ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Ana Luce Giro Soares de Lima (Fundao Oswaldo Cruz)
Arquivo Pessoal Oswaldo Cruz: constituio e usos.
Resumo:Arquivos pessoais so documentos produzidos e acum...
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Resumo:Arquivos pessoais so documentos produzidos e acumulados por uma pessoa em funo de suas atividades profissionais e sociais. Renem registros expressivos de uma trajetria de vida, embora seu processo de acumulao no esteja submetido a regras to rigorosas quanto as que regem a constituio dos arquivos institucionais. Este fato pode ser apontado como um dos motivos pelos quais s recentemente os arquivos pessoais vm sendo reconhecidos como conjuntos documentais orgnicos e recebendo tratamento arquivstico. Tais conjuntos constituem-se muitas vezes de documentos considerados autobiogrficos, como a correspondncia e os dirios ntimos. A partir das duas ltimas dcadas do sculo XX vem crescendo o interesse historiogrfico por este tipo de fonte, que permite ao historiador perscrutar a ao dos indivduos no contexto social e cultural em que esto inseridos, modificando a escala de observao.
Mas alm de fontes para a histria, os arquivos pessoais tm sido tambm objeto de estudo na rea fronteiria em que se aproximam principalmente a arquivologia, a histria. Sobre a forma como se constituem, em ambas as reas de conhecimento encontramos perguntas sobre as prticas e os critrios que levaram formao de conjuntos que diferem tanto entre si quantos forem os responsveis por sua acumulao.
Uma outra questo cara ao estudo dos arquivos pessoais refere-se sua institucionalizao e posio que ocupam nos centros de documentao de que fazem parte. Este aspecto define as possibilidades de uso dos arquivos, uma vez que estaro preservados e veis ao pblico.
Sob esta perspectiva de estudo, apresento o Arquivo Pessoal Oswaldo que integra o acervo arquivstico da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Ao lado dele encontram-se arquivos pessoais de cientistas, tcnicos, gestores e demais profissionais cujas trajetrias esto ligadas temtica da sade e das cincias, bem como a documentao institucional da Fiocruz desde a sua fundao, em 1900. O fundo contm uma significativa srie de correspondncia que rene cartas, telegramas, cartes e bilhetes compartilhados pelo titular com sua mulher e filhos, e tambm com cientistas brasileiros e estrangeiros, cobrindo quase trs dcadas (1889-1916). Inclui tambm parte da documentao institucional produzida durante o tempo em que seu titular exerceu a direo do instituto que leva seu nome, e que foi agregada aos seus papis pessoais.
Por sua riqueza, o Arquivo Pessoal Oswaldo Cruz j foi objeto de diversos trabalhos acadmicos, bem como de exposies e outros produtos culturais, com destaque para a exposio de longa durao que ocupa o antigo laboratrio do cientista no Pavilho Mourisco da Fiocruz. Pretendo ainda abordar o processo de constituio deste arquivo e as potencialidades de uso.
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Daiana Schvartz (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
O arquivo de Elke Hering: sobre reaparecer na histria da arte.
Resumo:Este trabalho discorre e problematiza sobre parte ...
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Resumo:Este trabalho discorre e problematiza sobre parte da trajetria da artista catarinense Elke Hering (1940 1994) a partir de seu arquivo, constitudo por ela e atravs dela, que peram por relaes diretas e indiretas com o seu nome. Foram poucas as pesquisas que se debruaram sobre seu trabalho artstico, a ausncia da disponibilizao de um arquivo organizado, tambm contribui para a ausncia da produo intelectual sobre a artista. Ao tratarmos dos os aos arquivos de artistas catarinenses e a produo historiogrfica dos mesmos, buscamos relacionar este breve panorama com a constituio do arquivo da artista. Ao que tudo indica, Elke Hering no almejava criar um acervo institucional sobre si prpria, mas houve de alguma forma, o cuidado de salvaguardar alguns de seus pertences, que foram doados pela artista para o Arquivo Histrico Jos Ferreira da Silva em Blumenau na dcada de 1990. A partir destes documentos que nos levam para outros acervos, buscaremos explor-lo lidando com o arquivo como um campo inventivo. Esses arquivos da arte formados pelo arquivo do artista, o arquivo da obra e o arquivo do historiador da arte, constituem-se como ferramenta de grande importncia para a produo historiogrfica. No caso de Elke Hering seu arquivo est sendo criado pela reunio destes arquivos da arte, e acrescido principalmente pelo arquivo do historiador da arte. A partir deste ltimo, sistematizado por uma srie de documentos encontrados nos mais diversos acervos, possvel criar elos narrativos a partir do intercruzamento de informaes que sero associados pelo pesquisador. Em uma tarefa quase infinita, o arquivo toma corpo durante a busca de documentos que indicam outros, situados nos percursos inscritos da artista e sobre a artista. Uma vez esboada a materialidade deste arquivo, identificando seu local de armazenamento e conservao, o o s fontes, os diferentes tipos de documentos, traa-se possveis caminhos para ento organiz-lo e classific-lo. Doravante, cabe-nos questionar o que fazer diante deste arquivo gerado pelo ado e prestes a ressignificar-se no presente. Pretende-se problematizar o arquivo de Elke Hering a partir de suas possibilidades de criao com a histria dos documentos e de sua prpria obra, da guarda ou no dos mesmos, de sua memria e esquecimento, compreendendo-o como um corpus incompleto. Trabalhar o arquivo como falta, fragmento daquilo que foi mantido e vestgio do que foi esquecido, tornando a ausncia um recurso criador que propicia novas montagens narrativas.
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Elizabeth Ferreira Cardoso Ribeiro Azevedo (Professora)
Arquivos de teatro: arquivos de famlia?
Resumo:A comunicao dever tratar do tema dos arquivos t...
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Resumo:A comunicao dever tratar do tema dos arquivos teatrais que podem se configur, em grande medida, em arquivos familiares. A aproximao das duas questes - arquivos teatrais e arquivos familiares - dever ser abordada a partir do ponto de vista dos estudos da arquivologia sobre os acervos de famlias (pouco estudados), da histria da formao dos profissionais da cena (sobretudo os intrpretes) e da participao feminina na arte teatral.
Do ponto de vista do estudo dos arquivos familiares, dedicados especialmente s linhagens nobilirquicas, procurar um ponto de partida terico-metodolgico para lidar com a questo proposta, buscando compreender em que medida o individual e o coletivo se apresentam nesses casos e quais tratamentos que recebem.
Isso posto, apresentar a dinmica da formao artstica prevalente no meio teatral, sobretudo at meados do sculo XX, que privilegiava o ensino da arte da interpretao atravs da prtica e da convivncia com o ambiente artstico, o que favorecia a formao de famlias de artistas. No Brasil, tal dinmica sofreu alterao apenas a partir de meados do sculo ado devido criao e disseminao de cursos de interpretao (seja de nvel mdio ou superior). A possibilidade de formao artstica independente da vida familiar abriu maior espao para que pessoas sem "tradio" no mundo do teatro pudessem pertencer a esse ambiente.
Por ltimo, destacar que a formao artstica (da msica, do teatro e da dana), fosse familiar ou institucional, historicamente favoreceu a presena de mulheres no mundo do trabalho como em praticamente nenhuma outra rea de atividades cultural.
A conjuno desses dois ltimos fenmenos dever ser levada em considerao quando se pensar na organizao de acervos documentais do teatro, a partir de pressupostos terico-metodolgicos que tm sido at hoje mais aplicados sobre outros tipos de conjuntos documentais.
A partir dessa discusso, ser possvel comear-se a propor a adoo de prticas que enfatizem as relaes, pessoais e profissionais, presentes nesses acervos, contribuindo-se assim para o aprimoramento do tratamento de documentos relativos aos artistas teatrais presentes em diversas instituies no pas.
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Iuri Azevedo Lapa e Silva (Fundao Biblioteca Nacional)
A disperso documental do jornalista Jos Carlos Rodrigues (1844-1923): posteridade, escolhas geracionais e implicaes historiogrficas
Resumo:Esta comunicao se insere dentro de um projeto de...
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Resumo:Esta comunicao se insere dentro de um projeto de pesquisa mais amplo que visa interpretar os efeitos e as motivaes da doao de uma valiosa coleo de livros e papis para a Biblioteca Nacional a coleo Benedicto Ottoni a partir das noes de economia da glria e de istrao da posteridade. Um dos traos do colecionador e principal articulador desta doao, o jornalista Jos Carlos Rodrigues, a acumulao de documentos que balizaram sua longa trajetria de homem pblico. Tais documentos foram incorporados aos acervos de algumas instituies notadamente, o IHGB e a prpria Biblioteca Nacional em distintas etapas, por motivaes variadas, agenciadas por mais de uma pessoa.
At o atual momento da pesquisa, trs conjuntos documentais foram identificados. H um conjunto heterogneo no IHGB cuja entrada se deu logo aps sua morte em 1923; outro que composto pela vasta correspondncia de Rodrigues, guardado na BN; e, um ltimo conjunto chamado de coleo Christopher Oldham, doado pelo seu bisneto ingls em 1993, que deu nome ao ajuntamento: nele encontram-se correspondncia pessoal, toda sorte de material impresso, fotografias, anotaes em cadernos, enfim, um conjunto que se assemelha ao ltimo resqucio de materialidade em posse da famlia adas trs geraes.
H vrios indcios das expectativas que Rodrigues tinha em torno de sua documentao pessoal, algo que pode ser testemunhado em alguns discursos por ele proferidos. Tais falas apontam para uma clara conscincia a respeito do interesse em potencial deste material para pesquisas em torno de sua biografia, em especial sua trajetria frente do Jornal do Commercio, peridico ao qual ele foi vinculado por longos 25 anos como proprietrio e redator-chefe (1890-1915).
A historiografia biogrfica em torno de Rodrigues produzida nos ltimos anos se baseou fartamente nestes conjuntos, embora pouco tenha problematizado sua configurao. A disponibilidade de sua documentao pessoal corresponde a uma srie de expectativas que o prprio tinha a respeito do destino de seu nome na posteridade. Trata-se de uma marca que atravessou um vasto conjunto de aes que ele levou cabo: a doao da j mencionada coleo de livros e papis raros sobre o Brasil, a fundao de um hospital para crianas e toda uma srie de outras aes filantrpicas, assim como sua associao a instituies que aumentariam a possibilidade de perpetuao de seu vulto.
Da, esta comunicao pretende avaliar os critrios que nortearam a escolha das peas que formariam tais conjuntos e o motivo para terem sido destinadas a cada instituio em distintos momentos. Ademais, busca-se enfatizar em que medida ajuntar este tipo de documentao pessoal se relaciona com a istrao da posteridade e perpetuao de si.
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Maria Denise Bortolini (IFMS)
Existe amor: cartas de Gloria Spengler a Henrique Spengler - dcadas de 1970 e 80
Resumo:Este artigo constitui uma primeira experincia de ...
