpio, no contexto de um novo cenrio econmico e 1988 ano da promulgao da atual Constituio que estabeleceu novos fundamentos para a urbanizao e tambm para a preservao do patrimnio cultural. Pretende-se olhar sincronicamente tanto para as medidas de preservao quanto para os processos que provocaram a expanso desordenada da cidade. Procuraremos, dessa forma, evidenciar as tenses entre valores culturais e econmicos e entre tradio e modernidade na complexa realidade da cidade contempornea. Este trabalho apresenta resultados preliminares da pesquisa conduzida pelo autor no Mestrado em Histria no Programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade Federal de Ouro Preto. Conta com financiamento da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior e da referida instituio de ensino.
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Helterson Ribeiro da Silva Leite (USP - Universidade de So Paulo)
O espao pblico em disputa: a configurao do espao pblico na rea do Baixo Augusta - So Paulo
Resumo:O objetivo deste texto discutir o percurso hist...
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Resumo:O objetivo deste texto discutir o percurso histrico das disputas que vem conformando o espao pblico da rea do Baixo Augusta, na cidade de So Paulo. A rea do Baixo Augusta situa-se no distrito da Bela Vista, contguo ao centro tradicional e histrico da cidade de So Paulo e vem se caracterizando, desde meados da dcada de 1950, como um importante espao de sociabilidade, sobretudo de lazer noturno de grupos marginalizados, como homossexuais, prostitutas etc. A pesquisa analisou, atravs de uma reviso bibliogrfica e historiogrfica, a constituio desta rea da cidade enquanto este espao de encontro e convvio de grupos marginalizados, com vistas a refletir acerca do atual processo conflitivo que se instaurou na rea, a qual ou a ser alvo das aes do mercado imobilirio, que tem transformado as caractersticas fsicas e simblicas, deste espao, e intensificado o processo de excluso destes grupos marginalizados, atravs da mercantilizao de todos os nveis de sociabilidade e da espetacularizao do espao pblico, que a a ser consumido e frequentado por outro grupo social, com caractersticas socioeconmicas distintas. Nesta anlise, revelou-se que o conflito entre os diversos grupos sociais na disputa pelo espao era uma caracterstica que sempre esteve presente ao longo das dcadas, alterando as formas de mediaes e resoluo dos conflitos, refletindo sua dimenso democrtica, visto que a democracia deve ser entendia enquanto o trabalho contnuo e permanente sobre os conflitos. Contudo, quando este conflito ou a ser manipulado pelas aes de agentes econmicos mais amplos, a saber, os agentes do mercado imobilirio, a disputa tornou-se desequilibrada, na medida em que diversos imveis foram comprados e transformados em torres residenciais de mdio e alto padro ou convertidos em estabelecimentos comerciais destinados para as camadas de mais alta renda. De modo associado, houve a explorao das caractersticas simblicas dessa rea da cidade, notadamente um espao de lazer noturno destinado para um pblico de cultura urbana underground, ainda que as transformaes materiais da rua estejam, paulatinamente, alterando tal caracterstica, quando estabelecem novas relaes entre o espao pblico e o espao privado, as quais so pautadas, sobremaneira, pela insero de muros, grades e equipamentos de vigilncia, o que inibe as antigas apropriaes marginais do espao pblico da rua, que costumeiramente l ocorriam.
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Jos Maria Almeida Neto (Prefeitura Municipal de Maracana)
"Onde j a o bonde": anncios de compra e vendas de imveis em Fortaleza/CE (1880 - 1914)
Resumo:Entre 1880 e 1914, Fortaleza foi servida pelo tran...
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Resumo:Entre 1880 e 1914, Fortaleza foi servida pelo transporte de bondes por meio de trao animal. A concesso feita na dcada anterior Companhia Ferro Carril, funcionou durante 34 anos pelas ruas da capital cearense at ser implantado o bonde por sistema eltrico em 1913, sendo substitudo definitivamente a trao animal no ano seguinte. Nesse perodo, final do sculo XIX e incio do sculo XX, a cidade cresceu em sua materialidade construda e aprofundaram-se as relaes sociais, alm de um aprofundamento nas disputas por espaos na cidades, inclusive de diferenciao. Percorrendo os jornais desse perodo (O Cearense, A Repblica, Jornal do Cear e outros) encontramos diversas notcias relacionadas ao cotidiano da cidade em meio ao trfego de bondes. So acidades, reclamaes, itinerrios e novas demandas, alm desses, os anncios de compra e venda de imveis envolvendo a presena do bonde deixa entrever um importante mercado. A imprensa, alis, longe de ser um meio de registro ivo das aes dos sujeitos pelos espaos urbanos, participa ativamente dessa troca, disputa e construo da cidade. Atravs dos anncios de compra e venda publicados nos jornais, percebemos um interessante mercado de valorizao dos imveis (casas, tabernas, chcaras, stios) pelos quais seus proprietrios am a expor a presena do bonde como atrativo para a compra/venda. Muitas das vezes o bonde se quer ava prximo, mas a expectativa da ampliao da linha para determinado ramal j criava a especulao ou a valorizao no anncio de venda. Cruzando fontes com as dcimas urbanas, imposto predial do perodo e a planta urbana de Adolpho Herbster, acompanhamos alguns desses anunciantes e proprietrios pela cidade junto com seus bens e suas localizaes. Percebemos a riqueza material, os atributos de um imvel para um comprador no sculo XIX, o imaginrio social da poca, o que se levava em conta na hora de comprar um casa e o que os anunciantes previam como oportunidade imperdvel. possvel ainda encontrar uma gama de anncios de estabelecimentos comerciais que am a reconhecer na agem do bonde um meio de atrair os clientes. Esse mercado, que envolve restaurantes, pousadas, teatros e outros tambm analisado nesse trabalho. Por fim, busca-se analisar os anncios como uma possibilidade para entender a trama dos espaos urbanos a partir da insero de meios de transportes coletivos como os bondes de trao animal numa cidade como Fortaleza na virada do sculo XIX.
