ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Adalberto Junior Ferreira Paz (Universidade Federal do Amap)
Lutas polticas, redes transnacionais e mundos do trabalho em uma rea de litgio internacional entre a Frana e o Brasil (1860-1893)
Resumo:Em meados do sculo XIX, os habitantes da regio e...
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Resumo:Em meados do sculo XIX, os habitantes da regio entre os rios Araguari e Oiapoque (ambos localizados na poro norte do atual estado do Amap) haviam constitudo povoaes com destacada autonomia econmica e notria organizao poltica interna, ocupando um territrio secularmente disputado entre ses e luso-brasileiros. Aproveitando-se das oportunidades criadas pelas querelas diplomticas entre os pases litigantes, a populao formada por escravos fugidos, desertores, aventureiros, indgenas, estrangeiros e outros, criou suas prprias formas de representao poltica e organizou intrincadas rotas de comrcio transnacional, cujas conexes e circulaes abrangiam desde a regio do chamado Salgado paraense at a Guiana sa. Apesar disso, o bem-sucedido domnio sobre o territrio litigioso e suas riquezas, alm da prpria autonomia das populaes incluindo seu modo de vida e trabalho, frequentemente tiveram que ser defendidos pelos moradores locais diante de sucessivas investidas oriundas, sobretudo, das autoridades imperiais brasileiras. Dessa forma, este trabalho objetiva perscrutar de que maneira uma populao tnica, cultural e socialmente diversa estabeleceu as bases de sociedades e governos clandestinos em uma regio da Amaznia sem nacionalidade definida, enfatizando no somente os dilemas e enfrentamentos entre as autoridades brasileiras e sas com as populaes locais, mas igualmente os embates destas ltimas entre si, bem como suas formas de organizao e lutas polticas, complexas redes de comrcio e sociabilidades e suas relaes com os mundos do trabalho amaznico oitocentista. A principal documentao utilizada foram as correspondncias oficiais reservadas (sigilosas) trocadas entre a Secretaria dos Negcios Estrangeiros e as representaes diplomticas brasileiras na Europa, na Guiana sa e com diversos presidentes e vice-presidentes da provncia do Par. Por meio de tais comunicaes escritas, os representantes dos interesses do Brasil manifestavam opinies e definiam aes em relao ao territrio denominado Contestado Franco-Brasileiro de forma mais explcita e franca do que o faziam em documentos de o mais amplo, como por exemplo, os relatrios de presidente de provncia e de ministros de Estado apresentados, respectivamente, s assembleias Provincial e Geral. Do ponto de vista da Histria enquanto rea do conhecimento, essas informaes renem dados especficos sobre as populaes e as sociedades que viveram no Contestado, ampliando significativamente nosso conhecimento acerca das dinmicas de ocupao, poltica e trabalho para alm dos tratados e das gestas do rei, rumo a uma histria social do trabalho em regies de fronteiras e de recursos naturais abertos.
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Aldrin Armstrong Silva Castellucci (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB)
No centenrio das greves gerais de 1919 no Brasil: histria e historiografia
Resumo:Em junho e julho de 1919, dezenas de milhares de o...
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Resumo:Em junho e julho de 1919, dezenas de milhares de operrios deflagraram greves gerais vitoriosas em Salvador e no Recife. Esses protestos mobilizaram e foram liderados por dois importantes lderes socialistas: os advogados Agripino Nazareth (1886-1961) e Joaquim Pimenta (1886-1963). Ambos j tinham uma longa histria de envolvimento com o movimento operrio e socialista e com a grande poltica desde o tempo em que militavam nas faculdades de direito pelas quais aram (Fortaleza e Recife, no caso de Pimenta; Recife, Rio de Janeiro e So Paulo, no caso de Nazareth). Os dois tiveram papel ativo tambm na imprensa. Suas trajetrias esto pontuadas por conflitos e composies com as elites polticas do Brasil ao longo da Primeira Repblica. Em 1919, quando liderou a greve geral em Salvador, Nazareth tinha acabado de chegar em sua terra natal fugindo da perseguio policial resultante da malsucedida insurreio anarquista de novembro de 1918 no Rio de Janeiro, da qual tomara parte. Antes, entre o final de 1915 e o incio de 1916, ele j havia participado, ao lado de Maurcio de Lacerda, dos fracassados levantes dos sargentos na capital federal. Ele trabalhou como delegado de polcia no Acre entre 1911 e 1912, e depois como professor e jornalista no Rio de Janeiro de 1912 at 1919. Porm, sua ocupao em Salvador entre 1919 e 1921 era a de advogado dos sindicatos operrios. Por outro lado, Pimenta j era um prestigiado professor da Faculdade de Direito do Recife, dotado de conexes polticas com o poder e casado com a filha do conhecido mdico Raul Azdo. As duas greves foram diretamente influenciadas pelo forte impacto econmico e social da Primeira Guerra Mundial e pelas expectativas polticas geradas pela Conferncia de Paz. Meu objetivo nesta comunicao analisar esses dois movimentos, examinando comparativamente suas semelhanas, diferenas e conexes polticas e ideolgicas nacionais e internacionais. Nesse sentido, pretendo comparar esses dois protestos operrios com outras greves gerais que ocorreram entre 1917 e 1919 em Porto Alegre, So Paulo e Rio de Janeiro. Estou particularmente interessado em destacar de que maneira a pauta desses movimentos e suas lideranas trataram as relaes entre classe, gnero, nao, nacionalismo, internacionalismo e antirracismo. Alm disso, apontarei o peso das diferentes prticas sindicais e dos grupos anarquistas e socialistas em cada cidade. Finalmente, explicitarei as conexes e leituras que os socialistas e anarquistas brasileiros fizeram dos acontecimentos na Rssia e na Europa ocidental entre 1917 e 1919.
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Ana Luiza Jesus da Costa (Universidade de So Paulo)
Autodidatismo, livre pensamento e a produo de conhecimento contra hegemnico pela classe trabalhadora
Resumo:A presente comunicao objetiva discutir os concei...
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Resumo:A presente comunicao objetiva discutir os conceitos de autodidatismo e livre pensamento como modos de produo de conhecimento da classe trabalhadora em seu processo de formao entre fins do sculo XIX e as primeiras dcadas do sculo XX no Brasil.
A discusso conceitual ser calcada na raiz histrica do fazer-se da classe. Procuraremos compreender o sentido atribudo aos termos pelos prprios operrios em seus debates polticos e educacionais.
Sustentamos que autodidatismo e livre pensamento, no contexto aqui abordado, no se confundem com formas de aprendizado e produo de conhecimentos isolados das relaes sociais, dos ambientes coletivos, tampouco se tratam de dons individuais quase mgicos. So, pelo contrrio, caracterstica de uma cultura de classe.
Concepo fortemente desenvolvida e difundida entre os tericos e militantes libertrios, interessa-nos acompanhar suas manifestaes naquele meio, e tambm de forma mais difusa nas experincias da classe operria, em seus espaos de vivncia, organizao, recreao e as mltiplas formas de aprender e ensinar que a se processam.
Entendemos autodidatismo no contexto de disputas ideolgicas pela educao que se estabelecia como forma escolar regulada e difundida pelos Estados modernos com objetivos de manuteno da ordem dominante em sociedades de classe. Tratamos mais especificamente de 1889-1930, em So Paulo. Nesse cenrio o vemos como alternativa educao segregada que reservava ao trabalhador no mais que um nvel primrio de ensino; bem como resistncia educao reprodutora dos valores e da ordem social dominante. Nas palavras do militante anarquista Jaime Cubero: no por meio da escola oficial que as pessoas vo se preparar para mudar a sociedade. mediante a aquisio de conhecimentos que possam gerar e desenvolver conscincia crtica. Muito desse conhecimento foi produzido pelo movimento operrio, sua imprensa, seus centros de cultura.
Adotamos como fontes para essa investigao os peridicos da imprensa operria como O Amigo do Povo, A Lanterna, A Plebe, A Voz do Trabalhador, entre outros; somam-se a eles memrias de militantes, como Jaime Cubero e outros que as tiveram registradas por memorialistas do movimento operrio como Edgar Rodrigues.
A anlise das fontes encontra sustentao, em primeiro plano, na histria social inglesa, sobretudo na obra de E. P. Thompson que destaca a relevncia do autodidatismo em uma srie de agens da Formao da classe operria inglesa. Dialogamos, ainda, com a obra de P. J. Proudhon, terico anarquista, ele mesmo autodidata, bem como outras produes que debatem a relao entre educao e autonomia como O mestre ignorante, de Jacques Rancire e O autodidatismo exemplar: como Valentin Jamerey-Duval aprendeu a ler, de Jean Hbrard.
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Deivison Gonalves Amaral (PUC-RIO - Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro)
Carlos Alberto de Menezes e a cultura do bon patron: notas sobre o paternalismo catlico (1891-1904).
Resumo:Objetivo refletir, a partir da trajetria de Carlo...
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Resumo:Objetivo refletir, a partir da trajetria de Carlos Alberto de Menezes (1855-1904) e a experincia das organizaes catlicas de Pernambuco, sobre o paternalismo e as especificidades dos patres militantes catlicos. Menezes, no fim do sc.XIX, construiu e dirigiu a Fbrica de Tecidos de Camaragibe, fundou a Corporao Operria e a Federao Operria Crist, atuante em Pernambuco e estados vizinhos. Analisarei a conexo transnacional entre dois processos histricos de paternalismo para demonstrar como os industriais catlicos militantes refletiam sobre sua identidade religiosa e como isso moldou a gesto das empresas. Tentarei compreender as implicaes da ao patronal para o associativismo catlico entre trabalhadores.
Por influncia do caso francs sobre o brasileiro, o modelo de bon patron direcionou a organizao das empresas e das sociedades de trabalhadores vinculadas (recreativas, mutualidades, sindicatos, etc.). Argumentarei que essa conexo foi construda principalmente pela influncia direta do francs Lon Harmel na militncia do brasileiro. Do movimento liderado por Menezes em Pernambuco resultou a primeira lei brasileira sobre sindicatos e cooperativas (Lei 1.637/1907), o que indcio da amplitude de seu alcance. Por ltimo, e no menos importante, destacarei a importncia de se considerar como patres dialogavam com o contexto religioso em suas estratgias paternalistas.
O impacto da doutrina social da Igreja Catlica sobre a poltica, o trabalho e as relaes industriais nos sculos XIX e XX foram estudadas extensivamente. A historiografia tentou entender como o catolicismo abraou a populao, seja por sua reao ao socialismo, seja pelo estudo do sindicalismo cristo mais estudado na Europa que no Brasil. Na Europa, este movimento pode ser visto a partir de meados do sc.XIX e, em torno do mundo, sobretudo aps a publicao da encclica Rerum Novarum (1891). Entretanto, pouca importncia dada ao fato de que patres foram conclamados a refletir sobre a sua identidade religiosa e seu papel especfico na sociedade e, sobretudo, sobre seus deveres para com os trabalhadores. A literatura que analisa os industriais concentra-se nas estratgias que desenvolveram para estabilizar e disciplinar sua fora de trabalho e muito pouca ateno dada s formas pelas quais o paternalismo industrial dialogou com os contextos social, poltico, mas tambm religioso. Pouco se sabe, por ex., sobre como e em que medida o paternalismo industrial foi moldado pelo pensamento social catlico. O paternalismo cristo, de origem sa e conhecido pela cultura do bon patron, persistiu por dcadas e foi modelo para vrias regies do mundo. Atualmente, essa prtica paternalista crist evocada como a origem da chamada responsabilidade social das empresas.
