ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Andr Luis Bertelli Duarte (Universidade Federal de Uberlndia)
A construo da identidade nacional nas minissries histricas dos 500 anos: cultura, mdia e hegemonia.
Resumo:A efemride dos quinhentos anos da chegada dos por...
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Resumo:A efemride dos quinhentos anos da chegada dos portugueses ao Brasil mobilizou um grande nmero de representaes e discusses acerca da histria e da identidade nacional. Dentre estas, destacamos as minissries televisivas produzidas pela Rede Globo de Televiso, a saber, "A Muralha" (Maria Adelaide do Amaral, 2000), "A Inveno do Brasil" (Guel Arraes e Jorge Furtado, 2000) e "O Quintos dos Infernos" (Carlos Lombardi, 2002). Cada uma delas, com suas diferenas de estilos e de linguagem, propunha incurses ficcionais temas consagrados da Histria brasileira: "A Muralha" trazia o bandeirantismo, os povos indgenas, as misses catlicas, a Inquisio e o conflito pela explorao do ouro para perscrutar as "origens" de So Paulo; "A Inveno do Brasil" propunha uma viso bem humorada da chegada dos portugueses ao Brasil para afirmar positivamente a miscigenao como marco fundador da nacionalidade; e "O Quintos dos Infernos" abordava a fuga da famlia real portuguesa para o Brasil e o processo de Independncia poltica de maneira satrica, de modo a sugerir a fonte dos males sociais e identitrios do povo brasileiro. V-se, portanto, que cada uma delas usava de temas histricos para cristalizar determinados temas e formas ligados construo de uma identidade nacional no presente.
Neste trabalho, demonstraremos como, por um lado, estas minissries amplificavam determinadas memrias histricas construdas ao longo do tempo sobre cada um dos temas representados, e, por outro, acrescentavam personagens e pontos de vista que eram indicativos de uma nova construo identitria caracterstica de uma sociedade que se cindia em pautas e lutas especficas. Neste sentido, a hiptese que apresentamos a de que as representaes televisivas dos 500 anos foram o "canto do cisne" de uma determinada representao da identidade nacional - marcada pelas formas da cordialidade, do elogio da miscigenao e da circularidade -, da qual a televiso se serviu amplamente para afirmar seus padres estticos e sua hegemonia como fenmeno da cultura de massa no Brasil. Ao mesmo tempo, estas representaes j revelavam a emergncia de novas demandas estticas e polticas, notadamente aquelas defendidas pelos diversos grupos identitrios, que colocariam a televiso brasileira e sua face hegemnica, leia-se a Rede Globo de Televiso, em xeque.
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Iza Debohra Godoi Sepulveda (Escola Estadual Professor Honrio Rodrigues de Amorim)
Deixemos de lado os teoremas e vamos aos prolegmenos: Debate Nobre no Horrio Nobre (1973)
Resumo:O Bem Amado, telenovela que foi ao ar no ano de 19...
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Resumo:O Bem Amado, telenovela que foi ao ar no ano de 1973 inspirada na obra teatral homnima de Dias Gomes, entrou no horrio nobre da Rede Globo de Televiso durante a ditadura civil-militar (1964-1989). A primeira novela a cores do Brasil trouxe grandes expectativas no meio televisivo, contando com um elenco j consagrado pela crtica teatral e televisiva, como Paulo Gracindo, Milton Gonalves e Lima Duarte, com texto adaptado por Dias Gomes. As pginas do Jornal O Globo anunciavam a estreia com matrias especiais sobre a vida dos atores, sinopses, apresentaes das personagens e declaraes do autor acerca das falsas dicotomias entre cultura popular- cultura de massas/erudita, pondo em xeque tais oposies. Na matria do caderno de cultura, intitulada Um autor de Novelas e o fim do preconceito intelectual anti- TV, publicada em maio de 1973, com 4 meses de exibio da telenovela, Gomes possibilita pensarmos ao menos trs discusses: o lugar dos intelectuais, o lugar dos intelectuais na cultura de massa e a adaptao da obra como o repensar das dicotomias apresentadas acima. Com um roteiro cmico, a principal trama da obra encontrava-se na personagem de Odorico Paraguass (Paulo Gracindo) que venceu as eleies para prefeito na cidade de Sucupira com uma plataforma de governo alicerada na construo de um cemitrio. O imbrglio se desenvolve a medida em que ningum morria, impossibilitando a inaugurao do cemitrio. Entre idas e vindas, fartas so as tentativas de arrumar um defunto. Odorico, que j era atrapalhado pela falta de defunto, contava tambm com a famlia Medrado, responsvel pelo poder policial da cidade, para evitar a inaugurao da obra fnebre. Numa dessas confuses, a neta dos Medrado pensa ter assassinado um homem que tentou violent-la. Seus avs, ao se debruarem sobre o caso, travam um debate no horrio nobre, durante o ano de 1973, na rede globo de televiso. A primeira parte do debate volta-se para evitar que Odorico encontre o corpo. Em segundo lugar, Ana Medrado, a av, ressalta que talvez tenham que prender a neta. O Av dispara: sem corpo no h crime. no desfecho dessa cena que encontramos mote para discutir o que Gomes evidenciar nas pginas do caderno de Cultura do jornal O Globo. Do enredo da comdia desenvolve-se vrias tramas e dessas o contraste entre a cmica busca pelo possvel cadver e o choque narrativo:Algum possivelmente foi assassinado, e mais, no h crime sem corpo. Tal obra nos suscita algumas questes que ainda se apresentam mal resolvidas at os nossos dias. Dentre elas: pensar como uma obra carregada de crtica ocupou um espao como a Rede Globo, implicou um debate sobre a cultura de massas em plena ditadura e imps um processo de reflexo que transita entre o cmico e a demonstrao do absurdo.
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Mariano de Azevedo Jnior (Universidade Potiguar)
Narrativa e Historicidade nos Videogames: a significao miditica do ado na esttica dos jogos computacionais
Resumo:Os jogos de computador os populares videogames -...
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Resumo:Os jogos de computador os populares videogames - tm se consolidado, de forma crescente, como objeto de estudos acadmicos das cincias humanas e sociais. De uma forma generalizada se pode dizer que a maior quantidade dos trabalhos produzidos nesse campo enfatiza os estudos dos meios, com foco nas questes estticas e de linguagens, formando uma rea prpria do conhecimento sobre o assunto: o campo dos Game Studies, que vem aprofundando abordagens ludolgicas na investigao dos meios computacionais. Na outra margem desse panorama esto os estudos que observam a relao dos videogames com a sociedade, tentando compreender os contatos e cruzamentos diretos entre a indstria dos jogos e seus contedos veiculados (narrativas) a partir de ticas econmicas, polticas, culturais e educacionais. Particularmente, nesse segundo quadro, trabalhos recentes da rea de Histria tm contribudo com o debate, em nvel internacional e nacional (Kapell; Elliott; Winnerling; Kershbauner; Arruda; Bello; Fornaciari). Isso tem reforado o recorrente interesse dos historiadores em investigar a relao entre os jogos comerciais (de ampla penetrao e circulao na cultura) e os temas considerados histricos, dando continuidade a um movimento comum realizado ao longo das ltimas dcadas quando a produo historiogrfica vem problematizando outros meios como literatura, cinema ou televiso. Nesse sentido, esta comunicao, como parte das reflexes de uma Tese de Doutorado em Histria, prope a unificao das abordagens ludolgica e narratolgica para compreender como a evoluo narrativa dos jogos eletrnicos experimentada nas ltimas dcadas, a partir de seus elementos estticos particulares e suas relaes com a cultura, tem conseguido se comunicar historicamente com seu pblico quando aborda o ado, construindo formas prprias de expresso desse ado com base em um processo de remediao (Grusin, Rajewsky), isto , de intercmbio miditico, que tambm semitico, realizado com vrios outros meios. Como exerccio de interpretao traremos o caso do jogo Bioshock (Irrational Games/2K Games, 2007), que se tornou um marco da indstria de jogos eletrnicos devido s inovaes na sua forma narrativa e, especialmente, por causa das mltiplas relaes com campos do conhecimento e expresses culturais, como filosofia, arte, literatura e cinema.
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Regina Clia Gonalves (Universidade Federal da Paraba), Cludia Cristina do Lago Borges (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA)
Ensino de Histria e Educao Patrimonial na Luta pelo Direito Cidade: O caso do Porto do Capim (Joo Pessoa-PB) e do Projeto Subindo a Ladeira
Resumo:O Projeto Subindo a Ladeira, ao de extenso popu...
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Resumo:O Projeto Subindo a Ladeira, ao de extenso popular universitria, promovido pelo Depto.Histria/UFPB e pelo Grupo de Jovens Garas do Sanhau, da comunidade do Porto do Capim, desenvolvendo oficinas de educao patrimonial e ensino de Histria com crianas de 6 a 12 anos. Seu objetivo central contribuir para o auto-reconhecimento dos moradores do Porto do Capim como pertencentes a uma comunidade tradicional e ribeirinha, com caractersticas rurais inclusive, incrustrada no centro histrico da cidade. Busca-se, assim, o aprofundamento do processo de conscientizao dessa populao quanto sua condio no debate acerca de sua importncia para a cidade de Joo Pessoa, bem como seu direito a ela. Esse debate tem sido marcado, ao longo das ltimas trs dcadas, pelas ameaas do poder pblico de promover a remoo da comunidade para implementao de polticas pblicas higienistas que favorecem a especulao imobiliria e agentes econmicos externos. Em dilogo com essa conjuntura, as aes de ensino de Histria local e educao patrimonial constituem meios de desenvolvimento da compreenso cidad dos participantes e de outras pessoas da comunidade, pois ocorre que a informao flui para dentro da casa de cada educando e para outros espaos comunitrios. As aes de valorizao da identidade local e das experincias vividas, no esprito da obra do historiador Edward Thompson, colaboram para o reconhecimento dessas pessoas como agentes histricos e protagonistas das transformaes da sua realidade. As prticas educativas - norteadas por princpios da educao popular - so propostas interdisciplinares que envolvem conhecimentos do teatro, da msica, da poesia, da contao de histria, das brincadeiras populares e da comunicao comunitria. Orientado para o desdobramento da produo de um experimento cnico cujo enredo dialoga com temas cotidianos que interessam aos participantes, o projeto apoia-se ainda nos seguintes referenciais tericos: o Teatro do Oprimido de Augusto Boal para construo coletiva dos esquetes teatrais; os Jogos Teatrais de Viola Spolin para sensibilizao/preparao do corpo; e as propostas dos educadores musicais mile Dalcroze, Carl Orff e Murray Schaffer de trabalho com fala ritmada, improvisao vocal/corporal, imitao/explorao sonora. O Subindo a Ladeira tem indicado, com sua proposta educativa, uma possibilidade concreta de transformao dos sujeitos, educadores e educandos, medida que desenvolve um processo de criao coletiva de conhecimento. Suas aes de democratizao do conhecimento histrico e patrimonial, atravs educao popular e da arte, fora do espao formal de educao, tem contribudo com a efetiva participao da comunidade na luta coletiva pela participao/deciso dos rumos de sua prpria fortuna.