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Josianne Francia Cerasoli (Departamento de Histria)
Histrias e fronteiras: o local, o global e (ainda) o nacional nos estudos urbanos como uma inveno persistente
Resumo:Dimenses desafiadoras da vida urbana so vivencia...
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Resumo:Dimenses desafiadoras da vida urbana so vivenciadas historicamente em distintas partes do mundo, mobilizando saberes e projetos muitas vezes similares e/ou compartilhados, mas possvel notar na historiografia de diferentes origens a permanncia de um enquadramento regional para os temas urbanos. recorrente um recorte ou uma escala local, muitas vezes apoiado em contextos nacionais para formular hipteses de pesquisa, em perspectiva comparada ou no. A partir desses recortes, uma srie de fatos tm sido comumente interpretados como evidncias para se argumentar acerca de possveis origens ou filiaes para as concepes de cidade e do pensamento urbanstico desde o incio do sculo XX. Mesmo que recentemente se busque sublinhar nuances e contradies visveis nesses encadeamentos quase causais, as interpretaes sobre o urbano registram indcios de persistentes procura por genealogias plausveis para o pensamento urbanstico, sobretudo estudos voltados a espaos tidos como no centrais, como o continente americano. Apesar da difuso de estudos crticos, possvel acompanhar a reiterada referncia a acontecimentos tomados como condies singulares ou marcos iniciais do pensamento urbanstico, notando-se uma expressiva tendncia de se ressaltar o que se denomina como presena estrangeira, seja de profissionais, ideias, modelos e mesmo interpretaes.
Quando se focaliza o urbanismo, referncias presena de profissionais vindos de outras fronteiras praticamente obrigatria, no poucas vezes interpretada como impulso para se desenvolver um pensamento tido como de vanguarda, como ponto de virada para determinadas escolhas ou ainda como validao de uma proposta socialmente polmica. Na primeira metade do sculo XX, a crescente complexidade das questes urbanas se torna um desafio comum a numerosas cidades tambm no continente americano, ao mesmo tempo em que as tenses polticas e culturais com a Europa colonizadora se tornam mais agudas, mas a presena desses profissionais permanece prestigiada, ora entre os prprios colegas, ora nas interpretaes da historiografia (como nas menes a Bouvard, Agache, Corbusier etc.). Todos esses dados apontam para registros e dinmicas importantes na histria do pensamento urbanstico, mas reiteram a fronteira, ou seja, a interao com o elemento estrangeiro de cada um deles, ao mesmo tempo relativizando o papel de pautas e projetos em debate nesse campo profissional. Investigar essa engenhosa inveno que se tornou persistente chave interpretativa na historiografia o desafio deste paper. A tarefa a ser enfrentada ser a de compreender at que ponto possvel abrir mo dos referenciais nacionais e regionais para se problematizar esses processos. Seria efetivamente plausvel uma histria sem fronteiras?
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Rafael Carlos Lima Oliveira (Universidade de So Paulo (USP))
So Paulo progride... mas para quem? Notas sobre a ocupao humana e a lgica capitalista na remodelao do Anhangaba (1877-1917)
Resumo:Tendo como panorama a intensa metamorfose urbana o...
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Resumo:Tendo como panorama a intensa metamorfose urbana ocorrida na cidade de So Paulo durante a virada dos sculos XIX-XX, responsvel por transformar um municpio at ento colonial numa metrpole em ascenso, o presente trabalho se debrua sobre o processo de remodelao do Anhangaba como o entrave decisivo para a modernizao da cidade. Dessa forma, tendo como base a intensa veiculao de indicadores do progresso pelo espao urbano, tomamos como ponto de partida as lacunas presentes nos estudos de referncia sobre a remodelao da regio e elegemos nos debruar sobre uma vertente pouco explorada: o perfil da ocupao humana no territrio e o impacto (ganhos e/ou perdas) que a lgica do progresso trouxe a esses indivduos.