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Francielle Aparecida Uchak
Trabalhadores do Frigorfico Matarazzo em Jaguariava-PR (1920-1940)
Resumo:A presente pesquisa tem o intuito de compreender a...
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Resumo:A presente pesquisa tem o intuito de compreender as experincias de trabalho e atuao dos trabalhadores que exerceram suas funes entre 1930-1945 nas Indstrias Reunidas Fbricas Matarazzo, uma das maiores indstrias que se instalaram no Estado do Paran na segunda dcada do sculo XX. Busca-se entender as relaes de trabalho no Frigorfico Matarazzo instalado em 1922 na cidade de Jaguariava, localizada geograficamente no Centro-Oriental paranaense.
Um dos objetivos da pesquisa compreender a chegada e instalao das Indstrias Matarazzo em Jaguariava, para a partir disso realizar uma investigao sobre o modo de vida dos trabalhadores dentro e fora do frigorfico, suas formas de organizao, suas condies de trabalho e as relaes de trabalho e produo. Outra questo que ser analisada so os conflitos no espao da fbrica, o regime de trabalho, os interesses, acidentes e como os trabalhadores agiram em relao a eles e quais as suas formas de ao e reivindicao. Alm disso, procuro acompanhar, atravs de aes trabalhistas, as demandas desses trabalhadores e a maneira como acionaram a Justia do Trabalho para reivindicar frias, reclamar direitos e conquistas trabalhistas como indenizaes por demisso sem justa causa e acidentes de trabalho. Atravs de depoimentos e outras informaes arroladas nesses processos trabalhistas que cobrem o perodo desde os primeiros anos das atividades do frigorfico na dcada de 1920 e entre 1920-1945 procuro compreender as concepes e argumentos expressos por esses trabalhadores e os instrumentos utilizados por eles para reclamar o que julgavam ser os seus direitos.
Busca-se tambm, fazer uma reconstituio histrica do processo de expanso da industrializao do Paran no incio do sculo XX, para a partir disso compreender os motivos da Matarazzo e da istrao da cidade, para definirem a instalao do frigorfico especialmente em Jaguariava. Desse modo, tambm pretendo evidenciar quais foram as modificaes ocorridas na cidade com esse empreendimento, qual a repercusso que provocou, identificando os apoios e dissensos em relao presena e funcionamento do frigorfico na cidade nos anos em que esteve ativo.
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Kaio Csar Goulart Alves (Doutorando em Histria pela UFJF)
As campanhas contra a carestia como lutas por direitos: experincias de organizao, luta e solidariedade dos trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro (1913-1917)
Resumo:Esta comunicao apresenta os resultados obtidos a...
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Resumo:Esta comunicao apresenta os resultados obtidos a partir da minha pesquisa de Mestrado em Histria, defendida em 2014, no Programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No texto, examino as campanhas pblicas de protesto contra a carestia, realizadas na cidade do Rio de Janeiro, em duas oportunidades, respectivamente, 1913 e 1917. Parto da constatao de que a intensa mobilizao realizada em proveito da organizao dos trabalhadores nos sindicatos, as aes por melhores condies de consumo, e as lutas por direitos sociais conduzidas se combinaram no interior das manifestaes contra a carestia, compondo, de tal modo, um movimento social singular. Isso considerando a ampla participao popular nos mais de 60 comcios promovidos nas duas oportunidades. As campanhas tomaram as ruas, praas e largos da regio central e dos subrbios da capital federal. Enorme cobertura foi feita nas pginas da imprensa operria, luz do jornal A Voz do Trabalhador e de colunas em A poca, bem como da imprensa de grande circulao, como o Correio da Manh, O Paiz e Jornal do Brasil. As campanhas contra a carestia constituram-se como aes coletivas importantes no processo de formao da classe trabalhadora no Rio de Janeiro, considerando que, em algumas oportunidades, os trabalhadores reivindicaram o carter de classe das aes. As lutas conta a carestia sero analisadas a partir das experincias de organizao, luta e solidariedade vivenciadas pelos trabalhadores. Esses enfrentamentos se fizeram como episdios importantes da histria de (re)organizao dos trabalhadores nos sindicatos, bem como das reivindicaes por direitos e por melhores condies de consumo. notvel que, durante a Primeira Repblica (1889-1930), os direitos civis e polticos seguramente no eram estendidos a maior parte da populao. Em funo disso, os (as) trabalhadores (as) buscaram se fazer ouvir por mecanismos especficos. O aprendizado cvico e de organizao que as associaes mutualistas legaram para a formao da classe trabalhadora, a constituio dos primeiros partidos polticos operrios, e, por fim, as experincias sindicais, em que se destacaram, a partir das duas ltimas dcadas do sculo XIX, a promoo de greves por melhorias econmicas e por direitos sociais, fizeram-se como experincias primordiais dos trabalhadores (as) no perodo. A esse conjunto de vias de luta por direitos adotado pelos trabalhadores, somaram-se as campanhas de protesto, em que se destacaram a realizao dos comcios, como os realizados em 1913 e 1917, na cidade do Rio de Janeiro.
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Luiz Felipe Cezar Mundim (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
O pblico organizado para a luta - o cinema do povo na Frana (1913-1914)
Resumo:Deve-se a todo custo parar o mal que se faz apare...
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Resumo:Deve-se a todo custo parar o mal que se faz aparente. As primeiras palavras do sindicalista revolucionrio Yves Bidamant ao subir no palco do salo da Casa dos Sindicalizados da Rua Cambronne, em Paris, na noite do dia 1 de novembro de 1913, resumem o juzo que o movimento operrio francs fazia sobre o cinema, e a devida reao que deveriam ter frente ao mal que se dissimulava na tela. Aps ouvirem a primeira parte de concerto musical, com a participao de sete cantores revolucionrios, as 200 pessoas que estavam no salo ouviram o discurso de Bidamant possivelmente consternados. Desde o surgimento do cinema, o movimento operrio pouco havia falado sobre o que, at ento, era apenas mais uma das diversas distraes para as horas de folga: Podemos atravs do cinema, como um maravilhoso meio de propaganda, iluminar o povo, instruir, mostrar que ele deve combater com toda a sua fora o lcool, a guerra, o chauvinismo estpido e a moral inepta da burguesia.
A comunicao examina a experincia da cooperativa Cinema do Povo que, tendo surgido em uma franca aproximao dos militantes com o cinema desde 1909 - quando o processo industrializao do cinema na Frana j estava avanado - durou de outubro de 1913 a julho 1914. Primeira tentativa organizada da classe trabalhadora de apropriao do cinema, a cooperativa reuniu de forma indita militantes socialistas, anarquistas-comunistas e individualistas, lanando em sua curta durao as bases de uma nova forma de interveno frente hegemonia do cinema comercial. A hiptese de que o pblico categoria de anlise em escala alternativa massa ou espectador mostrou, com a experincia do Cinema do Povo, que no de forma natural e irrevogvel prisioneiro dos filmes comerciais e dos interesses dos distribuidores. A partir dos conceitos de repertrio de ao, e a ideia de experincia da dominao ideolgica do cinema comercial, nos esforamos em traar os contornos desse pblico que se identifica no movimento operrio, principalmente por meio das trajetrias coletivas e individuais dos militantes.
(Esclarecimento: esta proposta de comunicao foi, tambm, enviada e aprovada no V Seminrio Internacional Mundos do Trabalho, realizado no ano de 2018. Entretanto, por no ser possvel viabilizar a ida ao Seminrio, a comunicao no pde ser apresentada).
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Marcos Alesandro Neves dos Santos
Auxlio mtuo entre operrios na vila operria de tecidos de Camaragibe. 1900-1929
Resumo:As vilas operrias surgiram na Inglaterra, bero d...
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Resumo:As vilas operrias surgiram na Inglaterra, bero da Revoluo Industrial ocorrida no final do sculo XVIII e incio do XIX, o que gerou uma grande exploso demogrfica nas cidades acarretando a falta de moradias (ENGELS, 2010). Tal situao levou a vrias iniciativas de construo de habitao operria, obedecendo assim no apenas aos preceitos higienistas, como tambm a uma maior vigilncia sobre os operrios. Com as mudanas impostas, a antiga forma de produo dos artesos (em oficinas) ou a ser tida como incompatvel pela indstria, e consequentemente, trouxe consigo uma proposta de reorganizao do trabalho, e, principalmente, do controle dos operrios. A escolha por analisar as sociabilidades dentro da vila operria de Camaragibe atravs dos grupos recreativos e da Sociedade de Mtuo Socorro, pois de acordo com a documentao coletada possvel contribuir para uma percepo da vida em uma vila operria, aspecto pouco abordado na histria social. Pretendo assim analisar os espaos de sociabilidade como as sociedades recreativas e mutualsticas construda na Vila operria de Camaragibe pelos patres no incio do sculo XX, porm resignificada pelos trabalhadores fabris tornando-as centros de resistncia em meio as tentativas de ordenamento. A classe operria de Camaragibe nas primeiras dcadas do sculo XX atravs das associaes demonstra um perfil plural do fazer-se operrio. Por mais que estejam dentro do permetro da Vila operria, associaes de carter mutualstico ou de distrao expressavam distores entre aquilo que era alardeado pelos donos da empresa, (que a fbrica seria o lugar dos sonhos do trabalhador) e a verso dos operrios que a fbrica seria tambm o local onde as queixas, as reivindicaes iriam surgir, se no com fora suficiente para promover a autonomia, mas pequenas fissuras, resistncias que se fazem presentes no dia a dia do operariado de Camaragibe. As resignificaes constituem o cotidiano dos trabalhadores da fbrica. Em meio s tentativas de dominao por parte da diretoria da fbrica, trabalhadores resistiam atravs das bricolagens do dia a dia ou questionando diretamente os diretores da fbrica no intuito de prover melhores condies de vida. Analisamos dessa maneira que a Sociedade de Mtuo Socorro configurava-se como espao de sociabilidade e de seguridade, uma vez que almejavam oferecer amparo aos operrios da fbrica. Sendo assim, o reforo da identidade atravs do compartilhamento de experincias em comum, faz surgir em Camaragibe atravs das mais diversas associaes a solidificao de uma identidade de classe entre os operrios.
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Ngila Maia de Morais (Secretaria de Educao do Estado do Cear)
As prticas mutualistas e sindicalistas dos trabalhadores porturios de Fortaleza (1912-1934)
Resumo:A presente pesquisa analisa as experincias dos tr...