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Rodrigo de Freitas Costa (Universidade Federal do Tringulo Mineiro)
Apontamentos sobre "Estaes Havana", de Leonardo Padura: a importncia da formao interdisciplinar para o Ensino de Histria
Resumo:Esta comunicao pretende apresentar aspectos ter...
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Resumo:Esta comunicao pretende apresentar aspectos tericos e metodolgicos que envolvem a construo do conhecimento histrico por meio de dilogos interdisciplinares com as linguagens artsticas. As artes sempre foram objetos privilegiados de pesquisa do proponente, que realiza suas anlises por meio do dilogo entre Histria e Teatro, alm de estar tambm se dedicando s relaes entre Histria e Ensino de Histria. Levando isso em conta, pontuaremos ao longo da apresentao, como o discurso ficcional capaz de construir conhecimentos histricos e de que maneira ele pode se inserir em vrios espaos, inclusive nos ambientes formais de ensino e aprendizagem. Para tanto, utilizaremos como fonte privilegiada de anlise os livros escritos pelo cubano Leonardo Padura e que formam a tetralogia "Estaes Havana": "ado Perfeito", "Ventos de Quaresma", "Mscaras" e "Paisagem de Outono". Ambientados na Havana de 1989, Padura explora por meio da esttica do romance policial quatro crimes que, ao longo das narrativas, vo apresentando aspectos diversos da sociedade cubana e que desconstroem olhares romnticos sobre o grande tema da Revoluo. Por meio dos romances, o leitor fica diante de situaes desoladoras vividas por indivduos carregados de anseios e desejos frente a uma realidade endurecida em diversos nveis. O embate entre o mundo do capital e o socialista se apresenta de maneira direta, deixando o leitor numa situao de questionamento sobre os limites da vida pblica e dos espaos privados. interessante pensar como a realidade construda por Padura pode auxiliar no processo de conhecimento sobre uma dada situao da histria recente daquele pas. Desse ponto de vista, buscaremos analisar como o processo educacional brasileiro vem apresentando aos estudantes o tema da Revoluo Cubana e quais as possibilidades formativas que o discurso ficcional de Padura pode apresentar aos professores de Histria da Educao Bsica brasileira. Portanto, o foco interdisciplinar entre Educao, arte, cultura e cidadania se dar, nesta apresentao, por meio das relaes entre Histria e Literatura, tendo obviamente como fonte privilegiado os romances policiais de Leonardo Padura, amplamente conhecidos e capazes de estabelecer contatos diversos com estudantes e professores brasileiros.
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Rosangela Patriota Ramos (MACKENZIE - Universidade Presbiteriana Mackenzie)
As linguagens artsticas e as manifestaes culturais como elementos instituintes na construo de prticas educacionais e espaos de cidadania
Resumo:Esta apresentao foi elaborada tendo como premiss...
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Resumo:Esta apresentao foi elaborada tendo como premissa o tema geral do 30 Simpsio Nacional de Histria - Histria e o Futuro da Educao no Brasil. Partindo de discusses j estabelecidas em torno da ideia de interdisciplinaridade e de planos pedaggicos, que visam organizar o ensino em torno de eixos temticos, o questionamento que apresento o seguinte: a disciplina Histria pode, efetivamente, contribuir com o redimensionamento da Educao no Brasil? Tal questo possui pertinncia na medida em ela (Histria), por sua prpria constituio, interdisciplinar, na medida em que essa rea de conhecimento no possui objeto prprio e, por esse motivo, por dever de ofcio se aproxima e, maior ou menor grau, de outros campos do saber.
Nesse sentido, com o intuito de sistematizar essa premissa geral, tomarei como eixo de reflexo o teatro como manifestao artstica e cultural. Via de regra, o teatro, quase sempre, apreendido por meio de textos dramticos/dramaturgos; cena/diretor, recepo/crtica, entre outros aspectos. Essas abordagens, evidentemente, no sero desconsideradas neste debate, uma vez que eles so de grande importncia para pensar o teatro como carter formativo. No entanto, com a inteno de ampliar o escopo de anlise, pensarei tambm a cena teatral no mbito do espao pblico.
Para alm do denominado "teatro de rua", sero abordados, como os espaos cnicos, particularmente, na cidade de So Paulo, construram e constroem espaos de cidadania, seja com relao ao pblico, seja no processo de revitalizao de lugares, seja na descentralizao e, por consequncia, na circulao dos espetculos teatrais.
Para isso, me reportarei a dois momentos histricos na cidade de So Paulo: na dcada de 1960, a configurao estabelecida a partir do Teatro Brasileiro de Comdia, do Teatro de Arena e do Teatro Oficina, entre outros, e, na atualidade, o impacto das iniciativas do SESC-SP - na construo de unidades em regies distintas da cidade, com salas de espetculos - possuem no processo de democratizao da cultura, ao mesmo tempo que desenvolve aes formativas.
Sob esses pontos de vista, esta apresentao, procurar pensar o teatro como documento de pesquisa e de didtica, para construo o conhecimento histrico, do ponto de vista pedaggico, pois o bacharel/licenciado em Histria ter a sua formao intelectual redimensionada no sentido de romper os limites disciplinares. Por outro lado, esse redimensionamento educacional, provavelmente, contribuir, com a ampliao dos horizontes de cidadania atravs da disseminao do saber e do lazer pelos aparelhos culturais. Assim, salvo melhor juzo, tais prticas interdisciplinares, tanto pedaggica quanto pblica, traro novos alentos Educao e Cidadania atravs da Arte e da Cultura.
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Silvana Assis Freitas Pitillo (NEHAC)
Os salesianos e as disputas polticas no processo de instituio do sujeito cidado e do sujeito operrio
Resumo:A Congregao Salesiana foi instituda por Dom Bos...
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Resumo:A Congregao Salesiana foi instituda por Dom Bosco no sculo XIX na Itlia em Turim e tinha como principal objetivo educar os jovens pobres e abandonados. Para realizar tal intento o padre turinense contou como o apoio das autoridades polticas, civis e eclesisticas da pennsula itlica. Os salesianos apoiados pelo episcopado e pelos latifundirios brasileiros estabeleceram suas instituies educativas em territrio nacional, na agem do Imprio para a Repblica. Neste perodo diversos projetos pedaggicos despontaram no cenrio poltico-social brasileiro, representando as reivindicaes e os interesses de diferentes segmentos da sociedade.
O processo de industrializao e urbanizao, a libertao dos escravos, a imigrao, o investimento de capital nacional advindo da cafeicultura e o investimento de capital estrangeiro nos setores mais dinmicos da economia estabeleceram um cenrio propcio para o fortalecimento de elites ligadas s esferas da industrializao e do grande comrcio e para a configurao do proletariado e dos grupos mdios urbanos. Havia, ento, uma preocupao generalizada com a educao bsica dos brasileiros, a fim de transform-los de sditos em cidados. Seguindo essa linha de raciocnio, muitos intelectuais e polticos viam na instruo o caminho para solucionar os problemas sociais do pas, pois era impossvel instituir a Repblica sem escolarizar seus cidados. Alm do projeto pedaggico de cunho liberal e positivista das elites, existiam ainda outros projetos: o dos protestantes, o dos socialistas, o dos libertrios e o dos comunistas, que disputavam entre si e com os grupos no poder a escolarizao da populao brasileira.
Os liberais e republicanos viam nas propostas pedaggicas protestantes os conceitos que mais se aproximavam do seu iderio poltico: a liberdade individual, o capitalismo urbano, o trabalho livre, a livre concorrncia e o pluralismo religioso. Por conseguinte, alm, da oposio dos projetos pedaggicos de esquerda e do projeto liberal, os salesianos sofriam a concorrncia dos protestantes nas disputas para instruir os diversos segmentos sociais e para constituir o cidado da Repblica. A fim de enfrentar o programa educativo protestante, a Igreja precisava mostrar sua face moderna de educao. Dentro desse quadro de enfrentamentos, os discursos salesianos sobre a educao da juventude pobre e abandonada despontaram como a soluo para os problemas de cidades em desenvolvimento como So Paulo e Rio de Janeiro, consequentemente, do pas, que, trilhando os caminhos da modernizao, necessitava de mo de obra especializada para atender demanda do mercado em desenvolvimento.
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Thas Leo Vieira (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO)
Educao face experincia histrica: narrativas polticas na arte brasileira contempornea
Resumo:Um dos sentidos que a educao possui nos escritos...
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Resumo:Um dos sentidos que a educao possui nos escritos de Hannah Arendt a defesa de uma tradio para os mais novos. O fato de que pessoas nascem para o mundo e de que, cabe ao educador assumir um papel de iniciar os recm-chegados no mundo que existia antes deles umas das discusses centrais de Arendt. Nesse sentido, a educao assume um carter de conservar o que foi construdo, logo o ado tem um papel fundamental nesse processo.
Tomando a arte como crtica de uma experincia histrica, a inteno deste trabalho discutir numa relao ado-presente uma concepo de educao que nega a existncia de um dado ado.
sombra do artfice da modernidade, as ltimas dcadas do sculo XIX foram marcadas pelo projeto de Repblica libertadora e civilizada, num esforo de civilizar o pas atravs da educao, construda a partir da noo de ruptura com a experincia ada. Ao lado disso, o projeto explicitado por meio do programa Escola sem Partido e seus desdobramentos como os projetos de lei advindos dele, tem como premissa a noo de auto-referencialidade como verdade.
nessa frente de ao que a arte contempornea no Brasil tem problematizado a insero do sujeito no mundo, trazendo a construo das subjetividades para alm do tempo do agora, fruto de discusso nessa comunicao. A obra do artista Rafael Pagatini coloca o tempo e a histria do pas no centro de suas atenes. Trabalhos como Manipulaes (2016), Bandeirantes (2018) e Bem-vindo, Presidente (2015) tratam de desnudar a narrativa construda na ditadura militar brasileira, como a instalao Bem-vindo, Presidente baseada na catalogao de anncios de empresas, no jornal A Gazeta com circulao em Vitria-ES, nas dcadas de 1960 a 1980 quando da visita dos presidentes militares ao Esprito Santo. Evoca-se a memria da ditadura, portanto, como condio para no denegar os fatos do ado.
O ado torna-se questo nuclear da produo artstica tambm de Jaime Lauriano como em Quem no reagiu est vivo (2015) uma srie pranchas que retrata episdios em momentos distintos na histria do pas, do sculo XVI ao XXI cujo vetor a violncia. nesse contexto que importa investigar de que maneira a arte contempornea brasileira tem dialogado com a moldura desse ado e nos permite pensar sobre a responsabilidade pelo mundo presente nos escritos de Arendt sobre a educao.
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Thales Biguinatti Carias (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso)
Um lugar social para o projeto crtico? Notas sobre "ser professor" em Antonio Candido
Resumo:Caso tomemos Formao da literatura brasileira c...
