ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Aline Cristina Laier (CESA - Centro de Estudos Superiores Aprendiz)
A construo da intelectualidade africana na dispora estudantil: uma anlise histrica e antropolgica da presena de estudantes cabo-verdianos e guineenses em universidades brasileiras no sculo XX e XXI
Resumo:A dispora dos povos africanos para o continente a...
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Resumo:A dispora dos povos africanos para o continente americano um processo que, como sabemos iniciou-se durante o sculo XVI com a colonizao europeia da Amrica, atravs principalmente do trfico atlntico de pessoas escravizadas, no entanto, teve continuidade no perodo ps-colonial. Evidentemente, h uma teia complexa de relaes institucionais e sociais que marcam estes dois momentos histricos. O que pretendemos realar que a cultura diasprica se mantm viva, apesar de ressignificada pelo contexto das sociedades de origem e tambm as de destino. Deste modo, as consequncias da colonizao na Amrica e na frica, ainda esto presentes dentro do processo diasprico. Logo, buscou-se refletir a frica no mundo e o mundo na frica, as relaes neocoloniais, o ps-independncia e principalmente os processos de formao dos Estados-Naes. Nesse sentido, o presente artigo tem como recorte uma anlise que discute a sada de jovens africanos de seus pases de origem, a principio para as ex-colnias, como no caso de guineenses e cabo-verdianos para Portugal, no intuito de obterem a formao superior, e posteriormente como o Brasil veio a se tornar um destino possvel e, atualmente, recebendo um nmero significativo destes jovens. Para alcanarmos o objetivo proposto ser necessrio revisitar justamente as supracitadas consequncia das colonizaes e, ainda, a importncia que a formao universitria teve e tem para a formao dos recentes estados-naes africanos aqui mencionados. Para atingirmos tal objetivo realizaremos um histrico do papel de intelectuais diasprico situados cronologicamente antes e depois dos processos de independncia, alm de entrevistas realizadas com universitrios intelectuais guineenses e cabo-verdianos, que fazem parte dos Pases Africanos de Lngua de Origem Portuguesa (PALOP), com os quais o Brasil estabeleceu relao devido Comunidade de Pases Falantes da Lngua Portuguesa (LP) a e ao convnio Programa Estudante Convnio Graduao (PEC-G) e o Programa Estudante Convnio Ps-Graduao (PEC-PG). As entrevistas foram realizadas de forma semiestruturadas, buscando analisar as questes relativas s trajetrias destes sujeitos que cruzaram o Atlntico em busca da realizao de um projeto. Estes jovens africanos vivenciam essa experincia de maneiras diversas e auxiliados por redes de parentesco e amizade que englobam desde a deciso de migrar at a chegada e adaptao nas cidades e universidades brasileiras caracterizando um verdadeiro desbravamento cultural em terras brasileiras. Neste contexto identificou-se a estreita relao entre a internacionalizao do ensino, o fluxo universitrio e a geopoltica do conhecimento em um mundo globalizado.
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Cssio Santos Melo (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS)
Castro Soromenho e o movimento da Negritude Africana.
Resumo:A proposta de comunicao que ora apresentamos pre...
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Resumo:A proposta de comunicao que ora apresentamos pretende sumariamente evidenciar a rede de relaes intelectuais entre escritores portugueses e o mundo francfono no contexto dos debates nacionalistas do pases africanos que lutaram por suas independncias entre as dcadas de 1950 a 1970. De modo a no construir um conjunto de generalizaes sem objetividade, nossa proposta restringe-se basicamente em ressaltar como se deu o relacionamento de Castro Soromenho (1910-1968) com o universo da negritude por intermdio de Mrio Pinto de Andrade (1928-1990). Esse estudo uma continuao de nosso doutorado e utilizamos como fontes de pesquisas as obras literrias e sociolgicas publicadas por estes escritores e tambm um pequeno nmero de missivas trocadas entre os anos de 1954 a 1965.
Mrio de Andrade ao longo de sua vida intelectual e poltica possuiu mltiplas atividades: atuou como ensasta, poeta, socilogo, poltico e foi um dos fundadores do MPLA (Movimento Popular de Libertao de Angola). Ele deixou Angola aps concluir o Liceu, e em 1948 viaja para Lisboa onde inicia seu curso de Filologia Clssica da Faculdade de Letras de Lisboa. Em Lisboa, juntamente com Amlcar Cabral, Agostinho Neto, Francisco Jos Tenreiro e Alda Esprito Santo, promove atividades culturais visando a redescoberta da frica. O local que agremiou estes jovens estudantes oriundos das ento colnias africanas de lngua portuguesa, em torno da causa africana, foi a Casa dos Estudantes do Imprio. Esta instituio criada oficialmente em 1944 por sugesto do ento Ministro das Colnias, Vieira Machado, tinha como objetivo principal vigiar e controlar os africanos que estudavam em Lisboa. O tiro saiu pela culatra! Pois, o local se tornou um aglutinador destes jovens africanos, e foi l que Mrio de Andrade, Amlcar Cabral, Agostinho Neto, dentre outros, fundaram em 1951 o Centro de Estudos Africanos.
Mrio de Andrade foge para Paris no comeo de 1954 antes que a PIDE (Polcia Internacional e de Defesa do Estado) o prendesse. L chegando, comea a trabalhar como chefe de redao da revista Prsence Africaine, a convite do Diretor Geral da revista, o senegals Alioune Dioup, de quem Mrio se tornou tambm o secretrio pessoal por algum tempo. Em sua permanncia em Paris, alm de se dedicar organizao da revista e de suas prprias publicaes, tambm concluiu o curso de Sociologia na Sorbonne. No ano de 1960, com a priso de Agostinho Neto, Mrio de Andrade assume a presidncia do MPLA, mas no participa das aes diretas do movimento, pois em 1964 o abandona por conta de suas divergncias com Agostinho Neto.
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Daniel Alves Azevedo (CNPq)
PAN-AFRICANISMO NOS EUA, FRICA E BRASIL: Movimento de ideias e projetos polticos na militncia de Abdias Nascimento (1968-1988).
Resumo:Esta comunicao tem a finalidade de apresentar a ...
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Resumo:Esta comunicao tem a finalidade de apresentar a pesquisa de doutorado que est se desenvolvendo no Programa de Ps-graduao em Histria da UNESP, campus de Assis, bem como alguns resultados e reflexes para o debate em torno da trajetria poltica de Abdias Nascimento (1914-2011) e sua relao com o movimento pan-africanista internacional. O oceano Atlntico foi a alegoria utilizada por Paul Gilroy (2012) para ilustrar o fluxo de ideias que conceberam os projetos de emancipao e resistncia negra contra a escravido, o racismo e a dominao colonial. Dessa forma, o historiador britnico analisou como esses aspectos se apresentam culturalmente na resistncia poltica que circulou por esse espao geogrfico transnacional, se estabelecendo uma contracultura hegemnica modernidade, construda sobre os pressupostos de uma sociedade branca e europeia. Motivado por intelectuais negros desde as ltimas dcadas do sculo XIX, o Pan-africanismo atravessou inteiramente o sculo XX, chegando aos dias atuais. De maneira geral sempre afirmando, ideologicamente, valores como a soberania, autodeterminao e independncia dos povos do continente africano e dos negros em dispora. Nesse sentido, a comunicao visa traar um panorama do movimento e das principais ideias que circularam entre EUA, frica e Brasil. Internacionalmente, os pan-africanistas deixaram um legado poltico, a partir de uma gerao de intelectuais negros, dentre os quais: Sylvestrer Williams, Edward Blyden, W. E. B. Du Bois, Lopold Sdar Senghor, Marcus Garvey, Kwame Nkrumah, Frantz Fanon, entre muitos outros. J no contexto brasileiro, identificamos as primeiras ressonncias desse debate, principalmente pela atuao de Abdias Nascimento um dos principais militantes em prol da igualdade racial no Brasil. Foi em 1968, no seu exlio nos EUA que Abdias se aproximou dessas ideias, o que o levou, posteriormente, a difundi-las no contexto brasileiro. Desta forma, objetivamos compreender como esse ideal pan-africanista se construiu por meio de uma perspectiva transatlntica, orientando estratgias de luta internacionais e fortalecendo tambm os movimentos nacionais contra o racismo, ao evidenciar, por exemplo, no caso brasileiro, a situao dos negros latino-americanos em dispora, na segunda metade do sculo XX.
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Elio Chaves Flores (Universidade Federal da Paraba)
Joseph Ki-Zerbo e Clvis Moura: trajetrias e historiografias atlnticas
Resumo:A histria da frica e da Dispora pode ser contad...