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Resumo:A presente pesquisa analisa as experincias dos trabalhadores do Porto de Fortaleza - Ce., a partir da Sociedade Beneficente Deus e Mar, fundada em 1912, e do Sindicato dos Trabalhadores do Porto do Cear (STPC) criado em 1921, os quais transitaram entre o mutualismo e o sindicalismo pautadas na assistncia mdica, peclio, auxilio funeral. Bem como, agiram no campo da resistncia atravs da prtica de greves, manifestaes, paralisaes e negociaes com figuras polticas, religiosas da cidade, e tambm com os contratadores e as empresas de navegao, que objetivavam melhorar as condies de vida e de trabalho dos porturios. Alm de transitar entre o mutualismo e o sindicalismo de resistncia, os trabalhadores tambm precisaram lidar com a presena da Igreja, sendo a fundao da Legio Cearense do Trabalho em 1931, um momento marcante para a insero da Ao Social Catlica entre os mesmos. Analiso o processo de elaborao do Contrato coletivo que fechou o acordo entre os contratadores, empresas de navegao e os porturios sobre o processo de contratao dos trabalhadores do porto em 1934. Nesse estudo, desenvolvi o conceito de Resistncia Solidria para explicar as estratgias de aes desses trabalhadores fundamentadas na beneficncia, resistncia e lutas pelo controle do mercado de trabalho. Para tanto, a pesquisa foi realizada a partir dos jornais da poca: Correio do Cear, A Tribuna, O Nordeste, Dirio do Cear, Trabalhador Graphico e O Combate. Tambm foram analisadas as Atas das Assembleias do STPC e as obras literrias: A Normalista, A Afilhada e O Mississipi, que descrevem a cidade de Fortaleza e a regio porturia nos primeiros anos do sculo, tendo como base terica os autores Richard Hoggart para compreender o processo de identificao entre ns e eles, James Scott, William J. Melo para analisar como foi construda a Resistncia desses trabalhadores porturios, e E. P. Thompson com os conceitos de experincia e fazer-se. Dessa feita, em meio a essas ideias problematizo como os trabalhadores organizaram-se enquanto coletividade no processo de autoconhecer e as lutas de resistncias e negociaes com os patres (contratadores), no fazer-se cotidiano e no processo de construo da conscincia de classe.
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Philipe Murillo Santana de Carvalho (Instituto Federal da Bahia)
Trabalhadores rurais, sindicalizao e poltica no sul da Bahia (Ilhus, 1930-1937)
Resumo:Em 14 de janeiro de 1937, corria a notcia de que ...
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Resumo:Em 14 de janeiro de 1937, corria a notcia de que o Sindicato dos Empregados Agrcolas (SEA) de Ilhus se dirigiria associao dos agricultores para solicitar que os patres fechassem contratos de trabalho com salrio mnimo. Para a imprensa, dado o aumento das exportaes do cacau, era justo o apelo da numerosa e desprotegida classe dos que trabalham no campo que realizava com o suor do seu rosto, a riqueza desta regio (Dirio da Tarde, 14/1/1937: 2). A simpatia no era por acaso. Propriedade do prefeito Eusnio Lavigne, partidrio do governo Vargas, o jornal acompanhou os caminhos de uma das primeiras experincias sindicais de trabalhadores rurais no Brasil. Fundada em novembro de 1934, o SEA se destinava a colocar os empregados das fazendas do sul da Bahia em sintonia com a legislao sindical do Ministrio do Trabalho. Era uma iniciativa singular, j que a sindicalizao foi pensada apenas aos operrios e empregados urbanos. Nesse sentido, as experincias de sindicalizao e de luta por direitos dos trabalhadores do campo na Bahia j reinventava uma dimenso do trabalhismo, antes mesmo que ele estivesse consolidado como na dcada de 1940. O objetivo desta pesquisa analisar como trabalhadores rurais do sul da Bahia experimentaram sua sindicalizao e atuaram em busca de direitos sociais entre 1930 e 1937. As pesquisas empreendidas apontam que ao promover sua sindicalizao, o SEA cumpriu uma agenda de luta por direitos avanada para a poca, como era o caso da solicitao de salrio mnimo para os funcionrios das fazendas. As aes do SEA tiveram um entendimento controverso entre os proprietrios do sul da Bahia. Os fazendeiros se dividiram entre reconhecer o associativismo de classe daquela categoria, mas tambm em criar empecilhos para seus membros. No por acaso, em 22 de maio de 1937, Joaquim Cunha Filho, presidente do SEA, telegrafou ao governador Juraci Magalhes para dizer que pelo fato de exigir cumprimento [na] lei [de] acidentes, foi denunciado ao secretrio de polcia como promotor de greves. Para ele, o objetivo era arrefecer [os] nimos [de] sindicalizao desses humildes (Telegrama do SEA, 22/5/1937). Sabedor que a causa da sindicalizao era importante para o governo, Cunha Filho buscou o apoio do governador para se proteger do perigo de ser preso por desordem. Em rplica, Magalhes disse que considerava fundamental no [meu] governo prestgio [de] sindicalizao dentro [da] lei, num recado ambguo em que dizia que reconhecia apenas os sindicatos que atuavam dentro da legislao social. O trabalho vai aprofundar a sindicalizao de empregados agrcolas do sul da Bahia no governo Vargas at o golpe do Estado Novo. Esta pesquisa colheu documentos de jornais, correspondncias e ofcios do governo municipal e estadual.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Airton de Souza Melo (bolsista capes)
Mulheres de ferro: o silncio das atas e a memria da participao feminina no movimento operrio txtil em Macei a greve de 1962.
Resumo:O sindicalismo txtil em Macei nos anos 1960 tent...
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Resumo:O sindicalismo txtil em Macei nos anos 1960 tenta acompanhar a trajetria e vitalidade dos sindicatos pelo Brasil, construindo um papel importante nas lutas sociais no perodo. Observamos a greve dos operrios txteis da Fbrica Carmen, pertencente ao grupo Othon Bezerra de Mello Fiao e Tecelagem S/A, no ano de 1962, quando a Fbrica aumentou o nmero de teares de quatro para seis teares por operria sem nenhum tipo de consulta. visto que a tecelagem composta basicamente por mulheres, o movimento grevista comea a ser pensado pelas tecels e ganha fora com a presena do sindicato nas negociaes e greve que termina vitoriosa por parte dos operrios, fazendo a Fbrica Carmen voltar atrs e manter os quatro teares. O objetivo do trabalho alm de mostrar a participao das mulheres nos movimentos sociais em Macei discutir o silenciamento da participao dos mulheres nas atas produzidas pelo sindicato txtil e como na memria coletiva da populao residente no bairro de Ferno Velho a fora e liderana das mulheres exaltada, havendo duas histrias que se chocam, as atas do sindicato e a histria oral. No encontramos, dentro da documentao ada, nome de operrias em cargos de diretoria e muito menos como presidente do Sindicato Txtil de Ferno Velho. Mesmo existindo operrias frequentando as reunies, elas foram excludas dos cargos de direo. Representa as prticas machistas dentro da instituio e isso parece ter ocorrido dentro de outros sindicato porque em diversas atas h referncia presena de delegaes de outros sindicatos txteis, como de outras categorias, e no foi registrada nas atas a presena de mulheres. O advogado de diversos sindicatos e de Ferno Velho entre 1961-1964, Ruben ngelo, afirmou que as mulheres eram valentes e que presenciou essas mulheres puxarem o movimento grevista de 1962. Ruben ngelo chegou a escrever um poema, Mulheres de Ferro, em homenagem garra das operrias txteis de Ferno Velho. A falta de participao de operrias na direo do sindicato vai alm dos afazeres domsticos e da dupla jornada, a por uma questo de gnero. A histria oral, alm da iconografia, consegue nos dar uma nova dimenso do envolvimento das mulheres na participao do movimento operrio txtil em Macei. A capacidade de a entrevista contradizer generalizaes sobre o ado amplia, pois, a percepo histrica.
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Cody Alexander Williams (University of Oklahoma)
...Sacrificando o ritmo vital do seu organismo: sade, deficincia e resistncia de trabalhadores das minas de So Jernimo (RS), 1943-1964
Resumo:A reforma trabalhista aprovada em novembro de 2017...
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Resumo:A reforma trabalhista aprovada em novembro de 2017 enfraqueceu substancialmente a CLT promulgada por Getlio Vargas. Esse trabalho investiga aquela que seria uma das primeiras lutas trabalhistas que definiriam os direitos segurana do trabalho e ao tratamento de mdico no contexto das minas de carvo no sul do Brasil, onde um processo de 1944 que lidava com a insalubridade ou o risco industrial teve consequncias a longo prazo para trabalhadores e empregadores brasileiros. Os mineiros de So Jernimo no Rio Grande do Sul lutaram para que as leis consolidadas na CLT tivessem efeito tangvel usando para isso o dano que havia sido inscrito em seus prprios corpos. No contexto do ativismo sindical os corpos desses mineiros tornaram-se instrumentos nas disputas entre os trabalhadores e o Consrcio istrativa de Empresas de Minerao (CADEM) entre 1943 e 1964.
Aps a Segunda Guerra Mundial e o golpe contra Getlio Vargas em 1945, inspetores tcnicos brasileiros negavam a condio de insalubridade usando mtodos clnicos que ignoravam o dinamismo do corpo no trabalho e as foras da natureza dentro da mina. Ao invs de usar a medicina para melhorar as condies de trabalho, esses tecnocratas usavam seu conhecimento para sancionar a inao dos empregadores. Higienistas da indstria invalidaram o conhecimento produzido pelos trabalhadores no processo. Enquanto isso, um grande nmero de trabalhadores incapacitados para o trabalho recebia penses baixssimas e era marginalizado enquanto buscava recursos governamentais e da indstria. Os mineiros do estado onde Getlio Vargas havia comeado a construir sua carreira poltica desafiaram a legitimidade dos tribunais do trabalho e fizeram greves em 1945 e 1946, quando ficou evidente o fracasso da mediao trabalhista. Muitos trabalhadores incapacitados sacrificaram seus parcos recursos para ajudar a paralisao da produo. Alguns mineiros incapacitados se aproveitaram da condio de afastados da empresa para apoiar os trabalhadores na ativa. Os trabalhadores conseguiram impor reformas ao escritrio de penses do trabalho, mas os custos financeiros com os incapacitados continuaram a crescer. Com o Golpe de 64, o regime militar acabou forando o CADEM a pagar as dvidas dos mineiros. O ciclo vicioso de incapacitao, endividamento e convulso social continua a marcar a indstria mineira at hoje.
O foco principal deste trabalho a interseo entre a deficincia e a histria das relaes trabalhistas. Ainda que sobre uma base de precariedade, a incapacitao teve funo estratgica na luta sindical destes trabalhadores. O desenvolvimento da previdncia social sob Vargas, ainda que com falhas, possibilitou a luta dos trabalhadores por condies justas de trabalho e servios de sade.
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Diorge Alceno Konrad (UFSM)
Proletariado, Lutas Polticas de Classes e Disputa Eleitoral: o Caso da Liga Eleitoral Proletria (LEP) no Rio Grande do Sul (1934)
Resumo:Em assembleia realizada na sede da Federao Oper...
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Resumo:Em assembleia realizada na sede da Federao Operria do Rio Grande do Sul (FORGS), em 16 de julho de 1934, com mais de quatrocentos operrios, a entidade fundou a Liga Eleitoral Proletria (LEP), com o objetivo de concorrer s eleies daquele ano. O objetivo da entidade era o de congregar todos os trabalhadores, em forma de frente nica, buscando a conquista das reivindicaes mais urgentes de todos os trabalhadores da cidade e do campo, atravs de uma organizao com o carter e com o fundo independente de classe, dentro do esprito da luta de classe. Suas reivindicaes e a carta programtica eram praticamente idnticas s aprovadas pelo Congresso da FORGS, realizado em maio do mesmo ano, em Porto Alegre, com a diferena do objetivo poltico-eleitoral, a fim de, pelo meio do voto, abreviar a sua emancipao final. Inaugurado o perodo de campanha eleitoral, aps o Governo Provisrio e o ocaso das interventorias estaduais, com a retomada democrtica, visando eleies para governadores e deputados constituintes estaduais, a LEP iniciou as suas caravanas pelo interior do estado, visitando vrias cidades, fazendo viagens de propaganda e formando comits da Liga. Aps, formaram-se comits em Pelotas, Rio Grande, Dom Pedrito, o Fundo, Cruz Alta, Cachoeira, Caxias, em uma das caravanas, para o centro do estado, em direo a Cachoeira do Sul, Santa Maria e outras importantes cidades operrias, a Liga, apesar ter sido reconhecida e registrada pelo Tribunal Regional Eleitoral, teve integrantes detidos pela polcia, inclusive em Santa Maria, por Adalardo Soares de Freitas, delegado da cidade e conhecido pelas atitudes repressivas aos movimentos sociais e polticos de oposio ao governo de Flores da Cunha, sendo escoltada de volta a Porto Alegre por soldados da Brigada Militar. Mesmo assim, a LEP foi no desistiu da disputa eleitoral e levou adiante seu programa para a classe trabalhadora do Rio Grande do Sul, sobretudo enfrentando a mquina de propaganda dos dois grandes grupos polticos do estado, de situao e de oposio ao Governo Vargas. Assim, o objetivo deste trabalho revisitar a Liga Eleitoral Proletria de 1934, da sua organizao at o trmino do processo eleitoral, tendo como fonte essencial o jornal A Voz do Trabalhador, rgo de imprensa oficial da FORGS.
