ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
-
Beatriz Chianca Macario
Os higienismos no 1 Congresso Mdico de Pernambuco: Uma anlise discursiva
Resumo:O 1 Congresso Mdico de Pernambuco ocorrido entre...
Veja mais!
Resumo:O 1 Congresso Mdico de Pernambuco ocorrido entre os dias 25 de abril e 2 de maio de 1909, na cidade do Recife, resultou na participao dos nomes mais influentes da medicina do perodo, e na discusso de diversos estudos abordando temticas, principalmente, preventivas das doenas. A minha pesquisa de Mestrado busca analisar os discursos proferidos no Congresso dentro da realidade da elite mdica assim como da realidade da populao dependente dessa classe.
O evento, em suas apresentaes de pesquisas e estudos do momento, exemplifica a grande preocupao mdica do perodo centrada na higiene das cidades e populao, no que podemos denominar enquanto um higienismo sanitrio e um higienismo moral. Abrange questes como habitaes populares, sistema de esgoto, estrutura da cidade assim como questes de degenerescncia, sobre casamento, loucos e criminosos. Entre os discursos cientficos so perceptveis algumas nuances indicativas de influncias sociais e culturais nas decises e prticas mdicas, como tambm a interferncia do sujeito mdico nas decises do Estado e consequente disposio da cidade e populao. Interveno que ia desde a estrutura das casas vida privada das famlias.
Incio do sculo XX, dentro de processos de transformaes polticas, cientficas, urbanas, Pernambuco demonstra a emergncia de uma medicina social fase da medicina exemplificada por Foucault em seus trabalhos que desenvolve mecanismos de higiene para evitar epidemias, e apresenta a legitimidade da voz do profissional da rea enquanto determinante para a construo dessa sociedade.
Atravs dos discursos, a anlise se torna mais detalhada pelo jogo de palavras dispostas a interpretaes. com o auxlio da Lingustica que a pesquisa se mostra mais profunda e determinada a desvelar os pensamentos e projetos da medicina marcados nesses discursos. A Anlise do Discurso (AD), diante de tantos debates, permite que alcancemos sentidos muitas vezes ocultos, e consequentemente percebamos os regimes de verdade neles instalados e perpetuados ao longo dos anos. Dessa forma, a pesquisa contribui com o conhecimento histrico acerca da atuao mdica em Pernambuco, permitindo compreender tambm o panorama do Estado nesse perodo.
Ocultar
|
-
Bruno Fraga Fernandes (CEFET-RJ)
Uma Nova Perspectiva sobre a Consolidao Acadmica da Ecologia no Brasil
Resumo:Ao pensarmos a realidade brasileira do incio do s...
Veja mais!
Resumo:Ao pensarmos a realidade brasileira do incio do sculo XX, refletimos em como a construo de uma identidade nacional informava a existncia das instituies e os valores delas advindos. Investigar e problematizar este momento e algumas questes do perodo relacionadas produo cientfica pode ser til para compreendermos o papel dos institutos de pesquisa para o desenvolvimento das cincias e da ecologia no Brasil.O desenvolvimento dos estudos ecolgicos no Brasil implicou em diversos intercmbios cientficos entre os pesquisadores brasileiros e estrangeiros e a formao de uma relao de conhecimento que frutificou na apropriao de conceitos e na elaborao de tantos outros estudos originais. No estudo desta relao acadmica priorizamos a anlise dos pesquisadores Pierre Dansereau (eclogo canadense), Segadas-Vianna do Museu Nacional e de Henrique Pimenta Veloso e Lejeune de Oliveira, do Instituto Oswaldo Cruz, que se destacaram na formao e consolidao dos estudos ecolgicos em suas respectivas reas e instituies.
Em decorrncia da maior produo cientfica deste perodo o ensino em Ecologia levou a formao de uma massa crtica e no fomento de espaos institucionais e acadmicos. Os poucos estudos apontam que os primeiros cursos foram criados na UNICAMP, na UFSCar, no INPA e na UnB, quase ao mesmo tempo, em 1976. No entanto, ao pesquisarmos sobre o curso de Ecologia implantado na UFRJ na dcada de 1970 e seu pioneirismo, nos deparamos com algumas informaes reveladoras, que nos levaram a algumas concluses alternativas sobre a gnese da Ps-Graduao em Ecologia no Brasil.
Apresentamos como argumento inicial e alternativo que o primeiro Departamento de Ecologia do Brasil, constitudo academicamente em uma Universidade, foi aquele criado na UFRJ, em 1969. Fruto de uma convergncia de fatores, a gnese deste Departamento est intimamente ligada figura de Fernando Segadas-Vianna.
No ano de 1968 mesmo ano da Conferncia da Biosfera foi criado o Instituto de Biologia da UFRJ, e dentro deste o pioneiro e original Departamento de Ecologia, tendo como ncora do projeto Segadas-Vianna. Os trmites para a transferncia do pesquisador do Museu Nacional para a UFRJ foram concludos oficialmente em 1970, iniciando-se imediatamente os esforos para a criao do primeiro curso de Bacharelado em Ecologia do Brasil e que foi, durante anos, o nico da Amrica Latina a oferecer tal modalidade.
Ocultar
|
-
Danilo Mota de Jesus (SMS N. Sra do Socorro)
O Hospital de Cirurgia e sua trajetria na formao de profissionais da sade em Sergipe
Resumo:Este estudo tem como objetivo esboar a trajetria...
Veja mais!
Resumo:Este estudo tem como objetivo esboar a trajetria do Hospital de Cirurgia (HC) como um local de formao de profissionais da sade, de nvel superior, no estado de Sergipe, de 1962 a 1984. O marco cronolgico tem incio em 1962, ano da recm-fundada Faculdade de Cincias Mdicas de Sergipe firmou convnio com a Fundao de Beneficncia Hospital de Cirurgia, e se encerra em 1984, ano que fundado o Hospital Universitrio da Universidade Federal de Sergipe. Buscando compreender os aspectos histricos que permearam a referida instituio, procuramos identificar atravs das fontes diversas os meios que levaram o HC a tornar-se palco de parte da histria do ensino superior sergipano. O presente estudo buscar a aplicao de uma pesquisa histrica com abordagem na histria cultural, atravs da anlise documental. Para que possamos entender a forma como so tratados e vistos os documentos e as fontes, a noo de representao de grande importncia, pois ela nos auxilia a compreender o que e qual o objetivo conforme a histria cultural. Para Chartier (1990), representao diz respeito ao modo como em diferentes lugares e tempos a realidade social construda por meio de classificaes, divises e delimitaes. Para anlise da trajetria do Hospital de Cirurgia, utilizamos os conceitos de campo com base nos escritos de Bourdieu (1979, 2002). O Hospital de Cirurgia foi inaugurado em 1926 fruto do esforo de um grupo de mdicos, liderados pelo Dr. Augusto Leite, a instituio foi fundada com um propsito a mais, alm do cuidado com a sade da populao, o hospital sediaria as aulas prticas da Faculdade de Farmcia e Odontologia que foi inaugurada tambm naquele ano (1926), porm esse objetivo no foi alcanado pois a Faculdade acabou fechando suas portas naquele mesmo ano, devido a evaso dos alunos. Somente em 1962 com a Faculdade de Medicina de Sergipe em funcionamento, um acordo firmado entre as duas instituies abrindo assim as portas do hospital tambm para o ensino. No ano de 1968, a Universidade Federal de Sergipe instituda, proveniente da unio de faculdades e Escolas Superiores existentes no estado naquela poca, e com isso um novo acordo firmado com o HC, em 1970 mais um curso da rea da sade (odontologia) criado e outras diretrizes so elaboradas, nos anos seguintes so criados outros cursos que vo utilizar as instalaes do hospital como extenso da Universidade, at que em 1984 criado o campus da sade, o Hospital Universitrio.
Ocultar
|
-
Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos (Universidade Estadual de Gois - UEG)
Universal, Nacional, Regional:os museus brasileiros nas Exposies Universais na dcada de 1870
Resumo:O inicio das Exposies Universais advm das dispu...
Veja mais!
Resumo:O inicio das Exposies Universais advm das disputas comerciais e culturais entre Frana e Inglaterra, acirradas desde o advento do sculo XIX, e que na segunda metade do sculo XIX, adquiriu uma nova forma e ganhou um novo status: Qual seja, Frana, Inglaterra e eventualmente um outro pas anfitrio, alados ao posto de avaliadores e referenciais do desenvolvimento material das demais naes. Destarte, os veculos de comunicao das naes nas exposies eram os prprios objetos expostos, geralmente acompanhados de informaes sobre suas caractersticas fsicas e utilitrias, nomes de seus expositores e procedncias
Nesse sentido, as Exposies Universais suscitaram a materializao da nao na forma de objetos naturais ou industriais, mostrado de forma organizada ao pblico o que havia de melhor e o que era mais representativo em cada pas. Dessa forma, cada pas disputava com os demais qual deles possuam os melhores objetos, os objetos mais interessantes e os objetos mais bonitos. Caracterizando, dessa forma, o evento, antes de tudo, como uma nova disputa entre as naes
Ao longo da segunda metade do sculo XIX, 13 Exposies Universais foram realizadas: Londres (1851), Paris (1855), Londres (1862), Porto (1865), Paris (1867), Madri (1871), Paris (1872), Viena (1873), Filadlfia (1876), Paris (1878), Sidney (1879), Melbourne (1880), Berlim (1882), Paris (1900). A primeira participao do Brasil em uma Exposio Universal ocorreu somente em 1862. Ou seja, desde a terceira Exposio realizada em Londres
Mas a participao do Brasil nas Exposies s comeou no incio da dcada de 1860 porque o governo brasileiro no aceitou o convite oficial da coroa britnica feito em 1849 por seu Enviado Extraordinrio, James Hudson, ao Ministro dos Negcios Estrangeiros do Brasil, Paulo Jos Soares de Sousa, o Visconde de Uruguai. Como justificativa para no participar do evento, o governo brasileiro argumentou que a indstria brasileira ainda se organizava e era bastante diminuta, no tendo, dessa maneira, o que pudesse ser de interesse universal .
Focando especificamente nas Exposies Universais anglo-saxes, que tiveram transcurso em 1873, em Viena e em 1876 na Filadlfia, ou seja, na ustria e nos Estados Unidos, respectivamente, o presente artigo tem como objetivo central compreender como os museus brasileiros de histria natural participaram e foram apresentados para a comunidade nacional e internacional nestas duas exposies ocorridas na dcada de 1870, observando a configurao Nacional versus Provincial. Para tal empresa, lanamos mo, principalmente, das publicaes decorrente da participao do Brasil nas duas exposies indicadas, assim como dos relatrios das exposies nacionais que antecederam as duas Exposies Universais em questo.