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Resumo:A histria da frica e da Dispora pode ser contada a partir dos intelectuais africanos e afro-brasileiros. Nesse trabalho busca-se exercitar a historiografia intercultural comparativa (Rsen, 2006, 2014) e as variaes da histria comparada (Flores, 2015). Para isso, colocamos em perspectiva dois intelectuais antirracistas e seus escritos da segunda metade do sculo XX. O historiador burquinabe Joseph Ki-Zerbo (1922-2006) e o socilogo-historiador brasileiro Clvis Moura (1925-2003). O primeiro construiu uma trajetria de professor e historiador da frica, com reconhecida insero continental e internacional; o segundo forjou-se como pesquisador outsider, atuante no jornalismo, que somente seria olhado pela cultura acadmica no final do sculo XX. Ambos se tornaram, desde o incio da formao na dcada de 1950, intelectuais antirracistas e protagonistas polticos na luta contra o racismo e o colonialismo. Participaram dos quadros de partidos polticos nacionais e, ao mesmo tempo, pesquisaram e produziram obras importantes sobre as interpretaes da histria da frica e da Dispora africana no Brasil. Assim como os historiadores africanos so praticamente desconhecidos no Brasil poucos so os historiadores brasileiros que se dedicaram a compreender a frica. Cruzar esses mundos intelectuais atlnticos pode ser uma boa metodologia para ir alm dos estudos africanos no Brasil. As fontes que sero cruzadas para entender as suas respectivas trajetrias de pesquisa so a Histria da frica Negra [1972], de Joseph Ki-Zerbo; e, Rebelies na Senzala: quilombos, insurreies e guerrilhas [1959], de Clvis Moura. Acredita-se que as obras historiogrficas de Joseph Ki-Zerbo e Clvis Moura podem ser mais visibilizadas no contexto do ensino de histria da frica no Brasil e das aproximaes com as narrativas sobre a Dispora dos africanos. Por isso, problematizamos suas obras como clssicos do pensamento negro contemporneo. Doze anos separam as primeiras edies das obras referidas, que se inserem no que se convencionou chamar de as dcadas africanas (1950-1970), cuja temporalidade delimita o combate ao racismo, as emancipaes africanas e o fim do colonialismo. Por fim, busca-se compreender o sentido da produo historiogrfica e objetos tematizados por Joseph Ki-Zerbo e Clvis Moura a partir de suas experincias e trajetrias intelectuais.
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Elisa Ferreira Teixeira (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
EXPRESSO ARTSTICA DE ABDIAS NASCIMENTO: valorizao da identidade e cultura negra a partir das pinturas e poesias no autoexlio (1968- 1981)
Resumo:O presente trabalho tem como objetivo entender a p...
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Resumo:O presente trabalho tem como objetivo entender a produo artstica do intelectual negro Abdias Nascimento, enfatizando as suas pinturas e poesias, que ocorreu no perodo de autoexlio nos Estados Unidos, entre 1968 e 1981. Nessas produes, alguns elementos temticos so muito recorrentes, como a relevncia da histria africana e afro-brasileira, a denncia do racismo e a resistncia negra diasprica. Para tanto, demonstraremos a trajetria de Nascimento nesses anos, dando nfase a momentos que foram importantes para o seu desenvolvimento como artista, pois sabe-se que a sua atividade como pintor e poeta foi intensificada quando ele ou a integrar o meio acadmico norte-americano no final da dcada de 1960. A importncia desses ambientes para as trajetrias desses dois intelectuais tambm comprovada no momento em que ambos conseguem potencializar a voz para as causas defendidas, como o caso de Abdias Nascimento, que conseguiu dar continuidade ao seu trabalho de militncia a favor da populao afro-brasileira e, por conta desse contexto, ampliou a sua rede de contatos e aes que beneficiariam as lutas em prol da populao negra. A incluso de uma abordagem pan-africanista nos seus escritos e debates, ocasionada por esse ambiente, fez com que esse pensador conseguisse fortificar a luta contra o racismo no Brasil e, em decorrncia disso, as suas aes e opinies aram a ser expandidas e reconhecidas. Portanto, a relevncia da escolha do contexto de exlio comprovada pelo fato de ter sido nesse ambiente que Nascimento tratou a condio dos afro-brasileiros a partir de uma tica de integrao que os envolve na luta global de reconhecimento dos africanos e afrodescendentes. Abdias Nascimento, atravs das suas criaes, nos mostra a luta e a resistncia negra contra a discriminao e excluso racial, e h tambm o interesse de proporcionar maior visibilidade ao negro numa sociedade em que as marcas do racismo ainda esto muito latentes. Portanto, o trabalho intelectual desse autor uma relevante contribuio para o reconhecimento e a valorizao da histria, das expresses culturais e das memrias da populao afro-brasileira, e acaba por oferecer a percepo dessas pessoas como agentes, sujeitos histricos e intelectuais de seu tempo. No caso de Abdias, tem-se um sujeito que fala a partir de uma experincia prpria: a de ser negro numa sociedade racista e de ter orientado os seus estudos e as suas lutas a partir da criao de alternativas antirracistas.
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Gabrielle Nascimento Batista (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
O Atlntico Negro aqui: a Exposio de Arte Negra Africana no MNBA (1964) e o Festival de Arte Negra no Senegal (1966)
Resumo:Este trabalho baseia-se na leitura de uma srie de...
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Resumo:Este trabalho baseia-se na leitura de uma srie de jornais da imprensa brasileira, dos anos de 1960, sobre a visita do presidente do Senegal, Lopold Sdar Senghor, ao Brasil, em 1964, e tem como propsito identificar as trocas negras na movimentao das rotas no oceano Atlntico, a partir das artes. No primeiro momento, analisaremos a agenda negra idealizada no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA-RJ), pelo ento diretor Jos Roberto Teixeira Leite (1961-1964). Alm da organizao de palestras e cursos sobre a cultura africana e afro-brasileira, em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos Afro-asiticos (IBEAA), podemos identificar o contato e as trocas diaspricas em dois outros eventos na instituio: em setembro de 1964, a Exposio de Arte Negra Africana, composta por peas do Museu Etnogrfico do Instituto Francs da frica Negra, em homenagem a Senghor; paralela exposio, o diretor promoveu uma srie de eventos com temticas raciais e convidou intelectuais negros do Brasil e da frica para dirigi-los, colaborando para estreitar as margens do Atlntico, como o Curso de Introduo ao Teatro Experimental do Negro. Alm de Lopold, o evento reuniu Henri Arphang Senghor, Thian Botiel, Abdias Nascimento, Raymundo Souza Dantas, Grande Otelo, Edison Carneiro, La Garcia, entre outros, discursando sobre o significado das artes africanas, a cultura negra e a sua sobrevivncia no Brasil. No segundo momento, apresentaremos o Festival de Arte Negra, ocorrido no Senegal, em Dacar (1966), anunciado pelo presidente senegals quando veio ao Brasil. Um dos objetivos desse evento era celebrar a cultura negra na frica e nas Amricas, e apresentar ao mundo a contribuio da arte negra civilizao universal. A exigncia feita pelos organizadores do Festival s delegaes estrangeiras diz respeito a autenticidade de seus integrantes, isto , os pases convidados s deveriam enviar obras e artistas que preservem caractersticas verdadeiras da cultura negra. Essa exigncia, entretanto, provocou uma crtica por parte da comisso brasileira que defendia a ideia de que o comit deveria ser formado por brasileiros de qualquer cor, uma vez que preponderava no imaginrio nacional a ideia de que o Brasil era um pas miscigenado e, por isso, no havia sentido uma comisso negra brasileira. nesse sentido que a carta de Abdias Nascimento publicada na revista Prsence Africaine, serviu como uma denncia do discurso utilizado pelo governo brasileiro de que o pas era uma democracia racial, ausente de preconceitos de cor.
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Thiago Lenine Tito Tolentino (Universidade Federal de Sergipe)
Apontamentos sobre recepo do pan-africanismo na cultura intelectual brasileira na Primeira Repblica
Resumo:Apesar do nmero expressivo de trabalhos em torno ...