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Fabiana Ribeiro de Andrade Junqueira (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
Trabalhadores do Ao na Terra da Cana: os metalrgicos e a formao da classe operria no municpio de Piracicaba (1945-1964).
Resumo:A pesquisa de doutorado, que pretende ser apresent...
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Resumo:A pesquisa de doutorado, que pretende ser apresentada em formato de comunicao no 30 Simpsio Nacional de Histria, vem sendo desenvolvida por mim no IFCH da UNICAMP, sob a orientao do Prof. Dr.Cludio Batalha e recebe financiamento da CAPES. Esta pesquisa tem como objetivo compreender o processo de constituio da classe operria metalrgica no municpio de Piracicaba entre os anos 1945 e 1964. A cidade de Piracicaba, localizada a 170 quilmetros de So Paulo, possui uma trajetria marcada pela conjugao do desenvolvimento agrrio, que ocorreu atravs da plantao da cana-de-acar, com o setor metalrgico. Ao final da Segunda Guerra Mundial, uma fbrica, fundada em 1920 por um imigrante italiano, se expandiu, e gerou inmeras transformaes no municpio. A Dedini, que levava o nome de seu fundador, Mrio Dedini, produzia equipamentos para os engenhos e usinas de acar da cidade, permitindo o avano, ao mesmo tempo em que se beneficiava da cultura canavieira na regio. Entre 1945 e 1964, a empresa aumentou extraordinariamente o nmero de empregados, e foram construdas outras fbricas na cidade no setor mecnico e siderrgico pelo mesmo empresrio. Esta grande expanso, que tornou a Dedini uma das maiores companhias nacionais no setor, foi vivida de diferentes formas pelos trabalhadores. Para a maioria dos operrios do Grupo Dedini, como ficou conhecido este conjunto de empresas, era a primeira experincia no cho de uma fbrica. Advindos do meio rural da prpria cidade, os novos operrios metalrgicos experimentaram diversas mudanas em sua localidade, como a expanso da rea urbana e formao de um bairro operrio. O cotidiano fabril imps a necessidade de se organizarem, e foi nesse perodo que fundaram o seu sindicato e deflagraram as suas primeiras greves setoriais. Em meio ao conturbado processo de redemocratizao, os metalrgicos de Piracicaba articularam seu presente agrcola a nova realidade industrial, se fazendo em suas prprias experincias, na luta pela efetivao da democracia e dos direitos no mundo do trabalho. Buscando ampliar as discusses no mbito historiogrfico sobre os trabalhadores do campo e da cidade, e, ao mesmo tempo, analisando a histria a partir da perspectiva dos operrios, essa pesquisa parte da hiptese de que houve uma interao importante entre o mundo rural e industrial na constituio da classe operria no Brasil, sobretudo nas cidades do interior paulista e especificamente no municpio de Piracicaba, e que precisa ser mais bem investigada. A pesquisa tambm pretende contribuir para os debates sobre a formao da classe operria nas pequenas e mdias cidades e ampliar nosso conhecimento sobre o processo de industrializao ocorrido nas cidades do interior do pas durante as dcadas de 1940-1960.
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Fernando Cauduro Pureza (Universidade Federal da Paraba)
Em busca de uma baleia branca a greve dos pescadores de baleia em Costinha, PB (1961)
Resumo:Em julho de 1961, o jornal O Estado de So Paulo n...
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Resumo:Em julho de 1961, o jornal O Estado de So Paulo noticiou, a partir de um correspondente em Joo Pessoa, uma inusitada greve de pescadores no municpio de Santa Rita, na Paraba. Esses, contudo, no eram pescadores quaisquer, eram pescadores envolvidos na pesca da baleia, um item cuja demanda aumentara significativamente entre os anos de 1960-1963 em muitos mercados brasileiros. A ausncia de maior documentao, contudo, no permite uma anlise especfica sobre a ao dos grevistas e h poucos indcios do impacto da greve na regio. A greve dos pescadores em Costinha, na poca um distrito de Santa Rita, tornou-se (para empregar uma metfora literria) uma busca pela baleia branca que, ainda que no se encontre maiores registos, possvel lanar luz de uma srie de informaes fragmentrias sobre uma categoria pouco conhecida no mundo do trabalho brasileiro do sculo XX que a dos pescadores de baleia.
Considerando que entre 1960 e 1963, empresas conglomeradas japonesas como a Taiyo Fishing Company e a Nippon Reizo Kabushiki Kaisha vieram ao Brasil e se instalaram em cidades como Cabo Frio e Santa Rita, uma nova forma de explorao do trabalho alterou as formas comunitrias e tradicionais nas quais muitos desses pescadores organizavam suas atividades no mar. Como destaca matria jornalstica da historiadora Myriam Ellis no Estado de So Paulo em maro de 1964, uma nova diviso do trabalho havia sido estabelecida na pesca da baleia, separando os trabalhadores a partir da identidade nacional; de um lado, havia os trabalhadores japoneses, capites, engenheiros, arpoadores, todos com trabalhos mais especializados e prestigiados e de outro, por sua vez, ficavam os brasileiros, s a trabalhos de menor prestgio, como copeiros e cozinheiros, geralmente com alguma marca de acidente de trabalho, indicando a periculosidade da pesca em alto mar.
Para alm dessa diviso, Edmundson e Hart (2014), ao analisarem a pesca da baleia no perodo, acabaram destacando que a entrada das empresas japonesas foi marcada tambm por uma srie de tenses sobre direitos de pesca no litoral brasileiro e disputas com as comunidades locais. Em certa medida, somados a conflitos de ordem trabalhista registrado pelos autores, h indcios substantivos de que houve uma profunda resistncia local, articulada e estruturada na luta por direitos. Porm, h poucos vestgios dessa e de outras greves na imprensa paraibana. A nota encontrada em um jornal de So Paulo apenas um relampejo que permite vislumbrar aes de resistncia numa categoria pouco conhecida ainda entre os historiadores.
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Glaucia Vieira Ramos Konrad (UFSM)
Luta por Direitos da Mulher Trabalhadora no Estado Novo do Rio Grande do Sul (1937-1945)
Resumo:Durante o Estado Novo (1937-1945), no Rio Grande d...
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Resumo:Durante o Estado Novo (1937-1945), no Rio Grande do Sul, a atualizao da legislao trabalhista e social procurava resolver o conflito entre capital e trabalho pela harmonia social, criando um aparato jurdico-corporativo que submetia a vida sindical ao Ministrio do Trabalho e a Inspetoria Regional do Trabalho. Porm, antes de ser uma doao do Estado, a conquista dos direitos resultou da resistncia e da luta dos trabalhadores pela garantia das mnimas condies de vida e trabalho, especialmente da mulher trabalhadora. Neste perodo, argumentamos que no existiu um hiato na histria de lutas das trabalhadoras, estabelecendo que as relaes entre os sindicatos e o Estado, entre as no-sindicalizadas e a sociedade, apresentaram momentos de menor ou maior reao, porm, nunca de conformismo. A construo de um discurso de identidade nacional, acompanhado da represso (veja-se os inmeros exemplos da perseguio aos italianos e alemes no Rio Grande do Sul) no eliminou, como pretendiam os governantes, as expresses de outras identidades alm da nacional, principalmente as de classe, as tnicas e as de gnero, em particular. Atravs de pesquisa sobre fontes trabalhistas e outras, especialmente de Santa Maria RS, o objetivo da comunicao mostrar as formas de como as trabalhadoras rio-grandenses leram o discurso do Estado Novo em relao sua classe e como reagiram em defesa de seus direitos e nas especificidades de suas lutas em sua formao histrica. Desta forma, entender como se estabeleceram as relaes de gnero nos locais de trabalho, as formas de sociabilidade e tambm, mesmo que de forma fragmentada, a possibilidade de conhecer e reconhecer as mulheres como sujeitos histricos. Assim, esta comunicao pretende destacar que as demandas decorrentes ao mundo do trabalho, representavam a luta dos trabalhadores em mbito mundial pelo reconhecimento de seus direitos, tiveram suas especificidades, em relao s mulheres trabalhadoras, para garantir, na prtica, o que estava na letra da lei, como salrio mnimo, frias, indenizao, aposentadoria, regulamentao do trabalho da mulher, dos domsticos, abono famlia, educao, sade, moradia, transporte, etc.
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Joana Maria Lucena de Arajo (Arquivo TRT/UFPE)
Trabalhadores Rurais e a Justia do Trabalho: Relaes de poder na Zona da Mata de Pernambuco (1963-1968)
Resumo:Os trabalhadores rurais s puderam contar com uma ...
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Resumo:Os trabalhadores rurais s puderam contar com uma legislao trabalhista, que atendesse de forma especfica as suas demandas, em 1963 com a aprovao do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR). Contudo, isso no quer dizer que a relao entre trabalhadores e patres no se dava sem desafios e teses, nem que a Justia era uma opo completamente vetada a esta classe. Trabalhadores rurais recorriam a Justia comum quando tinham seus direitos bsicos desrespeitados, mesmo tendo que enfrentar contextos desfavorveis pela presso dos donos de engenhos e usinas.
O fato de existirem vestgios dessa luta demonstra que preciso ser problematizar a ideia de que o trabalhador rural, especialmente do Nordeste, no tinha nenhum tipo de expresso social e poltica, era apenas um sujeito da arbitrariedades do Estado e dos patres.
A fonte documental que nos permitiu a anlise dessa temtica foram os processos trabalhistas da Junta de Conciliao e Julgamento de Nazar da Mata. Os processos trabalhistas provenientes desta Junta foram escolhidos porque possuem uma gama de situaes que montam um rico panorama sobre as relaes de trabalho no campo. Mais de 90% das reclamaes trabalhistas ali registradas envolvem trabalhadores rurais. Tambm por se tratar de um volume documental considervel (so mais de 20.000 processos que vo de 1963 a 1985). Ainda se destaca a presena, nos municpios abrangidos por esta Junta, de grandes empresas do setor sucroalcooleiro como a Pessoa de Melo Indstria e Comrcio S/A, proprietria da Usina Aliana.
Concentramos nossos estudos naqueles trabalhadores que, de alguma forma, ousaram desafiar o status quo e enfrentaram patres e es em busca de melhores condies de vida e trabalho. Estaremos atentos para identificar e estudar esses enfrentamentos e embates ocorridos no cotidiano e representados nas narrativas dos processos.