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Resumo:Caso tomemos Formao da literatura brasileira como uma espcie de centro para a obra de Antonio Candido, no demoraremos a perceber que o fenmeno civilizacional uma constante de suas preocupaes. Neste sentido, diante do qual a literatura assume um papel numa totalidade social mais ampla, duas so as orientaes do projeto crtico de Candido. A primeira concerne ao rigor tcnico/analtico de seu estudo; estipulando mtodos, recortes, periodizaes, entre outros elementos para a fundamentao de seu objeto de estudos. A segunda se refere ao sentido pblico dessa fundamentao de seu objeto. Referimo-nos ao conjunto das preocupaes ticas de Antonio Candido que se firmam na sua condio permanente de professor. Sobre esta segunda orientao, ainda que nunca descolada da primeira, tentaremos inferir algumas reflexes. No seu conjunto de ensaios reunidos pelo nome de literatura e sociedade, Antonio Candido abre o terceiro captulo fazendo referncias ao Emlio de Rousseau. Neste sentido, nosso trabalho prope, a partir de um dilogo mais amplo entre Candido e Rousseau, defender a ideia de que h no s nesse captulo, mas na preocupao tica de Antonio Candido, um certo sentido civilizacional que congrega sua pesquisa com sua prtica de professor. De modo geral, acreditamos que esse sentido civilizacional pode dirimir uma contenda que precisa de melhores balizes quando tratamos da obra de Candido. Seu trabalho no se resume a um sociologismo crtico. Tambm no se trata de uma crtica com, simplesmente, um vis sociolgico. Na obra de Candido, sociologia e crtica assumem posio dialgica e dinmica, num certo sentido, solidrias. E o que nos permite compreender essa solidariedade o modo como uma e outra disciplinas esto a servio de seu compromisso pblico. a partir deste lugar social da obra de Antonio Candido que se constri o sentido epistemolgico de sua proposta crtica. Suas consequncias so inmeras. Acreditamos que a observao deste fenmeno ir nos elucidar sobre como a obra de Candido, sobretudo em Formao da Literatura Brasileira mas tambm em outros clebres estudos crticos, congrega e resignifica a historiografia literria sob os matizes das preocupaes de seu prprio tempo histrico.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Alcides Freire Ramos (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA)
O mundo visto pelos olhos de uma criana: Rio 40 Graus (1955, Nelson Pereira dos Santos) e a sensibilidade revolucionria
Resumo:Nesta apresentao, num primeiro momento, vamos co...
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Resumo:Nesta apresentao, num primeiro momento, vamos concentrar o nosso foco sobre alguns problemas de ordem terica que, em ltima anlise, buscam pensar a noo de sensibilidade e o modo como se pode utilizar essa perspectiva de anlise, tanto em contraponto tradio poltica de um pensamento crtico burguesia, quanto no que se refere aos usos das fontes flmicas como e para a veiculao desse tipo de sensibilidade. Destarte, se o ponto de partida terico-metodolgico, o desenvolvimento de nossa reflexo buscar jogar luz sobre um filme especfico: Rio 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos. Esse filme parece-nos adequado para a proposta aqui apresentada, tendo em vista que, ao retratar a sociedade brasileira do ps-guerra, alimenta-se esteticamente de algumas diretrizes do chamado neorrealismo italiano; um movimento cultural surgido no final da segunda guerra mundial, na Itlia. Dentre os diretores filiados a essa vertente cinematogrfica, os mais conhecidos so Roberto Rosselini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti. O cinema neorrealista utiliza basicamente elementos retirados da realidade mais imediata, que circunda o cineasta, num arranjo ficcional que, de alguma forma, flerta com o gnero documentrio. Rompendo com as tendncias mais tradicionais da fico flmica da poca, o neorrealismo no deixa de lado aspectos econmicos e sociais.
Fundamentalmente, o que buscaremos discutir o modo como Rio 40 Graus, ao colocar no centro de sua narrativa um dia vida na cinco meninos (moradores de uma favela do Rio de Janeiro, que tentam ganhar seu sustento, num domingo de sol escaldante), mostra o mundo a partir de olhos infantis, fazendo ecoar nesse olhar uma longa tradio poltica e esttica.
Ao lado dessas preocupaes, propriamente cinematogrficas, esta reflexo visa, luz das preocupaes que motivaram o simpsio temtico O lugar da histria na construo de uma formao interdisciplinar: educao arte cultura cidadania, compreender como a formao de cultura cinematogrfica implica tambm na constituio de uma cultura histrica.
Sob esse prisma, indagar o lugar da Histria para se pensar sobre o futuro da educao no Brasil tambm questionar como entendemos e ensinamos Histria.
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Anna Carolina Cheles Cruz (MACKENZIE - Universidade Presbiteriana Mackenzie)
A esttica como confronto: o cinema de Roy Andersson e a preservao da memria
Resumo:Para compreender o contemporneo demanda-se um exe...
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Resumo:Para compreender o contemporneo demanda-se um exerccio corajoso e persistente de uma profunda observao dos fnomenos que o compe, mesmo tendo em vista que ainda seja impossvel apreender inteiramente tais processos, seja pela falta de distanciamento histrico, ou pela prpria caracterstica intrnseca de sua instabilidade, evidente que haja a relevncia de uma discusso, a fim de tensionar as aes do homem em sua atualidade. Neste cenrio, a diversidade do cinema contemporneo apresenta-se impulsionada pelas mltiplas criatividades e competncias ainda a serem aprofundadas pelos diretores e seu pblico. Inesgotvel, a produo cinematogrfica atual, apesar de instvel, conta com o destaque de pases ainda pouco explorados pelo cenrio mundial e que possuem trabalhos significativos a serem atentamente observados. Neste contexto, a produo autoral do diretor sueco Roy Andersson (1943) que, apesar de antiga, se destaca atualmente, no cinema nrdico, ao propor uma esttica cinematogrfica de moral poltica e social, a qual segue preceitos rgidos e previamente planejados. Neste inusitado modelo, Andersson busca dialogar, imageticamente, com questes que tangem o homem contemporneo, em um exaustivo exerccio de compreend-lo ou desafi-lo. Em seu ltimo filme Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existncia (2014), parte final da Trilogia do Ser Humano (2000-2014), o diretor levanta entraves sobre memria e conscincia histrica em meio a um denso cenrio de seres humanos anestesiados diante desses possveis conflitos. Para tanto, Andersson, em seu extenso repertrio referencial, recorre Histria da Arte e a autores como Martin Buber (1878-1965), de modo a construir sua esttica, tematizando questes como o regresso da trgica herana do nazifascismo que ecoa no presente, no s sueco, como mundial, a outros dilogos, como a explorao humana, o individualismo e o trivialismo da vida. O trabalho moral do diretor atravessa o tempo e o espao criando uma ambientao anacrnica, a qual garante que sua produo cinematogrfica expanda as capacidades do cinema em confrontar o expectador com sua possvel realidade e traga, por meio desta, sua mensagem poltica de lucidez para atual condio humana, assegurando a preservao da memria e o combate ividade diante de tragdias que persistem a se repetir.
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Anna Paula Teixeira Daher (UFG - Universidade Federal de Gois)
Tragdia da piedade: Euclides da Cunha e o seu mito.
Resumo:So diversos os registros sobre a morte de Euclide...
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Resumo:So diversos os registros sobre a morte de Euclides da Cunha (1866-1909), alvejado por Dilermando de Assis - o jovem amante de sua esposa Anna, em um episdio conhecido como A tragdia da piedade. Por meio de jornais, biografias, processo crime e pela minissrie Desejo, por exemplo, possvel entrever a sociedade do perodo e suas principais caractersticas culturais, lanando novas luzes sobre a recepo desse caso e a anlise dessas narrativas. Nessas diferentes vises do crime da Piedade, possvel entrever decises polticas que definiram a legislao que regia a defesa da honra e os crimes chamados de ionais, alm da definio dos papeis da mulher e do homem em uma sociedade conservadora e patriarcal. E se em todos h narrativa, tambm fica claro que tanto os historiadores quanto os construtores do Direito, jornalistas, utilizam-se de recursos de retrica to prprios dos escritores na construo de seus romances. A histria se faz da experincia e da necessidade de preservar, da necessidade de sobreviver. E isso subjetivo. Pensar os objetivos histricos como construes discursivas significa ver o mundo como um jogo de foras entre poder e verdade. De fato, o que se v que o historiador se fia em outros campos, novas prticas, vrios documentos. Contudo, o trabalho final se d quando ele narra uma histria. Tendo-se em mente que narrar atribuir sentido ao tempo e que a construo dessa narrativa implica, necessariamente, a refigurao de experincias temporais (Ricoeur), o texto do historiador tem, pois, uma pretenso verdade e refere-se a um ado real, o tempo da narrativa reinventa o tempo vivido: a narrativa outro tempo. De igual forma, no que tange especificamente minissrie Desejo, leva-se em conta que o telespectador no assiste a TV sem trazer consigo uma histria de vida anterior (Jost). A leitura dessas informaes no pode ser feita sem levar em conta todas essas circunstncias, tampouco as circunstncias pessoais dos envolvidos, a recepo social do crime, do adultrio, da viso do comportamento dos envolvidos por expectadores e leitores. Observar a cultura nos permite compreender que as convenes sociais que so estabelecidas como padro vo, ao longo do tempo, sofrendo mudanas, embora algumas persistam mais longamente.
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Fernanda Martins da Silva (Universidade do Estado de Mato Grosso)
A Experincia Lingustica De Manoel De Barros: Aproximaes Com O Projeto Potico De Csar Vallejo
Resumo:Manoel de Barros conhece Csar Vallejo entre 1940 ...
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Resumo:Manoel de Barros conhece Csar Vallejo entre 1940 e 1946, em uma viajem que faz a Bolvia e ao Peru, esta viagem o coloca em contato com as realidades mais decadentes das Amricas, levando-o a ter contato com poetas, pintores e artistas plsticos que vo influenciar seu projeto potico. Csar Vallejo uma dessas influencias, o poeta peruano ficou conhecido por ser o poeta dos vencidos, formado em filosofia, Vallejo adotou a Esttica de Hegel, uma vez que ela desenvolve em profundidade conceitos sobre poesia, linguagem e a subjetividade do poeta. Segundo Antnio Merino (1998), a dialtica hegeliana era produto, e ao mesmo tempo soluo, da problemtica romntica, uma espcie de distribuio sem sair do irracional, do elemento milenarista e do elemento mstico contemplativo, com o qual, metafisicamente, Csar Vallejo alinhava-se. Manoel de Barros se aproxima do projeto potico de Vallejo em diversos momento, o primeiro talvez seja a busca de uma linguagem inaugural. Em busca de uma esttica nova, Vallejo estabelece um olhar que entreveja desde dentro dos poemas como se revela a arte, para este poeta assim ser possvel descobrir o sujeito e renovar o valor da palavra. No longe do entendimento de Vallejo, Manoel de Barros sempre repetiu em suas entrevistas que no basta descrever as coisas poeticamente, preciso saber dar voz s coisas, preciso s-las. O poema , plenamente, na medida em que torna possvel a ecloso do Ser. Nesse sentido, cabe ressaltar que um marco da obra de Vallejo o desamparo. Segundo Candela (1992), esse desamparo trata-se de uma dor metafisica, ontolgica, absoluta, principio e fim de todo sofrimento. Assim, Barros e Vallejo se apropria dos objetos e das palavras e as elabora com a arte de tal modo que esta, bem como as palavras poticas, sejam sinais das representaes internas dos artistas. Contudo, ao nosso ver o ponto principal de aproximao entre esses dois poetas o transito pela infncia. Vallejo, enquanto esteve preso recorre a sua infncia, mas no foge e nem se refugia nela. Inaugura, no presente, uma nova realidade. Vallejo atualiza uma pureza pueril, uma espontaneidade de criana e como ele concilia a lucides da razo com a torrente de emoo que lhe brota do interior. Tal como em Vallejo, a infncia em Manoel de Barros tambm um tempo importante, em sua experincia lingustica, Barros recorre a esse tempo no para transporta-lo no seu presente, mas para transcender a compreenso do presente, para dar leveza a profundidade de sua abordagem. Compreendemos, todavia, que esses dilogos e aproximaes conferem historicidade a obra de Manoel de Barros, pois aos pouco revelam uma outra perspectiva do fazer potico que no se limitava aos movimentos de vanguardas modernistas to fortemente vividos no Brasil.