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Resumo:Apesar do nmero expressivo de trabalhos em torno da identidade brasileira em momentos diversos da histria intelectual nacional, acionando nomes, movimentos, grupos e obras que vo do romantismo oitocentista aos dias de hoje, o movimento pan-africanista e suas referncias so ausentes de tais estudos. Trata-se de um silncio recorrente nas reas mais influentes, por assim dizer, da cultura intelectual brasileira. Isso ocorrera tanto nas primeiras dcadas do sculo XX quanto na bibliografia historiogrfica acerca da histria intelectual, das artes, da sociedade, dos movimentos sociais e culturais desse perodo. A partir de tal silncio nas principais obras de referncia, histrias da cultura, histria dos intelectuais, das ideias polticas e sociais, poderamos concluir pela no circulao, recepo, debate e apropriao dos ideais do pan-africanismo norte americano no Brasil. Por no se reter aos parmetros gerais da histria intelectual tradicional (autores reconhecidos, livros publicados, edies expressivas, cnones da tradio intelectual e cultural estabelecida e, principalmente, o privilgio de determinados tipos de produo intelectual cannicas e detrimento de outros), a histria da cultura intelectual prope uma perspectiva mais ampla no se delimitando por definies restritas do intelectual e da prpria cultural. Movimento cultural que remonta ao final do sculo XIX, nos Estados Unidos, o pan-africanismo constituiu-se por vertentes diversas e se transformou bastante, ao longo do tempo, em seus projetos, ideias e consolidao como movimento cultural e poltico internacionalista. Trata-se de um tema que se desdobra em histria dos conceitos, histria social, histria dos intelectuais, cultural e poltica, de modo que, sua importncia na histria da frica, Amricas e Europa significativa. Embora a bibliografia acerca da histria das ideias do pan-africanismo, de seus principais autores e realizaes, assim como a histria das crticas a tal movimento, realizao de balanos intelectuais e revises historiogrficas conte hoje com nmero significativo de produes, alguns aspectos, como a sua recepo em diferentes contextos permanece contando com escassas referncias. Pretendemos revelar nessa comunicao que possvel encontrar indcios de tal recepo e circulao dessas referncias na cultura intelectual brasileira, assim como apontar algumas hipteses sobre seu silenciamento.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Alexandre Reis dos Santos (UFF)
Um abrao do samba ao semba: dilogos musicais e polticos entre Angola e Brasil(1950-1980).
Resumo:Ao longo de sculos Brasil e Angola tiveram intens...
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Resumo:Ao longo de sculos Brasil e Angola tiveram intensas relaes em decorrncia do trfico de homens e mulheres dos povos banto para as terras brasileiras. Tal processo histrico marcou nosso jeito de falar, nossas prticas culturais, nossos hbitos alimentares, nossa forma de ver o mundo, nossa cultura de uma forma geral. Por conta destes laos histricos, e, principalmente, pela interpretao que diversos intelectuais deram a estes liames, encarando as razes africanas como uma das nossas matrizes formadoras justaposta s indgenas e europeias que a frica vista de forma uniforme e idealizada como a Terra-me. Para diversos msicos e artistas brasileiros negros e no negros, a ideia de uma mitologia coletiva da terra natal (homeland) e de um retorno idealizado a terra natal a Me frica so elementos discursivos centrais nas suas produes artsticas e na construo de suas identidades. Em diversos contextos, tempos e lugares essa matriz foi evocada para o fortalecimento das identidades negras na Dispora. Tal evocao central frente aos embates polticos de suas respectivas conjunturas. No Brasil dos anos 1970 e 1980, a luta por mais direitos, pela denncia do racismo e da ideia de democracia racial tem como fora aglutinadora esta noo de um ado comum. Valorizar esse ado, essa frica grandiosa do ado mais distante era valorizar a si mesmo no presente e ao mesmo tempo fortificar laos de pertena essenciais s mobilizaes coletivas. Em todo caso, o que acontecia na frica numa conjuntura temporal mais prxima a era das independncias e lutas por libertao pouco apareceu nas temticas de canes e nos discursos dos msicos brasileiros desta poca.
H uma viso bastante difundida no senso comum de que o samba brasileiro seria uma derivao do semba angolano. Em todo caso, vale acrescentar que o samba carioca se consolidou como gnero na dcada de 1930 do sculo XX, enquanto que o semba angolano tem a sua gnese e consolidao nas dcadas de 1940 e 1950.
Por outro lado, tambm pouco se sabe sobre como os prprios africanos viam estes usos e evocaes que se faziam das matrizes africanas no Brasil. E de que forma isso influenciou as aes e experincias destes sujeitos na outra margem do Atlntico, sua relao com os cenrios polticos africanos e as disputas que se travavam entre os diversos movimentos sociais, bem como o impacto deste processo na sua cena musical. Este trabalho pretende descortinar parcialmente alguns destes processos analisando as influncias da msica brasileira no semba angolano.
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Carolina Bezerra Machado (UFF)
A construo de um personagem: O Pepetela
Resumo:A presente comunicao tem como objetivo refletir,...
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Resumo:A presente comunicao tem como objetivo refletir, a partir de alguns romances-chave de Pepetela, selecionados pela narrativa crtica poltica de Estado desenvolvida em Angola aps a independncia, o quanto o escritor, considerado por muitos como fiel ao partido do MPLA, a a ser um dos principais crticos dos rumos tomados pelo movimento. At o escritor sair do governo em 1982, havia a defesa de um projeto de hegemonia poltica do MPLA e somente a partir do livro O Co e os Caluandas (1985) notamos um afastamento poltico, embora tambm devamos problematizar at que ponto se constitui numa ruptura de fato. Se antes suas crticas se restringiam aos desvios polticos do movimento, buscando uma mudana interna, seus romances publicados a partir da dcada de 1980 trazem questes de nvel estrutural que peram inclusive a sociedade angolana e a sua relao com o MPLA. Ou seja, suas crticas so muito mais complexas medida que tambm propem reflexes sobre a sociedade angolana que se construiu aps a independncia. As pginas dos romances de Pepetela constituem um espao de denncia e inconformismo. O lugar que o escritor ocupa dentro do seu pas, mas tambm fora dele, possibilita reconhecermos no contedo da sua escrita literria, mesmo em meio ao ficcional, a representao de uma realidade. O escritor, o militante e o cientista social se relacionam intimamente trazendo tona o conflito entre uma memria de Estado e uma memria individual que do o tom de testemunho entre as suas narrativas.
interessante notar ainda o quanto a sua escrita apresenta um discurso de autoridade, interferindo diretamente no modo como enxergamos a sociedade angolana. O valor de testemunho dos seus romances esto relacionados sua experincia no s como guerrilheiro na luta de libertao de Angola e governante no perodo ps independncia, mas como ator social que por vezes se encontrou entre as fronteiras existentes tanto no pas quanto fora dele e utilizou a escrita literria como meio de expresso. Suas escolhas peram diversas inquietaes que fizeram parte do processo de construo do Estado e nao angolana. E a sua transformao em homem pblico e intelectual angolano est em dilogo com estas questes. Como afirma Inocncia Mata, em uma sociedade ainda carente de (auto) reflexo e de instituies que a possam impulsionar sem interesses particulares de determinados grupos, a literatura exerce grande influncia ao desempenhar um papel que vai alm da sua significao esttica e simblica ao exercer o que chamou de significao extratextual.Ou seja, ela pode ser interpretada como a conjugao de uma memria individual sobre um ado histrico supostamente coletivo. As contradies vivenciadas dentro da sociedade angolana so postas em evidncia.
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Evelyn Rosa
A popularizao da rumba congolesa como canto anticolonoalista a partir do Congo-RDC(1950-60)
Resumo:
Mais do que um estilo musical, a rumba congolesa...
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Resumo:
Mais do que um estilo musical, a rumba congolesa trouxe um novo jeito de ser. Ela possibilitou desenvolver outras formas de existir e (r)existir no contexto colonial, outros caminhos, construidos pelos Congolese de se perceber e se expressar no mundo. O objetivo da comunicao, que apresentar parte do desenvolvimento da tese atual, : demonstrar as diferentes formas pelas quais a rumba congolesa se manifestou e foi vivida durante o contexto colonial e a realizao da independncia do Congo-RDC, procurando entender os costumes, hbitos e a atmosfera poltica e social congolesa deste perodo. No segundo ponto, complementar em dilogo ao primeiro destacar os aspectos
sociais e culturais da sociedade colonial congolesa, empreendendo a atmosfera citadina, abordando como se organizava os espaos de lazer e as interaes sociais deste perodo, fazendo assim um panorama poltico, social, econmico e cultural. Tendo como objetivos
compreender o universo da rumba congolesa, tais como os sujeitos que a consumiam e a produziam nessas trs capitais; Abordar e analisar os espaos, tais como bares, hoteis e restaurantes, em que se dava essa produo e consumo.No perodo, no qual os avanos tecnolgicos comeavam a despontar, as ondas sonoras das rdios envolviam de forma mgica aos que circulavam nas ruas e bares congoleses. Estas transmitiam discursos, notcias sobre a Guerra, dava informes locais, debatiam assuntos em voga e, claro, vibravam os sucessos musicais do momento.