O trabalho com essa fonte tambm possibilita outras anlises que am desde o papel do Estado na negociao entre trabalhadores e patres (que podem ser analisados a luz dos dissdios coletivos assinados nas dcadas de 1960 e 1970) e a discusso sobre o papel que a Justia do Trabalho cumpre na vida dessa camada da populao que durante o estado de exceo, tem seus espaos de reivindicao drasticamente reduzidos.
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Lucas Neves Garcia Ledo
Memrias atmicas: explorao das areias monazticas no distrito de Cumuruxatiba e a presena da Comisso Nacional de Energia Nuclear (1962-1972)
Resumo:Por volta do incio dos anos sessenta, o pequeno d...
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Resumo:Por volta do incio dos anos sessenta, o pequeno distrito de Cumuruxatiba, municpio de Prado, localizado no extremo sul da Bahia, recebia em sua comunidade - aps o encerramento das atividades da Sociedade Comercial de Minrios LTDA (SULBA S/A) - a mais nova entidade responsvel pela gerncia da explorao das areias monazticas no Brasil: a COMISSO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Nesse perodo, momento em que CNEN ava a ter monoplio sobre a produo minerais radioativos, Cumuruxatiba era uma pacata vila de pescadores, de o precrio e sem ligaes interiores com os grandes centros, sobrevivendo basicamente de atividades extrativistas. Segundo informaes do IBGE, o distrito a essa poca, contava, com pouco mais de 2.200 habitantes. Tudo indica que as atividades da CNEN, que aparentemente foram encerradas por volta de 1972, materializou-se em uma importante fonte de trabalho para a localidade.
Destarte, acreditando que a presena da CNEN, oportunizou, atravs do funcionamento de uma usina de beneficiamento primrio de minrios (conhecida como Usina de Cumuruxatiba), relaes socioeconmicas e culturais no distrito de Cumuruxatiba, principalmente, relaes de trabalho com seus habitantes, essa comunicao, visa compartilhar o andamento da pesquisa Memrias atmicas: explorao das areias monazticas no distrito de Cumuruxatiba e a presena da Comisso Nacional de Energia Nuclear (1960-1972), que tem como principal objetivo analisar aspectos da memria desses trabalhadores (a), especificadamente, a construo da memria acerca da presena da CNEN e de suas atividades voltadas para a minerao das areias monazticas no distrito de Cumuruxatiba, principalmente, os significados que as relaes de trabalho, e a prtica de minerar a monazita, podem tomar ao serem reelaboradas por esses sujeitos a partir do presente.
A metodologia para a produo e uso de fontes orais, bibliografia sobre o histrico de explorao de minerais radioativos (monazita) no Brasil e na Bahia, subsdios tericos para o conceito de memria/memria coletiva (Halbwachs, Pollack, Bosi), juntamente com o cruzamento de outros tipos de fontes (recortes de jornais, fotografias, relatrios, estudos estatstico, etc.) so alguns dos recursos imprescindveis para essa pesquisa.
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LUIZ HENRIQUE SANTOS FERREIRA DA COSTA
Ter pertencido s Ligas Camponesas motivo de demisso por justa causa? A batalha de um trabalhador rural em busca de direitos.
Resumo:O presente artigo analisa o caso de um trabalhador...
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Resumo:O presente artigo analisa o caso de um trabalhador rural que recorreu Justia do Trabalho em novembro de 1964. Antnio Cordeiro Gomes, empregado do engenho Serraria localizado no municpio de Vitria de Santo Anto, entrou com uma ao contra seu patro, Alfredo Guerra. O mesmo reclamou indenizao, frias, 13 ms e aviso prvio, pois foi itido nos servios em agosto de 1958 e dispensado em julho de 1964 sem nenhuma justificativa e sem as devidas indenizaes. O Sr. Antnio foi demitido junto a 17 trabalhadores filiados s Ligas Camponesas. Apesar de no ter filiao com o movimento, o processo traz tona a memria das Ligas como um movimento subversivo, que agitava o campo e colocava trabalhadores contra patres. preciso compreender de que forma as memrias do movimento que foi reprimido e desmobilizado a partir da ditadura civil militar foram operacionalizadas pela defesa do reclamado para tentar deslegitimar o reclamante e sua busca por direitos. Este artigo tambm analisar o funcionamento da Justia do Trabalho e como a questo das Ligas Camponesas percorre o processo a fim de associar o Sr. Antnio Cordeiro ao movimento e conhecidos membros das Ligas, como Luiz Serafim dos Santos, ex-presidente das Ligas Camponesas de Vitria de Santo Anto, amplamente noticiado na grande imprensa como subversivo, agitador vermelho e testa de ferro de Francisco Julio. Essa tentativa de associao do trabalhador rural com um conhecido agitador configurava uma estratgia para gerar desconfiana que servia para que o homem do campo fosse visto como subversivo e assim, tentar dirimir os direitos trabalhistas e desmerecer o seu pleito. preciso entender que as fronteiras entre agitao, subverso e comunismo eram prximas, levando em considerao o regime civil militar, era perigoso para o trabalhador ser taxado de agitador diante do tribunal, pois abria margem para que os Juzes pedissem diligncias para investigar na Delegacia Local, Secretaria de Segurana Pblica e no IV Exrcito se havia algum registro de atividades consideradas subversivas, o que poderia lev-lo priso, tortura e at a morte. Ser utilizado como fonte documental o processo trabalhista sobre o caso exposto acima, que compe o acervo da Justia do trabalho localizado no TRT/PE-6 Regio/UFPE e jornais de grande circulao que trazem matrias relacionadas aos acontecimentos dessa trama.
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Paulo Fontes (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
O golpe, a revanche patronal e a greve dos pelegos: Metalrgicos em So Paulo, 1964-1965
Resumo:Caiu como um castelo de cartas. Desta forma, o G...
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Resumo:Caiu como um castelo de cartas. Desta forma, o General Golbery do Couto e Silva, um dos conspiradores e articuladores do golpe militar de 1o de abril de 1964, referiu-se relativa facilidade com que o Presidente Joo Goulart foi deposto. A frgil resistncia, que surpreendeu muitos dos golpistas, e a rapidez da derrota, marcaria fortemente a memria e a anlise acadmica sobre o golpe de 1964. Os trabalhadores e seus sindicatos, um dos principais esteios de apoio do governo Jango, foram rapidamente culpabilizados e ridicularizados pela decepcionante reao e ausncia de organizao para enfrentar os golpistas. Seriam, numa expresso que se tornou famosa, gigantes com ps de barro. As supostas fragilidades organizativas, a excessiva dependncia do Estado e a despolitizao dos trabalhadores seriam computadas em inmeras anlises polticas e acadmicas ao longo dos anos 1960 e 1970, como algumas das principais razes para a vitria golpista. Ao analisar o emblemtico caso dos metalrgicos paulistanos, esta comunicao revisita o impacto do golpe militar-civil de 1964, buscando estudar de forma mais densa e detalhada o movimento sindical naquela conjuntura. De um lado, sero destacadas as primeiras medidas tomadas contra o sindicato, a intensa represso, as perseguies contra dirigentes e ativistas, a interveno na entidade, bem como o cotidiano de medo nos locais de trabalho desencadeado pela revanche dos patres. Por outro, o estudo procurar jogar luz em aspectos ainda pouco explorados na literatura sobre a ditadura brasileira, em particular em seus primeiros anos. As formas de resistncias pblicas e nos espaos de trabalho, as paralisaes e a insatisfaes com o novo regime, as tentativas dos interventores e autoridades trabalhistas em manter a normalidade sindical e as contradies e paradoxos que emergiam em suas relaes com empresrios, com o aparato repressivo e com os trabalhadores em geral so algumas das questes que sero exploradas. Particular ateno ser dada para as ambiguidades e tenses envolvidas na pouco conhecida greve geral da categoria desencadeada durante a campanha salarial dos metalrgicos da cidade de So Paulo em 1965.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Camila Maria de Arajo Melo (Professora Rede Particular)
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Cabo, em Pernambuco, e as greves entre 1966 - 1968: A liderana de Joo Luis da Silva, "O novo Julio"
Resumo:Entre os anos de 1966 e 1968, ocorreram trs greve...
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Resumo:Entre os anos de 1966 e 1968, ocorreram trs greves na zona rural do municpio do Cabo de Santo Agostinho, zona da mata pernambucana. Com a interveno ps golpe civil militar de 1964 do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Cabo pelo Servio de Orientao Rural de Pernambuco, Joo Luis da Silva mesmo possuindo entre 23 e 25 anos no perodo analisado assumiu a presidncia com a indicao do padre Antnio Melo. Contudo, Joo Luis e a equipe istrativa e jurdica do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Cabo, ao contrrio das vontades do clrigo, conseguiram incomodar diversas instituies privadas e pblicas, ao utilizar as leis anteriores e posteriores 1964 como alavancas que auxiliavam a busca pelos direitos dos camponeses no Estado de exceo. A maior parte dos discursos do lder campons voltava-se para denunciar os maus tratos e pssimas condies de trabalho que a sua categoria sofria naquele perodo, de forma a agregar diversos camponeses para os embates contra os seus empregadores. Por meio da anlise das greves, esta comunicao buscar ressaltar quais foram os instrumentos de resistncia utilizados pelos trabalhadores rurais em pleno regime de exceo imposto pela ditadura militar, visto que o direito de greve causou receios em alguns rgos jurdicos e militares, dado que tal dispositivo de luta poderia ser disseminado em outras localidades do Brasil, pois, se um sindicato conseguiu constru-las, outros tambm poderiam. Desta forma, o governo militar procurou resolver as questes dos trabalhadores rurais atravs de instituies como a Delegacia Regional do Trabalho, o Instituto Brasileiro da Reforma Agrria, Instituto do Acar e do lcool, entre outros , antes que as greves fossem instauradas. Contudo, mesmo com essas organizaes empenhadas na soluo dos problemas do campo, os patres no quitaram as dvidas e no melhoraram as condies de trabalho e Joo Luis, como um sindicalista empenhado nas lutas dirias de sua categoria, liderou as greves em favor dos direitos dos camponeses em plena ditadura militar. Atravs das fontes documentais, para esta comunicao realizamos uma anlise do percurso do jovem lder campons que, em pleno ano de 1968, chegou a ser comparado pela revista O Cruzeiro como O novo Julio.
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Csar Augusto Bubolz Queirs (Universidade Federal do Amazonas)
Amaznia em Armas: luta e resistncia contra a ditadura militar no Amazonas
Resumo:A histria da Ditadura Militar no estado do Amazon...
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Resumo:A histria da Ditadura Militar no estado do Amazonas ainda carece de estudos. H uma grande lacuna sobre o perodo e a disputa pela memria sobre a ditadura est em aberto. Muito ainda h se pesquisar acerca dos impactos da Ditadura Militar sobre a Amaznia e sobre o estado do Amazonas. Existe uma crena generalizada de que a regio no sofreu com a represso, a censura e o autoritarismo. Ledo engano!
Desde muito cedo, a regio sofreu os impactos da ditadura que se instalava. Na primeira lista de cidados que tiveram mandatos e direitos polticos cassados em decorrncia do Ato Institucional n I, em 10 de abril de 1964, j estavam os nomes do ex-governador Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo e do deputado federal Almino Monteiro.
No incio de maio, o deputado Federal Arlindo Porto (PTB) teve seu mandato cassado aps reunio ordinria da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM), tendo sido preso logo em seguida. Os vereadores Manuel Rodrigues da Silva, ex-dirigente do Sindicato dos Estivadores, e seu suplente Othon Mendes, e Nathanael Rodrigues, tambm tiveram seus mandatos cassados na Cmara de Vereadores de Manaus.