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Lays da Cruz Capelozi
As mulheres de Nelson Rodrigues: Uma anlise sobre as obras A Dama do Lotao e Asfalto Selvagem: Engraadinha, seus pecados e seus amores.
Resumo:As mulheres de Nelson Rodrigues: Uma anlise sobre...
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Resumo:As mulheres de Nelson Rodrigues: Uma anlise sobre as obras A Dama do Lotao e Asfalto Selvagem: Engraadinha, seus pecados e seus amores.
Este trabalho tem como objetivo analisar as obras A Dama do Lotao e Asfalto Selvagem: Engraadinha, seus amores e seus pecados, destacando as personagens femininas, Solange e Engraadinha, respectivamente. Solange casou-se h pouco tempo com Carlinhos, que comea a desconfiar da fidelidade da mulher, Carlinhos confronta Solange, que ite sua trair o marido todos os dias, com homens que ela escolhia na lotao. O argumento da mulher que o desejo to grande, que parece at outra pessoa quando comete tais atos. A desolao do marido evidente, ele se diz um morto-vivo, pois no capaz mais de sentir nada, deita na cama e se declara morto, Solange no questiona a atitude do marido e a a usar preto como uma viva, e a velar o corpo do marido. Entretanto isto no motivo para que Solange pare com suas traies. J a histria de Engraadinha, comea na adolescncia, quando se apaixona por Slvio, que depois da consumao dessa paixo, descobre que Slvio seu irmo, o pai de Engraadinha se mata ao saber do envolvimento de seus filhos. Traumatizada, Engraadinha se fecha e torna-se uma mulher extremamente religiosa e pudica, casa com um homem, por quem no nutre nenhum sentimento. Tudo muda, quando conhece Lus Cludio, um homem que ascende seu desejo novamente.
Desse modo, perceptvel que o casamento e o adultrio so faces da mesma moeda e importante que mencionemos que o casamento, para Nelson Rodrigues, uma unio disforme, feita por homens e mulheres que se reprimiram, na maior parte desses relacionamentos, o casamento algo imposto pela famlia, ignorando qualquer sentimento existente por pelas partes envolvidas.
A questo do desejo tambm pera toda a obra de Nelson, como um fator que ao mesmo tempo aprisiona e liberta o personagem, fazendo com que este entre numa espiral de delrio, no qual o personagem se v em contradio com a sua moral a todo tempo, para Nelson Rodrigues, a punio sempre vem, seja por uma ao de terceiros ou uma ao que parta do prprio personagem. Dentro dessa lgica, o desejo feminino central nessa discusso, essas duas personagens se entregam ao desejo sem pensar nas consequncias, e mesmo que sofram com elas. Ao contrrio do que possa parecer, so mulheres muito conscientes do que sentem e no possuem medo de realizar esse desejo.
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La Maria Carrer Iamashita (Universidade de Braslia)
Cinema, Memria e Cidadania: uma abordagem sensvel para a construo de vnculos sociais de igualdade
Resumo:O artigo apresenta o Projeto de Extenso "Cinema, ...
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Resumo:O artigo apresenta o Projeto de Extenso "Cinema, Memria e Cidadania", concebido por ns e pelo Curador de Cinema Ulisses de Freitas. O objetivo foi o de produzir uma reflexo sensvel sobre os valores e o exerccio da cidadania, abordando as formas de vivncia desse conhecimento, por meio da experincia de padres de relacionamento social pautados na igualdade. O projeto foi implementado em 2018, com a participao dos alunos de extenso da Universidade de Braslia, junto aos professores da Escola Pblica do Distrito Federal (EC15 - Sobradinho), que atende a 900 alunos do 1 ao 5 ano do ensino fundamental.
Ainda que tenhamos avanado bastante nas pesquisas para compreenso das dificuldades de implementao da cidadania plena na sociedade brasileira, o quadro contemporneo do ensino e da vivncia dos valores da cidadania no espao escolar bastante contraditrio. Educadores brasileiros tem se esforado para empoderar os indivduos at ento desvalorizados ou excludos, e de construir a representao da igualdade, noo basilar da cidadania, porm, tem-nos faltado estratgias eficientes para consegui-lo. Mesmo dentro da comunidade escolar, que deveria ser um ambiente formativo do convvio democrtico, o aprendizado da desigualdade feito duramente ̶ pela experincia, pela vivncia de um cotidiano de bulling, de apelidos agressivos, de humilhaes, onde crianas e jovens so taxados de inferiores, de incapazes de aprender, de imprestveis. Isso, somado s experincias familiares de rejeio, abandono, solido, de falta de cuidados e de incentivos ao desenvolvimento, o que resulta em memrias de vida de intenso sofrimento e desesperana.
Experincias anteriores tem-nos mostrado ser pouco produtivo iniciar projetos com a comunidade escolar pela audio, problematizao e debate de possveis solues. Dado o grau de angstia, desmotivao e at agressividade da atual comunidade, o debate no gera consenso e mobilizao para a promoo de projetos transformadores dessa realidade. Concebemos ento o trabalho aqui exposto, com a inteno de, por meio das narrativas flmicas, sensibilizar a comunidade escolar. Utilizando do poder de seduo da linguagem cinematogrfica, trabalhamos a ressignificao de memrias de vida e de memrias profissionais de frustrao e, ao mesmo tempo, procuramos refletir e relativizar as experincias de vida de igualdade/desigualdade; propondo e discutindo possibilidades e alternativas de reconstruo do fazer pedaggico. As narrativas cinematogrficas selecionadas, em sua maioria, filmes curtas e curtssimos, serviram-nos como meio de uma abordagem sensvel das temticas contempladas no projeto.
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Luciana Angelice Biffi (MACKENZIE - Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Acaso, Destino e Sorte na obra de Woody Allen
Resumo:Ao analisarmos uma obra de arte, a potencialidade ...
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Resumo:Ao analisarmos uma obra de arte, a potencialidade interdisciplinar intrnseca a ela. Ela composta de tcnicas de uma linguagem especfica (seja ela, cinema, pintura, teatro, entre outras), ela possui o contedo desenvolvido pelo artista, assim como contm a subjetividade de seu produtor. A obra de arte nos convida ao olhar mltiplo e todas as potencialidades que ela carrega. Neste sentido, a arte contm aspectos do real que dialogam com o seu tempo e tecem reflexes sobre a realidade e a sociedade na qual est inserida. O cineasta Woody Allen aborda em suas obras, temas como o acaso, o destino e a sorte. Questes complexas, que marcam a trajetria e o contexto de produo do artista sendo capaz de levantar questes que dialogam com a contemporaneidade. Desta forma, temos como objeto da pesquisa, alguns de seus filmes como Match Point (2005), Tudo Pode Dar Certo (2009) e Crimes e Pecados (1989), que so fundamentais para compreendermos a percepo do artista sobre esses temas, que se configuram como problemtica para a historiografia. Sob esse prisma, dentro de um variado espectro de possibilidades, enfatizo que os principais dilogos deste projeto sero feitos a partir das trs temticas, entendendo como a historiografia percebe esses conceitos e seus efeitos para a histria, pois, como afirma Raymond Willians, os conceitos tm histria e eles mudam com o ar do tempo, sendo ressignificados. Por serem conceitos que instigam a investigao de diversas reas do conhecimento, inclusive como temtica de outros artistas, levo em considerao o desenvolvimento da percepo de Woody em relao a esses conceitos, que aparentemente, mudam de filmes em filmes, acompanhando a sua viso crtica da realidade na qual ele est inserido. Posteriormente, vislumbramos as possibilidades de reflexes acerca de Crime e Castigo de Fidor Dostoievsky em dilogo com o filme Crimes e Pecados e Match Point. Ao nos depararmos com as problemticas sobre o acaso, o destino e a sorte, uma anlise no mbito dos estudos culturais se faz necessria, j que so conceitos que circulam culturalmente. Apesar do fio condutor da pesquisa perar pelas idiossincrasias de Woody, se faz fundamental para compreendermos debates que peram tambm por dados estatsticos, probabilidades, algoritmos, assuntos e contedo relacionados a essas temticas e que possuem uma bibliografia que me ajudar a pensar de maneira mais complexa e interdisciplinar as temticas propostas.
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Rodrigo Francisco Dias (IFMG - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Minas Gerais)
"Jnio a 24 Quadros" (1981, de Lus Alberto Pereira) e "Jango" (1984, de Slvio Tendler): apontamentos sobre dois documentrios do "cinema de abertura"
Resumo:O presente trabalho aborda as relaes entre Cinem...
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Resumo:O presente trabalho aborda as relaes entre Cinema Documentrio e Histria do Brasil a partir da anlise dos filmes Jnio a 24 Quadros (1981, direo de Lus Alberto Pereira) e Jango (1984, direo de Slvio Tendler). Os dois documentrios tratam da recente Histria Poltica Brasileira tendo como principais temas a breve experincia democrtica vivenciada nos anos 1950, as trajetrias de figuras como Jnio Quadros e Joo Goulart, o contexto de crise poltica e econmica que culminou no Golpe de 1964 e os anos da Ditadura Militar no Brasil. Produzidos e lanados no incio dos anos 1980, poca em que o Brasil ava pelo processo de redemocratizao, os dois filmes fazem parte do chamado cinema de abertura, momento da cinematografia nacional que acompanhou a transio da Ditadura para o Estado Democrtico de Direito. Na nossa abordagem sobre os dois documentrios, daremos especial ateno tanto para o contedo presente nas duas obras cinematogrficas, quanto para os aspectos formais/estticos dos filmes. O nosso objetivo no s entender como Jnio a 24 Quadros e Jango se relacionam com o contexto histrico em que foram produzidos, mas tambm analisar como os documentrios de Lus Alberto Pereira e de Slvio Tendler interpretam os fatos e as aes dos personagens histricos que marcaram a recente Histria Poltica de nosso pas. O exame das opes estticas feitas pelos cineastas em cada um dos filmes revela que, se em Jnio a 24 Quadros a histria contada de maneira irnica e cmica, em Jango a histria contada de maneira mais sria e trgica. A presena da comdia e da tragdia nos filmes no algo gratuito, mas um indcio de quo variadas podem ser as formas de se escrever a Histria e de retratar os personagens histricos, dependendo do contexto de produo da narrativa e do posicionamento poltico-ideolgico do narrador. Ao analisar como a recente Histria Poltica do Brasil e alguns de seus principais personagens aparecem na tela do cinema, este estudo procura compreender como certas verses da Histria podem ser contadas e difundidas socialmente. Este trabalho, portanto, pretende contribuir com toda a discusso em torno no apenas da escrita da Histria em um sentido mais amplo, mas tambm da escritura flmica da Histria em particular.