Nessa conjuntura, a rumba congolesa avivou a troca de experincias e a difuso de sentimentos acerca do pujante movimento de libertao durante os anos finais da dcada de 1950.
A rumba congolesa foi um instrumento artstico cultural de rescisao de paradigmas
coloniais relacionados a comportamentos, produo artsticas, interao social.
Mecanismo de subverso, poder e prazer no ambiente colonial. Essa msica possibilitou congoleses e congolesas frequentarem espaos s aos europeus,
promoveu interaoes sociais ainda mais amplas, facilitou o trnsito dessas pessoas em
horarios vetados a africanos, buscando reformular outros modos e orientaoes de ser e
existir. Foi, assim, um meio criativo manifestado por um ritmo musical para construir identidades e promover conciliaao poltica e social. Dessa maneira, busco compreender - atravs de peridicos, como jornais e revistas- a interao da rumba congolesa com a sociedade colonial do perodo. E principalmente a dinmica existente entre essa msica e congoleses daquele perodo em Leopoldville, Bruxelas e Brazzaville, capitais onde a rumba vibrava naquele momento.
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Jorge Lzio Matos Silva (UNIFESP - Universidade Federal de So Paulo)
Relaes raciais, cultura e representao nas anlises de uma categoria histrica: as devadasis da ndia portuguesa
Resumo:
Descritas como mulheres pblicas associadas pr...
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Resumo:
Descritas como mulheres pblicas associadas prostituio, as bailadeiras da ndia portuguesa, danarinas dos templos hindus em suas prticas artsticas e litrgicas, correspondiam tradio devadasi, presente em grande parte do subcontinente indiano. O discurso colonial em suas estratgias de subjugo e dominao, condensou e reduziu distintas funes, atributos e sujeitos que orbitavam em torno das artes e das religiosidades, na figura exclusiva da mulher bailadeira, tornando invisveis os demais atores sociais, em seus diferentes papeis. A documentao ultramarina e a teoria da crtica ps-colonial permitiram o reconhecimento e a identificao dos diversos sujeitos histricos localizados neste mesmo contexto, aqui reinterpretados como uma categoria histrica, nos processos da colonizao de Portugal nos territrios indianos. Na perspectiva das relaes raciais, da cultura e da representao, esta reflexo prope anlises e releituras, nos paradigmas da corporeidade, enquanto dilogos interdisciplinares sobre a produo de discursos do outro colonizado.
A discusso amplia-se com a contribuio de ngela Xavier (2008), que notou nos estudos de Boxer (1963), atravs do texto Race Relations in the Portuguese Colonial Empire, o racismo colonial, ainda que este tenha sido contestado por vises em defesa de uma imagem no-racialista do colonialismo portugus. Ficou claro que o sistema escravagista do Imprio era uma evidncia do racialismo e da pressuposta superioridade portuguesa, apontando para a coexistncia entre racialismo e miscigenao. Paradoxalmente, num posicionamento duvidoso quanto s suas interpretaes sobre o racismo colonial na indevida comparao entre a condio de mulher colonizada no contexto da ndia portuguesa, referindo-se s bailadeiras (devadasis), e s mulheres afro-brasileiras do contexto colonial de Minas Gerais no sculo XVIII, Boxer formulou (1961) interpretaes, entre equvocos e reducionismos, que evidenciaram as contradies das narrativas coloniais sobre as culturas locais. Neste sentido, o debate sobre os sujeitos histricos subalternizados, mantidos sob representaes e estigmas, sem o direito voz como j demonstrou Spivak (2010), e em cujas realidades, na experincia colonial, encontram-se as bases histricas que fomentaram ideias e prticas racistas vigentes e reinventadas na contemporaneidade, impe-se em sua relevncia nos estudos histricos, nas perspectivas interdisciplinares e no pensamento decolonial, como produo de conhecimento, como engajamento poltico e, sobretudo, de resistncia.
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Josielle Santana dos Santos
Ecos da dispora: o movimento black music e sua repercusso em Ilhus no sul da Bahia (1970-1989)
Resumo:Embora o contato com a musicalidade negra norte-am...
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Resumo:Embora o contato com a musicalidade negra norte-americana tenha acontecido antes, no final da dcada de 1960 e incio dos anos 1970 a Black Music ganhou destaque no cenrio musical e cultural brasileiro. A partir da foi se formulando uma atmosfera em volta de alguns gneros e estilos em alta como o Soul e o Funk, bem como em torno dos elementos estticos, tnicos, indumentrios e polticos que os acompanhavam. Esse movimento musical chamado por alguns de movimento black soul, adentrou as festas e o cotidiano de muitos jovens, principalmente a juventude afro-brasileira gerando transformando e reunindo um conjunto de prticas e comportamentos entre esses sujeitos. O desenvolvimento desse movimento no pas se deu em um contexto de ditadura civil-militar que, dentre outras coisas, reforava o discurso da democracia racial, mas tambm teve como pano de fundo a articulao do movimento negro e de entidades de cultura afro-brasileira. Existe uma quantidade considervel de estudos que tratam do tema nos possibilitando certa compreenso do que foi o movimento em algumas localidades do pas, entretanto os caminhos da compreenso histrica sobre o movimento black music abrem espao para inmeras interpretaes, discusses e problemticas muito complexas, os quais envolvem debates sobre musica, musicalidade negra, dispora, democracia racial, indstria cultural, identidade, resistncia e tantas outras. Levando em considerao que a maior parte dessas investigaes discutem aspecto da cena black no sudeste brasileiro, a busca por compreender e identificar o protagonismo de outros lugares na tentativa de localizar onde se encontram nos debates que giram em torno da temtica se faz necessria. Desta forma, o trabalho aqui apresentado tem por objetivo, fazer algumas consideraes a respeito da repercusso desse movimento na cidade de Ilhus no sul da Bahia no perodo de 1970-1989 atravs da anlise dos vestgios encontrados da agem desse fenmeno na regio. Afinal, a msica, os bailes e todos os elementos que compam o movimento black music no se configuraram da mesma maneira em todos os lugares, tendo diferentes repercusses nas sonoridades e nos movimentos scio culturais negros que ascenderam entre os anos 1970 e 1980, resultando em diferentes vivncias, diferentes construes de identidade e sentimentos.
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Pedro Beja Aguiar
Fissuras na moldura colonial portuguesa: a singularidade da dimenso pictrica em Jos Luandino Vieira
Resumo:A comunicao procura formular, de maneira prelimi...
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Resumo:A comunicao procura formular, de maneira preliminar, entendimentos acerca da dimenso pictrica que adquire singular funcionalidade na produo narrativa ficcional de Jos Luandino Vieira. A ttulo de estudo de caso, prope-se analisar o desenho Portrait of a sauvage as a youg [sic] girl (VIEIRA, 2015:200), recolhido do livro Papis da Priso: apontamentos, dirio, correspondncia (1962-1971) (2015), como um gesto narrativo esttico que condensa tpicos crticos sobre o empreendimento colonial portugus e que pavimenta, em pequenos traados, a relao entre palavra e experincia. Os desenhos aqui so compreendidos no como ilustraes ou rascunhos, mas discurso sobre um mtodo daquilo que definiremos como um pensamento visual. primeira vista salta aos olhos no desenho um conjunto heterogneo de informaes compondo um mesmo artefato cultural: uma moldura sofisticada; uma personagem feminina desnuda, de cabelos e traos faciais europeus segurando um trevo; um sombreamento ao lado esquerdo da jovem; e uma vegetao semelhante a um tipo de videira ao lado direito cada um destes elementos materializados pelo estilo particular de Luandino: a dinamicidade dos traos que compem as linhas, deixando-os mais fortes em um lugar e mais fracos em outro; mais grosso em um pedao, mais fino em outro; e a escolha deliberada pela incompletude das linhas que produzem o corpo feminino. Se nos detivermos aos elementos que compem a personagem feminina, perceberemos rapidamente que seus traos fogem caracterizao usual da mulher africana. A composio da personagem de Jos Luandino Vieira no faz parte da representao do mundo africano, mas de uma herana artstica europeia. E ela duplamente enquadrada pelo autor (seja pelo artifcio da moldura, seja pelo ttulo que direciona o olhar: retrato de uma menina selvagem). Mesmo que seja uma figura desenhada com doura, com traos singelos na postura e delicadeza no olhar, foi-lhe imposta uma legenda carregada de significao que a desloca de sentido: o autor joga com a naturalizao do olhar colonial na medida em que coloca, em contraste, o paradigma visual e textual da modernidade. Desta maneira, Luandino Vieira condensa na composio da moldura todo um conjunto de dispositivos coloniais como uma prtica de gesto poltica de visualidades. Esta a hiptese inicial para pensar na comunicao: o visvel gesto de deslocamento da figura principal faz desmontar a moldura (enquanto forma e paradigma): Luandino abala os alicerces do mundo colonial a partir das prprias referncias deste mundo, torce a moldura colonial naquilo que lhe mais familiar.