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Resumo:Este artigo constitui uma primeira experincia de trabalho com o arquivo pessoal de Henrique de Melo Spengler. Nascido em Campo Grande, ava frias na fazenda do av em Coxim, cidade que elegeu para fixar residncia e onde seguiu desenvolvendo sua arte. A arte de Henrique baseou-se no grafismo do grupo indgena Kadiwu, o que o levou, formado em artes plsticas pela FAAP (Fundao Armando Alves Penteado So Paulo), a cursar Histria na UCDB (Universidade Catlica Dom Bosco), em Campo Grande. Fundador do Movimento Guaicuru, junto de artistas e intelectuais do estado, que pretendia identificar as manifestaes culturais e identitrias do estado do MS, criado a 11 de outubro de 1977. Com este pensamento abriu, no antigo casaro da famlia na recente capital a Tainatur Galeria, local de encontro das pessoas ligadas s artes, histria e cultura em geral. Para eles, a matriz identitria do novo estado deveria ligar-se presena indgena e cultura pantaneira. Na cidade de Coxim Henrique desenvolveu vrias atividades culturais e foi um os idealizadores do projeto Eco-Museu Rota das Mones, recuperando a histria da utilizao dos rios locais para adentrar nas terras mato-grossenses para atingir as pedras preciosas e o ouro no perodo colonial. Foi professor de Histria Regional, criador da Escola Xaras e chefe da Diviso de Cultura em Coxim. Nesta cidade, a antiga residncia de Henrique Spengler foi transformada no atual Memorial Henrique de Melo Spengler, local de guarda de objetos e documentos a cargo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Faz parte do memorial o Centro de Documentao Histrica, local que abriga alm da sua biblioteca, jornais da poca, a documentao pessoal de Henrique e, entre ela, sua correspondncia datada das dcadas de 70 e 80. Escolhemos para a primeira investida nesta documentao um conjunto de cartas enviadas por sua me, Glria Spengler, aos EUA, no ano de 1974, quando o jovem participou de um intercmbio indo residir na cidade de Fresno. Procurou-se, em primeiro lugar, realizar um levantamento bibliogrfico de autores que pensam a utilizao de arquivos pessoais como fonte de pesquisa e, tambm a utilizao de cartas, para construir discursos sobre seus envolvidos. A partir da leitura das 37 cartas enviadas por Glria Spengler percebeu-se uma espcie de conduo do olhar de Henrique para este novo cenrio, nova cultura que se desenrola diante de si. Nas suas cartas, Glria fala da cidade, da vida social, das pessoas da famlia e de muita saudade. As entradas existentes na correspondncia de Glria Spengler so estradas para muitas investigaes na diversidade de temas disposio da pesquisa no Memorial Henrique Spengler.
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Mariana Moraes de Oliveira Sombrio (USP - Universidade de So Paulo)
Conhecimentos situados: mulheres colecionistas em meados do sculo XX no Brasil
Resumo:Este trabalho aborda as colees formadas por duas...
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Resumo:Este trabalho aborda as colees formadas por duas pesquisadoras que realizaram viagens de pesquisa no Brasil, a etnloga austraca Wanda Hanke (1893-1958) e a arqueloga norte-americana Betty Meggers (1921-2012). As peas e colees reunidas por elas foram entregues a museus brasileiros e sul-americanos entre as dcadas de 1940 e 1950. Tenho pesquisado tambm as relaes profissionais que essas duas personagens estabeleceram com museus brasileiros na poca e aspectos da formao dos campos disciplinares em questo, antropologia e arqueologia, pensados a partir dessas trajetrias. A escolha das personagens deve-se a um recorte de gnero. As anlises de gnero e interseccionalidade tm trazido reflexes inovadoras para a histria das cincias e ampliado as definies do que a produo de conhecimento.
No caso de Meggers e Hanke, o estudo de suas colees tm demonstrado o alcance de seus trabalhos e colaboraes com museus sul-americanos e suas histrias tm revelado diversas implicaes de gnero, classe e nacionalidade que marcaram suas trajetrias. Vindas dos EUA e ustria na primeira metade do sculo XX, mantiveram um olhar colonialista em suas produes, assim como os cientistas homens da poca. Em seus estudos de etnologia, Wanda Hanke afirmou que os povos indgenas estavam fadados extino e sua nica salvao seria a incorporao civilizao, conceito que definia por sua viso eurocntrica. Betty Meggers, uma das pioneiras da arqueologia amaznica, afirmava em suas teorias que sociedades complexas nunca teriam se desenvolvido no territrio amaznico pr-colonial por seu solo pobre para a agricultura, caracterizando a leitura dos vestgios que encontrou, em sua maior parte fragmentos cermicos, por um forte determinismo ambiental.
Parte das colees reunidas por Betty Meggers estavam guardadas no Museu Nacional do Rio de Janeiro e se perderam no incndio que atingiu a instituio em setembro de 2018. Consultei essas colees antes da tragdia e pude fazer registros fotogrficos desse material. H tambm parte desse material no Museu Paraense Emlio Goeldi. Essas colees foram formadas no decorrer das expedies realizadas por Meggers e por seu marido, Clifford Evans, tambm arquelogo, nas Ilhas do Maraj, Caviana, Mexiana (Par) e no territrio do Amap entre os anos de 1948 e 1949.
Wanda Hanke reuniu colees de etnias indgenas diversas em suas viagens entre Bolvia, Brasil, Argentina e Paraguai nas dcadas de 1930 a 1950. Pude consultar as colees que ela entregou ao Museu Paranaense e ao Museu Arqueolgico de Cochabamba, na Bolvia, que sero abordadas nesta comunicao. Ao reunir esse material ela pretendia fazer um registro material dos povos que considerava em vias de extino.
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Paulo Rikardo Pereira Fonsca da Cunha (IFRN)
Quando um homem se transforma em arquivo: a construo do Arquivo Pessoal do Governador Dix-Sept Rosado
Resumo:O presente trabalho tem como objetivo entender com...
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Resumo:O presente trabalho tem como objetivo entender como foi construda uma determinada memria do ex-governador norte-rio-grandense Jernimo Dix-Sept Rosado Maia (1911-1951). A partir do seu arquivo pessoal, pretende-se analisar a ordenao e a intencionalidade dos documentos que compem o arquivo desse poltico, para compreender como sua memria foi monumentalizada e usada para fins polticos por seus familiares e correligionrios. A meta estudar tanto os processos de constituio desse arquivo quanto os contedos em si que o compe. Assim, poderemos interpretar melhor de que forma foi construda uma imagem de Dix-Sept como um poltico moderno a frente do seu tempo que fazia oposio aos velhos polticos. O arquivo desse personagem encontra-se sob a guarda do Centro de Documentao Cultural Eloy de Souza da Fundao Jos Augusto, rgo da istrao pblica do Estado do Rio Grande do Norte. Formado pela reunio de documentos pessoais (fotos, cartas) com documentos oficiais do governo do Estado (atas, memorandos), temos um corpus documental que no foi constitudo unicamente por vontade do seu dono, pois ele no teve tempo de organizar o que deveria ser preservado ou no. Tal ordenamento nos chama a ateno, visto que a composio desse acervo tambm conta, em grande medida, com uma documentao que data de perodos posteriores ao falecimento do personagem. O material pstumo composto basicamente por documentos que remetem a homenagens ao governador falecido realizadas ao longo de diferentes perodos. Dix-Sept Rosado faleceu aps cinco meses no cargo de governador, vtima de um trgico acidente areo. Parte considervel do acervo foi organizado por familiares e amigos, que aps a sua morte, pretenderam cristalizar uma determinada narrativa sobre sua vida e morte. Esse acervo constri uma memria hegemnica de quem foi Dix-Sept, apagando e silenciando outras narrativas e memrias sobre esse indivduo. A famlia e seu grupo poltico tiveram um papel importante na constituio desse acervo, criando uma narrativa na qual o ex-governador visto como um poltico excepcional que fez muito em apenas 5 meses de mandato e que morreu enquanto estava a servio do estado, j que sua viagem ao Rio de Janeiro seria pra discutir ajuda federal para o Rio Grande do Norte. Os referenciais tericos que sustentam este trabalho so: a noo de arquivo pessoal de Luciana Heymann; os conceitos de memria de Michel Pollak e Aleida Assman; de cultura poltica de Serge Berstein; e de biografia de Sabina Loriga.
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Rafael de Arajo Oliveira (Iphan)
Nicolau Alekhine no Arquivo Iphan-SP: uma abordagem etnogrfica
Resumo:Nicolau Alekhine, engenheiro militar e topgrafo r...
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Resumo:Nicolau Alekhine, engenheiro militar e topgrafo russo, veio para o Brasil em 1921 fugindo da Revoluo Russa e consequente implantao do regime comunista naquele pas. No Brasil, especializou-se em estudos dominiais e produo de cartografia sobre a ocupao de terras na Cidade de So Paulo. Foi desenhista da prefeitura e atuou em diversos rgos pblicos de regularizao fundiria no Estado de So Paulo. Em 1964 foi preso e teve seu arquivo particular confiscado pelo Exrcito Brasileiro por se envolver com grilagem de terras do Hospital Militar de So Paulo. Seu arquivo foi desmembrado pelos militares e grande parte foi doada para a Superintendncia do Iphan em So Paulo. Em nossa pesquisa, trabalhamos com o Fundo Nicolau Alekhine do Arquivo Iphan-SP, sob guarda da Superintendncia h pelo menos 50 anos, pouco pesquisado e divulgado. Interessa-nos, para alm do contedo escrito em papel por um determinado sujeito, o no dito, as relaes de poder que formaram este acervo, as classificaes que foram dadas documentao, os discursos acionados pelos diferentes sujeitos e instituies que se apropriaram do arquivo - inclusive o prprio IPHAN e as determinaes que fizeram com que o arquivo chegasse espacialmente onde ele est. Nossa proposta metodolgica ser a de trabalhar com a etnografia do arquivo, a fim de desnaturaliz-lo por meio da anlise sociolgica e histrica da documentao. Desse modo, a lente etnogrfica auxiliar a pesquisa histrica para que consigamos enxergar alguns aspectos desse acervo. Para alm das informaes registradas, os arquivos so produtos de intencionalidades dos diferentes agentes que dele se apropriam diariamente: titulares, famlia, arquivistas, pesquisadores. So processos seletivos tanto da sinapse de criao que transforma o que pensado em escrito, quanto dos registros que informam sobre nossa existncia. Do imbrglio de apropriaes pelos quais aram o arquivo particular de Alekhine, levantamos algumas questes que so trabalhadas na pesquisa: Quais as motivaes que levaram Alekhine a guardar seus documentos? Qual a inteno ao elaborar seus mapas e estudos? Em que contexto se constituiu o arquivo? Quais os mltiplos sentidos foram atribudos ao mesmo arquivo em diferentes perodos e por distintos sujeitos? Que atores participaram na acumulao, guarda e destinao deste arquivo? Que intenes e sentidos podemos atribuir a esta tarefa minuciosa de produo de mapas, desenhos e estudos dominiais sobre a ocupao territorial de So Paulo? Nosso foco ser na produo de uma biografia do arquivo, entendendo-o como um objeto vel de representaes e diferentes apropriaes ao longo do tempo.
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Walter da Silva Pereira Junior (Colgio Pedro II / Grmio Cacique de Ramos)
Arquivos e Carnaval: uma anlise do arquivo pessoal do Doutor Hiram Araujo.
Resumo:Esta comunicao tem por objetivo abordar o proces...
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Resumo:Esta comunicao tem por objetivo abordar o processo de constituio do arquivo pessoal de Hiram Arajo, depositado no Centro de Memria da Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), no Rio de Janeiro, e as narrativas produzidas em torno e por meio dele. A pesquisa est sendo desenvolvida no Mestrado em Memria e Acervos da Fundao Casa de Rui Barbosa. O titular do arquivo foi mdico de formao e exercitou variados papis: do cotidiano de agremiaes at posies de mando nas esferas de deciso, foi carnavalesco, gestor nas iniciativas pblica e privada, escritor e pesquisador do fenmeno. Um dos criadores da noo de Departamento Cultural na Imperatriz Leopoldinense, em 1967, ou pela Portela, trabalhou na RIOTUR, foi criador do Centro de Memria do Carnaval, na LIESA, e do Instituto do Carnaval na Universidade Estcio de S, onde se tornou professor, diretor e, em 2006, professor honoris causa. Com o irmo Isnard deu incio ao que foi chamado Museu Histrico Portelense, promovendo o registro, em gravaes de udio, de depoimentos de personagens fundamentais da agremiao. O projeto, no entanto, no foi finalizado e o que foi produzido nunca chegou a ser incorporado ao patrimnio da Escola, ficando em posse do prprio Hiram com sua sada em 1978.