Para tanto, elencamos como frentes de anlise cinco tipos documentais: fotografias realizadas no perodo, que retratam a evoluo do processo de remodelao com satisfatrio grau de detalhamento, com destaque para o acervo da Biblioteca Nacional; plantas das residncias demolidas, que compem o acervo do Arquivo Municipal de So Paulo; jornais veiculados no perodo proposto, com destaque para o acervo do jornal A Provncia de So Paulo; fichas de posse fundirias compiladas por Joo Baptista de Campos Aguirra, pertencentes ao acervo do Museu Paulista; e livros istrativos de grupos escolares localizados prximos a regio do Anhangaba, pertencentes ao Arquivo Pblico do Estado de So Paulo. Este ltimo, compe-se como um conjunto documental indito para estudar a ocupao humana na cidade de So Paulo, inexplorado nos trabalhos de referncia consultados.
Por fim, exploramos brevemente a mudana no carter ocupacional pela qual a regio aria no final do processo de remodelao, com o surgimento de inmeros imveis comerciais de alto padro, voltados a elite, que ocasionaria a perda de sua caracterstica essencialmente residencial. Norteados por essa premissa, as notas aqui apresentadas intentam estimular uma nova vertente analtica sobre o processo que ultrae a questo arquitetnica e urbanstica, principalmente no que tange a anlise dos grandes projetos esquematizados para a regio, e priorize explorar os desdobramentos entre os principais grupos afetados.
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Raissa Campos Marcondes (UNIFESP - Universidade Federal de So Paulo)
Um olhar ao norte: tenses e atuaes sociais nos caminhos do Tramway da Cantareira (1893-1924)
Resumo:O processo de formao de cidades por meio da atua...
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Resumo:O processo de formao de cidades por meio da atuao de distintos grupos sociais tem sido objeto de estudo de pesquisadores de diversas reas, demonstrando as mltiplas conformaes do espao citadino. Na cidade de So Paulo, no final do sculo XIX, as mudanas polticas, econmicas e sociais fomentaram investimentos em infraestruturas que possibilitaram posicionamento de diversos grupos frente s transformaes do territrio urbano, promovendo tenses ocasionadas por distintos interesses e necessidades. Neste contexto, a regio ao norte da cidade, de aspecto rural e produtora agrcola, foi contemplada com a construo da linha frrea Tramway da Cantareira, utilizada inicialmente para o transporte de materiais para construo dos reservatrios de gua na Serra da Cantareira, ando em seguida a ser utilizada como transporte de ageiros, contribuindo para o processo de urbanizao local. A partir de sua implantao, moradores e proprietrios aram a demandar novas melhorias locais e investimento em construes privadas, o qual muitas vezes gerou tenses e imes junto aos poderes pblicos de mbito municipal e estadual. Destarte, buscamos analisar as tenses e relaes estabelecidas entre poder pblico, investidores e moradores da regio servida pelo Tramway da Cantareira entre os anos de 1893, quando a linha frrea foi construda, a 1924, primeiro ano em que os arruamentos das reas suburbana e rural da regio norte aparecem na Planta da cidade de So Paulo. Para isso, usamos como principais fontes os documentos do Arquivo da Cmara Municipal de So Paulo, do Arquivo Histrico Municipal de So Paulo, especificamente as sries de Obras Pblicas e Particulares produzidos pela Cmara Municipal, em que encontram-se atas, anais, ofcios, requerimentos e abaixo-assinados de muncipes, bem como jornais, documentos cartogrficos e iconogrficos do Arquivo Pblico do Estado de So Paulo, onde tambm encontram-se fontes sobre o processo de construo da linha frrea. Com isso, compreenderemos aspectos do processo de infraestruturao e ocupao territorial a partir da atuao social dos grupos supracitados, enfatizando como as formas de participao destes indivduos refletiram na formao do espao de estudo.
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Raquel Oliveira Jordan (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
Melhoramentos em So Paulo na agem do sculo XIX ao sculo XX: instrumentos em negociao
Resumo:Esta comunicao tem por objetivo explorar as nego...
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Resumo:Esta comunicao tem por objetivo explorar as negociaes em torno de dispositivos legais voltados s intervenes urbanas na cidade de So Paulo nas dcadas de 1890 e 1910 focalizando as tenses entre vereadores, tcnicos municipais, profissionais especializados e muncipes que tomaram parte nessas iniciativas.
Neste perodo, a percepo de limitaes materiais da cidade e sua suposta inadequao diante das consequncias do crescimento das atividades urbanas impulsionou debates sobre a apresentao de diversas propostas de melhoramentos. Tendo como foco a rea central de So Paulo, propostas como a do engenheiro-arquiteto Alexandre Albuquerque, dos engenheiros da Diretoria de Obras Municipais Victor da Silva Freire e Eugne Guilhem, do engenheiro Samuel Augusto das Neves pela Secretaria de Estado da Agricultura, Comrcio e Obras Pblicas, do engenheiro Adolpho Augusto Pinto e, por fim, do arquiteto francs Joseph Antoine Bouvard so de modo frequente por parte da historiografia, a exemplo do trabalho precursor de Hugo Segawa (1979), associadas a um momento de virada do urbanismo na cidade, mais consciente, portanto, de conceitos e saberes especializados. Estudos recentes como os de Candido Malta Campos (2002) e Roseli DElboux (2015) voltados ao urbanismo no perodo a partir de planos e intervenes pelos especialistas, no raro, perceberam as negociaes e disputas sobre a cidade de forma negativa, como um desvio essas iniciativas tidas como eminentemente tcnicas e carregadas de um sentido valorativo inquestionvel pela promessa de fornecer solues acertadas aos problemas urbanos.