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Roberta Guimares Franco Faria de Assis (Universidade Federal de Lavras)
Representaes de Moambique no projeto literrio de Joo Paulo Borges Coelho: perspectivas de uma micro-histria pelas vozes narrativas
Resumo:O escritor moambicano Joo Paulo Borges Coelho pu...
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Resumo:O escritor moambicano Joo Paulo Borges Coelho publicou a sua primeira obra As duas sombras do rio em 2003 e, at hoje, entre romances e livros de contos, contabiliza 12 livros, o ltimo Ponta Gea publicado em 2017. Em entrevista de 2006, Borges Coelho falou sobre a necessidade de construo de uma imagem plural da nao Temos que construir a nao talvez no no sentido a que nos referamos no ado mas naquilo que ela na realidade. Uma nao tem elementos de unidade, isso importante, mas no se deve subestimar os seus elementos de diversidade, que tambm tm a sua importncia , o que podemos encontrar na sua obra ficcional, de formas bastante variadas, mas que possuem um ponto comum: uma perspectiva narrativa que foca sobretudo no micro. As escolhas temticas de suas obras literrias no esto ligadas apenas aos acontecimentos histricos centrais de Moambique, mas, ao contrrio, do particular ateno aos microacontecimentos, numa tentativa de atingir uma reflexo sobre a realidade moambicana de forma mais abrangente possvel. O escritor, historiador e professor da Universidade Eduardo Mondlane, tem se dedicado s pesquisas sobre a histria contempornea de Moambique, e suas obras ficcionais apresentam um olhar que propiciam um dilogo entre espaos, fronteiras e temporalidades, promovendo a viso plural sobre o territrio, e no s, declarada pelo autor como necessria. Nesse sentido, importante recuperar as palavras de Patrick Chabal: a moderna literatura melhor entendida historicamente como uma das mais importantes formas de produo cultural atravs das quais um estado-nao pode ser identificado. (CHABAL, 1994, p. 15). Este trabalho, parte das pesquisas realizadas no mbito do projeto Poder e silncio(s): a ps-colonialidade entre o discurso oficial e a criao ficcional, financiado pela FAPEMIG, buscar analisar alguns narradores das obras de Joo Paulo Borges Coelho, que dialogam com perspectivas da Micro-Histria, e evidenciam o lugar crucial da literatura, da criao ficcional aliada histria, especialmente para um espao onde, segundo o escritor moambicano, os arquivos documentais continuam fechados, inveis, e a Histria demasiado refm das interferncias do poltico e do ideolgico.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Bruno Pinheiro
Formas de racializao no mercado de arte moderna de Salvador, 1946-1964
Resumo:Nessa comunicao, parte da pesquisa de doutorado ...
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Resumo:Nessa comunicao, parte da pesquisa de doutorado A inveno da Arte Afro-Brasileira: a participao da cultura matrial das classes populares negras no sistema de arte moderna em Salvador, apresentarei uma anlise documental referente circulao de artistas visuais negros nas instituies de arte moderna de Salvador, buscando localizar as formas como se estabelecia, em seu interior, hierarquias raciais. Nessa avaliao, essas relaes so tomadas tanto enquanto parte de processos de racializao do sistema de arte internacional, que o mercado soteropolitano participa enquanto um eixo, quanto como derivadas de formas de sociabilidade hierarquizadas prprias do perodo da escravido que a partir do ps-abolio foram reelaboradas em diferentes relaes de poder. Para tal anlise, irei apresentar documentos referentes s rotinas do sistema de arte baiano tais como reportagens e crtica de arte publicados, sobretudo, no jornal local Dirio de Notcias, cujo editor, Odorico Tavares, era um dos principais articuladores do estabelecimento de um mercado de arte local, de galerias de arte, como a Galeria Oxumar e a Galeria Manoel Querino, dos Sales de Bellas Artes da Bahia, do Museu de Arte da Bahia, do Museu de Arte Moderna da Bahia e de suas articulaes com as instituies do estado de So Paulo, Museu de Arte de So Paulo e Bienal de Arte Moderna de So Paulo. Neles, buscarei entender de que formas negociaram esses espaos de prestigio o pai de santo Rafael Borges de Oliveira, que viu as telas que fazia para decorar seu terreiro irem parar numa galeria de arte; o entalhador Agenor Ferreira dos Santos, cujo ofcio que aprendeu na infncia em um convento em Alagoinhas, aps mudar-se para Salvador e ir morar em uma casa improvisada no bairro recm ocupado de Massaranduba, veio a ser tornar restaurador de madeira do Museu do Estado da Bahia; Manoel Bonfim, funcionrio da Faculdade de Belas Artes da Universidade da Bahia, realizou naquele espao suas esculturas e as exps em museus e galerias; e o escultor Agnaldo Manoel dos Santos, aps comear a trabalhar como vigia e assistente do ateli do escultor baiano Mario Cravo Junior, comeou a negociar suas prprias obras.
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Cristiane Arajo Vieira (PUC-RIO - Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro)
Origem E Deslocamentos: A Trajetria de Rubem Valentim
Resumo:CRISTIANE ARAJO VIEIRA
PUC-RIO
O presente tra...
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Resumo:CRISTIANE ARAJO VIEIRA
PUC-RIO
O presente trabalho exibe a trajetria do artista negro, soteropolitano, Rubem Valentim (1922-1991), explicitando as relaes convergentes entre as experincias vividas em determinados locais e o quanto suas obras foram influenciadas por tais experincias. O termo determinados locais se faz relevante, pois Rubem Valentim foi um homem que fez deslocamentos decisivos e importantes no desenvolvimento de seu processo artstico. Durante seus sessenta e nove anos de vida morou em cinco diferentes capitais: Salvador, Rio de Janeiro, Roma, Braslia e So Paulo. Teve uma existncia dotada de sentido artstico. Entretanto, dois locais foram determinantes na constituio da potica-plstica-visual do artista, o primeiro: Salvador e o segundo: Roma. O primeiro porque jamais se desvencilhou da fora cultural da Bahia, como escreveu em seu Manifesto Ainda que Tardio, e foi de sua Terra que retirou todo substrato para suas obras. Da agem pelos Terreiros de Candombl quando menino, a memria, e da convivncia com os intelectuais e artistas baianos no Il Ax Op Afonj. Atuou de forma decisiva no processo de desenvolvimento da arte moderna baiana, como artista e crtico. considerado o primeiro artista afro-brasileiro a conjugar a abstrao geomtrica com os smbolos afro religiosos. E o segundo porque, ganhou do Salo Nacional de Arte Moderna o prmio de viagem a Roma em 1963. A Itlia foi o ponto de partida na Europa para Rubem Valentim chegar a Londres, onde atravs de visitas constantes ao British Museum, entra em contato com as mscaras e esculturas do povo africano. O contato com os objetos de arte africana promoveu uma mudana de conscincia no artista, que logo identificou suas razes mais profundas e a herana cultural que a Bahia recebeu dos povos Iorubs. Suas composies pictricas ganharam uma escala monumental intrnsecas, uma dimenso totmica e a intensidade das cores puras em contraste com ocres e marrons ridos, dialogando diretamente com o simbolismo africano e seus cones religiosos. Neste sentido, possvel afirmar o carter poltico da trajetria artstica de Rubem Valentim, pois ao buscar uma linguagem plstica universal de temtica brasileira, ressaltou com maior abrangncia a influncia africana em suas obras, o que no significa negar a base de Linguagem Construtivista Europeia que estrutura suas construes pictricas e esculturais, mas refletir sobre uma abordagem descentralizada do pensamento produzido pela Europa.
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Geysa Danielle Barbosa de Moura Silva
Monumento da Negra Nua: smbolo de liberdade ou de aprisionamento
Resumo:O Monumento da Negra Nua, localizado na cidade de ...