Ocultar
|
-
Matheus Camilo Coelho
Objetos, trajetrias e coletores: as colees Lauro Sodr (1897), Henri Coudreau (1898) e Koch Grnberg(1905) do Museu Paraense Emlio Goeldi
Resumo:Este trabalho, parte integrante de uma pesquisa de...
Veja mais!
Resumo:Este trabalho, parte integrante de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento no Programa de Ps-Graduao em Histria Social da Amaznia da Universidade Federal do Par, visa tratar do processo de formao e insero das colees etnogrficas Lauro Sodr (1897), Henri Coudreau (1898) e Koch Grnberg(1905) do Museu Paraense Emlio Goeldi (MPEG).
Entre o final do sculo XIX e incio do XX os objetos etnogrficos foram alvos de colecionamento e estudo nas instituies cientficas. Os artefatos eram coletados e inseridos nas instituies com o objetivo de servir como indicadores da evoluo social humana, a partir do pensamento e preceitos cientficos do referido perodo. Viajantes, cientistas, naturalistas, religiosos, etngrafos aram a se interessar por coletar e doar esses objetos para instituies museolgicos.
Neste contexto, Henri Coudreau, gegrafo e viajante francs, e Theodor Koch-Grnberg, etngrafo alemo, coletaram e montaram as suas colees de objetos indgenas posteriormente doadas ao Museu Paraense, num perodo que a instituio visava se consolidar no cenrio cientfico internacional e buscava organizar e incrementar a sua Coleo Etnogrfica sobre a liderana de Emlio Goeldi, entre 1894 e 1905.
Escolhemos essas trs colees por elas representarem trs realidades diferentes vividas por atores sociais, de diferentes formaes e culturas, que estiveram na Amaznia e entrando em contato com distintos povos indgenas em contextos complexos, mas que esto conectadas por lugares, ideias e que depositaram objetos etnogrficos no Museu Paraense. Quando da coleta dos objetos, Koch-Grnberg era um etngrafo alemo patrocinado por Museus Etnogrficos da Alemanha para a obteno de novos objetos etnogrficos, Henri Coudreau era um gegrafo e viajante francs a servio do governo do Estado do Par e Lauro Sodr era governador do Estado do Par.
As diferentes trajetrias e percursos desses coletores, o contexto social amaznico do final do sculo XIX e incio do XX, dos interesses polticos, das trajetrias e concepes cientficas e filosficas dos coletores e as dinmicas entre os atores sociais nas zonas de contato desempenharam importante papel no estilo de coleta, na estrutura e na seleo dos objetos.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho documental e bibliogrfico, que utilizou fontes manuscritas e impressas, como correspondncias trocadas entre os coletores e doadores com o Governador do Estado do Par e com os diretores do MPEG, jornais, relatrios dos governadores, documentao museolgica da instituio, Boletins do Museu Paraense e livros de Henri Coudreau e Theodor Koch-Grnberg.
Ocultar
|
-
Ramon Feliphe Souza (Fundao Oswaldo Cruz)
As Semanas Ruralistas do Brasil: Homem Rural, Igreja Catlica e Desenvolvimento
Resumo:O objetivo deste texto refletir sobre um projeto...
Veja mais!
Resumo:O objetivo deste texto refletir sobre um projeto de extenso rural desenvolvido no Brasil ao logo do sculo XX, as chamadas Semanas Ruralistas. Esses eventos duravam, em mdia, sete dias e ocorriam periodicamente em vrios pontos do pas aspecto que pode contribuir para o melhor entendimento das relaes entre nao-regio. Ao longo das Semanas Ruralistas eram realizados debates sobre questes do mundo rural, destacadamente, a necessidade do aumento da produo agrcola e pecuria; o combate ao xodo rural e pobreza; a vulnerabilidade social (relacionada ao avano do comunismo) e a insuficiente estrutura sanitria do campo. As primeiras semanas ocorreram na dcada de 1930 e foram promovidas por organizaes privadas. No obstante, outras organizaes - da sociedade civil e poltica, como a Igreja Catlica, por exemplo, tambm aram a promover esses eventos. Interessa-nos observar por meio da anlise de peridicos nacionais, de relatrios do Servio de Informao Agrcola (SIA) e de reviso bibliogrfica, como ocorreu o processo de consolidao das semanas ruralistas no pas, dando nfase a cooperao da Igreja Catlica para a promoo dos mesmos. Em um primeiro momento, o avano das Semanas Ruralistas no pas era tmido. Esse quadro se alterou quando nos anos 1950 foram definidas providncias para a realizao desses eventos de forma conjunta entre as prelazias catlicas e o Servio de Informao Agrcola do Ministrio da Agricultura. Essa cooperao garantiu as semanas melhor e maior recepo no meio rural espao tradicional do domnio catlico. As semanas ruralistas foram identificadas pela hierarquia catlica como um meio de atualizar sua ao pastoral no campo social e tambm de revalidar sua atuao junto ao Estado brasileiro que desde a morte do Cardeal Leme, em 1942, se percebia enfraquecida. A partir de sua experincia com as Semanas Ruralistas, nas quais procurou diagnosticar os problemas do pas e, tambm, conceber iniciativas para solucion-los, a Igreja se engajou em outras frentes, por exemplo, o I e II Encontro dos Bispos do Nordeste que ocorreram, respectivamente, na Paraba (Campina Grande, 1956) e no Rio Grande do Norte (Natal, 1959). Por fim, o estudo das Semanas Ruralistas constitui-se como um privilegiado campo de anlise, uma vez que nos auxiliar na compreenso das relaes nao-regio, pois as atividades localmente realizadas nesses certames foram coadunantes com o que poca se percebia de mais moderno e necessrio ao desenvolvimento do pas.
Ocultar
|
-
Tamara Rangel Vieira (Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz)
Histria das Cincias e Histria Regional: um balano sobre o potencial analtico deste entrecruzamento
Resumo:A renovao que a Histria das Cincias assistiu p...
Veja mais!
Resumo:A renovao que a Histria das Cincias assistiu por volta dos anos 1980, dando incio a uma tradio de pesquisas que ou a considerar museus naturais, peridicos mdicos, escolas mdico-cirrgicas e comisses cientficas, entre outros espaos institucionais, como objetos legtimos dos estudos histricos, no significou necessariamente uma ampliao dos horizontes de pesquisa no que se refere aos recortes espaciais. De um modo geral, pouqussimos so os trabalhos que se dedicam a uma reflexo mais acurada sobre a atuao mdica no interior do Brasil, sobre a institucionalizao da cincia fora das principais capitais urbanas do pas ou sobre a construo de trajetrias de cientistas em diferentes regies. Considerando a importncia de voltar a ateno para a atividade cientfica exercida em contextos particulares, estes nem sempre definidos pelas fronteiras polticas, alguns historiadores vm desvendando as especificidades locais que distinguem umas regies das outras em termos da forma como desenvolvem os conhecimentos cientficos. Tendo em vista a escassez de estudos desta natureza sobre regies ou localidades para alm do eixo Rio So Paulo Minas Gerais, esta uma perspectiva que me parece bastante promissora, especialmente do ponto de vista da realizao de estudos comparativos futuros.
A pesquisa bibliogrfica sobre o tema da histria regional nos coloca frente a trabalhos de natureza muito diversa, cuja leitura s vezes mais confunde do que esclarece seus significados e objetivos. Isso se deve, em grande parte, aos mltiplos sentidos atribudos ao conceito de regio, dos quais decorrem tambm abordagens diferenciadas dependendo do entendimento que dele se faa. Registre-se, no entanto, a relevncia das anlises regionais para os estudos histricos na medida em que permitem desafiar a homogeneidade de teorias generalizantes. Dada a possibilidade de aproximao com realidades circunscritas e particularizadas, tais estudos fazem emergir o especfico e o diferente, viabilizando uma leitura alternativa que enriquece e complexifica a compreenso histrica sobre temas variados. A imagem de que uma variao de escala permite contar outras histrias de J. Revel, em livro no qual premissas diversas da historiografia na atualidade so abordadas, como o retorno da biografia e a micro histria. Neste sentido, cabe destacar que tal perspectiva de anlise j tem, nos ltimos anos, gerado resultados de pesquisa relevantes no mbito da Histria das Cincias e da Sade no Brasil, como expresso, por exemplo, em trabalhos sobre a medicina tropical no Amazonas e sobre as instituies cientficas do Paran.
Ocultar
|
-
Victor Rafael Limeira da Silva
Viagens cientficas na Amaznia oitocentista: cincia, navegao comercial e as relaes diplomticas do Imprio
Resumo:A presente proposta de comunicao analisa a const...
Veja mais!
Resumo:A presente proposta de comunicao analisa a construo da regio amaznica como objeto de interesse simultaneamente cientfico e poltico-econmico em meados do sculo XIX. O estudo tem como foco a relao entre duas viagens cientfico-colecionistas realizadas no territrio amaznico do Brasil. A primeira no ano de 1846, encabeada pelo empresrio e entomlogo estadunidense William Henry Edwards (1822-1909), e a segunda entre os anos de 1848 e 1859 pelos naturalistas britnicos Alfred Russel Wallace (1823-1913) e Henry Walter Bates (1825-1892). O pano de fundo que amarra a discusso a partir dessas duas viagens cientficas a disputa internacional pela prioridade da navegao comercial na bacia do Rio Amazonas, longa querela diplomtica na qual o incremento do nmero de viagens cientficas foi decisivo para resolver nos anos 1860. Dessa forma, a construo desse paralelo objetiva propor questes pertinentes ao papel das viagens cientficas no contexto das relaes comerciais e diplomticas entre os Imprios formais do Brasil e do Reino Unido e o imprio informal dos Estados Unidos da Amrica no sculo XIX, alm de problematizar impactos da construo de redes socio-cientficas na Amaznia brasileira para o desenvolvimento das cincias naturais oitocentistas em contextos transimperiais. Argumentarei que a abertura da bacia do Amazonas navegao estrangeira foi decisiva para a redefinio do conhecimento em Histria Natural da fauna, da flora e das populaes nativas dessa regio do Brasil, em um momento no qual a Inglaterra mantinha fortes relaes econmicas e polticas com o Imprio brasileiro, e no qual os Estados Unidos emergiam na disputa por influncia nos territrios ao Sul da Amrica. Defenderei que a presso produzida pelas viagens cientficas no Norte do Brasil para a mudana da poltica protecionista da coroa sobre a bacia do Amazonas se deu por meio da justificao do discurso cientfico sobre o valor da explorao da natureza desconhecida para a cincia, e por meio das redes de colaborao baseadas no contato direto ou indireto de naturalistas com autoridades e estrangeiros influentes nas provncias do Norte. Tambm demonstrarei que o impacto das viagens cientficas sobre o controle das fronteiras amaznicas produziu reaes do Imprio quanto incluso dessa regio no emergente projeto de conhecimento e definio socio-identitria da jovem nao, e no seu posicionamento diplomtico e comercial na Amrica do Sul do sculo XIX.