O conjunto documental denominado Arquivo Hiram Arajo, corresponde a uma reunio daquilo que o titular produziu e acumulou em casa e nos diversos ambientes de trabalho onde esteve. A maior parte do material foi doada ainda em vida pelo prprio Hiram, e uma outra aps sua morte, em 2017, por iniciativa de seus familiares. Nesse fundo encontramos: manuscritos de esboos de textos (assim como textos completos) de temporalidades diversas, apontamentos variados (fichamentos, reflexes soltas, cronologias, listas), manuscritos de suas inseres em programas de rdio, esboos de correspondncias, originais de enredos de sua autoria, verses de projetos que idealizou, ofcios e papis funcionais de sua trajetria em instituies diversas, recortes de jornais e revistas, material de pesquisa. Do Museu Histrico Portelense constam as gravaes e alguns resumos biogrficos dos depoentes.
Buscamos entender a biografia (Randolph, 2005) do acervo em questo: primeiro como papis pessoais, depois fundo arquivstico, e ento como fonte histrica do tema carnaval.
Constitui inteno desse trabalho apreender as condies de acumulao e guarda do papelrio - compreendendo a dimenso processual da constituio dos arquivos, assim como as interferncias de sujeitos variados - os gestos individuais de arquivamento/acumulao, e os usos e representaes do titular sobre seus papis.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Angela Moreira Domingues da Silva (DOC/FGV)
O arquivo do Tribunal de Segurana Nacional: histria, contedo e potencialidade de pesquisa
Resumo:O arquivo do Tribunal de Segurana Nacional: hist...
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Resumo:O arquivo do Tribunal de Segurana Nacional: histria, contedo e potencialidade de pesquisa
O presente trabalho tem como objetivo analisar a histria, o processo de organizao e a disponibilizao dos documentos do arquivo do Tribunal de Segurana Nacional (TSN), sob guarda do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Criado em 1936, pelo presidente Getulio Vargas, o TSN funcionou como um tribunal poltico e de exceo no julgamento de comunistas, integralistas e pessoas acusadas de crimes contra a economia popular. Seus trabalhos se encerraram em 1945 e a maior parte da sua documentao foi recolhida pelo Arquivo Nacional, conforme previsto no decreto-lei n. 8.186, de 19 de novembro do mesmo ano, assinado pelo presidente Jos Linhares. O acervo do Fundo Tribunal de Segurana Nacional composto por documentos encaminhados ao Arquivo Nacional, somados a processos que se encontravam sob a responsabilidade de outros rgos do Executivo e do Judicirio, que tambm foram enviados quele arquivo. Dessa forma, documentos referentes ao TSN e que estavam sob a guarda de instituies como Superior Tribunal Militar (STM), Tribunal de Justia, Promotoria Pblica do Rio Grande do Sul, Procuradoria Geral do estado de So Paulo, alm do ento Ministrio da Guerra, foram remetidos para o Arquivo Nacional. Esse trnsito documental ocorreu entre os anos de 1945-1947, 1949, 1951, 1953 e 1966, mostrando um intercmbio entre instituies do campo jurdico e o Arquivo Nacional, na preservao dessa documentao. As reflexes sobre a atuao do TSN voltam-se, em geral, para a represso e julgamento, durante o Estado Novo, dos supostos inimigos vermelho e verde, ou seja, comunistas e integralistas, respectivamente. Em geral, no se encontram anlises sobre o arquivo do TSN e o conjunto documental que o integra. Tal acervo judicial espelha as disputas polticas e ideolgicas travadas nas dcadas de 1930 e 1940, alm de retratar as dinmicas institucionais prprias de uma instncia decisria judicial, atuante em um perodo autoritrio. Composto por atas, processos crime, habeas corpus, acrdos, ofcios, entre outros, o conjunto documental do TSN pode ser ado por meio de quatro bases de dados distintas, que impacta nos caminhos de pesquisa possveis. Diante desse cenrio, pretende-se refletir sobre as potencialidades de pesquisa que este acervo, pouco explorado, oferece para compreender o perodo do Estado Novo, a represso judicial praticada poca, o fenmeno autoritrio e suas tramas cotidianas, assim como a relao entre sistema de justia e autoritarismo no Brasil republicano.
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Binah Ire (Mestranda em Histria Cultural)
Arquivos feministas: entre o pessoal, o poltico e o precrio
Resumo:Os arquivos feministas se caracterizam por suas re...
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Resumo:Os arquivos feministas se caracterizam por suas relaes com o ativismo e a academia, localizando-se ora como acervos pessoais, ora como parte de acervos acadmicos de pesquisa, ora como fundos de arquivos pblicos, os primeiros em maior quantidade e estes ltimos em menor quantidade, at pela evidente falta de estrutura para sua gesto. Pensar sua salvaguarda, proteo e preservao num contexto de precariedade dos equipamentos culturais - museus, arquivos e bibliotecas pblicas - implica em pensar solues coletivas e pouco custosas, contemplando dentro do possvel suas especificidades. Penso os arquivos feministas como arquivos de base, arquivos de movimentos sociais que se interseccionam com movimentos LGBT+, populares e de esquerda no Brasil. H uma demanda recente por salvaguarda desses arquivos que est relacionada ao contexto poltico de perseguio e represso de movimentos sociais em geral, o que coloca em risco a produo intelectual e ativista destes movimentos. Com a escassez de arquivos estruturados para receber esses conjuntos, urgente pensar medidas de preservao e formas de financiamento de projetos que contemplem a organizao, gesto e proteo desses arquivos. Trago um paralelo entre o Arquivo Edgard Leuenroth e o Centro de Informao da Mulher para ilustrar dois tipos de experincias distintas, mas que se propem ao mesmo objetivo e que se complementam quando nos colocamos a refletir sobre pessoalidade, precariedade, proteo e gesto de arquivos. A institucionalizao favorece a captao de recursos e estruturao, embora no os garanta. A pessoalizao, por outro lado, garante a sobrevivncia, mas pode no dar conta das demandas que materiais sensveis podem ter. A digitalizao uma forma possvel de salvaguarda desses conjuntos, mas tambm deve ser pensada de forma holstica e complementar ao trabalho de classificao e avaliao arquivsticas. Por fim, coloco-me a pensar a historicizao dos arquivos mencionados e no estudo destes enquanto objetos de pesquisa, enquanto conjuntos permeados pela intencionalidade e contingncia, pela necessidade de reflexo historiogrfica acerca de sua formao e utilizao por pesquisadores no campo da Histria e cincias humanas. A partir da experincia com o acervo do LEGH-UFSC (Laboratrio de Estudos de Gnero e Histria), ensaio uma projeo deste trabalho aos arquivos de base dos movimentos sociais e seus conjuntos j institucionalizados.
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Digenes Mendes Calado (LABORATRIO DE HISTRIA E MEMRIA)
Preservao da memria, processos trabalhistas e justia do trabalho: O Arquivo TRT 6 Regio/UFPE.
Resumo:Em 2004 um grupo de pesquisadores/professores do P...
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Resumo:Em 2004 um grupo de pesquisadores/professores do Programa de Ps-Graduao em Histria da UFPE celebrou um convnio de parceria entre o Departamento de Histria da UFPE e o Tribunal Regional do Trabalho 6 Regio para a guarda, de 50 mil processos trabalhistas. Ao ser posteriormente contemplado com o Edital Multiusurios da FACEPE esse grupo de professores treinou uma equipe de estudantes da graduao de histria e de outros departamentos da UFPE para realizar um trabalho de higienizao, catalogao e digitalizao de cinco mil processos trabalhistas. E dessa forma foi criado o site que disponibiliza hoje mais de dezenove mil processos trabalhistas.
possvel afirmar que essa uma atividade que tem contado com inmeros parceiros no nvel nacional, pois a defesa dessa documentao hoje um tema da pauta de incontveis Tribunais Regionais espalhados pelo Brasil, e tambm foi incorporada a agenda do Tribunal Superior do Trabalho em Braslia. Hoje h Centros de Memria dos TRTs nos estados do Rio de Janeiro, So Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Cear, Par, Paran, Amazonas-Roraima, Santa Catarina, Esprito Santo, Gois, Alagoas, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, assim como o Frum Permanente em Defesa da Memria da Justia do Trabalho.
Os processos trabalhistas se constituem em uma documentao de enorme relevncia para a historiografia, pois ajudam a compreender a luta legal dos trabalhadores rurais e urbanos para terem garantidos seus direitos, no reconhecidos pelos patres. Tambm possibilitam narrar histrias do trabalho, da justia do trabalho, da legislao trabalhista e sua aplicao, assim como as condies de vida nos engenhos, nas usinas e nas indstrias. Os processos tambm possibilitam analisar os discursos e as prticas comuns a determinados perodos histricos. Desde quando o Laboratrio comeou a funcionar, em 2004, o trabalho desenvolvido por tcnicos e gestores, com a preservao e a divulgao dos processos trabalhistas, transformados em documentos, possibilitou que estudantes de graduao, mestrandos e doutorandos fundamentassem a elaborao de TCCs, dissertaes de mestrado e teses de doutorado da rea da histria, da sociologia, da economia, da geografia e do direito.
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Eduardo Augusto Costa (FAUUSP)
Arquivos e colees de arquitetura: o lugar do Brasil no panorama internacional
Resumo:A reviso historiogrfica da arquitetura ganhou f...
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Resumo:A reviso historiogrfica da arquitetura ganhou flego, no Brasil, a partir dos anos 1990. Historiadores desenvolveram abordagens renovadas, envolvendo novos protagonistas, temticas e objetos at ento desconhecidos ou propositadamente obliterados. Tal renovao se mostrou fundamental para a formulao de outros sentidos e narrativas, que tm mobilizado tipologias documentais at ento no problematizadas. Neste sentido, nota-se a multiplicao de es, com problematizao massiva de fotografias, mas tambm de desenhos, mapas, livros, cartas, jornais, documentos istrativos, material audiovisual e tantos outros. No bojo desta mudana e reconhecendo a j avanada reflexo no campo da Histria, o debate em torno dos arquivos e colees de arquitetura vem se organizando mais recentemente. Reconhece-se que tais estruturas so chaves na organizao de sentidos, controle de narrativas, reordenao de protagonismos e polticas mais amplas ligadas arquitetura. O futuro da histria da arquitetura a pelo tratamento de seus arquivos.
A tardia incorporao desta reflexo se deve a caractersticas particulares do cenrio brasileiro. Primeiramente, reconhece-se que so poucas as entidades que se dedicam a pensar os arquivos. Para alm de instituies governamentais que, ainda que no tenham uma poltica clara, conservam conjuntos importantes; instituies dedicadas preservao do patrimnio; e raros setores de museus, que organizaram sees ligadas arquitetura; reserva-se a algumas universidades pblicas o protagonismo. Identifica-se que as faculdades de arquitetura mantidas pela UFRJ, UFMG, USP e UNB so os principais centros de documentao do pas, ainda que no haja uma poltica institucional clara que reconhea tais estruturas como determinantes para o funcionamento institucional, bem como para a renovao da historiografia. J no contexto internacional, h um debate muito estruturado, que se d em torno de duas organizaes: a ICAM, International Confederation of Architectural Museums (1979), vinculada ao ICOM, International Council of Museums; e a SAR (2000) Section on Architectural Records, vinculada ao ICA, International Council of Archives. a partir destas duas instituies que as principais polticas de arquivo ligadas arquitetura esto estruturadas. E a partir delas que se estruturam as principais aes curatoriais e investigativas de centros universitrios de projeo internacional.