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Resumo:O Monumento da Negra Nua, localizado na cidade de Redeno - Cear, foi construdo na segunda metade do sculo XX em comemorao ao centenrio de emancipao poltica do municpio. Quando nos dedicamos pesquisa sobre o abolicionismo e sua difuso no Cear, observamos que a historiografia oficial, especialmente a que foi produzida dentro do Instituto Histrico do Cear, tratou de apregoar entre fins do sculo XIX e primeira metade do sculo XX que a abolio foi um ato altrusta e um processo consensual em todas as camadas sociais na dcada de 1880. Desta forma, a promulgao da abolio na cidade de Redeno no dia 1 de janeiro de 1883 e em seguida a Provncia do Cear em 25 de maro de 1884, foram marcos significantes que possibilitaram a esta regio se intitular de terra da luz, quatro anos antes da Lei urea. O objetivo desse artigo compreender como o Monumento da Negra Nua, obra smbolo da liberdade pode representar ao mesmo tempo o aprisionamento da mulher negra a um duplo esteretipo: a sexualizao do corpo e seu lugar social subalterno, herana da estrutura hierrquica do Brasil colonial. Para isso analisaremos alguns elementos de construo de sentido que reforam essas perspectivas. Iniciaremos com uma descrio e contextualizao da obra, posteriormente, procederemos anlise dos elementos constitutivos de sentido e conclumos com a exposio do interpretativo desta nova perspectiva. A justificativa para analisarmos a obra sob a perspectiva da mulher negra e no de um povo negro de modo geral se d por duas razes: primeiramente e a mais bvia que a obra exposta de uma mulher negra nua; a segunda pela singularidade de como o esteretipo da mulher negra como mulher perifrica foi construdo no ps-abolio. Assim, iremos analisar o monumento na perspectiva da mulher negra exposta na obra e no que tange seu corpo e seu lugar social. A anlise do Monumento da Negra Nua importante para compreender um pouco mais sobre os discursos ps-abolio e a representao da mulher negra como foco principal numa arte produzida com o intuito factual de identificar a cidade como pioneira na libertao. Mas que tipo de libertao estaramos discutindo diante desta obra? Compreende-se que houve uma libertao no que se refere condio jurdico-social, porm essa liberdade no d, exatamente, a possibilidade de esses agentes permearem em todos os campos sociais.
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Lia Dias Laranjeira (UNILAB - Universidade da Integrao Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)
Uma coleo em pedaos: arte sacra afro-brasileira da Bahia no Museu Paulista (1928-1989)
Resumo:Esta apresentao aborda resultados parciais do pr...
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Resumo:Esta apresentao aborda resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado Cultura material de matriz religiosa afro-brasileira no Museu Paulista: formao, circulao e biografia cultural de parte da Coleo Sertanejo (2017). Este projeto, contemplado no edital do Programa Institucional de Pesquisa nos Acervos da USP, foi desenvolvido nos arquivos do Museu Paulista-MP e do Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE, e na reserva tcnica deste ltimo museu. Proponho realizar aqui uma anlise visual e poltica dos artefatos religiosos afro-brasileiros da intitulada "Colleco ethnographica feitchista da Bahia" de 1928, inseridos posteriormente na lista "Registro Geral Sertanejo" do Museu Paulista. Esta coleo fruto de uma doao de 91 peas realizada pelo secretrio da Justia da Bahia, Bernardino Madeira de Pinho, figura presente na memria de lideranas do candombl no que se refere a perseguies, invases e saques aos templos religiosos na primeira metade do sculo XX. A pesquisa evidenciou o carter paradoxal dos objetos religiosos afro-brasileiros no Museu Paulista, cuja denominao da coleo - Sertanejo - remete anttese do moderno, do urbano, e da figura do bandeirante que este Museu buscou propagar, sobretudo nas primeiras dcadas do sculo XX. Vale destacar que a figura do sertanejo como representao do mestio, rstico, atrasado, segregado do litoral e habitante de um Brasil profundo foi difundida por meio da obra Os Sertes (1902) de Euclides da Cunha. H diversas lacunas existentes em torno deste conjunto de peas de arte sacra afro-brasileira da Bahia. O estudo, no entanto, conseguiu localizar parte dos objetos religiosos na reserva tcnica do Museu de Arqueologia e Etnologia-USP, onde, mais uma vez, foram identificados problemas relacionados sua conservao e exposio. Esta apresentao pretende debater e levantar questes sobre o lugar desta coleo no Museu Paulista e no Museu de Arqueologia e Etnologia, para onde foi doada em 1989, os caminhos para a localizao da coleo no MAE, as caractersticas das peas, e as possibilidades de identificao dos terreiros de origem e de restituio. O trabalho se baseia, principalmente, na leitura dos artefatos localizados e fotografados, nos relatrios do Museu Paulista e nos relatrios de pesquisa de Rita Amaral (2000) e de Mrio Lamparelli (2014).
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Luiz Gustavo Guimares Aguiar Alves (UFF - Universidade Federal Fluminense)
A situao da "Coleo Magia Negra" e o cenrio dos processos de restituio de objetos
Resumo:O presente trabalho se encontra no seu incio, se ...
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Resumo:O presente trabalho se encontra no seu incio, se caracterizando atravs do projeto de mestrado. Assim, os primeiros os tem sido ainda o levantamento bibliogrfico e as possveis discusses terico-metodolgicas. Especificamente, objetiva-se nesta pesquisa analisar como tem se articulado o processo de restituio de objetos sagrados pertencentes religies de matriz africana, apreendidos no incio do sculo XX pela Polcia Civil do Rio de Janeiro, resultando na chamada "Coleo Magia Negra", atualmente em propriedade do Museu da Polcia Civil. Paralelo a esta negociao entre adeptos do Candombl e da Umbanda com a Polcia Civil, encontramos hoje um cenrio de intenso debate acerca da restituio de objetos africanos entre ex-colnias e ex-metrpoles. A preocupao quanto ao esvaziamento de museus europeus entra em conflito com os pedidos de restituio de objetos por parte de pases africanos, como tem sido entre Frana e Benin. Deste modo, tem-se como objetivo geral desta pesquisa alocar o caso carioca no mesmo cenrio que os casos de objetos apreendidos no perodo colonial, para que seja possvel travar um debate sobre a continuidade de metforas coloniais presentes na dispora. Para tanto, a metodologia desta pesquisa se constri entre a histria pblica e os estudos dos colees de objetos e museus (coloniais, sobretudo), em uma perspectiva multidisciplinar. A arqueologia, a museologia, a antropologia, a sociologia e at mesmo o direito, podem auxiliar o debate historiogrfico e, sobretudo, a anlise das fontes. Uma discusso que suscita no campo terico deste trabalho como se d o tratamento de peas sagradas nos museus coloniais. No caso deste trabalho, questiono em que sentido se d o tratamento dado pelo Museu da Polcia Civil "Coleo Magia Negra". Levo em considerao a musealizao das peas apreendidas como objetos de crime, diferente do tratamento dado s peas africanas pelos museus europeus na qual possuem um rigor tcnico e artstico a partir de um parmetro de arte calado na colonialidade. Deste modo, o foco destas primeiras discusses tambm pera pelos estudos ps-coloniais, pois ressalto o quo importante perceber novos olhares para a apreenso das peas africanas e das peas afro-brasileiras. Creio que assim podemos renovar as perspectivas de debate sobre o legado colonial para os museus e produzir novas discusses sobre cultura material que no possuam o padro esttico europeu.
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Tlio Henrique Pereira (UFPI - Teresina)
Negros ilustrados e ilustradores: corporeidade e opacidade na imprensa ilustrada da Bahia
Resumo: A historiografia brasileira acerca da produo e ...
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Resumo: A historiografia brasileira acerca da produo e difuso dos contedos visuais e textuais da imprensa ilustrada no Brasil est voltada principalmente para os cenrios do Rio de Janeiro e So Paulo. Reconhecidas como um repertrio autntico, as imagens xilogrficas, litogrficas e os clichs fluminenses provocaram a segmentao da caricatura produzida no Brasil. Esta proposta de comunicao, no entanto, se volta produo de gravuras no territrio da Bahia, de modo a analisar as peculiaridades e relevncia desse repertrio visual que, embora influenciado pelos gravuristas fluminenses, resguardam modos de fazer, ver e representar a sociedade brasileira e sua complexidade scio-histrica. Ao perceber a presena de redatores e gravuristas negros na produo de impressos, considera-se importante a produo de estudos que evidenciem esses autores e reelabore o sentido e a inteno de suas obras, respeitando o tempo e o lugar de sua criao e circulao. Foram selecionadas trs gravuras com contedo tnico-racial produzidas pelos xilgrafos baianos, Arthur Arezio da Fonseca e Fortunato Soares dos Santos, ambos responsveis pela produo de imagens visuais com carter poltico, social e tnico-racial. Esses contedos visuais revelam marcas identitrias de seus produtores e do evidncias das tenses polticas no seio de uma Bahia hierarquizada e de um pas em busca dos enquadramentos ideolgicos de progresso e civilizao. As trs gravuras foram pinadas dos jornais A Coisa (1897-1904), A Malagueta (1897-1898) e O Fasca (1885-1887), e so analisadas em sincronia e diacronia a partir da observao, descrio e anlise, considerando a leitura dos textos que as circundam e as temticas da africanidade e afro-brasilidade, permitindo pensar, desse modo, a autoria, as intenes e a circulao. Essas imagens e seus impressos tambm falam sobre as ideologias relacionadas a segmentao impulsionada por pases como a Frana e os Estados Unidos no final do sculo XIX e princpio do XX. Interessa perceber a partir dessas trs gravuras e de seus textos, como a temtica das africanidades e da corporeidade se deu de forma comprometida ou distanciada, de modo a contribuir para a opacidade ou visibilidade de determinados padres na imprensa ilustrada produzida na Bahia.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Bernard Arthur Silva da Silva (UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par)
Tipo Assim, Pra Ns, No Dia, Porque o Aluno Presta Mais Ateno, N?: As Artes na E.E.E.M. Raimundo Henrique de Miranda e as Linguagens do Ensino de Histria Africana e Afro-Brasileira.