Ocultar
|
ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
-
Agostinho Jnior Holanda Coe (Universidade Federal do Piau)
AS EPIDEMIAS VIRAM NOTCIA: aspectos comparativos entre Teresina e So Lus na segunda metade do sculo XIX.
Resumo:Na segunda metade do sculo XIX, o debate em torno...
Veja mais!
Resumo:Na segunda metade do sculo XIX, o debate em torno das epidemias e doenas que acometiam as principais provncias brasileiras tornou-se ainda mais intenso. Vrias teorias mdico-higienistas tomaram forma nas maiores aglomeraes urbanas, obrigando as istraes provinciais a pensar solues para grandes surtos epidmicos que assolavam as principais cidades. Diante desse debate, objetivamos realizar um estudo comparativo entre as aes implementadas no que tange a sade e a doena no contexto de Teresina e So Lus na segunda metade do sculo XIX, pensando, aproximaes e distanciamentos nas discusses em torno das principais epidemias que acometeram as capitais (So Lus e Teresina), a partir da circulao de ideias, teraputicas, profissionais e suas adaptaes a contextos sociais e ambientais distintos. Tal anlise nos possibilitar a compreenso de que as solues encontradas em ambientes de epidemias e que circularam no Brasil do sculo XIX precisaram ser legitimadas por experincias sociais dos atores envolvidos e vinculadas a caractersticas histrico-ambientais diversas, debates muitas vezes pouco explorados pela historiografia oficial. Faremos uso, sobretudo, dos peridicos e relatrios dos presidentes de provncia, com o intuito de identificar os debates em torno das epidemias que circularam no Brasil do sculo XIX e as tentativas de dirimir surtos que muitas vezes eram supervalorizados nos seus nmeros, como forma de barganhar maiores recursos pblicos para a sade pblica. Teresina, por exemplo, esteve imune aos diversos surtos epidmicos que acometeram as grandes capitais, em virtude de sua localizao, distante do litoral, e suas caractersticas climticas, porm, tentou frequentemente se inserir no debate nacional sobre as epidemias, como forma de tornar-se notcia em meio ao grande interesse por informaes que tratassem da circulao de doenas e a possibilidade de comunicao dos surtos entre as provncias. No caso de So Lus, em virtude de seu extenso litoral e proximidade das principais cidades dos portos e entradas de embarcaes, com grande circulao de pessoas e mercadorias, esta capital padeceu de maneira significativa com a chegada de grandes epidemias, a exemplo da varola, causando grandes transformaes ao cotidiano da populao no sculo XIX.
Ocultar
|
-
Ana Clara Farias Brito (Universidade Estadual de Pernambuco)
Mdicos, Coronis e a implementao do projeto de Educao Sanitria no Norte da Bahia (1922-1930)
Resumo:
O presente trabalho trs reflexes feitas na tes...
Veja mais!
Resumo:
O presente trabalho trs reflexes feitas na tese de doutoramento e visa discutir a implementao das polticas de educao sanitria, defendida em 1910 como um dos pilares para a integrao nacional e erradicao de doenas. As ideias sobre o assunto, colocadas naquele perodo, ganham projeo nacional e se revertem em uma linha de ao do Departamento Nacional de Sade Pblica que nos anos de 1920 cria um setor especfico para a propaganda e educao sanitria. Neste trabalho, busca-se entender as particularidades das aes educativas desenvolvidas pelos Postos de Saneamento Rural criados nas cidades de Juazeiro e posteriormente em Bonfim, ambos situados na regio Norte da Bahia, entre 1922 e 1930.
Discute-se, particularmente, a relao estabelecida entre os coronis e os mdicos, problematizando a noo que entende este personagem local apenas como contrrio aos projetos de sade pblica. Aqui traamos um quadro comparativo entre as cidades de Bonfim e Juazeiro, colocando em tela tanto as tenses, como as parcerias entre os agentes que foram de suma importncia para o sucesso dos projetos de educao sanitria idealizado pelos poderes pblicos.
Em conformidade as diretrizes estabelecidas pelo DNSP, os Postos de Profilaxia Rural deveriam funcionar como um centro de estimulo a novos hbitos sanitrios e como difusor dos novos conceitos de higiene que tinham como base os cuidados com o corpo e a sade, com o objetivo de atuar na sua preveno. Em 1921 o mdico Sebastio Barroso conduziu os trabalhos na Bahia com o intuito de visibilizar as atividades desenvolvidas nos postos e atrair a populao para realizar atendimentos, tendo em vista, a estranheza dos sertanejos, diante de tais prticas de cura.
Segundo Barroso, os chefes locais, poderiam atuar como parceiros nos projetos de salubridade, como canalizao das guas e esgoto, organizao do lixo e ainda estimular os cuidados com a limpeza e higiene pessoal da populao. Esta seria a nica chance de sanear os municpios que em 1922, sem gua, esgoto e calamento, no tinham recursos para empregar em melhorias materiais. Deste modo, o saneamento s poderia se tornar realidade depois que o povo se tornasse instrudo e certo das vantagens das prticas higinicas, e por si prprios pudessem adot-las e realiz-las. (BARROSO,1923, p. 33).
Desta forma, atravs do dilogo com as fontes, discute-se neste trabalho, a relao entre os mdicos do posto rural e os poderes locais, muitas vezes personificados na figura do coronel. Damos nfase as tenses e parcerias que resultaram em condues diferenciadas nos trabalhos de educao sanitria na cidade de Bonfim e de Juazeiro entre os anos de 1922 e 1930.
Ocultar
|
-
Avohanne Isabelle Costa de Arajo (Casa de Oswaldo Cruz- Fiocruz)
Cuidemos com mais interesse da construo de audes: estudos cientficos sobre as secas e medidas adotadas para diminuir seus efeitos nos Sertes do Rio Grande do Norte (fins do sculo XIX)
Resumo:O objetivo deste artigo analisar as discusses f...
Veja mais!
Resumo:O objetivo deste artigo analisar as discusses feitas por engenheiros, autoridades provinciais e mdicos, que apontavam solues para minimizar os efeitos das secas nos sertes do Rio Grande do Norte, em fins do sculo XIX. Refletir sobre os conhecimentos produzidos por estes agentes importante, em virtude dos prejuzos na agricultura causados pelas secas (principalmente a de 1877). Alm disso, as notificaes de doenas relacionadas carncia alimentar, como beribri e escorbuto figuram como dados significativos acerca da crise alimentar. Neste estudo, utilizo tanto os conhecimentos cientficos produzidos por indivduos que viviam fora do espao afetado, o serto, quanto as explicaes que mdicos locais davam ao aparecimento de doenas relacionadas s deficincias nutricionais. Verifico em que medida, tais anlises influenciaram a prtica governamental e estavam vinculadas ao projeto de construo da nao por meio da integrao dos sertes, cujas pautas estavam ancoradas no melhoramento agrcola (estruturao de barragens, audes), estradas de rodagem e de ferro, que facilitassem o transporte de produtos como o algodo e a dinamizao da agricultura de subsistncia. As principais queixas, predominantes entre as elites que governavam os sertes do RN, eram que a falta dessas demandas os tornavam segregados do litoral (Cidade do Natal) e cobravam dos presidentes da Provncia solues para diminuir os efeitos causados pela seca. As fontes utilizadas so o jornal Brado Conservador, cujos debates a respeito da agricultura e o aparecimento de doenas eram assuntos recorrentes, os textos e discursos de mdicos locais que atuaram nos sertes, por meio da Comisso de Socorros Pblicos, Relatrios dos Presidentes de Provncia do Rio Grande do Norte e os estudos produzidos pelos engenheiros e gegrafos vinculados ao Instituto Politcnico Brasileiro, fundado no dia 11 de setembro de 1862 no Rio de Janeiro com o objetivo de estudar e debater temas tcnico-cientficos e os problemas de infraestrutura no Brasil, sendo uma das pautas a seca e suas causas. Para pensar os sertes e a atuao desses cientistas, dialogo com os estudos de autores como GONALVES (2018), LIMA (1999), AMADO (1995) e MORAES (2003).
Ocultar
|
-
rico Silva Muniz (Universidade Federal do Par)
A indicao geogrfica da farinha de Bragana (PA): consumo, soberania e identidade (2013-2018)
Resumo:Esta comunicao tem por objetivo apresentar resul...
Veja mais!
Resumo:Esta comunicao tem por objetivo apresentar resultados preliminares de uma pesquisa em curso sobre o processo de indicao geogrfica (IG) e certificao como produto artesanal da farinha de mandioca produzida na regio bragantina, situada no nordeste do estado do Par, parte da Amaznia brasileira. Atravs de pesquisas com fontes arquivsticas e trabalho de campo com agricultores familiares e gestores pblicos localizados nas cidades de Augusto Corra, Tracuateua e Bragana, o trabalho desenvolvido entre membros de equipes da Agncia de Defesa Agropecuria do Estado do Par (Adepar), da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria) e da Emater (Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural) dimensiona aspectos dos debates sobre o selo de certificao da farinha bragantina. Analisamos as concepes de "farinha boa" para a cincia e para as populaes tradicionais da regio (indgenas, quilombolas e ribeirinhas), observando o discurso construdo pelos entes pblicos que acompanham o processo, onde anlises laboratoriais dos valores nutricionais e a pureza do produto so questionados pela meritocracia acadmica das comunidades cientficas. Debatemos ainda luz da teoria antropolgica e da historiografia, tendo Canclini e Bourdieu com referncias, de que maneira a sociedade capitalista ocidental demanda uma fuga da padronizao das escolhas, empreendendo uma distino simblica. Ou seja, o consumo tem tambm dimenses polticas e cidads, os desejos viram demandas em atos que so socialmente regulados. Para efeito do nosso estudo, o produto com IG, certifica a procedncia e o bom gosto, o que justifica a sua aceitao especialmente nos ncleos urbanos, afastando a associao histrica entre o ato de comer farinha, e a condio de pobreza e misria. possvel observar que o processo de IG e a posterior criao de um selo higinico para farinha bragantina representam complexas medidas de transferncia de um produto tradicional, do patrimnio alimentar de populaes amaznidas, para o status de capital simblico. Dessa maneira, o processo de IG est inserido em regras de mercado e consumo externas e alheias aos anseios das comunidades produtoras de um item da cultura alimentar amaznida que configura identidade e pertencimento.