Sob a guarda do Arquivo Histrico Municipal, os processos de leis desse perodo atestam uma extensa documentao das negociaes sobre essas aes. Embora menos explorados, esses dispositivos legais se voltaram a diversas partes da cidade, contendo mas no se limitando rea central. Bem como formavam iniciativas diversas como obras virias, construo de praas, parques, prdios pblicos entre outros. Configuram iniciativas que so tomadas nessa comunicao como uma forma de evidenciar o modo em que os saberes da cidade teriam sido elaborados e discutidos em negociaes para alm de planos ou propostas de melhoramentos.
Ao focalizar negociaes de dispositivos legais em diversas partes da cidade contemporneas s discusses sobre a rea central, esta comunicao busca indagar as interpretaes sobre o urbanismo centradas em propostas de melhoramentos e na atuao preponderante dos profissionais especializados e que, desse modo, perceberiam as prticas e negociaes do cotidiano da gesto da cidade como algo negativo.
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Vviam Cathaline de Sousa Ferreira (Instituto Dom Barreto)
CIDADE E URBANIZAO: a ousadia de empreender em Teresina na dcada de 1950.
Resumo:RESUMO: Historicizar e viver em uma cidade implic...
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Resumo:RESUMO: Historicizar e viver em uma cidade implica entende-la, ou ao menos, tentar conhece-la em seus mais diversos aspectos, na busca por entender as circunstncias histricas da cidade de Teresina o presente artigo discute a ampliao do espao urbano dessa cidade que a capital do Piau, cidade cujo crescimento espacial, assim como ocorreu com a maioria das cidades brasileiras, est relacionado ao processo de urbanizao que se acentuou na capital piauiense a partir da dcada de 1950. Para tanto, aborda o lanamento do primeiro empreendimento imobilirio horizontalizado construdo margem do espao urbano teresinense denominado de SOCOPO, ocorrido em 1952, ano em que a cidade completava seu primeiro centenrio, tal empreendimento oportunizou tambm que um balnerio fosse construdo em suas dependncias e, dessa maneira, esta pesquisa tambm apresenta o processo que levou aquele espao a ser inserido na lista de lugares de lazer oferecidos aos teresinenses da classe alta. A partir desse exemplo, analisa que a iniciativa privada de vender lotes e aes do balnerio em reas afastadas do ncleo urbano de Teresina, j naquele perodo, exemplifica um incipiente processo de especulao imobiliria, que desde ento visava o espraiamento da malha urbana da cidade para sua direo leste, atualmente a rea cujo solo urbano o mais valorizado no mercado imobilirio de Teresina. Aborda tambm os investimentos estatais empregados na capital (criao de empresas como a guas e esgotos do Piau S.A - AGESPISA e a Centrais Eltricas do Piau S.A - CEPISA) e, desse modo, infere que tanto o Estado quanto o empresariado foram os principais agentes responsveis pela mudana da paisagem urbana de Teresina e os detentores do poder no que se refere a maneira como a cidade vivenciou o processo de urbanizao a partir da dcada mencionada. O artigo se norteia em pesquisas feitas no jornal O Dia, onde foi possvel localizar o material publicitrio do empreendimento em anlise, em fotografias do perodo e no e terico e analtico proposto por uma bibliografia interdisciplinar, a citar FAANHA(2003), RISRIO(2013), CARLOS (2001, 2018), LOHN (2007), DAVIS (1972), SCHIMIDT e FARRET (1986), NASCIMENTO (2007, 2015) e FONTINELES (2015, 20171).
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Ana Mrcia Maciel (UEPB)
UMBUZEIRO: bela, moderna e civilizada?
Resumo:Traar narrativas sobre a experincia humana e sua...
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Resumo:Traar narrativas sobre a experincia humana e suas tramas, que nos faz refletir sobre a arte da escrita, que tanto seduz aos historiadores que mergulham no mar agitado do ado, tentando desvend-lo, compreende-lo, explic-lo, buscando dar sentido aos diversos fios que compe a vida. A cidade um tema que vem ganhando cada vez mais espao na historiografia e, promovendo pesquisas em larga escala principalmente no que desrespeito Paraba. Assim, a partir de historiadores como Walter Benjamin ( 1989), Antnio Paulo Rezende (1997), Sandra Jatahy Pesavento (1996), Gervcio Batista Aranha (2005), que se aventuraram nos caminhos de tentar compreender como o moderno e o tradicional se tocam, quais mudanas geraram nos comportamentos dos diferentes grupos sociais e nas suas relaes como os smbolos do moderno. Por meio dessas contribuies historiogrficas, iremos nos aventurarmos em traar nossas prprias linhas. Nosso intuito analisar de que forma a modernidade chega cidade de Umbuzeiro, no mbito do pblico e do privado entre 1900 a 1930, como tambm, as diversas experincias dos citadinos, observando as rupturas e continuidades. Umbuzeiro nos ajuda a pensar as sociedades situadas no interior do estado da Paraba e suas peculiaridades. Alguns de seus filhos so personagens que protagonizaram a cena poltica local e nacional, o que permitiu a urbe se transformar em um lugar de destaque entre as demais cidades da Paraba, pensar As experincias modernas na cidade de Umbuzeiro no incio do sculo XX, e como elas so experimentadas nos espaos do pblico e do privado, extremamente importante, tendo em vista que quase todos os trabalhos historiogrficos que se dedicaram a pensar sobre a cidade de Umbuzeiro voltou-se para a influncia poltica e econmica exercida pela famlia Pessoa sobre esta regio. Nossa pesquisa tem como fontes inventrios post morten, documentos oficiais, jornais e fotografias esses elementos produzidos ao longo do tempo pelos citadinos que de alguma forma testemunharam as transformaes ocorridas durante o advento da modernidade, fenmeno que pretendemos trabalhar em uma perspectiva da nova histria cultural. A leitura dessas fontes fundamental para o entendimento dessa cidade e sua relao com os smbolos modernos permitindo traar uma (re) apresentao narrativa desse ado escoado.