Em 14 de junho, foi a vez do governador Plnio Ramos Coelho (PTB) ter seu mandato cassado e seus direitos polticos suspensos por dez anos. No entanto, mesmo com a deposio, o ex-governador no teve descanso. Em virtude das denncias de corrupo sobre a constituio de uma sociedade annima com o nome de Paranauari feitas pelos deputados da oposio parlamentar durante seu governo, em 10 de agosto de 1964,
Embora os impactos da ditadura militar tenham sido sentidos desde os primeiros momentos do golpe, h uma profunda invisibilidade sobre a represso ocorrida no estado e as formas de resistncia. Nesse sentido, nessa comunicao pretendo discutir brevemente essa invisibilidade a partir da anlise de uma tentativa de guerrilha ocorrida no Amazonas no ano de 1967 e que foi fartamente documentada em um Inqurito Policial Militar e pela imprensa da poca. A partir desse episdio quixotesco, pretendemos lanar luzes sobre a resistncia ditadura militar no Amazonas, procurando demonstrar que havia grupos e indivduos que no compactuavam com o autoritarismo do governo e que empenhavam seus esforos e recursos financeiros na luta contra a Ditadura. Esse episdio, divulgado na imprensa como o crime do motor Antnio Alberto, permite uma ampla anlise sobre as formas de resistncia que estavam sendo organizadas e, em um contexto marcado pelo simbolismo da guerrilha impulsionada por Che Guevara e por sua morte, proporciona uma reflexo sobre a integrao latino-americana.
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Clarisse dos Santos Pereira
A discusso parlamentar da Previdncia Rural e a pretenso de legalidade democrtica da ditadura civil-militar (1971)
Resumo:A previdncia social para os trabalhadores rurais ...
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Resumo:A previdncia social para os trabalhadores rurais foi aprovada pelo Congresso Nacional em maio de 1971, a partir de um projeto de lei proposta pelo poder executivo, que naquele momento era ocupado por Emlio Garrastazu Mdici. Aps oito anos da aprovao do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), em 1963, a Lei Complementar n 11 finalmente regulamentava o Fundo de Assistncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL), previsto no ETR e, alm da previdncia, a nova legislao estabelecia tambm assistncia mdica, penses e outros benefcios aos trabalhadores do campo. A discusso parlamentar que sancionou esta Lei Complementar aconteceu em um curto espao de tempo, entre abril e maio de 1971, mas suscitou acalorados debates e, em determinados momentos, provocou at mesmo conflitos entres os senadores e deputados do MDB e da ARENA. O terceiro governo da ditadura civil-militar muitas vezes reconhecido como um dos perodos mais violentos e repressivos dentro do estado de exceo que se instaurou no Brasil aps o golpe de 1964. Ao mesmo tempo, o governo de Mdici alcanou uma alta popularidade e procurou estrategicamente alinhar programas e aes de governo dos mais diversos segmentos sociais na busca por legitimidade e, mais ainda, almejando construir uma aparncia de legalidade democrtica ao regime autoritrio. O objetivo deste trabalho analisar as colocaes e discursos que os parlamentares membros dos dois blocos partidrios das casas legislativas apresentaram no fatdico dia 13 de maio de 1971, dia da votao e aprovao da Lei Complementar n 11. Esta anlise nos ajuda a compreender como os discursos proferidos no Congresso Nacional faziam parte de uma rede de articulao poltica que tinha como um dos seus objetivos fabricar a aparncia de um estado democrtico. De um lado, os parlamentares emedebistas contestavam as articulaes entre arenistas e poder executivo. No entendimento da oposio, os governistas privilegiavam os projetos apresentados pelo executivo, votando-os em tempo recorde; ao mesmo tempo, acusavam os congressistas da ARENA de recusarem as propostas apresentadas pelo MDB, reapresentado-as com a autoria do partido do governo, construindo a aparncia de uma fora parlamentar. Do outro lado, os deputados e senadores vinculados ao partido do governo, ARENA, buscavam, partir dos seus discursos, deslegitimar as manifestaes dos oposicionistas, e construir o entendimento de que o Brasil era governado democraticamente a partir de uma maioria parlamentar, posio ocupada pelos arenistas naquele momento histrico.
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Gustavo Galvo Portela Melo (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
Anticomunismo,represso e direitos: Manoel Braga da Cunha na Justia do Trabalho
Resumo:Esta pesquisa apresenta como foco de anlise um pr...
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Resumo:Esta pesquisa apresenta como foco de anlise um processo trabalhista referente a JCJ de Nazar da Mata, no ano de 1980, em que o delegado sindical no municpio de Nazar da Mata em Pernambuco, Manoel Braga da Cunha, apresentou uma reclamao contra o Engenho Diamante. O trabalhador narra Delegacia Regional do Trabalho, que aps ter sido eleito como delegado sindical em 1978, ou a sofrer diversas formas de perseguio pelo arrendatrio do referido engenho, Luiz Gonzaga Farias. Neste processo, o trabalhador rural tachado de comunista e agitador pelo arrendatrio do engenho em que trabalhava. Tambm na reclamao trabalhista, Manoel Braga da Cunha afirma ter sido fotografado por agentes do proprietrio rural para levar as imagens ao IV Exrcito. O documento da Justia do Trabalho indica trilhas a serem seguidas para que se tenha uma maior dimenso da situao em que Manoel Braga da Cunha estava inserido e que contribuiu para construo da narrativa histrica aqui apresentada. No primeiro captulo, foi analisado neste trabalho o discurso anticomunista no Brasil, onde se destacou os diversos momentos de efervescncia desse sentimento em determinados setores da sociedade brasileira. Os mecanismos da violncia nos engenhos pernambucanos, e a atuao de instituies como a Igreja Catlica, os Sindicatos e a Justia do Trabalho neste entrelaamento tambm foram trabalhados de forma a destacar a complexidade dos atores envolvidos. No segundo captulo, foi feita uma anlise de reportagem do peridico Dirio de Pernambuco sobre a violncia durante a greve dos trabalhadores rurais de 1980 e que cita um caso de violncia ocorrido contra Manoel Braga da Cunha. Alm disso, foi posta em discusso a atuao da Justia do Trabalho, envolvida em um paradoxo que limitava a superexplorao da fora de trabalho, ao mesmo tempo em que, por meio do acordo conciliatrio, contribua para o no pagamento dos direitos trabalhistas pro parte dos proprietrios. Desta forma, o cruzamento da documentao foi de fundamental importncia para a realizao desta pesquisa, trazendo a trajetria de luta e resistncia de um trabalhador rural na Zona da Mata pernambucana para o campo historiogrfico.
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Jos Roberto Franco Reis (Fundao Oswaldo Cruz)
Corporativismo, cidadania regulada e o fantasma da classe ausente na reforma sanitria brasileira durante a transio democrtica (1970-1980)
Resumo:O final dos anos 1970 e os anos 1980 constitui o ...
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Resumo:O final dos anos 1970 e os anos 1980 constitui o momento chave de emergncia de um pujante movimento operrio brasileiro em torno do que veio a ser conhecido como Novo Sindicalismo, que surge na regio do ABC paulista mas que depois se dissemina para outras regies do pas, bem como de fundao da CUT em 1983. Do mesmo modo, nesse perodo tambm que se observa o processo histrico de emergncia da chamada Reforma Sanitria, que lana as bases de uma transformao vigorosa no sistema de sade no Brasil, nos termos do reconhecimento da sade como um direito universal , com o pblico, gratuito e igualitrio, que se consolida atravs da instituio do SUS na Constituio de 1988 e que envolveu uma forte atuao poltica dos atores que militavam na rea de sade, ou seja: sanitaristas, intelectuais progressistas dos departamentos de medicina preventiva das Universidades, a burocracia pblica que ocupa certos espaos que se abrem com redemocratizao, o movimento popular pela sade, o movimento de renovao mdica. No entanto, a literatura de um modo bastante consensual, tem apontado a incipiente e frgil base de apoio ao movimento de reforma sanitria e ao SUS entre os sindicatos de trabalhadores, que teriam em boa medida se mobilizado para obter planos e seguros privados de sade, aquilo que o sanitarista Srgio Arouca, uma das maiores referncias do processo de reforma sanitria, nomeou como o fantasma da classe ausente. A consequncia disso, de acordo com parte importante da literatura, apontaria para o fato de que os trabalhadores organizados ao fazerem tal opo, acabariam por repor uma dita cultura da diferenciao em detrimento de uma cultura de solidariedade no mbito da sade, ou seja, a defesa de um padro de assistncia segmentado, diferenciado, cujo o se daria atravs de servios privados de sade e no do sistema pbico - obtido nas negociaes coletivas com os setores patronais. O que expressaria, conforme tais estudos, a continuidade de uma determinada marca do que podemos chamar de cultura de direitos do trabalho no Brasil, atravessada pelo pecado de origem do corporativismo, a estrutura sindical corporativa, proveniente da tradio trabalhista/varguista brasileira, de modo a reatualizar, ainda que em novas bases, o modelo de proteo social implantado desde os anos 30, caracterizado como cidadania regulada, na formulao j clssica de Wanderley Guilherme dos Santos. Nosso objetivo, ento, busca refletir sobre as razes da suposta ausncia - ou limitado envolvimento - do movimento de trabalhadores organizados no processo de constituio da Reforma Sanitria empreendida no Brasil no final dos anos 1970 e ao longo dos oitenta e as consequncias disso nas lutas pelo direito universal sade.
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Karlene Sayanne Ferreira Arajo
O novo Nordeste e o novo trabalhador: A fbrica Willys Overland em Pernambuco
Resumo:O presente trabalho estuda a fbrica de automveis...
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Resumo:O presente trabalho estuda a fbrica de automveis, Willys Overland do Brasil instalada no municpio de Jaboato- Pernambuco. Nosso objetivo entender as dinmicas polticas e sociais produzidas com a implantao da primeira fbrica de carros no Nordeste do Brasil, relacionando-as com os discursos de modernizao e desenvolvimento colocados em circulao pela ditadura militar ps 1964. Tambm nosso objetivo estudar a participao dos Estados Unidos e de suas alianas polticas com o Estado brasileiro a partir da instalao da Willys em Pernambuco. Assim como, entender as mudanas promovidas por essa nova forma de produo econmica em uma regio na qual a fora de trabalho, era predominantemente, pertencente ao campo. A Willys Overland chega para produzir carros em Pernambuco no ano de 1966. Os discursos propagados pela fbrica estavam alinhados aos discursos dos militares de crescimento, desenvolvimento, modernizao, integrao, unio e do novo. A atuao da Willys transformaria a regio e os seus trabalhadores. As propagandas nos jornais diziam de um novo Nordeste. Os discursos concediam a Willys o status de impulsionadora e investidora por acreditar no potencial, principalmente no potencial humano, da regio. A Willys proporcionaria o direito civilizao e a novas condies de trabalho para os trabalhadores da regio. O discurso era pautado na grandeza do povo, baseada no trabalho e no desejo de progresso. Nosso objetivo neste trabalho entender como a Willys atua em Pernambuco. Entender os discursos, as propagandas, como se deu a isso da mo de obra. A partir dos processos trabalhistas da junta de Conciliao e Julgamento de Jaboato (1966-1973), buscaremos apresentar os novos disciplinamentos cotidianos impostos ao trabalhador que saiu do trabalho rural e ou a trabalhar na indstria automobilstica, relacionando-os com as mudanas das leis trabalhistas operadas pela Justia do Trabalho no perodo de ditadura militar no Brasil. Tomamos como documentao, jornais, revistas, processos trabalhistas, documentos da SUDENE, censos demogrficos, arquivos do Departamento de Estado Norte Americano e entrevistas realizadas com ex trabalhadores da fbrica.