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Sandra Rodart Arajo (UEG - Universidade Estadual de Gois)
Vises e revises do ciclo Marta, a rvore e o relgio: a histria como memria
Resumo:A proposta para esta Comunicao a compreenso d...
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Resumo:A proposta para esta Comunicao a compreenso dos temas histricos presentes na obra do dramaturgo Jorge Andrade (1922-1984). Para tanto, a anlise se far a partir das peas organizadas, pelo autor, no livro Marta, a rvore e o relgio (ANDRADE, Jorge. Marta a rvore e o relgio. So Paulo: Perspectiva, 2008). A obra/ciclo composta por dez textos teatrais que apresentam um de quatrocentos anos da Histria do Brasil.
A mobilizao de conceitos, caros Histria, so organizados pelo dramaturgo na vasta investigao feita, tanto no que diz respeito aos processos histricos determinantes da constituio do pas, quanto daqueles constitutivos da sua prpria memria individual, apontando inevitavelmente o encontro destes dois caminhos por meio de mecanismos conceituais e formais. Neste sentido, as investigaes do ado empreendidas por Andrade foram magistralmente engendradas por meio de suas escolhas formais, sem dvida o ponto alto destas experimentaes foi na pea O Sumidouro, texto de fechamento da obra Marta, a rvore e o relgio e objeto privilegiado desta anlise.
No obstante, uma carpintaria teatral to bem engendrada no seio de suas peas, que por si s explicitariam as heranas historiogrficas e estticas da formao do autor, Jorge Andrade publicou em 1978 o romance autobiogrfico Labirinto, instrumento primordial para a compreenso da sua obra. No livro, o caminho individual e o rememorar do autor do o tom para um instigante processo criativo. Assim, o romance apresenta-se como documento fundamental no entendimento das propostas formais/conceituais do dramaturgo.
A escolha de O Sumidouro, ltima pea do ciclo, como ponto central da anlise se d pela radicalizao esttica empreendida pelo autor; a utilizao dos elementos picos foram essenciais para a materializao artstica dos conceitos histricos pretendidos. Ou seja, a hiptese central desta pesquisa a de que a experimentao esttica elaborada em O Sumidouro o que torna possvel o mais bem acabado dilogo ado/porvir elaborado pelo dramaturgo. A volta empreendida por Vicente at o tempo histrico vivido por Ferno Dias e sua ltima Bandeira traz tona um ado rico em possibilidades. Mas um ado visceralmente conectado ao presente.
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Viviane Gonalves da Silva Costa (Faculdade Catlica de Mato Grosso)
As aproximaes entre Histria e Literatura nas composies da cuiabana Dunga Rodrigues
Resumo:Neste texto, busca-se tecer algumas reflexes acer...
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Resumo:Neste texto, busca-se tecer algumas reflexes acerca da aproximao entre histria, (processo social) e literatura (expresso artstica/fonte documental ou testemunho), levando em considerando especialmente as condies em que se produz uma obra literria, o contexto e a recepo, tomando como referncia os relatos de memria da escritora Dunga Rodrigues (1908-2002). Memorialista, pianista e professora. Dedicou grande parte de sua vida ao magistrio. Ministrando aulas de Lngua Portuguesa e Lngua sa nos tradicionais colgios de Cuiab, Liceu Cuiabano e na antiga Escola Tcnica Federal de Mato Grosso, atualmente Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Campus Cuiab. Do mesmo modo, foi agente didtico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na dcada de 1970, atuando como pesquisadora do Ncleo de Documentao Histrica e Regional (NDIHR), aposentando-se nessa funo. Consagrou vrios dos seus escritos sua cidade natal, Cuiab, e publicou aproximadamente dezenove (19) livros, que trazem aspectos do cotidiano da cidade por meio de lendas, contos, prosas, movimentos musicais, folclore e agremiaes e ligas. Num primeiro momento, objetiva-se perceber como Dunga Rodrigues constri uma memria de si (professora, pianista e escritora) e os mecanismos pelos quais ela foi representada como professora por seus contemporneos, no opsculo Tributo a Dunga Rodrigues: gratido e saudade, a exemplo dos fragmentos: [...] extrapolou o cotidiano de sala de aula, [...] sempre voltada entusiasticamente arte musical e literria, [...] aos sentimentos de civismo e patriotismo, [...] operria da Arte;, possibilitando-nos vislumbrar a elaborao de um perfil docente de arte-educadora, mediadora cultural e de um programa de educao que valorizava os sentimentos de civismo e patriotismo pelo cultivo das artes. Num segundo momento, busca-se por meio das obras Colcha de Retalhos e Marphysa Crnicas cuiabanas, que apresentam narrativas sobre a Histria de Mato Grosso e sua gente, problematizar as influncias do contexto sobre o texto e a interveno do texto sobre o contexto nas sutilezas de uma proposta de educao que promove, primordialmente, o cultivo das artes: msica e literatura, colaborando para com a perpetuao de uma memria oficial sobre Mato Grosso, intimamente ligada ao Instituto Histrico e Geogrfico de Mato Grosso (IHGMT) e Academia Matogrossense de Letras (AML) no intuito de forjar uma cultura, uma tradio, um ado a cuiabania. Alm disso, objetiva-se ainda, trazer tona alguns apontamentos acerca de questes terico-metodolgicas para o processo de produo do conhecimento com fontes literrias, com a aspirao de compreender experincias vividas, concebidas como ado histrico.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Fernando Martins dos Santos (Colgio Meta)
Em torno de Veiga Valle (1806-1874): recepo e construo da ideia de patrimnio na Cidade de Gois
Resumo:Jos Joaquim da Veiga Valle nasceu em 09 de setemb...
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Resumo:Jos Joaquim da Veiga Valle nasceu em 09 de setembro de 1806 na cidade de Meia Ponte (atualmente Pirenpolis). Em 1841, o ento presidente da provncia, Jos Rodrigues Jardim, convida Veiga Valle para dourar os altares da Matriz de Santanna, na capital. Dois meses depois, se casou com Joaquina Porfria Jardim, a terceira filha do ento presidente da provncia. Durante esse perodo Veiga Valle produziu obras para igrejas, irmandades e particulares. Em 29 de janeiro de 1874, Veiga Valle morre aos 68 anos de idade na cidade de Vila Boa.
Ainda no foram encontrados documentos sobre a infncia de Veiga Valle. O mais antigo documento sobre Veiga Valle sua em uma ata de reunio para a reforma da Igreja Matriz de Meia Ponte em 1 de abril de 1832. Depois disso, seu nome a a ser citado em documentos oficiais e jornais. Santeiro o ofcio que atualmente o mais destacado em sua biografia. Assim como o pai, Veiga Valle participou de algumas organizaes polticas e ocupou vrias funes pblicas, religiosas, jurdicas e militares.
De sua morte em 1874 at a dcada de 1940, quando se efetiva a transferncia da capital da Cidade de Gois para Goinia, praticamente inexistiram referncias s suas qualidades artsticas. Com a transferncia da capital da Cidade de Gois para Goinia, a elite vilaboense, ressentida com a perda da capital, a a buscar suas razes para colocar a cidade como sendo bero da cultura goiana. Justamente nesse contexto, a vida e obra de Veiga Valle so revalorizadas com exposies na Cidade de Gois, em Goinia, Salvador (BA), So Paulo (SP) e ainda suas obras fizeram parte das comemoraes de 500 anos do Descobrimento do Brasil.
A OVAT se auto instituiu como guardi das tradies vilaboenses com a sensibilidade de preservar o patrimnio material (ado) e inventar o patrimnio imaterial (presente), com isso projetando o turismo patrimonial (futuro). A Organizao Vilaboense de Artes e Tradio (OVAT) tomou para si a responsabilidade de divulgao das obras de Veiga Valle, que foi nomeado como o patrono oficial da instituio. Com isso, se juntava a representao do artista mais importante que a cidade teve no sculo XIX com a instituio que se responsabilizou em guardar e divulgar a arte e a cultura vilaboense.
No ano de 2000 a OVAT o Movimento Pr-Cidade de Gois organiza o Dossi para lanar a Cidade de Gois como candidata ao ttulo de Patrimnio Mundial pela UNESCO, ttulo este que foi concedido em 2001, quando as peas de Veiga Valle so colocadas como um dos bens artsticos que representam a tradio vilaboense.
Veiga Valle nasce como artista a partir de 1937 e sua vida e obra vai se afirmando com o processo de patrimonializao, sempre sendo colocado como umas das peas-chave para tal processo.
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Heloisa Selma Fernandes Capel (Universidade Federal de Gois)
Modesto Brocos (1825-1936) como Defensor do Embranquecimento: notas para o debate a partir da recepo em livros didticos
Resumo:A comunicao prope discutir a recepo do artist...
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Resumo:A comunicao prope discutir a recepo do artista compostelano Modesto Brocos (1852-1936) como pintor racista e defensor do embranquecimento. Resume a trajetria da recepo de sua obra Redeno de C (1895), sua apropriao por grupos intelectuais higienistas e sua recepo em livros didticos de histria como artista defensor do projeto de branqueamento da populao brasileira. O dilogo crtico com ideias religiosas claro na obra Redeno de C (1895), na qual o prprio ttulo fere as interpretaes convencionais da histria do Gnesis 7: 21. Dezesseis anos aps sua elaborao, em 1911 a obra foi levada para o I Congresso Internacional das Raas pelo mdico e antroplogo do Museu Nacional Joo Batista Lacerda, para ilustrar uma profecia propalada poca: a ideia que em trs geraes, o Brasil seria branco. A conjuno entre o discurso artstico e o cientfico se fazia notar e relacionava-se ideologia republicana de formao da nao brasileira. Com apoio da bibliografia especializada e de documentos, alm de outras obras visuais e textuais do pintor, a comunicao pretende avaliar a posio da tela em livros didticos de histria, considerando a colocao de sua obra em associao a textos, fotos, diagramas, legendas, colunas, grades e margens, tipografias e qualquer outro elemento visual e/ou escrito que contribua para compreender a recepo de Brocos e sua difuso no ensino de histria. A insero de Brocos como artista nos livros de histria recente e atende s exigncias da legislao sobre o ensino afro-brasileiro e africano, interpretando a obra do artista luz da necessidade de discusso do racismo estrutural no Brasil. O modo satrico inspirado em sutil ironia parece ter sido uma constante nas opes estticas de Modesto Brocos. Ficou evidenciado em sua colaborao com o jornal satrico republicano O Mequetrefe, ainda quando era um jovem aluno da Academia Imperial de Belas Artes em 1875, em suas constantes participaes nos Sales de Humor da Escola Nacional de Belas Artes j como professor de desenho e, ainda, no seu quadro-cone vencedor da medalha de ouro na II Exposio Geral de Belas Artes: o quadro Redeno de C, tema tabu em que discutiu com sutil ironia o ideal de branqueamento de alguns setores da intelectualidade brasileira vinculados s instituies artsticas e polticas. A suspeita que a recepo de Brocos foi favorecida pela conjuntura histrica que acendeu o debate sobre o lugar social dos negros no Brasil por seus contemporneos e, posteriormente, de forma apressada, no mago do crescimento das discusses etnicorraciais mais atuais, por uma interpretao que no condiz com o pensamento de sua obra.