Este trabalho pretende apresentar alguns dos aspectos deste panorama, comparando as instituies nacionais com o cenrio internacional. Pretende-se confrontar tais cenrios, sinalizando para aspectos e debates importantes que precisam ser trilhados neste processo de renovao historiogrfica pelo qual vem ando a arquitetura brasileira.
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Geovanni Gomes Cabral (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par - Unifesspa)
O Arquivo Fotogrfico da T-Marab: lugares de memria, resistncia e luta pela terra
Resumo:A presente comunicao tem como proposta discutir ...
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Resumo:A presente comunicao tem como proposta discutir o arquivo fotogrfico da Comisso Pastoral da Terra (T)/Marab, como lugares de memria e suas mltiplas possibilidades de leituras acerca dos movimentos sociais, da resistncia e da luta pela terra. Essa pesquisa vem sendo desenvolvida neste arquivo, permitindo, com isso, olhares, leituras e problematizaes no campo visual e historiogrfico no que concerne a registros fotogrficos dos movimentos sociais, ocupaes, despejos, assassinatos, trabalho escravo, violncia, atividades pastorais etc. Para essa anlise, foram selecionadas as fotografias documentais da coleo do fotgrafo Joo Roberto Ripper, registradas na dcada de 1980 na regio de Marab. Esse fotgrafo do Rio de Janeiro, durante esse perodo, percorreu vrias regies do sul e do sudeste do Par, e suas lentes captaram imagens humanas, cenas de revoltas e violncia, crianas sem teto e sem comida, mulheres despejadas de seus lares. Essas fotografias em preto e branco possibilitam conhecer vidas, cenrios da explorao de fazendeiros e pistoleiros diante da ocupao da terra. So imagens que registram no apenas um tempo congelado, mas representam lugares de memrias, sentimentos e historicidade de homens e mulheres na luta pela terra. Essa fotografia/documento permite conhecer o ado por meio de seus indcios, de sua visualidade e de seus usos. A fotografia tem uma histria; tomando esse ponto como eixo investigativo, deparamo-nos com uma produo permeada de intenes, de temporalidades distintas quanto a sua materializao, autoria e tecnologia e quanto ao seu enquadramento. Que histrias e ados foram captados nesses instantes e esto preservados nesse arquivo? Que memrias de lutas e resistncia podemos recuperar nessas colees? De que forma podemos trabalhar essas imagens no ensino de Histria? Esse que, inclusive, um ponto importante para a formao de professores no curso de graduao de Histria da Unifesspa, os quais desconhecem essas histrias, silenciam-nas ou as conhecem de formas distorcidas. Tais indagaes proporcionam ao historiador percorrer essas fontes documentais, problematizando sua especificidade temporal e imagtica no que concerne produo de narrativas do ado e s suas prticas culturais.
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Iane Maria da Silva Batista (Universidade Federal do Par)
Documentando as lutas camponesas na Amaznia paraense: o acervo da Comisso Pastoral Da Terra (T)
Resumo:No ltimo quartel do sculo XX, especialmente a pa...
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Resumo:No ltimo quartel do sculo XX, especialmente a partir do contexto brasileiro de resistncia ditadura civil-militar, assistiu-se ao desenvolvimento de experincias de formao de acervos por organizaes da sociedade civil representativas de grupos historicamente marginalizados pelo empreendimento arquivstico (COOK, 1998). A criao do acervo documental da Comisso Pastoral da Terra (T) emerge nessa conjuntura. Fundada em junho de 1975, no mbito da Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a criao da T foi motivada pela necessidade de acompanhar as contradies e antagonismos que marcaram as aes governamentais planejadas para a regio amaznica pelos governos civis-militares, especialmente no que se refere ocupao das terras num processo iniciado nos anos 1960 e intensificado nas dcadas seguintes, marcado pela violncia contra camponeses, posseiros, pees e indgenas.
Segundo avaliaes de documentos da Igreja Catlica, por ter uma cobertura institucional, a T propiciou a visibilidade poltica dos conflitos fundirios, ando a ser um canal sistemtico de registros e denncias envolvendo esta questo (T, 2006). Para reforar a luta pelos direitos, o rgo criou um setor de documentao em sua sede nacional em Goinia, o Centro de Documentao Dom Toms Balduno, registrando os conflitos envolvendo os homens e as mulheres do campo e a violncia por eles sofrida. medida que a T foi expandindo sua atuao pelo pas com a criao de sedes regionais, estas gradativamente tambm foram constituindo seus arquivos, os quais evidenciam a existncia e a resistncia das populaes amaznicas marginalizadas/invisibilizadas nos documentos oficiais.
Nesse contexto, a comunicao ora proposta abordar o processo de formao, organizao e o do acervo documental da T regional de Belm, que h quatro dcadas vem documentando as lutas pela terra no Estado do Par, objeto de projeto de pesquisa atualmente desenvolvido pela autora. Acreditamos que, ao registrar as experincias sociais de homens e mulheres comuns afetados pela concentrao exponencial de terras pelo agronegcio, pela ao das grandes mineradoras transnacionais, pelos projetos de infraestrutura, como rodovias, hidreltricas, portos e ferrovias ao longo das ltimas dcadas, o acervo da T possibilita sociedade e aos estudos acadmicos, em especial, a possibilidade de construo de outras narrativas, mais plurais, contrapondo-se a uma escrita oficial da histria regional que por muito tempo relegou tais experincias ao silncio e ao esquecimento.
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Magda Nazar Pereira da Costa (UFPA - Universidade Federal do Par)
PRONAME e o direito coletivo memria: aplicaes e implicaes a partir do arquivo histrico do Judicirio de Bragana-Par
Resumo:Lanado em dezembro de 2008, em funo da coopera...
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Resumo:Lanado em dezembro de 2008, em funo da cooperao tcnica firmada entre o Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) e o Conselho Nacional de Justia (CNJ), o PRONAME (Programa Nacional de Gesto Documental e Memria do Poder Judicirio), tem por objetivos estabelecer uma poltica de gesto documental voltada racionalizao do ciclo vital dos documentos produzidos em todos os rgos do Poder Judicirio brasileiro em suas instncias federal e estadual, bem como promover a memria institucional atravs da preservao do material recolhido e acumulado em seus arquivos permanentes. Alm de aperfeioar e otimizar os servios prestados pela Justia sociedade, tal programa, portanto, prev um amplo o, por parte de cidados comuns e pesquisadores, aos autos judiciais e demais registros considerados histricos referentes s suas atividades istrativas e judicirias, como forma de fomento produo do conhecimento cientfico e, principalmente, democratizao do direito informao, como expresso de cidadania. Conforme o Manual do PRONAME (Portaria n 113/2011-CNJ), em seus aspectos sociais e culturais, a conservao e organizao dos documentos do Judicirio representam ainda a manuteno do direito coletivo memria, ou seja, configuram meios de constituio e reafirmao da identidade da nao e de determinados grupos sociais.
No entanto, observando os instrumentos legais de regulamentao do programa e as experincias vivenciadas a partir do mesmo, em mbito estadual, pelo Tribunal de Justia do Estado do Par (TJPA), que desde 2012 vem buscando sistematizar uma poltica de gesto, controle e preservao de seus documentos, compreendendo, dentre outras coisas, a organizao de seus arquivos e demais espaos de memria, nota-se, um paradoxo, atravs do qual as concepes de memria representadas ali, ora denotam feitos inatingveis e celebres relacionados a agentes que estiveram frente da istrao institucional, ora enfatizam a diversidade de memrias e histrias de sujeitos plurais, com experincias de vida mltiplas, que sob condies especficas foram levados a prestar esclarecimentos ou julgados pelos representantes da justia em uma determinada poca e local.
Assim, tomando por base a conservao preventiva dos documentos histricos e a organizao do arquivo permanente da Comarca de Bragana, no Par, em execuo desde 2017, resultantes do convnio de cooperao entre o TJPA e a Universidade Federal do Par (UFPA), firmado em conformidade com as normas do PRONAME, que este trabalho pretende discutir a aplicao e implicaes desta poltica de gesto documental a partir do arquivo em tela, recuperando a partir da massa documental preservada um complexo de histrias e memrias de indivduos e grupos sociais diversos.
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Talita Gouva Basso (PUCSP - Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo)
Os Arquivos Pessoais como fonte para a Histria das Mulheres
Resumo:O presente trabalho um relato da experincia obt...
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Resumo:O presente trabalho um relato da experincia obtida no Arquivo Pblico e Histrico do Municpio de Rio Claro (SP), com o tratamento tcnico dos acervos pessoais de duas mulheres atuantes em seus respectivos tempos e espaos sociais. Cidad rio-clarense, Maria Ceclia Brbara Wetten (1948-1998) fora destaque no cenrio poltico brasileiro no ano de 1977, uma vez que com outros jovens participava do Movimento de Emancipao do Proletariado (MEP), que considerado infringente a Lei de Segurana Nacional poca, teve os seus integrantes presos na cidade do Rio de Janeiro. Anistiada do crime que lhe custou meses de tortura no crcere, engajou-se na luta pela anistia e pelos direitos humanos de militantes ainda presos e exilados. Entre 1979 e 1982, perodo em que residiu na cidade de So Paulo, colaborou para o jornal Companheiro, tornando-se membro de um grupo seleto de dez mulheres comprometidas com a produo e a edio de artigos e materiais diversos sob a temtica mulher. Em contrapartida, o arquivo pessoal de Carmela Patti Salgado (1902-1989) rene documentos de interesse dos pesquisadores dedicados histria das mulheres na Ao Integralista Brasileira, movimento liderado por seu marido Plnio Salgado, nos anos 1930. Cidad de Taquaritinga (SP), a Sra. Carmela assumiu funes pblicas no perodo em que residiu em Braslia, to logo sua inaugurao. O hbito da correspondncia e o arquivamento da cpia das cartas enviadas garantiram uma volumosa srie documental no seu acervo. Eleitas como documentos privilegiados para o estudo da vida privada, as cartas apresentam informaes que contribuem para analisarmos as condutas preestabelecidas de sociabilidade, para reconstruirmos as redes de relaes pessoais, bem como para refletirmos acerca do direito intimidade. Objetivando garantir a preservao e o o aos conjuntos documentais declarados de interesse pblico pela instituio que detm a salvaguarda, realizou-se um estudo do contexto de produo e de acumulao dos documentos pertencentes s respectivas titulares, assegurando atravs dos instrumentos de pesquisa condies aos consulentes que buscam construir a imagem de mulheres que para a alm de ter um significado individual possam tambm ter uma representao para a sociedade.
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Tiago Braga da Silva (Universidade Federal do Esprito Santo)
Arquivos Pblicos e a luta pelo direito memria: aquisio de acervos e descrio de documentos em questo.
Resumo:O objetivo deste trabalho analisar a importncia...