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Diego Amorim Novaes
Reinveno do lugar: os Centros de Joo Pessoa, materialidade, sociabilidade e representao
Resumo:O presente trabalho faz parte de pesquisa em desen...
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Resumo:O presente trabalho faz parte de pesquisa em desenvolvimento no Programa de Ps-Graduo em Histria da UFPB e tem por objetivo lanar linhas de caracterizao do permetro urbano denominado como Centro de Joo Pessoa, a partir do conceito de lugar.
Partimos do entendimento de que o espao em foco foi objeto de transformaes estruturais, ao longo do desenvolvimento da cidade, que modificaram sensivelmente sua relao com os habitantes e com as demais reas urbanas. Tais transformaes fizeram e ainda fazem parte de projetos poltico-econmicos de territorializao e controle. Modelos de interveno como modernizao, tombamento, gentrificao e o domnio da atividade comercial foram apontados por autores como presentes no Centro de Joo Pessoa e guiam nossa anlise.
O conceito de lugar aqui utilizado nasceu do dilogo da Geografia com a Fenomenologia e destaca o carter subjetivo dos espaos, revelando as relaes intersubjetivas que lhes do significado social, dotando-os de afetividade, de negociao das prticas permitidas, e de representao. O lugar, ento, aliaria os aparatos materiais (prdios, ruas, lojas, instituies, etc.) com seu significado social (redes de sociabilidade, comportamentos, sentimentos, representaes, etc.), procurando caracterizar o permetro urbano de maneira completa.
A histria do Centro de Joo Pessoa dividida por ns, com base em nossos estudos e em outros autores, em trs momentos. O primeiro momento tem incio em 1857, quando a Assembleia Provincial autoriza o ento presidente da Provncia, a fazer o levantamento da planta da cidade a fim de promover uma srie de reformas modernizadoras. Estas compreendem alinhamento de ruas, reforma do sistema sanitrio, instalao de iluminao eltrica, modernizao dos transportes, entre outras. Simultaneamente, uma srie de Posturas Municipais busca reformar comportamentos no sentido da modernizao dos costumes. Prticas como banho em fontes e rios, uso inapropriado de roupas, etc. am a ser mal vistas e veis de punio.
O segundo momento engloba o perodo entre as dcadas de 1950 e 1980, quando se tem no Centro um processo de apropriao comercial do lugar. As habitaes tem seu uso substitudo pela presso econmica por lojas e alguns prestadores de servio. Os moradores se deslocam para novos centros habitacionais, e o espao pblico do Centro a a ser povoado pelo comrcio fervilhante durante o dia e por atividades marginais como a prostituio e a boemia durante a noite. O terceiro momento corresponde de 1987 at o presente, quando um Convnio Internacional feito entre os governos brasileiro e espanhol para a revitalizao do Centro, agora j Histrico, convertendo-o num polo turstico e cultural.
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Jos Eudes Alves Belo (USP)
Prticas de morar na cidade do Recife (1914-1930)
Resumo:A cidade do Recife a por transformaes entre ...