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Luiz Fernando Mangea da Silva (Secretaria Estadual de Educao)
A Pastoral Operria e o mundo trabalho: um espao de interveno constitudo por catlicos e por operrios a partir de 1978
Resumo:Do ponto de vista poltico-social, a criao da Pa...
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Resumo:Do ponto de vista poltico-social, a criao da Pastoral Operria pode ser entendida como uma proposta de interveno da Igreja no mundo do trabalho. Esse processo de conscientizao e de formao proposto pela Pastoral Operria deveria ser desenvolvido no campo oposto ao que era desenvolvido pela ditadura militar. Enquanto esta trabalhava para desarticular e isolar os sindicatos, aquela trabalhava na orientao, na capacitao, na articulao e na democratizao das decises dos trabalhadores dentro dos sindicatos. A Comisso Pastoral da Terra e a Pastoral Operria trabalhavam em conjunto como forma de ajudar a organizar e a defender os direitos dos trabalhadores rurais. Esses trabalhadores do campo tambm eram vtimas da poltica agrria da ditadura militar. O governo deixava posseiros e pequenos agricultores merc dos interesses dos grandes proprietrios de terras. Assim como nos grandes centros urbanos a polcia e o judicirio se colocavam a servio do Estado ou do grande capital, no campo se colocavam ao lado dos fazendeiros que desejavam expulsar os posseiros e adquirir mo de obra barata. No ano de 1976, realizou-se o Seminrio da Arquidiocese de So Paulo, no bairro do Ipiranga, o I Encontro Nacional da Pastoral Operria. Nesse encontro, os os traados nos encontros regionais foram analisados, chegando concluso de que a Igreja por meio das aes deveria criar um instrumento que fosse capaz de informar com preciso a situao poltica e social dos trabalhadores e com sua fora missionria para atuar junto a esses operrios. No ano seguinte, em novembro de 1977, ocorreu o II Encontro Nacional da Pastoral Operria, com a participao de diversos agentes pastorais e militantes da classe operria de vrias regies do pas. A equipe executiva da Pastoral Operria, desde seu incio em 1979, buscou criar uma ampla rede de atuao com outros movimentos da Igreja, a fim de intercambiar com outras experincias na construo de uma sociedade onde os trabalhadores e outros movimentos populares pudessem participar das decises do poder com voz e voto. Para atuar com mais preciso na transformao social as comisses regionais, estaduais e a nacional deveriam aprofundar-se nos problemas sociais que atingiam a vida, o cotidiano, as lutas e as organizaes dos trabalhadores que viviam no campo e na cidade. A pastoral era uma organizao da Igreja, que tinha como premissa afastar os trabalhadores das ideologias de esquerda. O propsito no era de discriminao da luta dos trabalhadores e nem descaracterizar a identidade da organizao dos operrios como os sindicatos.
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Renata Borba Cah Siqueira
s margens da proteo trabalhista: canavieiras e canavieiros clandestinos nos processos judiciais da Junta de Conciliao e Julgamento de Catende, anos de 1970
Resumo:Nos anos de 1960 e 1970 um fenmeno ganhou vulto n...
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Resumo:Nos anos de 1960 e 1970 um fenmeno ganhou vulto nos campos brasileiros, o chamado trabalhado clandestino. Tal modalidade de relao de trabalho estava entrelaada com as mudanas produzidas por uma poltica econmica que promovia incentivos para alteraes em reas tcnicas das agroindstrias nacionais. As mecanizaes do processo produtivo, em conjunto com as caractersticas inerentes da plantation, alteraram as relaes de trabalho no campo. As referidas mudanas tiveram como trao fundamental a acentuada explorao da fora de trabalho de homens e mulheres rurcolas; tal pressuposto pde ser constatado a partir da anlise de mais de setecentos processos trabalhistas impetrados por canavieiros e canavieiras da Usina Catende S/A, na Junta de Conciliao e Julgamento de Catende (anos de 1970), salvaguardados no Laboratrio Memria e Histria TRT 6 Regio/UFPE. As manifestaes da superexplorao apresentavam-se das mais variadas formas. Entre elas destacava-se, por sua constncia, a referncia ao exerccio laboral na condio de clandestinos. Os nmeros indicavam a presena patente de trabalhadores e trabalhadoras rurais nessa situao. No conjunto das fontes estudadas, existiam muitas menes ao fato de: diversos empregados e empregadas do campo, aps terem ado alguns anos a trabalhar em uma situao regular como fichados, sem nenhuma justificativa legal por parte da istrao da agroindstria, foram arregimentados para prestarem servios exclusivamente pelo intermdio de empreiteiros. Portanto, sem a anotao de suas carteiras profissionais. Na redao inicial dos autos dos processos afirmava-se: que prestavam servios para a Usina pelo intermdio de seus testas de ferro (empreiteiros). Nesta ocasio, mesmo ado quase uma dcada da instituio do Estatuto do Trabalhador Rural (1963), que fixava a obrigatoriedade da da carteira profissional para o exerccio da atividade de trabalhador rural (TTULO II; Art. 11), na prtica a sua aplicao no era devidamente efetuada. O presente estudo tem como objetivo discutir como os canavieiros e canavieiras da Usina Catende S/A, nos anos de 1970, foram postos s margens da proteo trabalhista, quando aram a exercer suas atividade laborais na condio de clandestinos. O mtodo privilegiado na produo deste estudo foi o da Histria Serial.
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Rodrigo Jos da Costa (Universidade Federal de Alagoas - UFAL)
O PCB, o Sindicalismo e os Movimentos Sociais em Alagoas (1980 -1990)
Resumo:O objetivo dessa comunicao examinar a relao ...
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Resumo:O objetivo dessa comunicao examinar a relao do Partido Comunista Brasileiro com o sindicalismo e os movimentos sociais em Alagoas durante a dcada de 1980. A ateno recair inicialmente na configurao do movimento sindical brasileiro na transio da dcada de 1970 para a seguinte, compreendendo o processo de criao das centrais sindicais, a Central nica dos Trabalhadores de um lado e, de outro o Comando Geral dos Trabalhadores. Em seguida faremos uma anlise das dificuldades enfrentadas pelo PCB alagoano nas suas tentativas de insero no movimento gremial no estado. Conclumos apresentado o difcil processo de rompimento dos pecebistas com a CGT e a sua adeso a CUT. Quando o PCB alagoano se reestruturou no incio dos anos 1980 se, por um lado conseguiu ao longo da dcada se inserir, paulatinamente, na esfera poltica, galgando espaos de atuao, sobretudo depois de conseguido o registro legal em 1985, o inverso ocorreu com a sua presena nos movimentos sociais de uma forma geral e, no sindical de maneira especfica. Resgatar a atuao sindical do PCB alagoano na dcada de 1980 requereu captar as pequenas pistas deixadas nos documentos produzidos, alm de recorrer indiretamente s publicaes dos sindicatos com os quais o Partido manteve estreitas relaes. Essa dificuldade de reconstituio, por si s, j oferece um indicativo dos problemas enfrentados na conduo de uma esfera estratgica como era a sindical para uma agremiao como o PCB, que pensava a si prprio como a representao por excelncia da classe operria. Assim, procuramos apontar as estratgias do PCB, a nvel nacional e estadual, para enfrentar as demandas que se apresentaram ao longo do perodo, bem como as respostas, e porque no incompreenses, formuladas por seus militantes. Nossa explanao seguiu o caminho de reconstituir a atuao do Partido no mundo poltico brasileiro e mais que isso, a luta dos pecebistas para se integrarem ao sistema da poltica institucional. Especificamente sobre o PCB alagoano, esquadrinhamos a sua reorganizao e os obstculos enfrentados pela organizao para influir em uma cena radicalmente diferente daquela que a agremiao experimentara antes do Golpe de 1964.
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Sidney da Silva Lobato (Universidade Federal do Amap)
A expanso capitalista na fronteira amaznica: a Operao Amaznia e os trabalhadores do Norte nos primeiros anos da ditadura militar (1966-1970)
Resumo:Este estudo tem por objetivo analisar os impactos ...
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Resumo:Este estudo tem por objetivo analisar os impactos da Operao Amaznia (1966-1970) nos mundos do trabalho do Norte. Com base na anlise de decretos, leis, discursos oficiais, artigos de jornais e dados estatsticos, estamos procurando desvelar e elucidar as estratgias adotadas por governantes e empresrios para tentar acelerar a expanso capitalista na regio amaznica durante os primeiros anos da ditadura militar. Nosso estudo tambm pretende, com apoio da bibliografia e da documentao, elucidar as continuidades e descontinuidades entre a Operao Amaznia e as polticas desenvolvimentistas anteriores a ela. Esta Operao concedeu vrios incentivos fiscais a empresrios interessados em explorar os recursos naturais amaznicos. Atrados por tais incentivos, esses investidores abriram a novas frentes de trabalho, no sem ter que lidar com conflitos e resistncias. Nossas primeiras leituras nos permitem inferir que tal expanso provocou frequentemente: o abrupto aumento do nmero de empreendimentos sulistas e estrangeiros na Amaznia; a violenta expropriao da terra trabalhada por posseiros; o aparecimento de enormes latifndios na regio; a proletarizao polarizada em novas e velhas cidades; a migrao oriunda sobretudo do Nordeste; e a explorao degradante do trabalhador migrante (ou no). Tais impactos esto sendo investigados luz do esquadrinhamento de um jogo de foras que envolvia grupos sociais com vises de mundo diversas, tais como: alto oficialato das Foras Armadas, empresrios nacionais e estrangeiros, elites locais, camponeses, migrantes nordestinos, povos indgenas, clrigos progressistas e conservadores, dentre outros. Por meio deste estudo est sendo possvel problematizar questes relevantes do debate historiogrfico, tais como: a aliana empresarial-militar na ditadura instaurada pelo Golpe de 1964; as formas dos trabalhadores lidarem com o avano da expanso capitalista no espao amaznico; os (in)sucessos das polticas desenvolvimentistas no Norte; o uso do conceito de fronteira no estudo da histria do tempo presente na Amaznia; as transformaes ocorridas na rede urbana regional; e o imaginrio relativo natureza e s sociedades amaznicas.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Eliane Aparecida Silva
A experincia de istrao sindical colegiada do sindicalismo comercirio de Teresina (1991-1999)
Resumo:Este artigo trata do Sindicato dos Comercirios de...