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Resumo:O objetivo deste trabalho analisar a importncia das funes de aquisio de acervos e de descrio de documentos na atuao dos Arquivos Pblicos brasileiros na luta pelo direito memria. A partir da dcada de 1980, diferentes pases e grupos sociais e tnicos, no mundo ocidental, aram a reivindicar o seu ado: uma luta na busca pela memria e identidade. Esse movimento coloca aos arquivos pblicos uma reflexo importante sobre o seu potencial de uso e sua funo social, pois, ainda que se concebam os arquivos como instrumentos do Estado, no se pode deixar de reconhecer e refletir sobre o seu potencial no contexto das lutas pelo direito memria e suas reconfiguraes para o uso do ado. No Brasil, mesmo depois da constituio brasileira aprovada em 1988, que representa um marco importante em vrios aspectos, inclusive para o campo arquivstico. Ainda h nuances no cenrio poltico acerca das instituies arquivsticas que impedem o o pleno aos documentos arquivsticos. O arquivo no possui uma memria verdadeira e totalizante, preciso considerar que a produo, aquisio, avaliao, preservao, descrio e divulgao dos acervos arquivsticos, no ocorrem de forma natural. So resultados de disputas de memria entre diferentes grupos no intuito de registrar suas verdades e produzir os esquecimentos. Os arquivos s podem oferecer aos seus usurios aquilo que dispem, logo, o processo de aquisio representa uma operao bastante significativa e tem total relao com a atuao dos arquivos como lugar de memria. E por tabela, os instrumentos de pesquisa, resultado do processo de descrio, representam a possibilidade de consulta aos documentos pertencentes ao acervo da instituio. Nessa direo, numa linguagem matemtica, podemos considerar a seguinte equao: Aquisio de acervos (Entrada de documentos) + Descrio de documentos (Sada de Informao) = Resposta demanda de informao. Assim, conclui-se que o processo de aquisio de acervo e o processo de descrio de documentos so basilares na atuao dos arquivos pblicos, uma vez que o primeiro representa a entrada de documentos e o outro, a possibilidade de o informao. A composio desses dois processos representa a capacidade ou as possibilidades de respostas s demandas de informao apresentadas aos arquivos pblicos; e pode ser uma chave elucidativa na anlise da atuao das instituies arquivsticas no contexto das lutas pelo direito memria.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Anna Karla da Silva Pereira (Universidade catlica de Pernambuco)
A histria dos objetos de castigo e punio a escravizados expostas no Museu do homem do Nordeste: representao, memria e os usos sociais.
Resumo:O objetivo desse artigo historicizar a coleo d...
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Resumo:O objetivo desse artigo historicizar a coleo de peas de castigo e punio expostas no Museu homem do Nordeste e analisar a representao das memrias produzidas atravs delas.
O Museu do Homem do Nordeste (Recife/PE.), fundado em 1979, foi concebido a partir dos acervos do antigo Museu do Acar, do Museu de Arte Popular e do Museu de Antropologia, inspirado no conceito de museu regional defendido por Gilberto Freyre. A concepo do MUHNE visava oferecer uma sntese da formao e das gentes que formavam o Nordeste do Brasil
Originalmente o espao dessa histria e memria foi dividido em cinco salas sendo cada uma delas destinada a apresentar elementos, objetos, instrumentos, vestimentas, imagens e outros vestgios das trs principais matrizes indgena, europeia e africana que povoaram a regio. Neste trabalho, no obstante analisar-se- a origem de um conjunto especfico de extinta coleo: Os instrumentos de Castigo e punio de escravos expostas na sala nmero trs, referentes marcante presena africana e das instituies escravocratas no Nordeste do Brasil.
Interessa-nos analisar e discutir tambm sua escolha como artigos de exposio permanente no roteiro de visitaes, gerando interpretaes e vises muitas vezes distorcidas a cerca de seu uso e das prticas punitivas vigentes durante o regime escravista no Brasil.
O artigo problematiza a participao dos museus como espaos de representao e poder, analisando at que ponto as narrativas construdas a partir da exposio, demarcam e legitimam as relaes sociais. O acervo na tica desse projeto representa a fonte, e as exposies compreendem os meios de transmisso da mensagem com o pblico.
Utilizamos de vieses dos estudos sobre histria do crime, identidade cultural bem como da literatura que trata da formao de discursos e poder simblico, complementando-se com levantamento de fontes primrias e pesquisa in loco usada para o delineamento da investigao no mbito dos Museus.
Apresentaremos uma pesquisa acerca da aquisio do acervo e as mudanas da exposio ao longo dos anos apresentando ao leitor um estudo sobre como a cultura material pode contribuir para a construo e manuteno da memria e da identidade de determinado grupo e ainda a relao do castigo com a construo identitria de grupos sociais.
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Gustavo Rodrigues Mesquita (DOC/FGV)
UNESDOC: limites e possibilidades de pesquisa no arquivo digital da UNESCO
Resumo:Para o desenvolvimento da minha tese de doutorado,...
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Resumo:Para o desenvolvimento da minha tese de doutorado, intitulada "Florestan Fernandes e o antirracismo nos Estados Unidos e no Brasil (1941-1964)", contei com algumas vantagens da pesquisa online em acervos digitais. A agilidade das buscas e a facilidade na produo de cpias dos documentos encontrados mostraram-se vantajosas para um historiador interessado na Histria mais em sua perspectiva global que estritamente nacional. Eu deveria ter feito muito mais viagens de pesquisa em arquivos estrangeiros, devido s exigncias do meu problema historiogrfico, no fossem as praticidades oferecidas pelos acervos digitais disponveis na internet. O tempo e os recursos financeiros economizados dessa forma so os primeiros aspectos relevantes da minha experincia digital na rea de pesquisa histrica.
No que a pesquisa in loco em acervos fsicos tivesse perdido importncia ou pudesse ser dispensada. Na verdade, comecei as buscas por documentos de maneira presencial, recolhendo documentos de diferentes tipos (cartas, fotos, jornais, revistas e livros) em arquivos convencionais, como o Arquivo Pblico do Estado de So Paulo e o Fundo Florestan Fernandes. Bastante tempo dediquei a esta atividade, inclusive ao viajar para os Estados Unidos, em cujas cidades (Boston, Filadlfia, Nashville e Nova York) encontram-se alguns arquivos fundamentais para a histria das Cincias Sociais no sculo XX. Rica, porm, desafiante para um doutorando que nunca tinha pesquisado em arquivos estrangeiros, nesta viagem encontrei muitos documentos que seriam usados no desenvolvimento da tese.
Infelizmente, ada a experincia nacional e internacional com os arquivos no-digitalizados, pouco tempo restava-me para a concluso da tese. Assim surgiu de maneira abrupta a necessidade por um mtodo de busca mais clere, visto que minha pesquisa no estaria completa sem uma documentao especfica da UNESCO, ainda hoje pouco explorada no Brasil. Esta necessidade foi atendida pelas buscas no arquivo digital da UNESCO, tambm conhecido por UNESDOC.
So discutidas aqui as vantagens e as desvantagens da pesquisa histrica feita com acervos digitais. A partir do relato de uma experincia acadmica com esta forma de pesquisa a que deu origem a uma tese de doutorado em Histria Contempornea do Brasil, cuja documentao provm, em parte, do sistema de arquivos digitais da UNESCO , procuro discutir a seguinte questo: so as inovaes tecnolgicas desse tipo de acervo positivas para a pesquisa histrica? Procuro analisar, neste relato, as vantagens obtidas com a ferramenta digital, as possibilidades de refinamento das buscas, assim como os possveis limites da ferramenta.
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Jubrael Mesquita da Silva (UEA - Universidade do Estado do Amazonas)
Arquivos, Memria e Cidades Amaznicas: A geo-histria como prtica de pesquisa
Resumo:O presente texto tem por objetivo descrever aspect...
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Resumo:O presente texto tem por objetivo descrever aspectos constitutivos de fonte primria, presente no Acervo documental da Rdio Educao Rural de Tef-AM. O manuscrito, escrito em idioma francs, produzido a partir da atuao de missionrios ses Espiritanos, entre 1914 e 1939 constitui-se em dirio das visitaes religiosas, desobrigas, dos religosos catlicos em misso no territrio do Mdio e Alto Amazonas, sob influnca da istrao eclesistica da Igreja. Fez-se necessrio a digitalizao, transcrio e traduo do documento. Para tanto, seguimos algumas ponderaes quanto aos aspectos metodolgicos que impactam na abragncia da edio, e o ao contedo de documentos histricos, apontados por Lose (2017). Utilizamos tambm como aporte terico concepes de espao urbano, e a influncia da religio na temtica das cidades, definidas por Claval (2012) assim como o conceito de geo-histria desenvolvido por Fernand Braudel.
Em se tratando da trajetria da Igreja Catlica na Amaznia, sua presena deixou marcas visveis, no apenas em testemunhos e documentos eclesisticos, mas tambm no seu aparelho istrativo e nas vivncias cotidianas das comunidades do interior da regio.
Conforme assinalado por Pires (2002), em 1910, o papa Pio X criou trs Prefeituras Apostlicas no Brasil, sendo a primeira sediada em Tef-AM e entregue a ordem dos Espiritanos ses, outra em So Paulo de Olivena-AM, a cargo dos Capuchinhos italianos da Umbria e por ltimo, no Alto Rio Negro organizada pelos Salesianos. As trs nicas Prefeituras apostlicas criadas no Amazonas, ficavam em reas de fronteira.
Tef-AM fica localizada no interior do Estado do Amazonas, at 1910 pertencia circunscrio istrativa da Diocese de Manaus, quando na referida data criada a Prefeitura Apostlica de Tef, tendo como Prefeito Apostlico, o Espiritano francs Monsenhor Alfredo Michael Barrat, a partir do decreto da congregao consistorial de Pio X, como assevera Schaeken (1997).
Este artigo uma pequena parte do que pode vir a ser disponibilizado a sociedade em geral, sobre a histria de Tef e da regio do Mdio Solimes de nossa regio amaznica, a qual se tem ainda grandes lacunas para se compreender. Assim esta fonte documental eclesistica, nos oferece uma viso geral da riqueza deste manuscrito, bem como a possibilidade de utilizao desde no somente por historiadores, mas de todos aqueles que se interessam pela histria do urbano na Amaznia.
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Leandro Coelho de Aguiar (Universidade Federal do Amazonas)
A concepo de patrimnio documental no Amazonas na Primeira Repblica: consideraes iniciais.
Resumo:O trabalho possibilitar refletir a historicidade ...
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Resumo:O trabalho possibilitar refletir a historicidade do conceito de patrimnio documental no Amazonas entre 1889 e 1937 atravs da ao do Arquivo Pblico do Estado do Amazonas e do Instituto Geogrfico e Histrico do Amazonas. Dentro desta perspectiva, tambm se justifica pela possibilidade de uma reflexo da historicidade das instituies, acervos e prticas de arquivamento e patrimonializao dos acervos das duas instituies centenrias, responsveis pela criao, guarda e preservao do patrimnio documental e enquanto espao social contribuinte na concepo de Estado. Ao refletir historicamente o conceito de patrimnio documental atravs da ao de duas instituies, entre 1889 e 1937, o trabalho possui seu carter interdisciplinar entre a Arquivologia e a Histria.
Os interesses das duas instituies APEAM e o IGHA , mesmo tendo razes de criao diferentes, estiveram sempre prximos em suas prticas, de certo modo at com aes conflitantes. Ambas se aproximavam ao terem objetivos e prticas buscando a preservao do patrimnio documental, assim como ao se dedicaram tambm na escrita de uma histria amazonense, todavia possvel observar tambm certos conflitos de interesses e prticas, principalmente acerca da guarda e preservao da documentao pblica istrativa, j que muitos desses documentos, que deveriam por lei estar sob a guarda do Arquivo Pblico, acabavam sendo recebidos pelo IGHA.
Acredita-se que as duas instituies tiveram importncia na criao e consolidao de uma identidade amazonense atravs de suas aes de patrimonializao documental e escrita da histria, refletindo e em consonncia com as necessidades e debates locais, sendo questo extremamente importante no perodo da Primeira Repblica, onde as foras regionais e locais tentavam consolidar e enaltecer os estados diante da nova estrutura federalista.
Por fim, acredita-se na possibilidade de observar todo um discurso envolvendo a concepo de patrimnio documental e sua importncia na construo de uma identidade da sociedade amazonense dentro da perspectiva de estado nao e de referenciais federalistas, possibilitando assim pensar at mesmo nos debates que j estavam sendo feitos neste perodo e que viram a se intensificar nas dcadas de 1920 e 1930, com a discusso do que deveria ser entendido como patrimnio cultural e o que dever ser preservado oficialmente pelo Estado como elemento de constituio de identidade social. Fato que, com a criao do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional SPHAN em 1937, a noo de que acervos documentais considerados como patrimnio cultural foi descartada, porm cabe observar as possveis reflexes e debates realizados antes e depois de tais decises.