Resumo:O presente trabalho, visa trazer tona, os result...
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Resumo:O presente trabalho, visa trazer tona, os resultados alcanados ao longo do perodo entre 12 de Junho e 15 de Agosto de 2017 (Perodo 2017.2) e segunda semana de Novembro at o final de Maro de 2018, na Monitoria da disciplina Histria das Sociedades Africanas, ministrada na Turma 2016 (Matutino) do Curso de Licenciatura em Histria, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par (UNIFESSPA/Campus Xinguara). E, tambm, nas aes de extenso acerca do ensino e pesquisa do Projeto de Extenso envolvendo o Cinema e a Msica Negra na universidade e educao bsica (Escola Estadual de Ensino Mdio Raimundo Henrique de Miranda) em Xinguara-PA (sul do estado do Par). A partir desses elementos, lanamos o seguinte questionamento norteador do Projeto de Extenso e Monitoria, dividido em duas partes: por quais formas de construo, moldaram-se as representaes (CHARTIER, 1989, p.178) sobre negros e negras nas mentes dos estudantes do curso de Histria/UNIFESSPA/Campus Xinguara e das turmas de Ensino Mdio da E.E.E.M. Raimundo Henrique de Miranda? E, quais delas, so mais influentes nas maneiras de gerar um imaginrio (PESAVENTO, 1995, p.15) do povo negro nos espaos escolar e urbano (Xinguara, sul do Par)? Como e atravs de quais maneiras, utilizando as linguagens cinematogrfica e musical, podemos cooperar para extirpar representaes estereotipadas, preconceituosas, discriminatrias e excludentes de negros e negras, ordem social e hierarquias raciais naturalizadas pela linguagem cinematogrfica, alm de construir uma viso sobre a msica negra livre dos estigmas da violncia, criminalizao e demonizao? (CARVALHO, 2011, pp.17-30, 18; HERSCHMANN, 2000, p.14; SOUZA, 2011, pp.9-15, 10). Partindo dessas dvidas, recorreu-se aos indcios que poderiam ajudar a responder essas inquietaes, tais como: filmes (Malcom X (1992) e Agosto Negro (2007)), msicas (Negro Drama do lbum Nada Como Um Dia Aps o Outro (2002), do grupo de rap Racionais MCs), entrevistas (universitrios, estudantes da educao bsica e professores do Ensino Mdio), e a Lei N10.639/2003 oficializa a obrigatoriedade do ensino de Histria da frica e Histria Afro-Brasileira na educao bsica.
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Carolina de Campos Tornich (USP - Universidade de So Paulo)
Vida, Obra e Histria: a funo de Cultural Worker a a arte como denncia na frica Do Sul pelo olhar de Willie Bester
Resumo:O objetivo desde trabalho estudar a trajetria d...
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Resumo:O objetivo desde trabalho estudar a trajetria de Willie Bester, artista sul-africano que se autointitulou, durante o regime de segregao do apartheid, de cultural worker, maneira como os artistas do Community Arts Project, escola de educao informal em arte onde estudou, se chamavam mutuamente. O termo tem origem na motivao de conscientizao sociopoltica inscrita na obra desses artistas. Willie Bester tem, portanto, uma obra engajada politicamente, dedicada a retratar o ado e o presente, e a questionar o futuro da frica do Sul, at a atualidade profundamente abalada pelos eventos da colonizao e apartheid. Por meio de uma vasta gama de obras, que incluem escultura, pintura, colagem, assemblage, instalao, peas de design, arte figurativa e conceitual, Bester combina suas memrias pessoais com eventos histricos para retomar trajetrias de mrtires, produzir retratos e paisagens urbanas da pobreza e da excluso, a fim de deixar questionamentos ao espectador.
Willie Bester compe sua produo a partir da sucata que encontra em lixes, lojas de segunda mo e nas ruas das townships. O artista tem interesse nesses ambientes, tambm por ter sido uma criana pobre e segregada, em Montagu, prxima Cidade do Cabo. Nesses objetos, segundo o artista, j se inserem discursos relativos memria de quem os possuiu. Em muitas obras, em especial em suas assemblages, elementos de mdias distintas so postas em dilogo: fotografias, pinturas, objetos. Nessas alegorias, elementos simblicos empregados pelo artista se repetem em muitas obras. Bblias, alvos, guitarras, animais raivosos, rostos entristecidos. Nas esculturas, peas automotivas se unem por soldas e formam grandes figuras, seres humanos, animais e mquinas assustadoras.
Seu trabalho como cultural worker demonstra o compromisso que Willie Bester assume em retratar a histria. As obras Tribute to Biko(1993), The Great Trek(1996), Bantu 97. Education(1996), The Clearance of William Street, a srie Trojan Horse e Sarah Baartman(2000) so escolhidas neste trabalho para ilustrar a trajetria de trabalhador cultural do artista. Nessa trama empreendida nas obras, possvel identificar uma triangulao entre a vida de Bester e sua memria, a histria sul-africana e as obras, que so a materializao desta triangulao. Em casos como a escultura de Sarah Baartman feita por ele, o processo de exposio da obra surtiu efeito que transcende a mera mensagem inscrita no objeto esttico, cujo efeito, junto ao poema de Diana Ferrus, d concluso trajetria de 192 anos de humilhao da mulher khoisan, que pde finalmente descansar em sua terra de origem.
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Joana D Arc de Sousa Lima (Universidade da Integrao Internacional da Lusofonia Afro brasileira)
Os da Minha Rua: Poticas de R/existncia das e dos Artistas afro-brasileiros
Resumo:Esse texto parte da reflexo sobre a exposio, ...
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Resumo:Esse texto parte da reflexo sobre a exposio, Os da Minha Rua: Poticas de R/existncia das e dos Artistas afro-brasileiros, que propus a realizao no Museu da Abolio MAB, na cidade do Recife/PE, em 2018. exposio somava-se um mini curso, proposto e ministrado pela artista Rosana Paulino, uma oficina/performance intitulada Andejo - Processos de criao em rituais e performance negra, dirigida pelo artista Moiss Patrcio, alm de um trabalho de formao desenvolvido pelo setor educativo da instituio, que acolheu o projeto. Os da Minha Rua, ttulo dado ao projeto foi apropriado do livro do escritor angolano Ondjaki, ajudou s vsperas da elaborao do projeto, problematizar questes sobre memrias individuais entrelaadas com as coletivas, infncias e juventudes experimentadas em diferentes contextos espaciais e temporais (frica/Brasil) e como os da minha rua, no contexto histrico que narra o autor no romance (Luanda nos anos 1980), por exemplo, inserem-se em famlias ampliadas, cujas sociabilidades possibilitam o reconectar com tradies e a modernidade na frica e na dispora.
A questo principal que derivou esse projeto foi o entendimento d urgncia da criao de espaos de reflexo e lugares para a exibio, fruio e formao de pblicos diversos para a arte afro-brasileira, principalmente, quando essa produo pode estabelecer dilogos com os professores e estudantes, adentrado o espao e o tempo escolar, e, no horizonte maior de sua abrangncia, a arte afro-brasileira ou a arte africana ser incorporada ao currculo escolar. A ideia principal partiu da constatao do nosso desconhecimento em relao s pesquisas sobre arte africana e afro-brasileira, em relao a quem so os seus produtores e produtoras e s produes. E o reconhecimento de um senso comum impregnado, resultante da relao da servido da mo de obra do negro e da negra, do histrico da servido no Brasil, o negro e a negra como trabalhadores braais, um esteretipo que perdura at hoje e resulta da construo da imagem de incapacidade, das populaes negras de realizar trabalhos intelectuais considerando os fazeres artsticos nessa categoria.