Ocultar
|
-
Laila Pedrosa da silva (Casa de Oswaldo Cruz - COC/Fiocruz)
SERTO RIDO E INGRATSSIMO: as doenas como delineadoras do territrio do Piau
Resumo:Este trabalho busca analisar o contexto piauiense ...
Veja mais!
Resumo:Este trabalho busca analisar o contexto piauiense das primeiras dcadas do sculo XX no intuito de compreender de que forma a imagem de serto doente e abandonado se conformou como estratgia das elites locais para elaborao de projetos para integrao e modernizao do Piau. Desde suas primeiras representaes a regio foi caracterizada como atrasada, decadente e isolada. Inicialmente, tais aspectos eram atribudos s condies climticas que seriam responsveis pela indolncia regional. O uso de determinismos climticos para justificar a situao de atraso em que se encontrava o estado era recorrente desde a segunda metade do sculo XIX, o que acabou influenciando as interpretaes sobre aquela poro do territrio e suas populaes. No entanto, gradativamente, discursos de isolamento e abandono em relao ao governo federal aram a ser usados com maior frequncia para justificar o atraso do Piau e reivindicar investimentos para a explorao dos seus recursos naturais. Posteriormente, aspectos relacionados sade somaram-se a essa perspectiva, de modo especial, a partir da publicao do relatrio da viagem cientfica dos mdicos sanitaristas do Instituto Oswaldo Cruz, Arthur Neiva e Belisrio Penna, que percorreram regies localizadas no norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piau e norte a sul de Gois no ano de 1912. Essa expedio cientfica trouxe tona imagens de diferentes sertes, percebidos a luz da cincia enquanto lugares assombrosos e doentios. Diante dessa caracterizao, os sertes ganharam destaque no quadro nacional. Os sanitaristas aram a mostrar que o atraso do pas no estava associado a determinismos raciais e climticos, mas as doenas e ao abandono em que se encontravam as populaes do Brasil central. A campanha pelo saneamento empreendida pelo Instituto Oswaldo Cruz possibilitou o surgimento de novas interpretaes sobre as condies sanitrias do Piau. A questo climtica como determinante de uma suposta identidade piauiense aos poucos foi dando espao para os debates em torno das doenas e do abandono poltico. De certa forma, tais ideias somaram-se as demandas das elites locais que desde finais do sculo XIX reivindicavam maior ateno do governo central para a regio. Desse modo, ao dar maior nfase a essas questes pretendia-se retirar a culpa do atraso do Piau dos aspectos climticos e do sertanejo, a fim de mostrar que havia meios de amenizar aquela situao degradante.
Ocultar
|
-
Leopoldo F. Silva (USP)
Alimentao e Sade Pblica em So Paulo: a organizao do controle sanitrio da carne (1886-1898)
Resumo:Neste artigo, propomos o estudo do processo de ins...
Veja mais!
Resumo:Neste artigo, propomos o estudo do processo de institucionalizao de uma poltica de sade pblica na cidade de So Paulo, nas ltimas duas dcadas do sculo XIX, enfatizando a criao de novas regras de higiene e de procedimentos tcnicos no controle sanitrio da produo e comrcio de alimentos. A historiografia sobre a sade pblica paulista indica que o poder poltico e institucional auferido pela classe mdica se traduzia em uma poltica sanitria de ampla incidncia nas relaes socioeconmicas, especialmente no que se refere ao combate e a preveno de doenas epidmicas. A incorporao das questes alimentares no mbito dessa poltica se configura um tema ainda pouco explorado pelos historiadores. Na literatura internacional, a organizao do controle sanitrio dos alimentos, nas metrpoles europeias do sculo XIX, se constitui um objeto de anlise privilegiado para abordar as relaes entre alimentao e sade na histria.
Com o objetivo de contribuir para os estudos da institucionalizao da sade pblica em So Paulo, e no Brasil, investiga-se a organizao do controle sanitrio dos alimentos por meio da anlise da poltica de higiene para a produo e comrcio de carne na cidade de So Paulo. Dois eventos so reconstitudos como marcos da implementao dessa poltica: a obrigatoriedade do abate de gado suno no Matadouro Pblico (1886) e a incorporao de profissionais mdicos para a fiscalizao sanitria nesse estabelecimento (1898). A pesquisa se baseou em documentos oficiais, notadamente as atas da cmara, e nas reportagens veiculadas nos principais peridicos da imprensa paulista da poca: O Estado de So Paulo, O Comrcio de So Paulo e Correio Paulistano.
A anlise desse acervo documental aponta a existncia de disputas polticas, fomentadas pelo confronto de interesses econmicos e sociais, e de um processo de negociao com os segmentos envolvidos no abastecimento de alimentos que delimitavam a implementao do controle sanitrio da carne. O alcance e a efetividade da fiscalizao dependeram da capacidade de articulao poltica do poder municipal para minimizar a resistncia dos comerciantes interveno do poder pblico, os conflitos entre as autoridades sanitrias municipais e estaduais, bem como os imes cientficos quanto viabilidade da carne como transmissora de doenas infecciosas, como a tuberculose.
Ocultar
|
-
Rafaela Martins Silva
O Piau na rota do discurso sanitarista nacional: os postos sanitrios e a sade pblica local (1918-1930)
Resumo:Entre 1911 e 1913, os mdicos sanitaristas Arthur ...
Veja mais!
Resumo:Entre 1911 e 1913, os mdicos sanitaristas Arthur Neiva e Belisrio Penna realizaram viagens cientficas percorrendo o centro, norte e nordeste do Brasil. As misses cientficas foram financiadas pela Inspetoria de Obras Contra as Secas e possuam o objetivo de traar um perfil nosolgico do Brasil ao percorrer o norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piau (So Raimundo Nonato, Parnagu, Caracol do Piau) e norte a sul de Gois. A extrema pobreza, as condies insalubres e o abandono do poder pblico nacional integravam as caractersticas mais pujantes que foram listadas nos relatos. O interior do Brasil foi denominado, assim, como um vasto hospital.
Em busca de investigar os problemas relacionados s doenas que afligiam no somente a populao urbana, mas tambm a rural, as viagens foram motivadas pelo intento de detectar e avaliar as razes que nutriam as mazelas do Brasil. A divulgao do relatrio dessas incurses aconteceu em 1918, o que promoveu interpretaes sobre o interior brasileiro ao revelar imagens de doena, isolamento geogrfico e cultural, atraso econmico e vocao para regredir sobre as regies visitadas. Os relatos repercutiram no Brasil, atravs de debates e aes sanitrias, tencionaram as intervenes do poder pblico e voltaram a assistncia pblica para a cura e preveno de doenas. No Piau, as ressonncias deste problema foram observadas nos discursos do mdico e governador do Estado poca, Eurpedes Clementino Aguiar, que compreendeu o diagnstico dos cientistas como uma base para a reformulao do servio de sade do Estado e para a criao de um sistema enrgico de combate s doenas mais recorrentes na capital piauiense, bem como das localidades rurais (PIAU, 1919, p.26). Assim, esta pesquisa tem o objetivo de estudar como as reverberaes dos discursos cientficos de Neiva e Penna aconteceram no Piau e, de que modo o atendimento pblico de sade ou a ser operado no mbito local. O estudo ser possibilitado por meio da anlise dos relatrios da Diretoria de Sade Pblica, do Estatuto de Sade Pblica (1920); e de atas, relatos e mensagens governamentais, bem como, de jornais circulantes no perodo. O aporte terico enfocar os dilogos construdos atravs dos conceitos de discurso e relaes de poder, contidos nos estudos de Michel Foucault (1979), e de prticas e representao, em Roger Chartier (1990).
Ocultar
|
-
Romo Moura de Arajo
Sob o estigma das secas: A Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) e a conformao de uma regio.
Resumo:A Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) foi u...
Veja mais!
Resumo:A Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) foi um dos atores importantes para a conformao da regio que atualmente compreende-se como Nordeste brasileiro. Tomar o IOCS como objeto de estudo muito pode contribuir para o entendimento de como a referida regio foi construda sob a gide de estigmas negativos. De acordo com FERREIRA; SILVA e SIMININI (2017) a inspetoria, a partir de 1909, ano de sua criao, ou a propor alternativas que estruturariam e mudariam a dinmica da regio, permitindo um maior grau de conhecimento da mesma e a viabilizao de aes voltadas para a soluo do problema da seca.
O objetivo entender como a IOCS pde influenciar por meio de seus estudos e relatrios apresentados ao Ministrio da Viao e Obras Pblicas, ao qual estava vinculada, a formulao de projetos e ideias de interveno regional visando atenuar o descomo que aquele serto representaria num contexto de integrao nacional. Desse modo, analisaremos a produo de conhecimento sobre a regio a partir de relatrios e mapas produzidos pela IOCS, tendo em vista que, um de seus objetivos era conhecer as regies afetadas pelas secas e propor solues ao seu principal problema, a seca. De acordo com Borges (1980) a temtica da seca comea a ser muito debatida a partir do incio do sculo XX, quando diversos escritores nordestinos elegem tal temtica para suas obras.
Nesse perodo, incio do sculo XX a proposta para o problema das secas era a chamada soluo hdrica, a qual prevalecera at 1945, baseada na construo de audes e barragens, alm de estradas interligando as regies nordestinas. O chamado milagre hidrulico foi percebido como o que salvaria o Nordeste. Desse modo, obras de infraestrutura, tais como: construo de audes, desobstruo de rios, poos, barragens e outras obras afins, alm de estradas, tornavam-se de suma importncia na regio. Nesse sentido, faz-se mister estudar as solues propostas para a regio e os trabalhos executados nesta, afim de, entender as formas pela qual esta instituio pde conformar discursos sobre o territrio sob sua atuao, pois, na medida em que propunham solues para a regio, tambm delineavam representaes de como a mesma era, ou deveria vir a ser (Chartier, 2002).
Ocultar
|
ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
-
Aleisa de Sousa Carvalho Rocha (ESTUDANTE)
Relaes Cotidianas do Hospital da Santa Casa de Misericrdia de Parnaba (1914 a 1928)
Resumo:O presente trabalho trata da Santa Casa de Miseric...
Veja mais!