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Leonardo da Silva Torii (Secretaria de Estado de Educao /Par)
A Criao do Arquivo Pblico do Estado do Par e a Organizao do seu Acervo Documental: Entre discursos e prticas do governo republicano no Par (1894 - 1906)
Resumo:O Arquivo Pblico do Estado do Par criado em 16...
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Resumo:O Arquivo Pblico do Estado do Par criado em 16 de abril de 1901, sob um discurso muito atrelado de uma modernidade que uma elite econmica estava experimentando na regio amaznica: a extrao do ltex da seringueira. A fundao desta importante instituio arquivstica vm acompanhada de uma srie de reformas urbanas que a cidade de Belm sofreu na virada do sculo XIX, como a criao de museus, teatros, avenidas, feiras, iluminao eltrica, gua encanada. Todas essas realizaes so entendidas como traos de uma civilizao que tinha a Europa como modelo. Analisando os discursos das autoridades fica muito contundente o direcionamento para esse tipo de analise. Todavia, ao analisar a documentao istrativa do Governo do Estado e dos primeiros anos de funcionamento do Arquivo Pblico, a problemtica em torno da criao da instituio vai mudar de rumo. Lendo os relatrios dos governos estaduais e nos jornais da poca nos anos anteriores da criao, fica muito ntida a preocupao com a documentao histrica que estava, segundo as fontes, jogada pelas salas do palcio do governo. Esse problema estrutural causava prejuzos histria e memria da regio, haja vista que eram documentos dos perodos colonial e imperial. Em algumas fontes, apontava-se outro problema muito ligado a falta de ibilidade dos documentos histricos: questes ligados a regularizao de titularidade de terra. Desde a Lei de Terras de 1850 e das legislaes criadas durante os primeiros anos da Repblica, havia a necessidade de documentos que comprovassem a ocupao de territrios. Aqui no Estado, todos esses documentos estavam em cartrios ou no arquivo do palcio do governo da qual estavam em completa desorganizao. Para agilizar esse trabalho, uma parte da documentao histrica foi transferida para a Biblioteca Pblica em 1894. Porm no resultou em nenhum benefcio porque o prdio no tinha condies fsicas para executar os trabalhos. Isso fez com que o Governador Lauro Sodr comprasse um prdio e iniciasse um reforma de adaptao para a instalao de uma Biblioteca e Arquivo Pblico. Os primeiros anos de trabalho na organizao do acervo mostram a finalidade do governo de criar a instituio: priorizado a documentao colonial que trata de fronteiras entre os estados, entre os municpios e com outros pases; e das cartas de sesmarias. Alm disso, o Arquivo Pblico recebeu durante o recorte temporal, muitas solicitaes de particulares a respeito de documentos histricos que comprovassem ocupaes de terras. Portanto a criao do Arquivo Pblico vem atender uma necessidade de modernidade, mas tambm uma necessidade istrativa muito evidente.
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Libnia da Silva Santos (UCSAL - Universidade Catlica do Salvador)
Conjurao Baiana: o acervo do Arquivo Pblico do Estado da Bahia
Resumo:A Conjurao Baiana, evento histrico de plurais i...
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Resumo:A Conjurao Baiana, evento histrico de plurais interpretaes e nomenclaturas Revoluo dos Alfaiates, Conjurao Baiana, Revolta dos Bzios -, tem a memria dos 220 anos de execuo da pena capital aos considerados responsveis pelo projeto de sua execuo, registrada em novembro deste ano. So intensificadas as discusses com produes que ultraam os limites dos muros da academia e em mdias diversas, permitindo uma reviso bibliogrfica sobre os trabalhos mais pertinentes na rea e ressignificaes acerca de sua ocorrncia. Estes trabalhos, realizados por profissionais da histria e de outras reas correlatas, so elaborados a partir das informaes fornecidas pelos registros do movimento sedicioso produzidos pelo Tribunal da Relao e por seus autores e preservados em instituies de memria no Brasil e em outros pases. O presente trabalho visa discutir, utilizando-se de noes da histria e da arquivologia, os processos de gesto do acervo da Conjurao Baiana identificado na Seo Colonial/Provincial do Arquivo Pblico do Estado da Bahia, entidade arquivstica com um dos maiores acervos de Colnia do pas, que custodia grande parte da documentao sobre o tema (encontrado no Brasil em volume similar tambm na Diviso de Manuscritos da Biblioteca Nacional - RJ), atravs da anlise de elaboraes de arranjos, classificaes, aes de preservao de es fsicos, produo de es digitais e mecanismos de disponibilizao ao pesquisador das cerca de 2 mil pginas de fontes primrias, majoritariamente manuscritas, em e papel, acumuladas (papeis sediciosos, cpias de textos com ideias iluministas, cadernos de anotaes dos reus e demais papeis apreendidos em residncias e em posse dos investigados) e produzidas (correspondncias, autos de investigao, interrogatrios, careaes, devassas, autos de exame de letras e papeis, e outros) pelo estado portugus na figura do ento Tribunal da Relao da Bahia, no final do sculo dezoito, no mbito das devassas procedidas para compreenso da natureza do poca crime de lesa-majestade, identificao de envolvidos e autores e punio dos mesmos, de modo a evidenciar a importncia das aes de preservao destes documentos para o subsdio de novos estudos sobre este importante episdio da Histria da Bahia.
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Luciane Simes Medeiros (FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL)
Arquivo histrico, coleo e memria institucional: a Coleo Biblioteca Nacional, 1911-1990.
Resumo:Este trabalho tem por objetivo propor uma reflexo...
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Resumo:Este trabalho tem por objetivo propor uma reflexo em torno da criao e desenvolvimento do arquivo histrico da Fundao Biblioteca Nacional - acervo custodiado na Diviso de Manuscritos, onde convencionou-se chamar de Coleo Biblioteca Nacional. Para isto, buscamos analisar as estruturas e reformas istrativa da instituio, o lugar do arquivo nesta estrutura, os marcos temporais e os conceitos subjacente a sua conformao de arquivo para coleo nomenclatura que deslizou ao longo dos anos.
Esta anlise tem como recorte os anos de 1911 e a 1990. Inicia-se com a reforma proposta pelo decreto 8.835, que determinou o recolhimento do arquivo e dos livros de registro, aps cinco anos Seo de Manuscritos, e encerra seu objeto na dcada de 1990 quando a Biblioteca Nacional recebeu o prdio Anexo, na zona porturia, para onde ou a ser enviado o arquivo permanente da instituio. Houve, nesse momento, uma clara separao entre o arquivo histrico custodiado na Diviso de Manuscritos, integrante do acervo da instituio e o arquivo permanente sob a responsabilidade da Coordenao Geral de Planejamento e istrao.
A Coleo Biblioteca Nacional contm cerca de 4.200 documentos, entre correspondncias, livros de registro, relatrios gerenciais, inventrios, que vo do sculo XVIII ao XX. So vestgios que fornecem subsdios para remontar a trajetria da Real Biblioteca dos Reis at sua configurao atual como Fundao Biblioteca Nacional. Seus documentos so testemunhos materiais da reconstituio do acervo aps o incndio e terremoto em Lisboa, 1755, da travessia do Atlntico quando da invaso napolenica, das mudanas de sede no Rio de Janeiro, sobreviventes ao calor, a umidade, ao do homem.
Interessa-nos identificar, dentro do recorte temporal proposto 1911 a 1990 - as estruturas istrativas e os agentes que concorreram para conformar o arquivo istrativo em arquivo histrico, e posteriormente, em coleo na Diviso de Manuscritos. Recuperar a trajetria istrativa deste arquivo concorre para identificar seus agentes construtores e as lgicas de acumulao das camadas depositadas ao longo dos oitenta anos em tela, mas tambm para compreender as lacunas na documentao, a ausncia de personagens, temas e perodos. O arquivo, compreendido como artefato cultural, diferente da coleo, tem sua razo de ser nas atividades empreendidas pela instituio que o originou. As informaes e lacunas contidas em sua conformao tm impacto direto sobre a construo da memria institucional e das nas narrativas descritas a partir dele.
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Raphael de Souza Novaes (USP - Universidade de So Paulo)
As interfaces e limites de implementao do Sistema de Arquivos da USP a partir do caso da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ/USP
Resumo:O Sistema de Arquivos da USP, SAUSP, criado em 199...
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Resumo:O Sistema de Arquivos da USP, SAUSP, criado em 1997 com a perspectiva de gerir a produo e preservao documental das diversas unidades da USP, embora tenha avanado com a publicao de diversos Instrumentos de Gesto e a construo do edifcio do Arquivo Geral, encontra-se ainda distante do cumprimento de sua misso.
Em 2018, a direo da ESALQ delegou a um grupo de funcionrios a tarefa de estudar a viabilidade de implantao de um Centro de Memria na instituio.
Para alm do evidente valor histrico de parte da documentao acumulada por instituio j mais que centenria, o grupo tinha nas mos problemas bastante palpveis e relacionados a distintas massas documentais.
O Expediente abriga extensas sries de processos e pronturios, acumuladas por fora do cumprimento das atividades da rea, e que remontam ao incio do sculo e ocupam espao no Edifcio Central da ESALQ.
O Museu Luiz de Queiroz abriga grande diversidade de documentos das mais variadas procedncias, de maneira geral acumulados pelo esforo da rea em salvaguardar a memria da instituio, embora tais categorias de documentos no sejam entendidas como parte do acervo do Museu.
Somam-se a essas duas massas formadas de documentos fundamentalmente originrios da atuao da organizao, seus docentes e funcionrios, a ESALQ recebeu por doao o arquivo do Centro Acadmico Luiz de Queiroz (CALQ), instituio tambm centenria e de estreito vnculo com a histria da escola.
Nesse contexto, o grupo formado por delegao da direo contratou consultoria para estudo de caso e proposio de solues.
O estudo diagnstico ocorreu de junho a outubro de 2018, foi levado a cabo pelo autor deste texto e valeu-se de entrevistas com gestores de diferentes reas istrativas e departamentos de ensino da ESALQ, do Arquivo Geral e de outras unidades da USP que tiveram experincias organizando seus arquivos; estudo dos Instrumentos de Gesto do SAUSP; e anlise das massas documentais acumuladas.
Foram identificadas questes que influenciam na efetiva implementao do SAUSP e que pretendemos discutir na apresentao do simpsio temtico, tais como: disputa poltica entre a gesto central da USP e as unidades do interior; incompatibilidades entre os diferentes Instrumentos de Gesto; limites da atuao das comisses setoriais e do Arquivo Geral.
Por fim, uma vez que modelo vertical de funcionamento do SAUSP, no qual os poucos funcionrios do Arquivo Geral produzem as normativas do sistema e as comisses setoriais encarregam-se de tentar implement-las nas unidades, tem se mostrado pouco eficiente para a gesto das enormes massas documentais acumuladas na universidade, pretendemos sugerir um novo modelo de organizao para as instncias de gerenciamento dos arquivos da universidade.
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Renata Peixinho Dias Vellozo (Programa de Ps-Graduao em Histria, Poltica e Bens Culturais do DOC/FGV)
As mensagens no pertinentes da base de dados Sistema de Apoio Informtico Constituinte Saic: entre a demanda, a expectativa e a indexao (1986 1987)
Resumo:Nossa trabalho pretende analisar um conjunto de me...