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Jacqueline Siqueira Vigrio (Sem filiao)
Dignidade Humana, Evangelho e Justia Social em Nazareno Confaloni
Resumo:Na Histria das artes plsticas do Centro Oeste br...
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Resumo:Na Histria das artes plsticas do Centro Oeste brasileiro, a atuao do artista italiano Frei Nazareno Confaloni, foi considerada como pioneira para o movimento moderno. Seu estilo ousado teria enriquecido e assimilado o movimento cultural da poca, o "noveccento" italiano. Mesmo tendo como trabalho principal suas pinturas sacras, Confaloni aprendeu os fundamentos da arte moderna em um dilogo constante com movimentos que eclodiram durante o comeo do sculo XX. Um breve percurso em suas obras desde que chegou ao Brasil permite observar que o Frei artista sinaliza em suas incurses pelo moderno, um dilogo profundo com o contexto sociocultural Latino-americano, sobretudo no que se refere a viso progressista voltada para a ideia da Teologia da Libertao. A comunicao tem o objetivo de analisar parte das imagens das pinturas de afrescos da Igreja N.S. das GUm breve percurso por suas obras desde que chegou ao Brasil permite observar que o Frei artista sinaliza em suas incurses pelo moderno um dilogo profundo com o contexto sociocultural latino-americano, sobretudo no que se refere viso progressista voltada para ideia da Teologia da Libertao . Se observarmos com um pouco mais de ateno um dos painis que compe as 12 imagens de pinturas de afrescos que esto localizados na Igreja N. Sra. das Graas na cidade de Araraquara-SP, v-se que em sua obra convergem elementos que esto no mago do cristianismo. Dentre eles, uma representao cristolgica, porm, tomando-se o protagonismo do pobre sofredor luz do Jesus da Pscoa. Aquilo que atribui e justifica o sofrimento das diversas figuras: a solidariedade do crucificado com sofrimento do povo chega a tal extremo que isso se confunde com a identidade do povo latino-americano. raas da cidade de Araraquara-SP, pintada pelo artista no ano de 1968. As imagens apresentam uma sntese do pensamento teolgico expresso visualmente pelo artista e parte da ideia de que as imagens contm questes sociais intimamente relacionadas a concepo de igreja e seu relacionamento com o mundo, a viso de Cristo e suas articulaes com a misso social dos homens. Por tratar de elementos visuais significativos para compreender o pensamento de Frei Confaloni em seu contedo e forma, o texto se prope a interpretar as intervenes visuais do artista em Araraquara, relacionando-as com os processos artsticos e religiosos que emolduram as expresses do pensamento formulado por Confaloni e sua atuao no Brasil.
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Letcia Fonseca Falco (ESCOLA ESTADUAL ANTONIO THOMAZ FERREIRA DE REZENDE)
Um olhar sobre a historiografia do teatro brasileiro: Modernizao como ideia-fora propulsora na organizao de uma narrativa histrica acerca do teatro brasileiro.
Resumo:A proposta de comunicao alm de uma reflexo me...
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Resumo:A proposta de comunicao alm de uma reflexo metodolgica acerca das possibilidades da escrita dessa histria e da forma como essa historiografia tem se construdo, pretende debater acerca da memria histria estabelecida e das ideias-foras que surgem como organizadoras das experincias artsticas e de sua posterior reelaborao em narrativa histrica.
Tais questionamentos permeiam inevitavelmente a atuao da crtica teatral, amplamente responsvel pela cristalizao de saber acerca de perodos de nosso teatro, bem como lugar a partir do qual muitas dessas ideias-fora se constituem e ganham dimenso de balizadoras na construo da historiografia sobre o tema.
Emerge tambm entre as preocupaes primordiais dessa discusso a necessidade de identificar a presena de memrias em disputa em torno da construo dessa historiografia, que como notadamente no encontra-se acabada e nem mesmo tem sido capaz de abranger uma totalidade no que se refere as realizaes de nossa dramaturgia e nossa cena. Trata-se portanto do olhar para a laborao de uma narrativa e construo de significados na trajetria teatral tambm nas pginas da crtica.
H portanto, muitas vezes a ao da primazia de uma determinada memria histrica que ordena tais experincias. Trata-se da consagrao de determinada memria histrica, num processo que acaba por privilegiar determinadas realizaes a partir da ressignificao de discursos e experincias em prol do protagonismo de determinados temas e momentos de nosso teatro, reverberando em alguma medida no estabelecimento de uma hierarquia entre os sujeitos, grupos e realizaes de nosso teatro.
Assim, a interpretao que se constri na composio da memria histrica acerca de nosso teatro tem se dado majoritariamente a partir dessas ideias-fora, a exemplo dos temas ligados modernizao, politizao, engajamento, nacionalizao, universalizao, etc. Como pretendemos delinear de maneira breve nessa apresentao, a modernizao por vezes um tema central e determinante na organizao dessas narrativas, que no raro acabam privilegiando esse vis interpretativo num olhar que por vezes apresentam o antes e o depois do teatro brasileiro tomando como marco as realizaes tidas como decisivas no processos de modernizao da cena nacional.
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Melina Xavier de S Morais
A construo do conhecimento histrico mediante a interdisciplinaridade
Resumo:O estudo de histria importante para a formao ...
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Resumo:O estudo de histria importante para a formao de cada cidado, pois contribui para desenvolvimento cognitivo e para a construo de cidados capazes de construir seus prprios conceitos ideolgicos. A escola a principal formadora deste conhecimento, sendo a educao de fundamental relevncia para a aplicao das mais variadas disciplinas, como a histria. A escola, ento, no tem apenas a responsabilidade de transmitir conhecimentos aos alunos, mas o de formar cidados ativos, responsveis e com senso crtico diante da realidade que os cercam. Portanto no mbito educacional que se deve estimular a interao dos saberes visando uma melhor assimilao dos contedos ministrados pelos professores.
Nesta perspectiva, muito se fala na interdisciplinaridade por parte dos educadores, j que o exerccio do ensino mediado por outros saberes, permite a construo do conhecimento de forma global, derrubando as fronteiras entre as disciplinas, visto que a integrao de contedos no seria suficiente, ao contrrio do trabalho em comunho de saberes diferentes, em que cada disciplina dedica uma parte de contribuio para uma melhor aprendizagem por parte dos alunos. Quando a interdisciplinaridade se aplica j nas sries iniciais de ensino, permite aos alunos construrem um saber mais amplo e crtico diante dos contedos presentes nas diversas disciplinas do currculo.
A ao pedaggica mediante a interdisciplinaridade permite a edificao de uma escola ativa, que se preocupa com a formao social e crtica dos alunos, bem como acaba por incentivar a prtica coletiva e solidria na organizao escolar. Um projeto interdisciplinar de educao deve permitir educao um papel progressista e libertador.
Em suma, este estudo traz uma breve anlise sobre o ensino de histria mediante a interdisciplinaridade. Assim partimos da premissa de que as linguagens no se desvinculam da histria. O saber histrico nos permite analisar as permanncias, as rupturas, as continuidades e/ou descontinuidades das sociedades. E atravs dessas indagaes que ela propicia, acabamos por enriquecer nossa experincia cultural, ao compreendermos a dinmica da construo das sociedades, seja atravs das artes plsticas, da literatura, da msica, dentre outras linguagens.
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Paulo Roberto Monteiro de Araujo (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Problemticas da Histria da Cultura: Paquera e Assdio, o cinema como testemunha.
Resumo:O presente texto tem como preocupao analisar l...
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Resumo:O presente texto tem como preocupao analisar luz de Pascal Ory a problemtica representacional das transformaes culturais do significado de paquera em assdio ao longo das produes cinematogrficas. Este pensador francs me possibilitou ter bases epistmicas para abordar a Histria Cultural em sua perspectiva documental aberta, ou seja, as produes culturais em todas as suas dimenses e determinaes so documentos que circulam livremente no espao pblico ganhando configuraes interpretativas ao longo da histria sociocultural. Da a Histria Cultural no se mostrar como Histria das Concepes Intelectuais ou algo do gnero. A Histria Cultural antes de tudo a Histria das Circularidades Representacionais das produes Artsticas e Culturais. Quem puder d uma olhada no Dictionnaire dhistoire culturelle de la contemporaine, no verbete que trata de Histoire Culturelle et Cultural Studies.
Tais circularidades representacionais alm de ganharem publicidade tambm se modificam em seus significados originais. Eis o motivo de Pascal Ory dizer que o Rambaud de 1870 era um outsider e que em 1970, tal Rambaud se tornara pertencente ao Status Quo. A Histria Cultural no a Histria da Crtica de alguma produo Artstico-Cultural, ou ainda, no se trata de criticar de como recebida alguma produo artstica do ado no presente. O ttulo de um livro de Jacques Rancire, A partilha do sensvel Esttica e poltica, nos serve como encaixe para desenvolvermos a questo das representaes na esfera da Histria Cultural. As representaes aos terem as suas determinaes no sensvel e serem expressas no espao pblico, tornam se partilhadas pela publicidade; no sentido de serem pblicas, de arem por um processo de publicizao. Da Pascal Ory dizer que os documentos da Histria Cultural so sempre abertos. O objetivo da presente comunicao analisar via produes cinematogrficas as transformaes significativas das intersubjetividades que ocorrem no processo da dinmica histrica. Sendo assim, a a temtica da presente comunicao como o significado representacional de paquera vira Assdio no mundo Ocidental Contemporneo.
As representaes ao serem partilhadas ganham formas significativas, tais formas se expressam por meio das produes culturais. Deste modo, o cinema tem destaque para ns, no sentido de se tornar rapidamente um fenmeno representacional.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Anna Corina Gonalves da Silva
Nenhum sonho a menos: espao, imagem e narrativas de si
Resumo:A comunicao proposta deriva de um trabalho reali...