Resumo:O presente trabalho trata da Santa Casa de Misericrdia de Parnaba, estado do Piau no incio do sculo XX (1914 a 1928) busca-se aqui, analisar a partir do cotidiano da Santa Casa de Misericrdia de Parnaba, como os irmos desta instituio prestavam assistncia aos citadinos de Parnaba, por meio do Hospital que a irmandade istrava, alm dos principais problemas enfrentados pela Instituio ao longo do recorte analisado, com o objetivo de perceber as categorias sociais atendidas, doenas enfrentadas pela populao, profissionais da sade responsveis pelo tratamento dos doentes, recursos destinados manuteno do hospital e os principais conflitos vivenciados nesse perodo. Para realizao dessa pesquisa, utilizamos como fontes principais as Atas de Sesses da Mesa istrativa da Santa Casa de Parnaba (1914-1928), pois as atas so documentos interessantes porque dizem respeito a muitos assuntos que no deveriam se tornar pblicos e, por isso, mostram com mais clareza os processos aqui abordados. (TOMASCHEWSKI. 2007, P.45). Alm disso, usaremos tambm os Relatrios dos Governadores do Estado do Piau, pois esta documentao trata de questes relativas ao Piau, no perodo aqui abordado, permitindo perceber as principais doenas enfrentadas e como os governadores discutiam medidas de controle. Esses documentos nos proporcionaram entender a dinmica da instituio para a realizao da prtica assistencialista, por meio do Hospital que a irmandade istrava, alm de perceber o carter singular da instituio. A Santa Casa de Paranaba exerceu papel importante para sociedade, pois ela monopolizava o atendimento aos doentes pobres, bem como os enterros da populao. A Instituio foi palco de disputas por cargos na Mesa istrativa, a fim de ganhar prestgio, porm, no podemos deixar de destacar sua relevncia para os citadinos de Parnaba e demais regies. A Instituio era o centro de acolhimento daqueles que no tinham condies de tratar das questes relativas sade, sendo cada pessoa atendida, responsabilidade da Santa Casa, tanto no tratamento da sade, como do estado de pobreza, pelo fornecimento de roupas e comida. A Santa Casa dialogava com os interesses do estado, no intuito de manter uma cidade limpa e saudvel, adequando aos ideais de modernizao.
Ocultar
|
-
Ana Karoline de Freitas Nery (estudante)
A Assistncia Pblica aos Doentes Venreos nas Instituioes de Sade De Teresina (1930- 1945).
Resumo:O trabalho tem o objetivo de analisar a assistnci...
Veja mais!
Resumo:O trabalho tem o objetivo de analisar a assistncia pblica aos doentes venreos nas instituies de sade de Teresina (1930-1945). A ateno sade da populao adquiriu relevncia no contexto de criao de um novo pas no perodo entre 1930 e 1945, pois era preciso que o Estado investisse na criao de trabalhadores saudveis e fortes, capazes de contribuir para o desenvolvimento do pas. Durante o primeiro governo Vargas, havia um projeto de construo do Estado brasileiro atravs da institucionalizao de servios em mbito nacional, a partir de um sistema centralizado de gesto. Durante o contexto analisado, foram implementadas polticas nacionais assistencialistas com o interesse de construir outro padro de relao entre Estado e populao: a promoo a sade foi grande agente desse processo. O problema do enfrentamento das doenas venreas foi abordado a partir da profilaxia, em que o Estado organizou uma estrutura de tratamento para os doentes venreos que se relacionou medicina curativa, atuando em instituies diversas de sade. Os atendimentos inicialmente eram realizados na Santa Casa de Misericrdia e possuam um carter de eficincia inicial em relao ao tratamento de venreos. J na dcada de 1920, o Estado comeou a esboar uma estrutura que viria a se destacar entre os anos de 1930 e 1940 com a realizao de conferncias, registros de infectados, distribuio gratuita de medicamentos e criao de hospitais e centros de sade que fizeram uma mudana no cenrio do tratamento de doentes venreos em Teresina. As fontes utilizadas para a anlise foram o jornal Dirio Oficial, alm de cdices de sade e relatrios do governo estadual do Piau. A metodologia utilizada envolveu principalmente a anlise de fontes primrias e leituras bibliogrficas que auxiliaram na fundamentao terico-metodolgica. O estudo realizado nesse trabalho permitiu perceber que a institucionalizao de polticas pblicas assistencialistas, ocorreram em paralelo tentativa de expanso do poder governamental bem como de fortalecimento de interdependncia entre a Unio e os demais estados brasileiros. O discurso de modernizao e centralizao poltica da Era Vargas foi colocado em prtica, especificamente na sade pblica, atravs de muitas reformas, criao de rgos e da construo de um conjunto tcnico e burocrtico (composto por mdicos, sanitaristas, enfermeiras), que forneceria a estrutura necessria para que o governo realizasse a assistncia social que almejava. A partir do estudo do processo de configurao do campo da sade pblica, foi identificado que as polticas de combate s doenas venreas em Teresina somente foram efetivadas durante o perodo varguista e, a partir dos procedimentos de tratamento e de preveno.
Ocultar
|
-
Bruno da Silva Mussa Cury (HCTE-UFRJ / COC-Fiocruz / SME-Rio de Janeiro)
Da funo ao propsito: o desenvolvimento de um monumento funcional para a consolidao da cincia no Brasil (1905 - 1918)
Resumo:Investigo o processo de desenvolvimento do projeto...
Veja mais!
Resumo:Investigo o processo de desenvolvimento do projeto do edifcio cone da Fundao Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, o Pavilho Mourisco (Castelo da Fiocruz), no bairro de Manguinhos, cidade do Rio de Janeiro. Tomo sua construo como consequncia de um plano ambicioso para o campo da sade no princpio do sculo XX, cujo objetivo era implantar um modelo avanado de sade pblica que pretendia transformar a realidade insalubre sobrevinda do processo de desenvolvimento colonial e do perodo imperial da histria do Brasil ao longo do sculo XIX.
Detenho-me a interpretao do seu processo e evoluo como projeto de engenharia e arquitetura para a cincia. Pelo que aponta bibliografia a respeito da formao do conjunto arquitetnico e fontes primrias disponveis no arquivo histrico da Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, cheguei hiptese de que a edificao pode ser compreendida em sua constituio como um superartefato cientfico onde os ambientes foram idealizados para as funes e equipamentos especficos que receberam, em espaos destinados a processos interligados, considerando uma rede de campos interdisciplinares que pretendiam fazer do prdio, como um todo, um instrumento tecnolgico em si destinado ao fazer cientfico.
Compreender este que julgo um superartefato tecnolgico em um Castelo e as influncias recebidas por seu idealizador (mdico) e projetista (arquiteto), que estiveram juntos durante todo o processo de planejamento e execuo, constitui questo a ser desenvolvida, entre outras relacionadas a aspectos culturais, artsticos, polticos, histricos, geogrficos etc. que surgem. evidente o fato de que a construo do Pavilho Mourisco teve efeito no processo do desenvolvimento do Instituto de Manguinhos posteriormente, mesmo com alguns srios agravos em fases vividas ao longo dos 100 anos seguintes.
A relevncia desta construo significou para a poca, uma abertura para o desenvolvimento de pesquisas cientficas no campo da medicina experimental, permanecendo na paisagem a atrair a ateno e curiosidade de quem v, tendo sua silhueta se tornado um logo institucional. A FIOCRUZ hoje uma instituio do governo brasileiro de carter pblico e estatal vinculada ao ministrio da sade notabilizada por uma ampla gama de frentes de pesquisas e desenvolvimento de insumos destinados sade (em seu conceito ampliado) voltados para o fortalecimento e consolidao do Sistema nico de Sade (SUS) do Brasil. Ao longo de seu processo histrico se tornou uma instituio estratgica de Estado com atuao em todo territrio nacional tendo estabelecido unidades e cidades de estados de todas as regies do pas. Nesse aspecto, e outros que possam ser desvendados com o decorrer de uma pesquisa aprofundada, reside a importncia de refletir sobre o objeto em questo.
Ocultar
|
-
Elyonara de Brito Lyra Targino
A Santa Casa da Misericrdia da Parahyba nos escritos de Wilson Nbrega Seixas (1987): Uma Anlise Historiogrfica
Resumo:Durante o sculo XIX, a Santa Casa de Misericrdia...
Veja mais!
Resumo:Durante o sculo XIX, a Santa Casa de Misericrdia foi uma instituio considerada importante por seus contemporneos, e tinha uma influncia poltica, social e econmica na vida da Provncia da Parahyba desde o perodo colonial. Alm da Igreja da Santa Casa de Misericrdia, o Hospital da Santa Casa (ou Hospital de Caridade, como tambm era chamado), teve uma relevante participao no acolhimento, tratamento e na cura de doenas, principalmente em pocas epidmicas, como as dcadas de 1850 e 1860, em que a Provncia foi atingida pela Febre Amarela (1851) e pelo Clera (1856 e 1862). Tendo em vista a sua atuao, intelectuais e estudiosos do sculo XX dedicaram-se a escrever sobre a Instituio, conservando elementos histricos e anlises que merecem nossa ateno. Dentre esses estudiosos que produziram sobre a Santa Casa de Misericrdia, destacamos o livro de Wilson Nbrega Seixas, Santa Casa da Misericrdia da Paraba 385 anos (1987), que virou referncia nos estudos a cerca da Instituio. Com uma anlise cuidadosa do livro, percebemos problematizaes e interrogaes a partir do tempo presente e das necessidades contemporneas. Portanto, com o surgimento de novas fontes, o distanciamento temporal entre o acontecimento e o indivduo e a agem do tempo nos colocam na tarefa de fazer uma releitura da histria e a reescrev-la a partir de nossas dvidas. Novos questionamentos e novas problematizaes fazem parte de uma anlise historiogrfica e do ofcio de historiador. Visando contribuir para o preenchimento lacunar existente nas pesquisas acerca da Histria da Sade e das Doenas na Paraba Oitocentista, a partir dos pressupostos tericos estabelecidos pela Histria Cultural, este trabalho tem por objetivo fazer uma anlise historiogrfica do livro de Wilson Nbrega Seixas, destacando a perspectiva do autor e entendendo o lugar social de produo do discurso. Na anlise do livro daremos nfase aos comentrios do autor sobre a Instituio no sculo XIX, bem como tambm investigaremos as fontes utilizadas, as suas abordagens metodolgicas e a sua viso sobre a histria do Hospital da Santa Casa de Misericrdia, seu funcionamento e atuao durante as dcadas epidmicas.
Ocultar
|
-
Joseanne Zingleara Soares Marinho (UESPI)
Sobre o cuidar do "futuro do Brasil": o atendimento materno-infantil nos estabelecimentos de sade pblica do Piau (1889-1929)
Resumo:Este artigo tem como proposta a anlise da defici...
Veja mais!