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Resumo:Nossa trabalho pretende analisar um conjunto de mensagens escritas sobretudo por pessoas comuns ao longo de 1986 e 1987, enviadas Comisso de Constituio e Justia (CCJ) do Senado Federal, por meio de formulrios prprios desenvolvidos atravs dos projetos Diga Gente e Constituio, disponibilizados sem qualquer custo nas agncias dos Correios, nas Cmaras Municipais, nas prefeituras e em alguns partidos polticos. Esses escritos serviriam de apoio aos trabalhos dos parlamentares brasileiros eleitos em 1986 e, que no ano seguinte, tambm teriam a funo de constituintes. Para tanto, foram inseridos na base de dados Sistema de Apoio Informtico Constituinte Saic, organizada pelo Centro de Informtica e Processamento de Dados do Senado Federal Prodasen, com o ttulo: Sugestes da populao para a Assemblia Nacional Constituinte de 1988. Selecionamos especificamente as mensagens que, ao serem inseridas na base Saic, receberam o termo de catlogo e/ou de indexao: SUGESTES NO PERTINENTES, por conterem xingamentos, crticas ao processo constituinte vivenciado nos anos 1980, aos parlamentares, ao governo e s autoridades polticas em geral, dentre outros. Como consequncia, elas no foram apresentadas aos constituintes por serem consideradas imprprias e que nada acrescentariam aos trabalhos da futura Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Num primeiro momento, buscaremos compreender como se deu o recebimento, a seleo e a indexao dessas mensagens a fim de identificar quais foram os critrios utilizados pelos tcnicos de informtica do Prodasen para que definissem a impertinncia dessas fontes. Em seguida, iremos examinar o contedo dessas mensagens tidas como inadequadas, para reconhecer quais foram as propostas, crticas e opinies apresentadas pelos missivistas futura ANC e aos parlamentares que estariam envolvidos nessa atividade.. Pretendemos com isso verificar se esses escritos, que foram adjetivados como impertinentes por causarem incmodo entre os agentes responsveis pelo processo de indexao e as autoridades polticas, podem ser entendidas como um fator de resistncia e crtica s expectativas e investidas de enquadramento presentes nos discursos difundidos pelas instituies, movimentos sociais, literatura da poca e pelos meios de comunicao de massa, a respeito da redemocratizao no Brasil e a excepcionalidade do momento constitucional no que tange a participao popular nos anos 1980.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Alice Rigoni Jacques (Associao beneficente e Educacional de 1858)
As interlocues do memorial do Colgio Farroupilha de Porto Alegre/RS no campo educativo, da pesquisa e dos objetos de coleo
Resumo:O artigo analisa o Memorial do Colgio Farroupilha...
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Resumo:O artigo analisa o Memorial do Colgio Farroupilha, um museu escolar, localizado no Colgio Farroupilha em Porto Alegre/RS, criado em 2002, com o objetivo de preservar e divulgar o patrimnio histrico-escolar da instituio e de sua mantenedora - a Associao Beneficente Educacional (ABE 1858), fundada por imigrantes alemes h 161 anos. O arquivo composto por uniformes, cadernos escolares, fotografias, dirios de classe, artefatos da cultura escolar, entre outros tantos documentos. Todos esses resqucios so indicativos de prticas e testemunhos dos usos e dos costumes integrantes do cotidiano escolar em sua dinmica histrica. Esse estudo procura apresentar a dinmica e interao do Memorial, a partir dos documentos preservados e atividades desenvolvidas, visando descontruir a ideia de que o museu um local estagnado, reduto de colees, dispostas apenas coleo e contemplao. A documentao a a ser vistoriada a partir da substituio do olhar de curiosidade para a cosntruo do que pode-se nomear olhar de indagao. Os museus escolares, e no caso o Memorial do Colgio Farroupilha, constitui-se fontes de preservao e de recuperao do patrimnio material da escola, por meio do qual ser possvel reconstituir e identificar as liturgias da vida escolar. Dessa forma, o museu assim pensado, torna-se lugar de permanente integrao, dilogo e troca de saberes entre as pessoas. Alm de espao de coleo e preservao do patrimnio histrico-escolar, tambm espao interdisciplinar de ensino e de aprendizagem. Abordaremos as investigaes histricas suscitadas a partir da problematizao do arquivo, bem como as prticas educativas desencadeadas e de pesquisas acadmicas realizadas no espao. Assim, fertilizar o debate sobre as potencialidades do patrimnio histrico-escolar, tendo como objeto o Memorial, ir alm do espao fsico, pois por meio das redes sociais estamos conectados e interagindo, em grande parte com o que promovido com e para a comunidade a qual pertence. Com isso, a documentao sofreu um processo de recuperao, higienizao, guarda, e inventariao que contribuiu efetivamente para o desenvolvimento de diversas anlises no campo da Histria da Educao, em suas interfaces com outras reas do conhecimento. O trabalho desenvolvido no Memorial no se encerra nestes feitos. Os projetos que esto em processo so o resultado de um planejamento que vislumbra novos horizontes, como por exemplo, o desenvolvimento de um acervo de fontes orais, a digitalizao do acervo fotogrfico e de um catlogo on-line, que permita realizar consultas documentao. H uma preocupao em continuarmos com as propostas que caracterizaram nossas aes iniciais, mas tambm h um desassossego que nos instiga a pensarmos fora da caixa.
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Doris Bittencourt Almeida (UFRGS)
Entre gestos de guardar e atos de testemunhar: um Arquivo de memrias da UFRGS
Resumo:Esta comunicao inscreve-se nos estudos sobre a U...
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Resumo:Esta comunicao inscreve-se nos estudos sobre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tematiza a constituio do Arquivo de memrias de duas de suas unidades, a Faculdade de Educao e o Colgio de Aplicao. Tambm se inscreve nos percursos acadmicos da autora, como professora e pesquisadora em Histria da Educao, na Faculdade de Educao/UFRGS. Os arquivos das instituies educativas so, como os demais arquivos, lugares especiais pelos mltipos usos que oferecem para suas comunidades locais e acadmicas. O trabalho desenvolvido naquele espao, coordenado por esta que escreve, opera no sentido de constitu-lo em Arquivo histrico, composto de vrios acervos, que contemplem: documentao institucional, documentos orais, fotografias, trabalhos de estudantes, cadernos e outros escritos da ordem do comum que se encontram em diferentes es. Desde sua concepo, o objetivo foi pens-lo como lugar que extrapolasse a inteno de salvaguarda de documentos. Idealizou-se, portanto, um espao que tivesse alcance social e acadmico, frequentado por estudantes e por pesquisadores que l poderiam localizar redes de informaes arquivsticas, imagticas, orais e museolgicas, entrelaadas como documentos, que, examinados e articulados aos contextos polticos e legislativos de cada poca, permitem a produo de histrias destes estabelecimentos de ensino, de seus sujeitos e de suas ressonncias na sociedade brasileira. Essas atividades de sistematizao da documentao oficial da instituio demandam um longo tempo, e, para alm da higienizao desses papeis, o propsito suscitar nos pesquisadores que atentem para as possibilidades de pesquisa que se apresentam naquele lugar. Higienizar com o objetivo de investigar representa a grande meta das aes que se praticam no Arquivo da Faculdade de Educao/UFRGS. Essas so referncias que atravessam a constituio do Arquivo da Faculdade de Educao/UFRGS. A importncia de preservar registros documentais busca construir sua identidade institucional e, assim, tudo que guardado pode constituir-se em fontes que dizem muito acerca dos itinerrios da instituio. So documentos que possibilitam aproximaes da cultura institucional de outros tempos. A partir desses vestgios, possvel empreender aproximaes sucessivas do universo social e cultural de um lugar, em diferentes temporalidades, pois traduzem faces do cotidiano e mostram indcios de saberes e de prticas educativas.
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Elisabete Gonalves de Souza (Universidade Federal Fluminense)
EDUCAO E MEMRIA: a Escola do Trabalho Feminina de Niteri, RJ
Resumo:Os arquivos histricos escolares, de uma maneira g...
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Resumo:Os arquivos histricos escolares, de uma maneira geral, so aqueles que custodiam documentos produzidos ou recebidos por escolas no exerccio de suas atividades bem como guardam informaes sobre a vida acadmica de seus dissentes. Esses arquivos visam, com seus fundos, comprovar informaes referentes vida escolar dos alunos e tambm preservar e resguardar documentos referentes s mudanas istrativas e pedaggicas ocorridas na instituio. O presente trabalho parte do pressuposto que, por meio de investigaes sobre o cotidiano escolar, conseguimos fazer as seguintes inferncias: a) a nvel micro: identificar a relao de uma escola com sua comunidade, as expectativas de seus alunos e as intencionalidades de sua ao pedaggica; b) a nvel marco: relacionar sua ao pedaggica com o campo das polticas pblicas para a educao, sua funo nos cenrios poltico-econmico e sociocultural. O campo emprico dessa investigao a primeira Escola Profissional Feminina de Niteri, criada em 1926, cujos documentos encontram-se sob a custdia do Colgio Estadual Aurelino Leal. O corpus de anlise so os dossis da srie Documentos da istrao Escolar datados de 1940-1970. Objetivou-se, por meio da documentao analisada, conhecer a proposta pedaggica da instituio, o perfil dos dissentes que a freqentavam e sua insero no cenrio socioeconmico da Regio Leste Fluminense, que tinha Niteri como seu centro poltico e istrativo. No que diz respeito contextualizao do tema, discute-se o processo de escolarizao no Brasil entre o final do sculo XIX e incio do sculo XX, assim como as transformaes econmicas, polticas, sociais e culturais que modificavam o perfil do pas, de nao predominantemente agrria para urbano-industrial. A educao a a ser vista como uma estratgia para aumentar o grau de instruo da populao, em sua maioria analfabeta, e avanar rumo modernidade, alm de garantir a ordem social. A Escola Profissional Feminina de Niteri faz parte desse projeto republicano. Sua criao data de 1922, atravs da Deliberao n. 49 de 21 de dezembro de 1922, encaminhada pelo ento governador Raul de Moraes Veiga. Seu currculo pautava-se no ensino de trabalhos domsticos, estes compostos de cozinha, copa, lavagem, engomagem e oficinas de corte e costura e de bordados e rendas. No que diz respeito s anlises e resultados, os dados referentes evaso mostram-nos que menos de 40% das alunas matriculadas permaneciam na escola e concluam seus cursos. Nos dossis analisados entre 1940 e 1960, apenas encontramos documentos de solicitao de inscrio no exame de isso e poucos certificados de concluso. Esse panorama revela que to logo aprendiam o ofcio, as alunas saiam em busca de emprego.
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Luana Pires de Arantes (Colgio Pedro II)
Documento, Memria e Identidade no Colgio Pedro II
Resumo:O objetivo deste trabalho mostrar como o Ncleo ...
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Resumo:O objetivo deste trabalho mostrar como o Ncleo de Documentao e Memria do Colgio Pedro II vem organizando seus acervos e compreender como a memria ali preservada relaciona-se com a identidade da instituio. Objetiva-se discutir a centralidade do documento nas anlises sobre identidade e memria; entender de que forma essas categorias se expressam na poltica de formao, preservao e organizao de suas colees e de que forma tal ao capaz de determinar o que deve ser lembrado e esquecido sobre o Colgio Pedro II. O estudo aborda a questo da memria e a identidade institucional, a partir da anlise de grandes tericos dos temas que afirmam que as memrias coletivas so compostas pelas memrias dos diferentes grupos que abrange, exercendo a funo de manter as identidades desses grupos. No entanto, a memria resultado da seleo de recordaes por meio do Pollak (1989) denomina trabalho de enquadramento de memria. Dessa forma, podemos afirmar que o processo de construo da identidade est contido no processo de memria e que essa relao marcada por conflitos entre o que deve ser lembrado ou esquecido. O trabalho caracteriza-se como uma pesquisa exploratria envolvendo pesquisa bibliogrfica e levantamento de dados empricos sobre a constituio dos acervos da instituio, incluindo dados sobre suas colees os tipos de documentais, sua poltica de gesto e a forma de o. Os resultados mostraram que a construo da identidade est contida na forma como nos apropriamos da memria coletiva, e que essa relao marcada por conflitos entre o que deve ser lembrado ou esquecido. Assim, ite-se a existncia de um jogo de foras por meio do qual algumas memrias se consolidam como hegemnicas, sendo registradas e preservadas, tornando-se a base para a criao de identidades coletivas. Em vista disso, conclui-se que a seleo de itens para a formao do acervo do NUDOM est intimamente relacionada com as ideologias e as relaes de poder que marcaram as disputas na educao brasileira. Conclui que o processo de organizao de acervos de memria guarda intencionalidades, articulando-se com a memria histrica e com os valores culturais e simblicos que a instituio quer preservar.