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Resumo:Este artigo trata do Sindicato dos Comercirios de Teresina que, no incio dos anos 1990, vivenciaram uma experincia indita no movimento sindical piauiense inaugurando uma nova forma de gesto sindical: o sistema colegiado. Nesta nova forma de istrao foi substituda a figura do presidente que ou a designado secretrio-geral, alm da criao de outras cinco secretarias: de finanas, de istrao e patrimnio, de formao poltica e sindical, de cultura e imprensa e secretaria social, esporte e lazer. A ampliao do quadro diretivo oportunizou um maior nvel de participao dos dirigentes e de membros da base comerciria. Possibilitando, assim, a descentralizao do poder sindical e de participao da categoria comerciria nas aes do sindicato. O sistema colegiado foi pensado como uma forma de incorporar uma quantidade cada vez maior de trabalhadores comercirios s prticas e lutas sindicais, bem como minimizar os problemas istrativos internos da entidade. As diretorias eleitas procuraram estabelecer um novo ritmo de organizao poltica e sindical, de fortalecimento das lutas de classes e lutar por conquistas e garantia de direitos dos empregados do comrcio de Teresina. Diante disso, neste estudo procuramos evidenciar a caracterizao das gestes a partir desse novo tipo de istrao, destacando as aes do sindicato em torno das campanhas salariais, convenes coletivas, atividades de formao poltica e sindical, servios assistenciais e campanhas de sindicalizao. Alm disso, destacamos as divergncias entre as lideranas do sindicato, que resultou no rompimento de alguns comercirios com a direo e, por conseguinte, na formao de uma oposio comerciria. O percurso metodolgico que viabilizou esse estudo foi a metodologia da Histria Oral, atravs de depoimentos de comercirios que atuaram em cargos de direo do sindicato. Tambm, utilizamos fontes hemerogrficas, notadamente os jornais impressos de circulao local O Dia, Dirio do Povo e Meio Norte, bem como o peridico interno do Sindicato intitulado Balco. No que tange ao aspecto terico, o conceito da categoria experincia do historiador Edward Palmer Thompson foi um dos principais eixos de anlise nesse percurso.
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Mariana Fernandes Siqueira (UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Coletando memrias, reciclando histrias: a experincia dos trabalhadores no processo de constituio da Associao de Recicladores de Porto Amazonas ARPA (2006-2016)
Resumo:Este trabalho resultado de uma pesquisa que tev...
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Resumo:Este trabalho resultado de uma pesquisa que teve como objetivo analisar as trajetrias de um grupo de catadores de materiais reciclveis, no sentido de historiar e compreender a sua constituio. Trata-se, portanto, da Associao de Recicladores de Porto Amazonas (ARPA), localizada no municpio de Porto Amazonas, no estado do Paran. Tendo em vista o importante papel que a associao assume no contexto social daquele municpio, identificou-se a necessidade de reconstruir a histria deste coletivo de trabalho atravs da perspectiva dos trabalhadores e trabalhadoras. Em termos metodolgicos, alm da anlise de registros e documentos oficiais, adotou-se o o uso da Histria Oral, visando a construo das narrativas orais dos prprios trabalhadores que so entendidas como experincias que constituem a memria e a subjetividade individual e reverberam na compreenso de traos culturais, estruturas sociais e processos histricos que ajudam a compreender este coletivo na tessitura do real mais amplo em que participam. Analisar os depoimentos e o confronto das diversas experincias nos mundos trabalho, permitiu perceber a multiplicidade de significados que so atribudos ao trabalho desenvolvido na associao, a qual foi construda pelos prprios trabalhadores, desde o processo que antecedeu a sua fundao, tendo em vista que, mesmo com o apoio de instituies de fomento, so os trabalhadores que garantem o funcionamento da ARPA e acrescentam novos sentidos a ela. Para tanto, as noes de experincia e classe sero entendidas considerando as perspectivas de Edward P. Thompson, entendendo, portanto, que uma classe existe a partir de um processo histrico que envolve as experincias dos trabalhadores e se define como uma formao social e cultural. Os depoimentos no se constituem somente em uma verso descritiva sobre as trajetrias de vida desses trabalhadores, muito mais que isso, sugerem a luta pelo reconhecimento e divulgao de trajetrias de sujeitos histricos que, de outro modo, permaneceriam ocultadas pela hegemonia da memria social. No h, entretanto, a pretenso de se esgotar essa discusso aqui, mas, sim, de reconhecer a complexidade dessa realidade que est situada no campo social e ambiental, e pontuar a necessidade de se abordarem diversos olhares para interpret-la e compreend-la a partir das vozes dos trabalhadores que revelam, sobretudo, a luta pela sobrevivncia permeada por realizaes, resistncias, frustraes e sonhos, cada qual em sua particularidade, mas que os colocaram como protagonistas na construo e na histria da associao, possibilitando assim que as narrativas produzidas por sujeitos sociais, at ento ofuscadas por verses dominantes, sejam introduzidas no contexto histrico do municpio e daquela regio.
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Paulo Henrique Matos de Jesus (Colgio Batista Daniel de La Touche)
AS MEMRIAS COMO CAMPO DE GESTO DO ADO: Histria oral e imprensa no movimento paredista realizado por policiais e bombeiros militares do maranho no ano de 2011
Resumo:O presente artigo parte integrante de uma pesqui...
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Resumo:O presente artigo parte integrante de uma pesquisa de mestrado mais ampla intitulada O movimento paredista realizado por policiais e bombeiros militares do Maranho no ano de 2011 e se localiza na dimenso temporal chamada Tempo Presente. Nesse sentido o artigo prope o entrelaamento entre memria, Histria Oral e imprensa. Tal entrelaamento se torna bastante frutfero na medida em que os recursos metodolgicos da Histria Oral privilegiam a experincia do indivduo no processo de entendimento dos episdios sociais de ocorrncia recentes, sendo assim pea fundamental para a construo de pressupostos sedimentadores de anlises histricas que exercem papel relevante na relao entre memria e histria. Portanto, ao realizar o trabalho de investigao dos relatos o historiador observa atentamente tanto o dito quanto o no dito, visto que, o silncio tambm fala e que as pausas, reflexes, contemplaes dizem tanto quanto as falas exacerbadas, entusiasmadas, contundentes. Nesse ponto que os relatos orais so importantes ferramentas que permitem a emergncia das memrias subterrneas e, ao mesmo tempo, possibilitam seu confronto com as memrias enquadradas. Todavia, destaca-se que as memrias expostas nos relatos orais no so a verdade no sentido estrito e por isso precisam ser confrontadas com outras fontes na inteno de promover-se a montagem de uma espcie de arsenal informativo sobre o contedo investigado. Colocado desta forma, a imprensa se viabiliza como fonte de informao sobre as memrias relatadas nos depoimentos orais. Nesse sentido, busca-se o auxlio das mdias digitais como fontes para observao da maneira com que parte da imprensa tratou o movimento paredista (greve, rebelio, revolta) realizado por policiais e bombeiros militares do Maranho em 2011. Ao mesmo tempo se busca a possibilidade analtica das memrias individuais e coletivas do movimento a partir de relatos feitos pelos prprios protagonistas do evento. Portanto, embora os estudos da Histria da Polcia sejam algo bastante recente no Brasil, eles vm se configurando como perspectivas possveis para compreenso do tecido poltico, tanto numa dimenso estadual quanto nacional. Desta forma, compreende-se que policiais e bombeiros militares do Maranho, enquanto sujeitos dotados de subjetividade se constituem em objetos de pesquisa dos mais significativos por permitir a compreenso da cultura poltica maranhense com seus clientelismos, sua rede de bajulao, perseguio e apadrinhamento tipicamente oligrquicos.
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Richard de Oliveira Martins (UNICAMP)
De Milcias e Lampies: lutas operrias, segurana industrial e privatizao da represso no Vale do Paraba, 1985-1987
Resumo:Nesta comunicao, discutimos a caracterizao vei...
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Resumo:Nesta comunicao, discutimos a caracterizao veiculada em rgos de imprensa de grande circulao a respeito das tticas de luta adotadas por trabalhadores metalrgicos da regio do Vale do Paraba em suas mobilizaes de meados da dcada de 1980, especialmente na greve da General Motors de 1985, em So Jos dos Campos/SP, em que operrios foram acusados de criar milcias metalrgicas e utilizar mtodos de guerrilha para promover terrorismo. Ao o em que servia ao propsito de desfigurar e deslegitimar as prticas e formas de organizao adotadas pelos trabalhadores perante a opinio pblica, tais caracterizaes parecem ainda ter contribudo para a justificao do crescente empenho repressivo patronal. Complementarmente, analisamos a atuao de um pequeno empresrio do ramo da segurana privada de Jacare/SP que prestava servios General Motors e a outras empresas da regio, especializado na arregimentao de policiais e desempregados, informalmente contratados como agentes de segurana nos perodos em que a patronal necessitava ampliar os contingentes responsveis pela intimidao e pela vigilncia sobre os grevistas. Estes seguranas improvisados, protagonistas de alguns casos de violncia contra trabalhadores do Vale do Paraba paulista no perodo, ficariam conhecidos como o Bando do Akira, em referncia ao responsvel pelo empreendimento, que tinha estreitas relaes no apenas com diretores de empresas, mas tambm com o chefe de polcia e o prefeito de Jacare. Recuperando as tenses entre os trabalhadores fabris e as equipes de segurana patrimonial das empresas da regio, assim como aspectos das trajetrias de algumas das pessoas diretamente envolvidas nessas disputas, tentamos compreender de que forma se articulava (e como era percebida pelos operrios) a rede repressiva instalada no Vale pelo menos desde o incio da dcada de 1980. Finalmente, buscamos avaliar quais os sentidos e efeitos do emprego de um determinado vocabulrio poltico, ainda impregnado de jarges que remetiam Guerra Fria e Doutrina de Segurana Nacional, assim como a recorrncia de certas dicotomias discursivas, como a distino entre marginais e trabalhadores, nas disputas entre capital e trabalho travadas naquele contexto.
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Vera Lcia Silva
Projeto poltico, espao de luta e articulaes de trabalhadores nos Encontros de Entidades Comunitrias de Camocim-CE (ENECOMs), 1994-2002
Resumo:O artigo discutir a experincia de agricultores, ...
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Resumo:O artigo discutir a experincia de agricultores, pescadores, agentes de sade, funcionrios pblicos municipal e estadual, ligados a diferentes associaes de moradores, de pequenos produtores e instituies do campo e da cidade dos municpios de Camocim, Barroquinha e Granja, no Cear, no processo de formao dos Encontros de Entidades Comunitrias (ENECOMs): como foram feitas as articulaes; quais questes os uniam; que bandeiras de luta levantavam; quais espaos alcanaram dentro e fora de Camocim; com quais entidades e instituies dialogavam; que sociedade almejavam, como se constituiu um projeto poltico e social compartilhado por esses trabalhadores nos anos 1994-2002. As fontes que fundamentam a discusso so compostas por relatrios de atividades, ofcios, listas de presena dos encontros e entrevistas orais com alguns trabalhadores. Tomando como e terico-metodolgico, principalmente, Edward Palmer Thompson, Raymond Williams e Alessandro Portelli, busca-se compreender de que forma as articulaes desses trabalhadores em torno dos ENECOMs possibilitaram a constituio de ferramentas para que lutassem por melhores condies de vida e de trabalho, no momento em que o Cear vivenciava o processo de implementao de polticas de carter neoliberal, com o governo de Tasso Jereissati. Assim, os ENECOMs nascem com o propsito de fortalecer o movimento comunitrio para que a motivao de criar e manter associaes no fosse apenas a conquista de projetos de gerao de renda, financiados pelo governo. Por meio de cursos de como organizar suas associaes e criar projetos que atendessem as necessidades locais dos trabalhadores e de debates acerca dos problemas que enfrentavam no dia a dia, socializao de conhecimentos sobre os direitos sociais educao, moradia, trabalho, previdncia social etc. , aprovados na Constituio de 1988, sobre as questes polticas locais e nacionais, os encontros incentivavam a autonomia poltica das organizaes de trabalhadores e a reivindicao de seus direitos junto ao poder pblico, bem como a luta, atravs de abaixo-assinado, contra a pesca ilegal, a invaso de grileiros e empresrios s suas terras, a destruio dos mangues; e para a conquista do documento de posse de reas de assentamento, citando alguns exemplos.
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