Resumo:Este artigo tem como proposta a anlise da deficincia de iniciativas institucionais para o atendimento de sade de mes e crianas pobres, considerando as limitaes de funcionamento do sistema pblico implantado no Piau durante a Primeira Repblica. Para isso, convm considerar que o projeto de desenvolvimento do Brasil, defendido no comeo do perodo republicano, no foi implementado de forma eficiente no estado, sendo que os governos itiam no possuir condies financeiras de investimento que proporcionasse a oferta de servios pblicos em variadas reas de atuao, inclusive na sade. Apesar do novo significado da infncia implicar na sua proteo, especialmente no que se refere sade, como uma forma de investimento em um futuro promissor para o pas, esse iderio no era viabilizado por meio de polticas sistemticas e efetivas. Mesmo em mbito federal, no era observado um sistema de sade que integrasse o estado. A condio de ineficincia da oferta de servios pela Diretoria de Sade Pblica, acabou contribuindo para a ausncia de uma ampla proteo especializada no atendimento das demandas de mes e crianas pobres. Apenas, a partir da dcada de 1920, esses pacientes aram a ser visveis em alguns dados de funcionamento dos postos de sade que, no entanto, ainda atendiam o pblico em geral e estiveram limitados Teresina, capital do Piau. A exceo foi o Posto Escolar Abreu Fialho, nico que fornecia atendimento especializado para crianas, alm da determinao oficial para a criao de um Servio de Higiene Infantil. As instituies de sade dispunham de poucos recursos para o atendimento regular de epidemias e endemias tropicais, quando, em mbito nacional, havia a valorizao do saneamento dos sertes. A pesquisa de fontes primrias foi realizada a partir de mensagens e relatrios dos governos estaduais, relatrios de es e mdicos de estabelecimentos de sade, bem como notcias de jornais. Na anlise foram usados autores como (FREIRE, 2015), (COSTA, 2004), (MARINHO, 2018) e (MARTINS, 2006). Conclui-se que foram verificadas algumas aes isoladas e experimentais no funcionamento de instituies de sade pblica para mes e crianas pobres que, no entanto, tiveram relevncia porque significaram o incio de um processo que acabou assumindo dimenso de poltica de Estado, a partir de 1930, sobretudo, no perodo de 1937 a 1945.
Ocultar
|
-
Livia Suelen Sousa Moraes Meneses (UFPI/EaD)
A me ser educada e aprender criar seu filhinho: as aes pblicas e privadas para institucionalizao das polticas de sade direcionada s mulheres e s crianas, em Teresina-PI (1930-1940)
Resumo:O artigo objetiva situar o processo de institucion...
Veja mais!
Resumo:O artigo objetiva situar o processo de institucionalizao das polticas de sade pblicas voltadas para as mulheres e as crianas, em Teresina, nas dcadas de 1930 e 1940. Ressaltam-se as iniciativas da sociedade civil, a parceria estabelecida com poderes pblicos nacionais e estaduais e o crescimento de instituies mdicas particulares, como decisivos na constituio do campo de sade materno-infantil. No recorte temporal, h mudana de abordagem dos problemas sanitrios, com a guinada para o cunho preventivo. A sade da criana e da mulher/me a a ser considerada fator primordial de regenerao nacional e futuro do pas. No Brasil, at a dcada de 1930, os servios voltados rea materno-infantil foram, na sua maioria, de carter filantrpico e executados por instituies privadas. No Piau, aes filantrpicas resultaram na criao da Enfermaria So Francisco(1933), na Santa Casa de Misericrdia de Teresina, destinada clinica obsttrica e no Lactrio Suzzane Jacob(1938), em Parnaba. Ademais, em Teresina desde o incio da dcada de 1930 era realizada no ms de outubro a Semana da Criana. Durante as solenidades, mdicos e professores(as) debatiam problemas que assolavam a infncia. Valorizava-se tambm a aliana entre mdicos e mes no cuidado da criana a partir das noes de higiene e de puericultura. Durante o Estado Novo(1937-1945), os servios voltados rea materno-infantil aram a ser pensados e organizados mediante poltica nacional, gerida pelo Departamento Nacional da Criana(1940). A execuo das diretrizes nacionais elaboradas pelo DNC e o estabelecimento de redes de proteo maternidade e infncia nos municpios do Piau foram se consolidando a partir da criao da Diviso de Amparo Maternidade e Infncia. A difuso dessas polticas ocorreu mediante a cooperao da Legio Brasileira de Assistncia (LBA) no Piau, que articulou uma srie de aes assistenciais e campanhas a favor da filantropia, tendo como alvo a infncia e a maternidade. Criam-se instituies assistenciais em Teresina como a Casa da Criana(1943), postos de puericultura e centros de sade alm do Hospital Getlio Vargas(1941) e a Maternidade So Vicente(1954). No perodo, entram em cena os primeiros mdicos especializados na sade materno-infantil, como obstetras, ginecologistas e pediatrias, ladeados por mdicos generalistas, aumentando tambm a oferta de servios particulares. As fontes documentais utilizadas foram a Revista da Associao Piauiense de Medicina, documentos oficiais, memrias, jornais e almanaques de circulao local.
Ocultar
|
-
Mrcia Castelo Branco Santana (Universidade Estadual do Piau)
As representaes do Asilo de Alienados de Teresina no discurso dos mdicos e filantropos no incio do sculo XX
Resumo:No incio do sculo XX, a prtica de internaes e...
Veja mais!
Resumo:No incio do sculo XX, a prtica de internaes em Hospcios j aparecia de maneira mais contundente. As famlias que se viam s voltas com algum caso j buscavam com mais facilidade as instituies e os mdicos para um tratamento, e mesmo a internao, para que seu familiar, acometido pela loucura, pudesse ser assistido por uma Medicina que j se mostrava mais avanada, em hospcios que tinham sido criados no sculo XIX. Nesse contexto, a construo do Asilo de Alienados de Teresina ou a ganhar uma relevncia no meio da cidade e a gerar uma polifonia sobre os ditos loucos expressa pelos provedores da Santa Casa e mdicos que possuam peso na sociedade. As vozes que primeiro se levantaram nesse sentido foram da ao dos filantropos que abrangia um campo social que envolvia uma teia de instituies e atividades importantes na vida de uma cidade. Em Teresina, a Santa Casa de Misericrdia tinha um peso primordial nesse campo, pois, alm de ofertar um servio mdico populao carente, destacava-se a partir de 1909, pelo fato de ter sob sua istrao o Asilo de Alienados do qual era possvel ampliar seu raio de ao no controle sobre os sujeitos ditos desviantes. Dessa forma, a Santa Casa de Misericrdia constituiu, na prtica, o lugar onde se ouvia, com maior intensidade, vozes sobre o Asilo de Alienados. Com base nesses pontos, fomos constituindo as teias que circundavam o Asilo nas falas de seus sujeitos, a partir de sua fundao e quando ou a funcionar sob as ordens dos Provedores da Santa Casa. Cumpre-se notar que a fundao do Asilo em Teresina no representava somente uma forma de assistncia aos ditos loucos, tratava-se, antes de tudo, como uma obra que abrigaria os sujeitos desviantes e que flanavam pelas ruas da cidade, o que era associado vadiagem e que representava, para muitas urbes um perigo circulao dos habitantes virtuosos. Assim, o discurso de criao do Asilo j carrega um peso de que esse no s era possvel assistir de uma forma melhor os ditos loucos da cadeia como, acima de tudo, eliminaria os sujeitos de condutas ameaadoras. Outros que se manifestaram foram os mdicos que balizados pela novas propostas da medicina aram a ser a voz mais ressonante da importncia do Asilo em Teresina. A argumentao mostrava-se tambm ligada ao valor filantrpico desenvolvido pela classe mdica e aos mdicos que possuam relevncia e atuao na cidade e na Santa Casa, entre eles, Areolino Antnio de Abreu, Marcos Arajo Pereira, Bonifcio Carvalho, que reforaram os argumentos de que no Asilo os loucos receberiam uma assistncia mais especfica, na medida em que teriam as diferenciaes de internamento e tratamento.
Ocultar
|
-
Shirley Pereira Cardoso (SEDUC/AM)
Entre olhares: a Santa Casa de Misericrdia de Manaus e seu papel na sade pblica e assistncia populao (1870-1910)
Resumo:O presente trabalho se prope a analisar a trajet...
Veja mais!
Resumo:O presente trabalho se prope a analisar a trajetria da Santa Casa de Misericrdia de Manaus-AM em um contexto entre os anos finais do sculo XIX e incio do XX, perodo de transio poltica onde percebemos olhares distintos da istrao imperial e republicana para com esta instituio. Para tanto, nos debruaremos a analise das polticas pblicas no contexto das reformas urbanas e de higienizao da capital do estado do Amazonas e observar os discursos dos governadores que, com o intuito de manter a ordem social e o processo de embelezamento da capital, viram na Santa Casa de Misericrdia de Manaus certa ameaa aos seus anseios, postura essa que destoa de seus antecessores no perodo imperial. Com o objetivo de atender aos desvalidos e moribundos, a Santa Casa foi recebida pelos Presidentes de Provncia com bastante expectativa e entusiasmo, quando da sua inaugurao em 1880. Nesse vis, os governadores, na Repblica, no compartilharam do mesmo entusiasmo esboado pelos presidentes de Provncia para com a Santa Casa de Misericrdia de Manaus, que com o objetivo de urbanizar e embelezar a cidade criaram medidas coercitivas com a finalidade de afastar essa populao da rea central da cidade, rea na qual a Santa Casa de Misericrdia estava em evidncia. nessa contextualizao que esta proposta de pesquisa se justifica. Se prope a analisar a transformao do discurso do projeto da Santa Casa, seus processos de instalao e sua transformao, bem como o tratamento dispensado pelo governo imperial e republicano Santa Casa de Misericrdia de Manaus em meio s polticas que vigoravam entre os sculo XIX e XX.Levando em considerao a importncia social e poltica do tema e a contribuio historiogrfica de uma temtica que apresenta uma sria lacuna na histria da Sade Pblica de Manaus. A despeito da negligencia dos responsveis pela instituio na cidade, culminando no seu fechamento, em 2007, buscaremos pelo cruzamento das fontes recuperar sua histria. Hoje o edifcio abandonado da Santa Casa de Misericrdia de Manaus, continua a ser um problema para os governos atuais, localizado em uma rea turstica nas redondezas do Teatro Amazonas
e em situao de completo desmazelo, continua a atrair os desfavorecidos da era contempornea: moradores de rua e viciados.
Ocultar
|
ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
-
Adriana Maria de Souza
"NEGRA MALUCA": Quem So As Loucas, Perigosas e Marginais no Discurso Medico Higienista da Repblica Velha? Hospital Psiquitrico Juqueri (1898-1930)
Resumo:Buscamos investigar as formas de diagnosticar a lo...