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Luiza Silva Moreira (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Arquivo da Fundao Darcy Ribeiro: documentos dos CIEPs no acervo
Resumo:Este trabalho parte da anlise do processo de el...
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Resumo:Este trabalho parte da anlise do processo de elaborao e implantao dos Centros Integrados de Educao Pblica (CIEPs). Elegemos o arquivo da Fundao Darcy Ribeiro (Fundar) como principal fonte para analisar essa poltica, por se tratar de um acervo com uma quantidade expressiva de documentos que ainda no foi densamente explorado pela produo acadmica na rea da educao. Ressaltamos que a contribuio deste acervo permite a recuperao de fontes e a conservao da memria de Darcy Ribeiro, mas tambm, da histria da educao brasileira. Este acervo resultado da acumulao de documentos da vida pblica e privada de Darcy Ribeiro, nas diferentes reas que atuou (antropologia, poltica, cincias sociais e educao). Este trabalho tem como objetivo apresentar como a memria dos CIEPs est guardada neste acervo, descrevendo as sries que contemplam esta temtica e como esto organizadas. Alm disso, apontamos como se deu o processo de acumulao documental por parte de Darcy Ribeiro e de institucionalizao da Fundar. Entendemos que apresentar a documentao, que tivemos o uma forma de potencializar novas investigaes sobre os CIEPs e em diferentes reas do conhecimento. Nos apoiamos no livro inventrio da Fundar para descrever as colees e sries do acervo, e para contar sobre a institucionalizao da fundao utilizamos o livro Testemunho (Ribeiro, 1990), Luciana Heymann (2012; 2005), como coordenadora do projeto de organizao do arquivo da Fundar nos anos de 2000 a 2002 e uma entrevista dela concedida a Helen Nunes e Isabela Cruz (2015). O acervo composto por 17 sries que vo desde correspondncia pessoais de Darcy a documentos sobre indigenismo, governos de Joo Goulart, Newton Cardoso e Leonel Brizola. Essa coleo diversificada demonstra a abrangncia e potencialidades desse acervo para novas pesquisas, mas principalmente, na rea da educao. As ltimas produes de Darcy demonstravam a vontade de falar de si mesmo, se autodefinir, revelando suas inseguranas com que os outros poderiam pensar sobre ele, ao mesmo tempo que descrevia toda sua trajetria de fazimento, apreciando seus mritos e realizaes. Em certos momentos, Darcy anunciava seus fracassos e derrotas como desejos de projetos futuros para ainda serem realizados. A fundao ganhou vida para atender a esta vontade, mas tambm, guarda um acervo que merece notoriedade pela riqueza de documentos e materiais para novas historicidades, principalmente, nos estudos sobre os CIEPs.
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Marcos Luiz Hinterholz (UFRGS)
Percursos da salvaguarda e dimenses pblicas e privadas do acervo documental da Casa do Estudante Universitrio Aparcio Cora de Almeida (1934-2018)
Resumo:O presente trabalho faz parte de um estudo que vem...
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Resumo:O presente trabalho faz parte de um estudo que vem buscando pensar, a partir do campo da Histria da Educao, a memria da moradia estudantil universitria, numa perspectiva que concebe estes espaos de sociabilidades como instituies educativas, na medida em que constituem lugares de mltiplas vivncias, trocas culturais e organizao estudantil.
A reflexo tem por objeto o acervo da Casa do Estudante Universitrio Aparcio Cora de Almeida (CEUACA), histrica organizao autnoma de moradia da cidade de Porto Alegre, fundada por estudantes em 1934. Nos seus mais de 80 anos de existncia autogestionada, a instituio manteve guardados inmeros documentos, tais como atas das Assembleias Gerais, atas dos Conselhos Deliberativo, fichas de moradores, estatutos e regimentos internos, correspondncias com outras instituies e com o poder pblico, autobiografias escritas pelos candidatos no momento da inscrio para o processo seletivo de novos moradores, fotografias, livros e revistas, recortes de jornal, cartas, poemas autorais, entre outros. Trata-se de um complexo entrelaamento de vestgios de carter pblico e privado, que registram a vida istrativa da Casa, mas tambm trazem fragmentos da vida pessoal dos estudantes. Este acervo foi relativamente bem conservado pela prpria intuio, mas em 2014, em virtude da precariedade do prdio sede, os moradores foram remanejados para outros imveis e o seu acervo foi doado ao Arquivo Histrico do Rio Grande do Sul (AHRS).
Face ao exposto, o trabalho quer pensar este conjunto documental em sua complexidade, nas porosas fronteiras entre as dimenses pblicas e privadas que o caracterizam, e o percurso deste conjunto documental, partindo do lugar de sua produo, a Casa do Estudante, at o seu atual espao de salvaguarda, o AHRS.
Esta reflexo busca referenciais tericos em Ricouer (2007), especialmente na sua tripartio da operao historiogrfica em fase documental, fase explicativa/compreensiva e fase representativa (RICOEUR, 2007). Na assim chamada fase documental, o autor contrape-se a ideia da possibilidade de existncia apriorstica de um documento, sendo este institudo, no mbito da pesquisa, pela pergunta do historiador. Tal viso afasta a ideia de uma essncia do documento, abrindo a possibilidade de desnaturalizao dos mesmos e de reflexo sobre as prticas e discursos sob os quais estes so produzidos e salvaguardados.
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Maria Goretti Cavalcante de Carvalho (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHO), Luiz Fernando Medeiros Rodrigues (UNISINOS)
DA REPRESENTAO DOCUMENTAL MATERIALIDADE DA PESQUISA: o acervo do Arquivo dos Capuchinhos do Convento do Carmo (So Lus-MA) - Possibilidades e limites de investigao para a Histria do Maranho.
Resumo:A Provncia Capuchinha lombarda (Itlia) assumiu n...
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Resumo:A Provncia Capuchinha lombarda (Itlia) assumiu no Maranho, a partir de 1894, duas frentes de misso: uma indgena no serto e, outra, popular. A experincia missionria dos frades lombardos no norte do Brasil est registrada nos documentos conservados no Arquivo do Convento do Carmo em So Lus, MA. A Misso do Maranho (1894-1922) forma um corpus documental em grande parte ainda indito. O objetivo deste trabalho , primeiro, refletir sobre a importncia da conservao da documentao eclesistica para o estudo do Maranho no sculo XIX-XX. Depois, apresentar uma proposta metodolgica de pesquisa com um corpus documental de uma Ordem religiosa que traga subsdios para uma Histria Social, a partir da microanlise de vertente italiana, com nfase na ideia de que a ao dos sujeitos ocorre em meio a um complexo relacional, propondo limites e possibilidades no uso de documentao eclesistica de produo por membros de uma ordem religiosa, com regra estrutural interna de construo e conservao sistemtica e organizada de um arquivo como espao de memria. A organizao do acervo relativamente recente. Em consequncia, o atual catlogo deste Arquivo Capuchinho abre caminho ao pesquisador para que problematize os critrios de seleo documental e a forma da organizao do acervo que trata da Misso do Maranho. O catlogo, espelho do Arquivo Vice Provncia Capuchinha Maranho-Par, narra, para alm dos documentos em si, as suas condies de produo (Pcheux). O arquivo est organizado segundo um sistema de identificao de documentos eclesistico, isto , segundo uma topografia comum aos entes eclesisticos: estantes, prateleiras, pasta de documentos/livros, que poderiam seguir subdivises. Facilidade de identificao, comodidade e agilidade nas consultas determinavam tal estrutura simples, mas eficaz. Quanto tipologia documental, o corpus formado por cartas pessoais dos frades; crnicas da Misso do Maranho; documentos eclesisticos istrativos; documentos oficiais do governo brasileiro; estatutos de irmandades; livros tombos; decretos da Santa S; escrituras de igrejas e conventos; mapas; necrolgios; atas de fundao de casas e de escolas capuchinhas; fotografias; e outros. A variedade de elementos que compe este corpus se, por um lado, indica mltiplas possibilidades investigativas; por outro, assinala para as condies de sua produo, para a seleo dos documentos. Assinala para o conceito de memria subjacente a esta preservao, na maior parte das vezes, institucional. Neste sentido, inferimos que a anlise de determinadas sees do catlogo, documento princeps de um arquivo, deve ser considerada como importante estratgia metodolgica para a realizao de investigaes de documentos produzidos por um ente eclesistico.
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Tatiane de Jesus Chates (Universidade do Estado da Bahia - UNEB)
Acervo das ordens religiosas femininas em Portugal: algumas possibilidades de investigao
Resumo:Esta comunicao pretende apontar algumas possibil...
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Resumo:Esta comunicao pretende apontar algumas possibilidades de investigao, relacionadas com o inexplorado acervo das ordens religiosas femininas que foram extintas no Portugal nortenho ao longo do sculo XIX, mediante a inspirao do liberalismo, notadamente a partir dos processos de extino das casas religiosas femininas portuguesas, e outros documentos afins de arquivos portugueses importantes. Tendo um fim diferenciado em comparao com as ordens religiosas masculinas em Portugal, que foram sumariamente extintas a partir do decreto de Joaquim Antnio de Aguiar promulgado em 1834, aps a vitoriosa campanha de D. Pedro IV, as ordens religiosas femininas foram encerrando aos poucos, medida em que os noviciados no mais iam sendo oferecidos e suas ltimas freiras/monjas iam morrendo. Qui em funo deste fim que se prolongou por quase um sculo, o acervo de tais ordens religiosas foi dispersamente reunido, mesmo assim somente quando houve esta preocupao. O mosteiro feminino de So Bento de Av Maria, patrimnio arquitetnico de enorme beleza onde atualmente se encontra uma estao de metr, constitui-se como um exemplo primoroso. At o momento, pouqussimos estudos se debruaram sobre o desafio de recompor a riqueza, tanto econmica quanto cultural, das ordens religiosas femininas extintas no Portugal nortenho oitocentista. No sculo XX, algumas destas, sob outras denominaes, como as congregaes e as associaes religiosas relatadas por Hintze Ribeiro, retomaram suas antigas atividades. A anlise das prticas conventuais, do perfil socioeconmico das freiras, dos seus nveis de letramento, das mensagens que redigiam, das diferenas existentes entre as mais diversas ordens religiosas so alguns dos caminhos sugeridos. Consolidado como um dos poucos espaos de letramento para as mulheres durante um bom tempo, a histria dos conventos femininos permite uma possibilidade nica ao descortinar as suas mais variadas formas de sociabilidades de gnero. A histria das mulheres, campo da historiografia contempornea, lana mo de exemplos de mulheres que se tornaram intelectuais no cotidiano dos conventos. Ao resgatar a histria dos mosteiros/conventos femininos portugueses, se espera uma maior visibilidade destas mulheres, ainda que silenciosamente se portassem.
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