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Resumo:A cidade do Recife a por transformaes entre os anos de 1914 e 1930. A implantao da eletricidade em larga escala, altera hbitos e muda as sociabilidades. As relaes entre o ambiente domstico e a rua altera-se. As residncias, notadamente as os habitantes mais abastados, modificam-se na tentativa de adaptarem-se aos novos gostos, novas estticas e novas formas de habitar. As casa na cidade am por um processo de intensificao de aburguesamento de valores, de condutas, de gestos, influenciando o modos de morar, seja na decorao, na escolha de objetos, seja tambm na adaptao de espaos para novos hbitos de consumo e bem estar. A rua como espao de sociabilidade tambm se modifica com as vias mais iluminadas, com restaurantes, bares e lugares de diverso funcionando at mais tarde e influenciando comportamentos dentro e fora das residncias. Refletir sobre a moradia em sentido mltiplo, nesta proposta de trabalho, remete-se ao pensamento de Certeau (1994, 1996) e suas anlises acerca do cotidiano. Neste sentido habitar relaciona-se com prticas cotidianas de viver, de sentir e dar significado ao mundo. Morar narrar. Fomentar ou restaurar esta narratividade tambm uma tarefa de reabilitao. A temtica est no entrelaamento entre cultura material, gnero e sistema domstico, portanto contempla uma rea pouco explorada pela historigrafia.. Busca-se apreenso de novos hbitos e valores no cotidiano da casa considerando a distribuio dos cmodos e a circulao entre os mesmos permitir avaliar o cotidiano domstico. Seguindo perspectiva de Gilberto Freyre a casa assume um potencial analtico que possibilita um olhar sobre os princpios que estruturam a sociedade brasileira no tempo longo o qual, juntamente focalizando o cotidiano, a rotina domstica, e nos comportamentos tidos "naturalizados" e ntimos da vida de todos os dias dos sujeitos. Descrever os diferentes cmodos das casas pernambucanas nos anos 1914-1930 de forma a mostrar, a partir de objetos, fotografias e recomendaes de decorao em publicidade e artigos de revistas femininas, a generificao dos ambientes. Para essa finalidade, utiliza-se na constituio das fontes peridicos, valorizando-se sobretudo anncios publicitrios, manuais de etiqueta, fotografias, mapas da cidade, e fontes tridimensionais. O cruzamento dessas diferentes tipos de fontes com a teoria e trabalhos acerca da temtica anseia perfazer prticas de moradia da cidade do Recife a partir do cotidiano de seus moradores.
Esta anlise anseia, elegendo como fio condutor a constituio de novos hbitos de moradia, entender as dinmicas sociais historicamente construdas e muitas vezes pensadas como naturais estanques.
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Manuel Coelho Albuquerque (UFC)
Entre cidades, rios e memrias: territrios em disputa
Resumo:Os Tapeba tm o seu atual territrio situado junto...
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Resumo:Os Tapeba tm o seu atual territrio situado junto ao Rio Cear e entre as cidades de Fortaleza e Caucaia. Esta ltima tem a sua origem no Aldeamento jesutico de Nossa Senhora dos Prazeres de Caucaya e depois Vila Real de Soure. Ao longo dos sculos XIX e XX os ndios que ali viviam tiveram as suas terras usurpadas e suas identidades tnicas negadas. No ano de 1959, alguns membros do Instituto de Antropologia da Universidade do Cear identificaram os Tapeba morando em torno da linha frrea no atual bairro Capu em Caucaia. Os ndios foram considerados demasiadamente misturados e acabaram esquecidos. Na dcada de 1980, quando em aliana com a Igreja Catlica aram a reivindicar direitos tnicos e territoriais, os Tapeba foram bastante contestados por proprietrios de terras e foras polticas locais e nacionais, acusados de no serem ndios por viverem em contexto urbano e semiurbano. Neste estudo, problematizo a presena das cidades junto aos Tapeba, relacionando-a a um longo processo de negao deste povo. Como a cidade afeta o ser Tapeba e como os ndios se afirmam etnicamente nela, com ela ou apesar dela. Fontes orais, escritas e audiovisuais so requeridas na construo do texto. Expulsos pelas cercas levantadas nas reas rurais em que habitavam, algumas comunidades Tapeba aram a vivenciar um processo de intensa mistura. A construo de conjuntos habitacionais e distribuio de loteamentos para no ndios em suas reas foram estratgias utilizadas pelos que se diziam proprietrios do lugar, uma forma de subtrair as terras veis de demarcao pela Funai. O mesmo efeito teve a instalao de indstrias e empreendimentos empresariais na terra indgena. Nas ltimas dcadas, os ndios tm reforado os aspectos reconhecidamente tradicionais de suas culturas, como a reabilitao de danas antigas ou a reverncia festa da carnaba. As memrias dos ndios mais velhos identificam antigos locais de moradias e modos de vida dos anteados, num tempo em que viviam em relativa liberdade com suas plantaes, pescas, respeito e comunho. As retomadas atuais so recriaes da terra perdida, reas reconquistadas na luta coletiva. Os Tapeba tm o rio, mangue, lagoas, riachos, uma natureza que fonte de vida e de inspirao. A cidade ameaa a este ambiente natural e ao territrio indgena. Mas os Tapebas tambm se apropriam da cidade e dos instrumentos que ela oferece para facilitar o dilogo com no ndios e impulsionar reivindicaes. O cotidiano deste povo feito de experincias mistas: o trabalho em atividades tradicionais convive com o trabalho nas indstrias, por exemplo. Num contexto pleno de adversidades, mesmo nele, a indianidade se impe. neste espao fronteirio e neste ambiente de tenso que os Tapeba se movimentam e se afirmam.
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Regina Soares de Oliveira (Universidade Federal do Sul da Bahia)
Entre o ado e o futuro: renovao urbana e apagamento da memria na cidade Ilhus (BA)
Resumo:A relao entre memria, renovao urbana e especu...
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Resumo:A relao entre memria, renovao urbana e especulao imobiliria o mote da reflexo que aqui apresentamos e que parte da anlise e observao das transformaes urbanas em curso na cidade de Ilhus, uma cidade turstica de pequeno porte, localizada no sul da Bahia, cujo principal atrativo seriam suas belezas naturais, seu patrimnio urbano descrito em muitas obras do escritor Jorge Amado e que tornaram a cidade mundialmente conhecida e a sua vinculao como produtora de cacau.