Veja mais!
Resumo:Buscamos investigar as formas de diagnosticar a loucura dos internos, mas principalmente das internas do Hospital Psiquitrico do Juqueri, mas principalmente das mulheres negras, as formas de diagnsticos acerca do comportamento as diferenas de atribuio de diagnsticos e as consequncias disso para a experincia e conformao das subjetividades. Trata-se de deslindar de que modo as mulheres negras internadas acabavam por se transformar no outro da ordem e da razo, e como suas experincias podem contribuir para compreendermos quais eram os modelos ideais de cidadania em que dificilmente logravam acolhida. Trata-se, enfim, de entender o que era a loucura em meados do sculo XIX e do incio do sculo XX e quais as implicaes para a populao que no se enquadravam dentro do padro de comportamento social desejada pela elite poltica e medica engajada em um projeto de nao. Para Ives Cavalcante os (2009), a preocupao com a loucura vem a ser objeto de interveno por parte do Estado no incio do sculo XIX, com a chegada da Famlia Real ao Brasil, depois de ter sido socialmente ignorada por quase trezentos anos. No perodo de modernizao e consolidao da nao brasileira como um pas independente, a-se a ver os loucos como resduos da sociedade e uma ameaa ordem pblica. Aos loucos que apresentassem comportamento agressivo no mais se permitia continuar vagando nas ruas, principalmente quando sua situao socioeconmica era desfavorvel, e seu destino ou a ser os pores das Santas Casas de Misericrdia, onde permaneciam amarrados e vivendo sob pssimas condies de higiene e cuidado (OS, 2009a, p. 104). sabido que imigrantes europeus pobres, negros, mestios e mulheres consideradas desajustadas faziam parte dessa massa de doentes mentais, que no se enquadravam no perfil da populao desejada para a jovem nao que estava nascendo no final do sculo XIX, com o advento da Republica surgia principalmente a preocupao com a massa de homens e mulheres negras nos ps abolio e o que fazer com essa populao. A historiografia brasileira tem se esforado para romper o silncio que os diagnsticos ajudaram a criar, calando vozes, subjetividades e resistncias.
Ocultar
|
-
Diego Luiz dos Santos (Casa de)
Os quadrinhos autobiogrficos de Alison Bechdel e um novo ponto de vista na Histria da Psicanlise (Estados Unidos, 1960-2012)
Resumo:Por meio desta comunicao, apresento a pesquisa d...
Veja mais!
Resumo:Por meio desta comunicao, apresento a pesquisa de doutorado intitulada Uma histria da psicanlise vista de baixo: Depresso e terapia nos quadrinhos autobiogrficos de Alison Bechdel (Estados Unidos, 1960-2012). A pesquisa, ainda em fase inicial, visa problematizar as interpretaes e apropriaes acerca da depresso e da psicanlise apresentadas na autobiografia em quadrinhos intituladas Are You My Mother? escrita e desenhada pela quadrinista estadunidense Alison Bechdel (1960-). A obra foi publicada em 2012, nos Estados Unidos, no formato conhecido como graphic novel, um tipo de narrativa em quadrinhos mais sria e mais longa, semelhante a um livro. No enredo, a autora apresenta interpretaes sobre sua prpria vida a partir de suas diversas consultas com analistas e de suas investigaes pessoais sobre conceitos e teorias psicanalticas realizadas como um meio de tratar sua depresso e os ressentimentos em relao a me. Parte do enredo da obra se a num perodo muito significativo para a histria da psicanlise j que, desde o fim II Guerra Mundial, as teorias e conceitos desta cincia gozavam de grande respaldo na sociedade estadunidense, mantendo uma hegemonia em fornecer compreenses e meios de tratar o sofrimento psquico. Na dcada de 1960, grande parte dos departamentos de psiquiatria das universidades, bem como os livros didticos da disciplina foram fortemente influenciadas pelas ideias psicanalticas. No entanto, em meados da dcada de 1980, mesmo perodo em que Alison comea a se utilizar destas teorias para compreender sua vida, a psicanlise a a perder espao num momento em que grande parte dos psiquiatras aderiam a uma compreenso mais biolgica acerca do sofrimento psquico. Neste sentido, para a realizao deste trabalho necessrio compreender as diversas dimenses polticas, sociais e culturais por trs da cincia psicanaltica e das compreenses acerca do sofrimento psquico no perodo narrado. Problematizar a narrativa de Alison Bechdel, portanto, permite lanar um olhar micro histria de algum que, inserida nesta conjuntura, viveu a experincia de buscar uma significao para seu sofrimento e, consequentemente, para sua vida a partir dos preceitos da psicanlise, alm de oferecer um ponto de vista subjetivo acerca da depresso, ou seja, um ponto de vista que vai alm do olhar mdico e cientfico.
Ocultar
|
-
Felipe da Cunha Lopes (Universidade Estadual do Piau)
A natureza humana e o controle das moralidades anmalas no Piau (1870-1920)
Resumo:O objetivo desta pesquisa analisar discursos de ...
Veja mais!
Resumo:O objetivo desta pesquisa analisar discursos de natureza mdica que circularam na cidade de Teresina-PI entre os anos de 1870 e o final da dcada de 1920 que procuravam desvendar, atravs de anlises cientficas, a natureza humana visando, a partir desse conhecimento, intervir sobre a formao/correo dos indivduos. No Brasil a psiquiatria emergiu no bojo das transformaes implementadas pela medicina social. Desde o ano de 1884, j haviam sido instaladas as ctedras de Psiquiatria nas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, o que possibilitava que os estudos sobre as doenas mentais constitussem um ramo parte da patologia interna, no estando mais unido a outras enfermidades. O pensamento produzido nestas faculdades foi marcado profundamente pelos conceitos de degenerescncia moral, organicidade e hereditariedade do fenmeno mental. Dessa forma, podemos afirmar que a psiquiatria apresentava-se como um saber capaz de elaborar estratgias eficazes no sentido de promover um ordenamento do espao urbano. Com este intuito, a medicina mental se apropriou do campo das moralidades anmalas, antes domnio exclusivo da polcia e da religio, e ou a medicalizar o combate ao uso imoderado de bebidas alcolicas, jogatina, prostituio, criminalidade, entre outros comportamentos desviantes. Alm disso, no caso da realidade teresinense, no podemos esquecer que a loucura emergiu como um problema social em meio s prticas e discursos policiais que a identificava predominantemente como uma forma de perturbao da ordem pblica, devendo, por isso mesmo, ser retirada das ruas da cidade e encarcerada na Cadeia Pblica, como ocorria com os demais vadios. Para efetivarmos nossa pesquisa analisamos os discursos que circulavam em Teresina ainda no sculo XIX, por volta da dcada de 1870, e que, embora no fossem produzidos por mdicos, j apresentavam uma preocupao com as questes que envolviam a constituio dos indivduos lanando mo de argumentos ligados ao universo da psiquiatria e da psicologia, entre outros. Pelo que pudemos observar este tipo de discurso em muito se assemelhava aos argumentos defendidos em algumas teses de mdicos piauienses referentes loucura, apresentadas nas faculdades de medicina da Bahia e Rio de Janeiro ao longo da primeira metade do sculo XX, por isso acreditamos que eles faziam parte de um regime de verdade que os legitimava ao longo deste perodo.
Ocultar
|
-
Joo Luiz Garcia Guimares (Rede Educativa)
A medicina das paixes: corpo, alma e as condies de possibilidade do tratamento moral (1700 1800).
Resumo:Por grande parte dos sculos modernos, existiu um ...
Veja mais!
Resumo:Por grande parte dos sculos modernos, existiu um consenso de que os problemas afetivos ou mentais no eram da alada da medicina. Mdicos como Timothy Bright (1551 1615), Andr du Laurens (1558 1609), Daniel Sennert 1572 1637) e Lazare Rivire (1589 1655) defenderam que a medicina dos males da mente devia tratar o corpo, uma vez que ele era a nica e exclusiva fonte dos males que afligiam a alma. Nesse sentido, no existiria doena mental, pois a mente/alma no era atingida: ela era apenas obscurecida pelo corpo doente. Essa posio se reforou aps o advento da teoria cartesiana, que separava formalmente corpo e alma, servindo de base para a defesa de uma atitude de distanciamento mdico da questo, sobretudo na obra de Hermann Boerhaave (1668 1738). Por muitas dcadas, a obra de Boerhaave e Descartes influenciou o abandono da instancia mental pelos mdicos. O cuidado da alma e o estudo dos pensamentos e ideias eram relegados aos filsofos e aos confessores. Essa atitude comea a se modificar em meados do sculo XVIII, quando mdicos ligados Faculdade de Medicina da Universidade de Montpellier comearam a questionar os modelos dualistas e propam uma viso orgnica do homem.
Os principais nomes dessa corrente foram Thophile de Bordeu (1722 1776), Louis La Caze (1703 1765) e Paul-Joseph Barthez (1734 1806). Alm disso, estes mdicos se dedicaram a teorizar tratamentos que dessem conta da dimenso mental. Na ponta de lana desse processo se encontra a revalorizao das paixes da alma, aquilo que modernamente chamaramos de sentimentos ou emoes. Anteriormente envolvidas em um discurso que as opunha razo, a partir do sculo XVIII as paixes se tornaram cada vez mais importantes como elemento etiolgico das doenas a partir de uma reabilitao da tradio hipocrtica. Dentro da nova perspectiva teraputica que se formava, os escritos tericos de vrios desses mdicos apontam para a reivindicao do cuidado no apenas do corpo, mas tambm da alma dos pacientes acometidos pela loucura. Essa nova atitude criou condies de possibilidade para a psiquiatria de Philippe Pinel (1745 1826) que, alm de fazer uso da fisiologia nascida em Montpellier, formalizou no tratamento moral um novo modo de abordar as relaes entre corpo e alma.
Ocultar
|
-
Lorrane Rangel Agra Lopes (Universidade Federal de Campina Grande)
Registros de um ado adormecido: a internao psiquitrica e a ressignificao da identidade das internas do Hospital Joo Ribeiro, em Campina Grande PB (2005)
Resumo:Ao longo da histria, o espao destinado loucura...
Veja mais!