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Resumo:A comunicao proposta deriva de um trabalho realizado com alunos da E. M. Daniel Piza, de Acari, cidade do Rio de Janeiro, em parceria com o Centro Cultural Phbrika, como parte da pesquisa que desenvolvo no doutorado em Artes, na UERJ. A pesquisa trata dos modos de habitar a cidade, o deslocamento enquanto experincia e os limites impostos pelos corpos no espao urbano, a partir das noes de vida precria, de Judith Butler, e de necropoltica, como trabalhada por Achille Mbembe. Na oficina realizada no Centro Cultural Phbrika, em 2018, foram propostos encontros em que os alunos buscassem criar narrativas de si, estimulados a desenvolverem tais enredos como histrias fantsticas, atravs da fotografia e colagem. O bairro de Acari tem um dos piores ndices de Desenvolvimento Humano da cidade do Rio de Janeiro, e o nome da oficina, nenhum sonho a menos, uma homenagem do centro cultural jovem Maria Eduarda, morta pela polcia, em 2017, dentro da escola Daniel Piza. Com a oficina, venho buscando trabalhar, com intersees entre as narrativas de si e a imagem fotogrfica, os modos que podemos produzir sentidos s nossas vivncias e experincias com o lugar e suas adversidades. A proposta foi questionar se toda a memria uma construo subjetiva do ado, e a instalao, resultado da oficina, tambm mote para a reflexo sobre a memria coletiva de determinado evento ou sujeito. A narrativa daqueles jovens sobre si mesmos se construiu a partir de questes da ordem do temporrio, da banalidade e da dissoluo da memria coletiva, mas, ao mesmo tempo, as representaes gestuais na instalao pam em cena relaes com a cidade/lugar no necessariamente pautadas no medo, mas, ao contrrio, abertas a novas possibilidades de significao e de criao de modos de estar, habitar e ter direito cidade. Neste sentido, proponho como comunicao algumas reflexes que, no contexto da pesquisa de doutorado, venho buscando realizar a partir da experincia da oficina. Em particular, como materiais imagticos podem mobilizar modos de criar narrativas de si, histrias de vida, que no so propriamente rememorativas, mas criativas. Consequentemente, como as relaes de identificao e pertencimento, precrias que so, no se restringem herana simblica, ou seja, no esto determinadas a se repetirem, mas so prenhes de possibilidades de novas afeces e de criaes de novos vnculos.
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Diogo Cesar Nunes da Silva (UNIABEU)
Das imagens utpicas como imagens dialticas: para um elogio do anacronismo a partir de Walter Benjamin
Resumo:A proposta de comunicao visa desenvolver uma ref...
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Resumo:A proposta de comunicao visa desenvolver uma reflexo sobre o tema do tempo histrico, a partir de alguns rastros de Walter Benjamin, em particular junto noo de imagens dialticas. Em linhas gerais, se pretende elaborar um elogio ao anacronismo, considerando a crtica benjaminiana compreenso do tempo como linearidade e progresso, enfocando o, diga-se, lugar das imagens (imagens de desejo, utpicas) em uma leitura que dialetize os fenmenos histricos ou, dito de outro modo, que atente, no presente, s insistncias do ado, s repeties (sintomticas, para Didi-Huberman), e, outrossim, s irrupes do novo no meio (mdium) do instante. Elaborada j no que poderamos chamar de fase final do pensamento benjaminiano, a noo de imagens dialticas aponta a uma espcie de chegada do filsofo a alguns termos cabais, dentre os quais aquele que define o tempo histrico como saturado de agoras. Como pressuposto de trabalho, entende-se que conceitos importantes na obra madura de Benjamin, como os de experincia e vivncia, rememorao e reminiscncia, messianismo revolucionrio, e, decerto, imagem dialtica, podem ser pensados luz da noo de histria que ganha corpo tanto na obra das agens quanto nas teses Sobre o conceito de histria. Nas palavras de Maria Joo Cantinho, a noo de imagem dialtica se oferece como um instrumento de cognoscibilidade que , ao mesmo tempo, condio e fruto da legibilidade da histria. Isso nos diz que as noes de imagem e de tempo histrico, em Benjamin, se implicam reciprocamente, e apontam, no obstante, complexidade de um pensamento por imagens, no sistemtico: um tecido complexo de reflexes, em torno das infinitas relaes entre imagem e pensamento, como diz Cantinho. Atentar ao carter no sistemtico e de tessitura das reflexes benjaminianas importa, aqui, duplamente: porque ele tem consequncias sobre a prpria noo de tempo que engendra e porque, em sua maturidade, emergem questes insistentes, tematizadas desde a juventude. Destas, propomos destacar duas: a sua teoria da linguagem (que, de acordo com Katia Muricy, pera todo o seu pensamento) e a sua crtica ao ensino tcnico que, ao congelar o tempo, esvazia a formao da sua dimenso espiritual. A direo que se pretende seguir, com a comunicao proposta, a deste entrecruzamento temporal, tanto pela obra de Benjamin a de ler as imagens dialticas luz da sua teoria da linguagem e da crtica formao tcnica quanto a partir dela, perguntando, em particular, pelo lugar da obra de arte para uma leitura da histrica que ponha em crise o tempo vazio e homogneo em favor de uma temporalidade aberta s insistncias do desejo.
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Felipe Biguinatti Carias (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso)
Escrevendo por imagens: quanto vale ou por quilo? E a perspectiva da violncia enquanto chave interpretativa.
Resumo:O cinema brasileiro no comeo do sculo XXI consti...
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Resumo:O cinema brasileiro no comeo do sculo XXI constitui-se a partir de diversos mecanismos que permitiram dinamizar a sua produo, distribuio e exibio. No campo institucional, temos a criao da MP n 2.228-1, do qual se tornou responsvel pelo estabelecimento geral da poltica nacional de cinema, proporcionando a criao do seu mais notrio rgo; ANCINE. Diante disso, o cinema nacional comeou a receber investimentos mais robusto, ou como ficaram conhecidos; blockbuster brasileiro. Filmes, por exemplo, Madame Sat (2002), de Karim Anouz; Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Ktia Lund; Carandiru (2003), de Hector Babenco; Tropa de Elite (2007), de Jos Padilha. Todos os filmes expostos acima possuem como centralidade o debate sobre a violncia. No toa que o ponto forte da crtica foi de reinterpretar a esttica da fome, de Glauber Rocha, para a cosmtica da fome, como Ivana Bentes aponta. Outros crticos, como, Ismail Xavier e Lcia Nagib vo interpretar as obras luz da abordagem do Cinema Novo e, com isso, alegar que tais filmes defendem a ideia de salvao individual, despossudos de qualquer debate poltico em prol do coletivismo e de um projeto de pas. A pergunta que fica, o que o cinema do sculo XXI nos apresenta de novo? Ser que seria apenas uma anttese mercadolgica do Cinema Novo? Para pensarmos mais sobre essa questo, vamos regredir dois anos da exibio do primeiro filme apresentado: Anos 2000 e a obra Cronicamente Invivel, de Srgio Bianchi. A respectiva obra est lotada em uma linha tnue entre os dois mundos estticos, uma parte do Cinema Novo, de abordar os problemas sociais a partir de uma explicao mais geral e macro, e, com alguns indcios preliminares do cinema do sculo XXI, a esttica prpria da violncia e a desesperana total de qualquer mudana social; prtica dispare do tropo martimo glauberiano. No entanto, Cronicamente invivel no apresenta a violncia pela violncia, o filme aborda questes que tenta tocar na reflexo pessoal do espectador, questionamentos que desrespeitam a relao entre o Eu e o Outro; longe de um melodrama emotivo. A obra exige um espectador ativo que repense sobre conceitos como racismo, explorao, etnocentrismo, corrupo etc., artifcios tcnicos e estticos que esto presente no cinema do sculo XXI, porm, enquanto um hbrido do cinema poltica de Srgio Bianchi e a supervalorizao da violncia, demasiadamente presente no cinema hollywoodiano. Por conseguinte, precisamos olhar as produes do sculo XXI com mais cautela, perceber as suas fissuras e, posteriormente, compreender os sentidos e vises de mundo que esto ajudando a construir sobre a sociedade brasileira.
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Grace Campos Costa (Universidade Federal de Uberlndia)
O movimento punk atravs de Vivienne Westwood (1971-1983) e o mercado cultural da moda
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar ...
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Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar o movimento punk e a sua indumentria atravs da trajetria da estilista inglesa Vivienne Westwood.
Considerada pelas biografias de moda, como a verdadeira "me do punk", Westwood disputa a memria pela consolidao e popularizao da esttica punk com o ex-companheiro, o empresrio Malcom Mclarem. Mas afinal, o movimento punk, bem como os seus trajes, no foram criados pelos jovens? Qual a importncia da estilista para esse movimento?
A ideia do it yourself (faa voc mesmo) prevalecia no movimento punk, uma vez que pode ser considerado como uma crtica a essa esttica padronizada. Assim, era necessrio produzir a sua prpria msica e a sua roupa, como uma tentativa de desafiar a cultura e o bom gosto burgus.
A esttica punk inglesa apostava em um estilo de se vestir anticorporativo e independente, bem como as msicas produzidas, que tambm eram uma outra forma de se manifestar contra o sistema neoliberal vigente naquela poca e os conformismos sociais. As roupas no eram compradas em lojas tampouco pensadas por estilistas, o prprio jovem poderia fazer a sua vestimenta. Era possvel ver, atravs no uso de agulhas, sacos de lixos, tecidos baratos e correntes, uma agresso aos valores estticos tradicionais e do prprio capitalismo. A sua simbologia causava impacto nesta sociedade capitalista.
Uma das questes pertinentes para refletir se a sua popularizao e a apropriao do mercado cultural da moda, esgotou politicamente o movimento punk e se existiu uma domesticao deste movimento de juventude.
O perodo utilizado para compreender tais questes, vai de 1971, com a inaugurao da loja de Vivienne Westwood, focada na moda rebelde, ando pela parceria com o Sex Pistols ao o seu visual, at chegar o incio da dcada de 1983. Nesta ltima etapa, o videoclipe ser uma poderosa vitrine para lanar tendncias estticas e visuais e Westwood j se consagra como uma estilista renomada, alm de marcar o fim da sua parceria com Malcom Mclaren.
Westwood, que de incio esteve afinada com o movimento punk ingls e a suavizao da rebeldia para que fosse rapidamente comercializada, aos poucos vai adotando outros gneros musicais para se fixar como um dos grandes nomes do mundo da moda.
Destarte, msica e moda andam em sintonia e so rapidamente comercializadas, e posteriormente, necessrio analisar o impacto do videoclipe enquanto forma de divulgar novos visuais difundidos atravs dos estilos musicais.
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Mrcia de Almeida Gonalves (UERJ)
Eu, voc e todos ns. Notas sobre a singularidade, mas no apenas.
Resumo:O ttulo de nossas reflexes lana mo da verso e...
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Resumo:O ttulo de nossas reflexes lana mo da verso em portugus do longa Me and you and everyone we know, dirigido e protagonizado por Miranda July, exibido a partir de 2006. Na pelcula, histrias de vida se am e se cruzam e, sem maiores rupturas, so redimensionadas luz de pontuais encontros (e desencontros) quotidianos. Assim sintetizado o enredo desse filme, o mesmo poderia caber em tantos outros e tambm em seriados onde milhes de uns e umas so enquadrados e enquadradas a partir de cada um. aluso a esse filme em particular e no a outros, no mercado prolfico da stima arte, se justifica pelo enredo, mas em especial pelo ttulo, tomado por ns como indiciador da abordagem que nos interessa propor acerca da emergncia do conceito de singularidade, entre as muitas mudanas que afetaram o conhecimento histrico nos ltimos quarenta anos. Estamos, em certa medida, tratando de uma velha questo a singularidade tendo como interrogao suas implicaes na teoria da histria, na histria da historiografia, na psicanlise, na poltica. Para realiz-la, alguns autores especialmente nos socorrem: Paul Ricouer e o conceito de identidade narrativa (O si-mesmo como outro), Leonor Arfuch e as narrativas vivenciais (O espao biogrfico), Judith Butler (Relatar a si mesmo) e Adriana Cavarero (Vozes Plurais). A singularidade, como conceito e como questo epistemolgica para a escrita da histria, redimensionou alguns campos e canteiros dos ofcios do historiador. Debitada tal mudana, para alguns, da conta da guinada subjetiva, a mesma pode ser abordada como uma espcie de ponta de iceberg de alguns dos dilemas da condio do sujeito e de seus agenciamentos, em sociedades e comunidades afetadas pela mundializao de valores e prticas culturais na contemporaneidade. Sem a pretenso de esgotar reflexes sobre a temtica, nossa exposio ter como inteno realizar um breve exerccio de anlise sobre a singularidade a partir de trs pontos: (i) a singularidade relacional de sujeitos institudos a partir de suas identidades narrativas; (ii) o valor biogrfico e o compromisso tico de uma escrita da histria dimensionada pela relao com a alteridade; (iii) a mobilizao de narrativas vivenciais no ensino/aprendizagem da histria.