Se, tradicionalmente, a especulao imobiliria vem enxergando nos marcos da memria urbana um empecilho ao seu avano, no caso das cidades de pequeno porte, cuja legislao nem sempre se preocupou em salvaguardar esse patrimnio, ao mesmo tempo, em que o poder pblico se mostra negligente em relao a questo, o quadro se torna ainda mais dramtico.
A memria e patrimnio (remanescente) travam uma dura luta para continuar existindo, embora mormente encontrem algum apoio junto sociedade civil e aos moradores, principalmente, em relao queles afetados pelos efeitos dos processos de renovao e transformao urbana e readequao de infraestrutura: obras virias, remoes, desapropriaes, aumento de aluguis e imveis.
Esses processos, em um contexto de obras urbanas de infraestrutura, apropriao de discursos e avano da iniciativa privada sobre reas naturais, reafirmam o papel dos agentes sociais nos processos de resistncias. Assim, algumas questes que podem ser feitas em relao a essa situao: existiria resistncia em Ilhus ao processo de renovao urbana? Como ela se manifestaria? Quais estratgias estariam sendo adotadas para salvaguardar o patrimnio e a memria da cidade? Qual o papel do poder pblico nesse caso: de induzir ou desestimular esse processo? Estaria ele atento aos impactos e consequncias desse processo?
A busca por responder a essas questes, amparam nossa reflexo, que busca compreender a tenso entre memria, histria e renovao urbana presentes na cidade de Ilhus que, consagrada na literatura amadiana, utiliza seu patrimnio fsico e natural como atrao turstica, embora esse patrimnio, gradativamente, corra o risco de desaparecer em meio ao acelerado processo de transformao que ocorre em vrias partes da cidade.
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Renata Silva Almendra (Instituto Brasileiro de Museus)
Braslia: narrativas alternativas da cidade por meio dos grafites
Resumo:Braslia uma cidade modernista, planejada, arqui...
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Resumo:Braslia uma cidade modernista, planejada, arquitetada, construda e pensada artstica e urbanisticamente por homens de renome internacional e que deixaram suas marcas na capital brasileira. Inaugurada em 1960, essa nova cidade foi concebida como a representao utpica de uma ideologia desenvolvimentista, que traduzia um pensamento de grandiosidade e monumentalidade. No entanto, mesmo carregando o estigma de ser uma cidade utpica e ideal, espao de sonhos e novas oportunidades de vida para milhares de pessoas desde o perodo em que estava em construo, certo que Braslia se consubstancia, desde sempre, em um organismo vivo, dinmico e contraditrio, que tem suas prprias especificidades, suas mltiplas comunidades e identidades.
O objetivo desse trabalho apresentar os grafites realizados na cidade de Braslia dentro de uma perspectiva histrica de construo de narrativas alternativas no espao urbano. Ademais, busca-se analisar os grafites brasilienses como representao social da cidade, evidenciando questes territoriais e que permeiam o imaginrio urbano. Para tanto, destaca-se a inscrio de grafites em alguns lugares especficos do Plano Piloto, como as tesourinhas, viadutos, agens subterrneas e a Via W3, resignificando esses lugares por meio de uma ocupao criativa.
Entendemos que o grafite, expresso plstica e visual encontrada em ruas, muros e viadutos das grandes cidades, enfrenta em Braslia um desafio espacial para a sua realizao e revela outras dimenses da capital, para alm da centralidade poltico-istrativa e da arquitetura monumental. Justamente por ser realizada no espao pblico, a prtica do grafite dialoga diretamente com a arquitetura singular da cidade e encontra em suas especificidades dinmicas prprias para a sua execuo.
Por meio de uma leitura da cidade a partir dos desenhos e inscries feitas em seus muros, viadutos e demais espaos pblicos possvel mergulhar no imaginrio urbano e destacar o estabelecimento de novos questionamentos sobre identidade e pertencimento das comunidades ao espao da urbe. Mais do que uma simples experimentao esttica na cidade, os grafites criam apropriaes sentimentais dos espaos e so capazes de reinterpretar valores de referncia de certas construes da cidade. O intuito, portanto, ir alm da histria institucional e oficial de Braslia, procurando ar novas narrativas com a localizao das representaes e do imaginrio urbano expresso por meio dos grafites em espaos pblicos da cidade.
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Rodrigo de Oliveira Lelis (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)
A Cidade dos Annimos: Periferia, cotidiano e memria - Itabuna 1980-200
Resumo:A cidade um verdadeiro mosaico, o tecido urbano ...