Com efeito essa comunicao pretende apresentar a exposio e os termos de debate do projeto curatorial que orientaram a escolha de um grupo de doze artistas convidados e focar na anlise de poticas e das narrativas visuais que versam sobre questes da memria, do corpo e das religiosidades de matriz africana: elementos da cultura Afro-brasileira em especial do candombl. Por fim, analisaremos como tm sido apropriado e quais os usos do termo arte afro-brasileira e a relao entre arte e poltica nas produes dos artistas presentes na exposio supracitada.
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Luiza Nascimento dos Reis (UFPE)
Wole Soyinka, teatro e independncia da Nigria: O Leo e a Joia em cena
Resumo:Leitura dramtica de O Leo e a Joia de Wole Soyi...
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Resumo:Leitura dramtica de O Leo e a Joia de Wole Soyinka foi um projeto de extenso desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018 com o objetivo de aprofundar o estudo de aspectos da histria da Nigria atravs da dramatizao um texto satrico. Redigido e encenado s vsperas da independncia da Nigria, oficializada em 1 de outubro de 1960, a trama se desenrola em torno de Sidi, uma jovem da aldeia yorub imaginria denominada Ilunjil que precisa decidir-se entre dois pretendentes: o jovem professor primrio Lakunle ou o sexagenrio chefe da aldeia Baroka. Mais do que idades, ocupaes e estilos diferentes, cada um dos pretendentes encarna a representao de determinado referencial civilizatrio. Lakunle liga-se modernidade ressaltando valores europeizados. Baroka representa a ancestralidade e o estilo de vida africano/yorubano. E Sidi, uma filha da terra, considerada a mais bela de todas as jovens da aldeia, "a joia de Ilunjil", tenta dialogar com cada um deles ao tempo em que valorizada pelas lentes de um fotgrafo europeu. Os caminhos que Sidi percorre enquanto toma sua deciso promovem reflexes acerca dos trajetos que poderiam ser traados pelos nigerianos com a independncia poltica. A atividade foi realizada pelo Afrika'70 - Grupo de Estudos em Histria da frica Contempornea (Departamento de Histria/UFPE) e foi apoiada pelo Edital de Apoio Pesquisa em Criao Artstica (2017-2018) da Pr-Reitoria de Extenso e Cultura - UFPE. O grupo, composto por vinte discentes dos cursos de bacharelado e licenciatura em histria e do curso de licenciatura em msica, atravs de encontros regulares e oficinas diversas, puderam investir num trabalho teatral de vivncia do texto, possibilitando a experincia da arte cnica. A leitura dramtica foi apresentada em trs sesses previamente agendadas ao longo do ms de agosto de 2018 nas dependncias da UFPE e do Museu da Abolio (Recife/PE). Aps cada apresentao foi realizado um dilogo com o pblico espectador que permitiu explorar mais aspectos do enredo apresentado, aprofundar elementos da histria da Nigria, discutir esteretipos acerca da histria africana e enveredar pelas expectativas dos estudantes aps a aproximao com o teatro. Leitura dramtica de O Leo e a Joia de Wole Soyinka demonstrou o potencial artstico dos estudantes da UFPE, enlevou uma produo dramtica africana e destacou quo profcuo pode ser um trabalho que mobilize as artes, neste caso o teatro, para a construo de conhecimento histrico.
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Sandra Mara Salles
A arte nigeriana e a produo do moderno: atores, trnsitos e narrativas
Resumo:At muito recentemente, a produo de artistas afr...
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Resumo:At muito recentemente, a produo de artistas africanos que dialogava com as propostas formais e conceituais do modernismo ficou sombra das chamadas artes tradicional e contempornea africanas, tanto no meio acadmico quanto nos museus. Realizada nas dcadas das independncias, dentro de um contexto de emergncia de novas identidades nos antigos pases colonizados, ela foi considerada por muito tempo mera imitao das obras de artistas modernos europeus. No entanto, o interesse por essa produo tomou impulso, sobretudo, a partir de meados da dcada de 1990 e, desde ento, ela vem atraindo cada vez mais a ateno de colecionadores, crticos, galerias de arte, alm de curadores e diretores de museus.
Tal processo ocorre dentro de um movimento mais amplo de descentramento e reviso da narrativa historiogrfica sobre a arte, quando um novo discurso sobre as produes visuais do continente surge e os estudiosos se voltam para os processos de constituio de suas modernidades artsticas. Publicaes como Modernist Art in Ethiopia (GIORGIS, 2019), Mapping Modernisms. Art, Indigeneity, Colonialism (HARNEY, PHILLIPS, 2019) e Postcolonial Modernism: art and decolonization in twentieth-century Nigeria (OKEKE-AGULU, 2015), dentre outras obras lanadas recentemente, vm adensar a bibliografia sobre os modernismos africanos, que tem se firmado, nas ltimas duas dcadas, como um concorrido campo de estudos.
O objetivo desta comunicao analisar o fenmeno de construo dessa nova rea de estudos, buscando apreender alguns dos mecanismos que tm viabilizado e promovido a circulao de obras e artistas sob o selo de modernos. Essa anlise se far em dois momentos: no primeiro, sero apresentadas algumas das principais transformaes na estrutura de produo artstica nigeriana nos ltimos anos do perodo colonial e na dcada que seguiu independncia do pas (1958-1970) e, num segundo momento, as narrativas que tem se constitudo sobre esta produo no campo da historiografia da arte africana.
Busca-se trazer tona alguns dos agentes que contriburam a moldar a percepo do que seria uma arte moderna produzida por artistas nigerianos, apta a integrar o cnone modernista, assim como sua influncia na circulao e valorizao destas produes. Esta anlise permite igualmente mapear obras e artistas que no tm sido incorporados a esta narrativa e elencar algumas hipteses para se compreender as motivaes de tal excluso.
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Vincius Pinto Gomes (UDESC)
Trajetrias Decoloniais: colonialidade e racismo no filme La Noire de... de Sembne Ousmane, Senegal-Frana, Anos 1960.
Resumo:O presente trabalho busca compreender atravs do f...
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Resumo:O presente trabalho busca compreender atravs do filme La Noire de..., as questes que atravessam a personagem Diouana, uma mulher africana que procura uma vida melhor trabalhando para uma famlia de ses na Riviera sa e encontra conflitos com a estrutura racial da Frana. O filme, lanado em 1966, produzido pelo cineasta Sembne Ousmane, reconhecido como o pai do cinema africano, sendo este o seu primeiro longa-metragem, o cineasta tm como marca na sua carreira a crtica ao colonialismo e a colonialidade, trazendo as violncias que marcaram o continente e as lutas que resistiram aos poderes eurocntricos. Ao mesmo tempo que marcou em suas narrativas as experincias de africanos e africanas, os colocou em tela, retirando, ou, reposicionando os imaginrios colonizados que viam apenas os corpos brancos na tela, os africanos agora tinham representao no cinema. Uma outra faceta de Sembne foi a de criticar tanto a modernidade, quanto a tradio, especialmente, no momento em que as duas praticam atos que desumanizam os sujeitos e violentam suas existncias. O cineasta acreditava que precisava torcer as feridas do continente, da sua sociedade, pois assim ela poderia emancipar-se dos jugos coloniais e de uma tradio que, sendo inventada, torna-se arma na manuteno de poderes que no so populares.
As vrias facetas de Sembne esto em seus filmes, produzidos ao longo da segunda metade do sculo, ele que tambm era escritor, viu no cinema a arte que o possibilitaria atingir mais pessoas dentro do continente. Seu objetivo era falar a todos os africanos e africanas, em especial, os senegaleses, mas foi inmeras vezes impedido pelas censuras, seja no Senegal ou na Frana. Analisaremos aqui um segmento da primeira parte da sua carreira, o seu incio como cineasta, no seu primeiro longa-metragem. O filme em preto e branco, com baixo oramento e atores amadores e convidados por ele, traz um dilogo com o cinema do terceiro mundo, onde a mensagem estava frente da esttica, apesar de nesse filme as escolhas trazerem um discurso esttica potente.
Assim, a colonialidade e o racismo aparecem como elementos de embates e formao de hierarquias, a personagem de Diouana ao se deparar com a realidade de seu pas, no terceiro-mundo, resolve buscar na Frana uma melhora na sua vida, deixando famlia, amores e amigos para trs. O racismo que ela encontra o seu principal embate dentro do filme, transformando-a e a sua cosmoviso antes negada, retorna na sua busca pela sua identidade, sua ancestralidade. Faremos na escrita desse trabalho um dilogo com autores do campo do ps-colonial e do decolonial, alm de nos centrarmos nas crticas a colonialidade de autores e autoras de frica, a relao epistemolgica ser a partir dos pensamentos do sul global.
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