Resumo:Ao longo da histria, o espao destinado loucura no permaneceu o mesmo. J mandamos nossos loucos para outras cidades, em travessias de navios. J acreditamos na loucura tanto como ddiva, quanto castigo divino. A loucura vista ento como o outro do pensamento racional, ou seja, o irracional, o anormal. Por isso ela deve ser o objeto do processo de excluso, como nas instituies manicomiais e nos hospitais psiquitricos. Os movimentos pela Reforma Psiquitrica surgem para questionar esse modelo hospitalar destinado ao dito louco, no Brasil, durante a dcada de 1980. Porm, a Reforma Psiquitrica s vem a ser lei no pas no ano de 2001. Em um contexto local, Campina Grande, municpio da Paraba, teve a sua primeira instituio prpria para a loucura na dcada de 1960, nomeada de o Instituto Campinense de Neuropsiquiatria e Reabilitao Funcional, popularmente conhecido como o Hospital Joo Ribeiro. O contexto nacional da Reforma Psiquitrica refletiu tambm nesta cidade. Aps uma srie de denncias das condies ticas e humanas do hospital, e com a reprovao nas fiscalizaes federais, o Ministrio da Sade intervm no ano de 2005. Em cinco meses de falta de alteraes nas condies de funcionamento, o Hospital Joo Ribeiro fechado. Seus ex-pacientes foram inseridos no novo sistema de sade mental, iniciado na cidade desde 2003, que visava o processo de desinstitucionalizao. Os pacientes que devido aos longos perodos de ausncia de contato com suas famlias, no possuam mais vnculo familiar ou social, foram transferidos para os Servios de Residenciais Teraputicos (SRT). Deste modo, fazendo um recorte de gnero, o objetivo deste trabalho diagnosticar as diversas identidades que as mulheres internas do Joo Ribeiro possuam antes das suas primeiras internaes e questionar o papel da instituio psiquitrica na tentativa de anulao das subjetividades dos sujeitos, mas diferindo seus pacientes de acordo com o sexo e suas consequentes implicaes. Esse processo investigativo do sujeito e da sua identidade, no entanto, s possvel se pensarmos o ano de 2005, quando essas mulheres tiveram suas histrias narradas e registradas pelos profissionais da Residncia Teraputica, porm necessrio problematizar essa escuta tcnica que ouve, mas censura e conduz. Utilizamos assim, como fonte o acervo de documentao das Residncias Teraputicas Feminina de Campina Grande, que incluem: pronturios mdicos, estudos de casos, laudos mdicos e fichas de evoluo do paciente. Como aporte terico-metodolgico dialogamos com Michel Foucault, a partir do conceito de loucura, saber/poder e discurso, com Judtih Butler atravs da sua concepo de subverso da identidade de gnero e Erving Goffman atravs das suas reflexes sobre as instituies totais.
Ocultar
|
-
Lucas Carvalho do Nascimento Nogueira (Desempregado)
Para o bem da raa: Anlise do movimento Eugenista na Bahia, 1918-1935.
Resumo:O presente trabalho faz parte de minha dissertao...
Veja mais!
Resumo:O presente trabalho faz parte de minha dissertao de mestrado, que ser defendida entre Junho e Julho de 2019.
Neste trabalho analiso(ei) a presena da Eugenia na Bahia entre as 1918 a 1935. Verificando que a cincia de Francis Galton teve marcante influencia no pensamento mdico, social dos mdicos e psiquiatras locais. Utilizando-se como fontes de pesquisa: Teses de Doutoramento da Faculdade de Medicina da Bahia, Memrias da mesma faculdade, Peridico Gazeta Mdica da Bahia; alm de peridicos da poca como: A Tarde, A Manh, O Correio do Povo, entre outros; bem como os Relatrios dos Presidentes das Provncias com destaque na seo referente Sade, ou o Saneamento.
Neste sentido ento qual a importncia de se estudar o pensamento eugnico na Bahia?
Os maiores focos historiogrficos sobre a raa e racismo no Brasil repousam sobre o ps-abolio no qual a elite valeu-se de determinismos biolgicos para tipificar e rebaixar o negro e mestio condio de inferior humanidade. Alm disso h os estudos feitos a partir da ideia de democracia racial e sua negao ou contestao a partir da dcada de cinquenta, que encobrem de certa forma o perodo de auge do desenvolvimento da eugenia. Grande parte dos eugenistas mostravam-se favorveis ao cruzamento de raas, e sua verdadeira preocupao consistia em extirpar os venenos raciais da raa brasileira que almejava ser construda. O que nos leva a
considerar que o prprio Gilberto Freyre j encontrara terreno propcio adoo da mestiagem, sem o problema da degenerao raa.
Tendo como foco a Bahia procurei evidenciar a polimorfia em volta da eugenia ou seja nem todos os seus defensores adotaram a mesma postura, a exemplo de Alfredo Magalhes e Fernando Tude de Souza. Tude era favorvel ao aborto, para ele "aborto eugnico" (1934) como forma de controle populacional, impedindo assim que viessem a nascer seres "inferiores", "degenerados" como exemplo dos doentes mentais e criminosos.
Alm disso a eugenia se liga com outros campos: como psiquiatria, sade pblica, educao, saneamento, procriao etc.
Em linhas gerais os eugenistas baianos adotaram uma perspectiva de eugenia preventiva, embora houvessem defensores da eugenia negativa ( a exemplo de Tude). E tambm estiveram propensos a aceitar a mestiagem como viabilizador da nao, no degenerando a raa.
Uma das hiptese levantadas para chegarmos a esta concluso, deve-se ao fato de que o estado no conseguiu ar por um processo de branqueamento como no Sul-Sudeste, e o peso demogrfico negro e mestio poderia ter feito os eugenistas em sua (maioria) serem mais brandos. Alm disso, isso mostra-se uma conexo com o pensamento eugenista nacional em que se destacou pela sua associao com a Higiene e com o Sanitarismo.
Ocultar
|
-
Marcio Lucas Moreira Rodrigues (Colegio Rembrandt COC), Pedro Ernesto Miranda Rampazo (Colgio Galileu Mackenzie)
Ncleo Psicanaltico de Recife: a institucionalizao da psicanlise no nordeste
Resumo:Segundo Bruno Latour (2000), a caracterizao de u...
Veja mais!
Resumo:Segundo Bruno Latour (2000), a caracterizao de uma cincia no se constitui apenas por atividades de pesquisa, como metodologia definida, objetos especficos de investigao e produes citificas em geral. Para o autor, elas esto inseridas em contextos mais complexos, de istrao, regulamentos, cursos de formao, sociedades, direo, produo e divulgao das pesquisas, entre outros, fazendo com que toda cincia deva ser considerada a partir dos seus cenrios especficos de formao. Neste contexto cientfico-institucional est inserida a Psicanlise, que, na perspectiva tradicional, se organiza em mbito internacional sob a chancela do IPA (International Psychoanalytical Association) estendendo suas atividades sociedades locais de psicanlise, a partir de regulamentos istrativos e cientificos rigorosos e conservadores. O Brasil segue esta linha, instituindo a psicanlise sob os trabalhos de Durval Marcondes, mdico psiquiatra, que desde a dcada de 1920 demonstrava grande entusiasmo pelos estudos psicanalticos, e que na dcada seguinte busca sua regulamentao internacional, com o auxilio de Adheleid Koch, analista didata alem, que por conta da sua origem semita ve-se obrigada a fugir para o Brasil em 1936. Este reconhecimento oficial conquistado em 1951 com a SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanlise de So Paulo) dando incio istrativo da psicanlise no Brasil com a formao de um eixo inicial de sociedades entre So Paulo e Rio de Janeiro, que a priori representado pela SPRJ (Sociedade Psicanaltica do Rio de Janeiro), oficializada em 1955. Espelhado neste molde, desencadeado um processo gradativo de criao de outras sub-sociedades amparada por outras sociedades, uma delas localizada em Recife. Dito isso, esta pesquisa tem como objetivo, por meio da Revista Brasileira de Psicanlise (1967), analisar o processo de institucionalizao da psicanlise no nordeste brasileiro, que se deu por meio do Ncleo Psicanlitico de Recife (1975), assim como a influncia e a relao institucional/cientifica com as demais instituies brasileiras, em especial da ABP (Associao Brasileira de Psicanlise) e a SPRJ (Sociedade Psicanaltica do Rio de Janeiro).
Ocultar
|
-
Simone Teixeira Bernardo (UECE - Universidade Estadual do Cear)
Jurandir Picano, um militante da psiquiatria em Fortaleza: anlise do artigo Sndrome de Cotard (1933).
Resumo:O presente trabalho tem por objetivo analisar o di...
Veja mais!
Resumo:O presente trabalho tem por objetivo analisar o discurso do dr. Jurandir Picano atravs dos seus artigos voltados para a sade mental publicados na revista Cear Mdico. O objetivo principal discutir como o discurso do dr. Jurandir Picano expressa o seu protagonismo na difuso do saber psiquitrico na cidade de Fortaleza. Partindo da perspectiva foucaultiana, nossa anlise do discurso psiquitrico pera obrigatoriamente o processo de consolidao da psiquiatria como cincia. A legitimao de um discurso permeada de conflitos, e o campo da psiquiatria encontra diversos obstculos na sua consolidao. Aqui no Brasil a psiquiatria comea a conquistar espao no incio do sculo XX, inicialmente na capital, Rio de Janeiro, e depois a a se difundir por todo o pas. Reverberando a consolidao da psiquiatria na cidade do Rio de Janeiro, o saber psiquitrico vai adentrar o espao mdico cearense a partir da dcada de 1930, tendo na figura do dr. Jurandir Picano o seu maior difusor. Inserido no meio favorvel a disseminao de seu pensamento acerca dos avanos da psiquiatria, Jurandir Picano inicia a sua caminhada abrindo espao cada vez maior para o saber psiquitrico em Fortaleza. No ano de 1933, quando Picano publica o seu primeiro artigo de cunho psiquitrico, Fortaleza tinha apenas uma instituio de assistncia para aqueles que sofriam de alienao mental, o Asilo de Alienados So Vicente de Paulo. Na capital do Brasil, o saber psiquitrico h muito se consolidar e avanava a os largos. Era no Rio de Janeiro onde se concentravam os mais ilustres nomes da psiquiatria brasileira, poca. Estes, empenhados em propagar a psiquiatria em todo o Brasil, se organizaram em sociedades e ligas divulgando o seu conhecimento e prticas psiquitricas em revistas especializadas, alinhando prtica e discurso. Picano no compunha nenhum desses crculos de saber especializado em psiquiatria, no entanto sempre manteve-se atualizado do que era discutido neste meio. Desejando inserir na sociedade mdica cearense as ideias inovadoras da psiquiatria, Picano comea a divulgar o saber psiquitrico por meio da revista Cear Mdico. Discutiremos o primeiro artigo que Jurandir Picano publicou na revista Cear Mdico voltado exclusivamente para o saber psiquitrico. O referido artigo intitula-se Sndrome de Cotard, publicado no ano de 1933.
Ocultar
|