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Resumo:A cidade um verdadeiro mosaico, o tecido urbano marcado por lutas e por interesses diversos esse processo cria lugares e silncios. Provido disso este trabalho tem como objetivo compreender a construo do espao perifrico de Itabuna, cidade no interior sul baiano. Com as experincias e as memrias dos moradores dos bairros Ftima, Joo Soares e Parque Boa Vista, procuraremos debater o processo de urbanizao e modernizao bem como os processos de ocupao territorial da periferia. Com conceito de espao e prtica de Certeau tentaremos confrontar os projetos modernizantes da prefeitura de Itabuna, composto pelos cdigos de obras (1979), lei de parcelamento do solo (1984), cdigo de posturas urbanas (1985), com as prticas populares na periferia, especificamente alguns lugares anti-modernos: a feira livre, o bar e os prostbulos. Esses lugares so fundamentais para a dinmica do espao cotidiano, a feira livre o lugar da troca, de cultura popular e de resistncia, usaremos a feira para debater a cidade legal x cidade ilegal, a fim de compreender a historicidade da cidade e o sistema fundirio urbano. Com o bar nossa problemtica so as metamorfoses desses estabelecimentos, que ora aparentam ser mercearias ou mercadinhos e aos domingos um ponto de lazer e sociabilidade, com o bar em evidncia, buscaremos confrontar as posturas ditas pela prefeitura como civilizadas e as prticas cotidianas desse espao, nesse mesmo tom nos enveredamos na noite perifrica, onde os bregas tornam-se os lugares de lazer e divertimento dando aos prprios bares novas configuraes. Escolhemos como temporalidade o perodo de 1980 a 2000, esse perodo de vinte anos acontece diversos entrecruzamentos importantes para a pesquisa, do ponto de vista nacional temos a nova repblica e a constituio de 1988, a nvel regional temos os projetos urbanizantes, a crise do cacau e o xodo rural. Toda essa mudana coloca o espao urbano novamente em disputa. Para abordar essa disputa cotidiana da cidade nos utilizamos de entrevistas orais, jornais de circulao municipal e dos planos urbanos supracitados. As fontes orais so nossas principais fontes para compreender o cotidiano urbano dos moradores perifricos, esses sujeitos so providenciais, afinal na trajetria de cada um que podemos compreender os espaos sociais e, consequentemente, o espao urbano. A pesquisa tentar retratar as sociabilidades juntamente com tticas aplicadas pelos moradores dos bairros, exemplificando o uso do espao pblico, por meio das prticas cotidianas e o uso dos espaos privados, por meios das formas de vivncia construdas nesse cotidiano. Desta maneira procuraremos descortinar mais uma pequena pea desse mosaico urbano
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Viviane Gomes de Ceballos (Universidade Federal de Campina Grande)
Cidade(s) Inventariada(s): redes sociais e cultura material em Cajazeiras, 1876-1890
Resumo:O presente trabalho apresenta os resultados parcia...
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Resumo:O presente trabalho apresenta os resultados parciais de pesquisa PIBIC realizada na UFCG, e tem como foco a leitura e o levantamento de dados encontrados nos inventrios post mortem registrados na cidade de Cajazeiras (PB) com o objetivo principal de conhecer os personagens dessa cidade e os bens que possuam, bem como entender as redes sociais em torno da partilha dos bens inventariados e dos espaos da casa e os usos a eles atribudos, das dvidas contradas e a circulao de mercadorias. Fonte rica de informaes, os inventrios nos abrem a possibilidade de conhecer personagens e a vida material de uma cidade (BRAUDEL), estabelecendo relaes entre o que possuam, como esses bens eram divididos entre os herdeiros e as redes familiares e comerciais que se forjam na cidade em estudo. Entender como se constitui nesta cidade o que METCALF caracteriza como famlias proprietrias ao estudar a cidade de Santana de Parnaba, nos parece bastante significativo da participao de um grupo bastante da populao cajazeirense do final do sculo XIX, mas igualmente bastante influente poltica, social e economicamente. O protagonismo feminino, expresso na identificao de vivas que se tornam cabea do casal, sua importncia social e as disputas decorrentes desse processo so algumas de nossas preocupaes e das potencialidades ao se trabalhar essa documentao. Este trabalho pretende vasculhar esses registros e conhecer um pouco mais da histria de Cajazeiras a partir desses aspectos que extrapolam o olhar tradicional que explora com um outro olhar os espaos citadinos relacionados ao habitar e ao conviver e como nos permitem mapear as reas da cidade ocupadas por eles. A cidade parece descortinar-se aos olhos dos historiados a partir de elementos que possibilitam o seu crescimento e consolidao. Nos inventrios, os bens de raiz - localizados na rea urbana ou rural da cidade; os bens semoventes - animais e escravos; os instrumentos de trabalho parecem constituir o cabedal das famlias proprietrias desta cidade sertaneja. Indo alm da identificao de sua cultura material, a possibilidade de perceber as relaes de poder que se estabelecem nas redes sociais nos parece extremamente instigante e desafiadora. Para ns, a cultura material ganha expressividade tambm quando nos debruamos sobre os grupos que aparecem descritos e caracterizados na documentao. Como chama ateno Symanski, alm da elite de proprietrios, no serto nordestino formou-se uma categoria de pequenos proprietrios que so essenciais para o entendimento da dinmica social, poltica e econmica neste perodo. O entendimento da cidade como historicamente constituda, a, a nosso ver, pelo entendimento das relaes que nela se instituem, indo alm de sua materialidade.
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