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Mnica Abed Zaher (UPMackenzie; USP)
Moda e cultura: a imagem feminina poca de Chanel
Resumo:
A criatividade e a ousadia de Gabrielle Bonheur ...
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Resumo:
A criatividade e a ousadia de Gabrielle Bonheur Chanel (1883-1971), presentes na sociedade europeia no incio do sculo XX, permitiram que suas criaes se adequassem nova dinmica do cotidiano feminino. Alm da importao de peas do vesturio masculino para o guarda-roupa feminino, Chanel traduziu, por meio de sua prpria experincia de vida, as necessidades femininas no tocante ao vesturio, promovendo a libertao de adornos excessivos e suprfluos impostos moda da Bella poque (1871 1914).
Preocupada no apenas com o conforto, mas com a elegncia, Chanel promoveu verdadeira revuluo na maneira pela qual as mulheres se apresentavam, banindo excessos de tecidos e detalhes, utilizando roupas masculinas como base para suas criaes e adotando padronagens, cores e tecidos at ento inusitados para as costuras femininas. As mudanas promovidas por ela na aparncia feminina foram da vestimenta ao comportamento, reforadas pelas alteraes trazidas pela I Guerra Mundial ( 1914-1918). Nesse aspecto, Chanel soube aproveitar a situao da poca na adequao do guarda-roupa, imprimindo sua personalidade em cada uma de suas criaes. Ela prpria, como mulher independente obrigada a prover seu prprio sustento, pode ser vista como autoinspirao. Economia de guerra e escassez de matria prima haviam sido experimentados por ela durante sua infncia e juventude, traduzidos pela pobreza, pelo abandono e pela solido em que viveu seus primeiros anos at encontrar possibilidades de usar seu trabalho como forma de sobrevivncia.
A convivncia de Chanel com diferentes personalidades de sua poca ligadas s artes, cultura e poltica transformaram sua vida. Este trabalho tem por intento relacionar a criatividade de Chanel diante das possibilidades existentes na poca, bem como iniciar uma anlise sobre a imagem feminina do incio do sculo XX, do ponto de vista esttico, aproximando as mudanas do vesturio s alteraes do comportamento feminino - por necessidade ou escolha. A maneira pela qual a moda se relaciona com as artes encontra ressonncia nos relacionamentos de Chanel com seus amigos, nos quais ela se inspirava constantemente para lanar suas colees e projetos. ntido perceber que seu cotidiano foi fonte de inspirao e, apesar de representar uma moda altamente sofisticada, a simplicidade e a at obviedade de seus modelos encantaram e encantam at os dias atuais.
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Priscila de Lima Alonso
Circularidade e histria oral: uma proposta para a pesquisa interdisciplinar sobre migrao africana.
Resumo:Estima-se que aproximadamente 40% dos cerca de 10 ...
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Resumo:Estima-se que aproximadamente 40% dos cerca de 10 milhes de africanos traficados para as Amricas tenham desembarcado em portos brasileiros entre os sculos XVI e XIX. O trfico de africanos, uma migrao forada, uniu a frica e o Brasil, produzindo conexes e interaes sociais, culturais, polticas e econmicas entre esses mundos integrados pelo Atlntico.
Ainda hoje, frica e Brasil continuam conectados, no apenas por causa dos afrodescendentes e da herana cultural africana, criada e reinventada no Brasil ao longo de sculos, mas, tambm, devido a uma nova onda de migrao de africanos para o Brasil, tambm forada, que tem aumentando exponencialmente desde o ano 2000.
Tal conexo no apenas possibilitou mas ainda possibilita um intenso trnsito de culturas, uma circularidade cultural responsvel por criar experimentos e vivncias migratrias sul-atlnticas.
Se no ado nacional escravista, a populao africana e afrodescendente era desconsiderada enquanto sujeito histrico, se no houve grandes interesses em se conhecer as culturas e as mentalidades de tais populaes, se pouco foi documentado e muito do que se registrou foi destrudo ou perdido, temos agora, com esse novo fluxo africano para o Brasil, uma oportunidade de refletir, incluir e fazer diferente.
Partindo da circularidade cultural utilizada pelo historiador Carlo Ginzburg, este trabalho pretende demonstrar de que maneiras este conceito, unido metodologia da Histria Oral e a um trabalho interdisciplinar, capaz de revelar expectativas, cotidianos, narrativas, produes culturais, religiosas e polticas de imigrantes africanos contemporneos no Brasil (mais especificamente, na cidade de So Paulo).
A histria oral, enquanto metodologia, e dentro da perspectiva da histria da cultura tem grande potencial documental, heurstico e interdisciplinar. Ela valoriza os excludos e silenciados da histria, compreendendo-os enquanto sujeitos histricos em todas as suas potencialidades; ela permite que categorias cujo ofcio ou inteno no escrever possam se expressar; ela cria uma relao original entre os sujeitos da histria e o historiador; ela nos d oportunidade para melhor investigarmos e compreendermos o fenmeno migratrio contemporneo e os dilemas enfrentados pelos migrantes, desde as motivaes para a partida de sua terra natal, at as dificuldades enfrentadas na nova terra, bem como as reinvenes culturais e identitrias que peram pelo ser africano migrante.
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Robson Pereira da Silva (UFG)
Elis Regina & Cia: A Formao do capital cultural de uma artista brasileira nas dcadas de 1960 e 1970
Resumo:O presente trabalho prope-se a investigar as mane...
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Resumo:O presente trabalho prope-se a investigar as maneiras pelas quais uma artista popular construiu redes de repertrio, consagrao e recepo, por sua atuao em dilogos com outros agentes de construo de sua obra. Trata-se, especificamente, da interprete Elis Regina. Cabe salientar que as referidas redes de sociabilidade, formadas por diretores teatrais, coregrafos, cengrafos, msicos e compositores, possibilitou as diversas mudanas que a carreira artstica de Elis Regina trilhou, desde a dimenso de canto de uma matriz referencial, devidamente declarada pela intrprete, como a voz radiofnica da cantora ngela Maria, que formou vocalmente seu canto por escuta. Como aponta Contier (2007), o artista musical constitudo de uma rede de escutas. importante ressaltar que Elis Regina no negava essa rede, entretanto, o processo de memria histrica(VESENTINI, 1997) que, com aval da prpria crtica, obliterou determinado capital cultural (BOURDIEU, 2007) em detrimento de outros, como quando se valoriza a capacidade seletiva de Elis para repertrio e lanamento de compositores, algo que parece unnime e recorrente em sua biografia e no campo da Msica Popular Brasileira. A dimenso da escuta e de pluralidade formativa fez com que a artista mobilizasse, em suas obras, questes que eram pertinentes a aspectos da cultura e da sociedade brasileira, mas na maioria das vezes, partindo de sua experincia artstica e embates de representaes para dispor-se no debate pblico, com interlocuo de outros artistas que participaram de seu processo criativo e formaram um determinado capital cultural em regras especficas da arte que lhe tornaram consagrada. Essa rede foi estabelecida em dilogos com outros artistas, como Csar Camargo Mariano (msico, produtor, arranjador, etc.); Myriam Muniz (diretora de teatro); Marika Gidali (bailarina e coregrafa), entre outros. Assim, a singularidade da intrprete bifurcada pela pluralidade de vozes que a constituram como performer de horizontes de expectativas individuais e coletivos. Outrossim, aqui se empreender o cruzamento dos interesses correspondentes entre Elis e seus parceiros. Para tal tarefa, como escopo documental temos as biografias desses agentes que participaram da carreira da artista, materiais de imprensa, incluindo crticas, programas de espetculos, entrevistas da interprete, etc.
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Talitta Tatiane Martins Freitas (Universidade Federal de Mato Grosso)
Respiro, sei que respiro: discusses em torno das identidades de gnero e corpos biolgicos a partir das obras "Tarntula" (1984, Therry Jonquet) e "A pele que habito" (2011, Pedro Almodvar)
Resumo:A proposta desta comunicao debater sobre o uso...
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Resumo:A proposta desta comunicao debater sobre o uso de linguagens artsticas em sala de aula, pensando-as enquanto possibilidade de dilogo entre o binmio Arte e Sociedade, Histria e Linguagens. Sob esse prisma, buscar-se- debater sobre as possibilidades de discusso em torno das questes de identidade de gnero a partir de linguagens artsticas como o cinema e a literatura. Para tanto, elegeu-se como objetos de anlise o livro Tarntula, (1984) do francs Thierry Jonquet, e a sua adaptao flmica A pele que habito, (2011) produo espanhola do diretor Pedro Almodvar. A escolha de ambas no se deve apenas pelo lao de inspirao/adaptao da primeira para a elaborao da segunda, mas especialmente pelo encaminhamento dispare entre as duas no que diz respeito transexualidade, bem como sobre a relao entre identidade de gnero e corpo biolgico. A diferena no encaminhamento destas questes revela o avano e modificao das discusses de gnero ocorrida ao longo dos quase 30 anos que separam as duas produes. A partir da anlise de tais obras, possvel discutir em sala de aula tanto as construes identitrias de gnero, como as mudanas histricas em relao elas, visto que a anlise das duas obras demonstra o deslocamento do eixo central das narrativas dramticas: no livro a trama gira em torno da questo da vingana em si (a tarntula que tortura a sua vtima antes que a mesma lhe sirva de alimento); enquanto no filme a discusso se desloca para a relao entre as personagens, que se encontram numa trama de vingana, de transexualidade forada e de convivncia forada. Da mesma forma, a diferena nos desfechos indicam uma tcita mudana na maneira como essas diferentes sociedades pensam cerca da construo de gnero e da transexualidade: no livro a transexualidade forada faz com que esse novo corpo biolgico feminino determine a identidade de gnero da personagem, final esse invivel na adaptao de 2011, na qual Vicente apenas habita o corpo de Vera (pela transexualidade forada), no determinando a sua self ou a sua identificao com o gnero feminino.
O uso de A pele que habito e Tarntula em sala de aula mostra-se uma frutfera mola propulsora para as discusses sobre feminilidade, masculinidade e performances de gnero, sendo possvel ao educador mediar o debate cerca dessas questes para as sociedades contemporneas, bem como evidenciar que se trata de construes socioculturais que, como constructo social, no devem ser naturalizadas, sendo veis de questionamento e modificao, possibilitando-se tanto a incluso dos sujeitos socialmente excludos, como a elaborao de um processo de ensino-aprendizado que propicie a reflexo crtica e o pleno o cidadania.
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