ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Andra Cristina de Barros Queiroz (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
A memria institucional e os instrumentos repressivos na UFRJ durante a ditadura civil-militar (1964-1985)
Resumo:Este estudo tem como principal objetivo disseminar...
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Resumo:Este estudo tem como principal objetivo disseminar as pesquisas desenvolvidas na Diviso de Memria Institucional do Sistema de Bibliotecas e Informao (SiBI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) referentes memria e histria da UFRJ durante o perodo da ditadura civil-militar (1964-1985) e em parceria com a Comisso da Memria e Verdade da UFRJ (CMV-UFRJ). Desde o ano de 2014, quando se completou 50 anos do golpe civil-militar no Brasil, as pesquisas desenvolvidas se destinaram anlise e disseminao do acervo universitrio e de outras instituies de pesquisa referente a esse perodo da histria nacional, em que houve perseguio e expurgos de professores, discentes e servidores tcnico-istrativos da UFRJ, a invaso de diferentes campis da UFRJ pelos agentes da represso, em especial, a invaso da Faculdade Nacional de Medicina na Praia Vermelha pelo Exrcito, em setembro de 1966, episdio que ficou conhecido como sexta-feira sangrenta, em que 600 estudantes foram presos e espancados, dos quais 23 morreram. Houve, tambm, ao longo desse perodo, perseguio ao movimento estudantil, alm de outros mecanismos institucionalizados de cerceamento, como a censura s obras bibliogrficas e pesquisa; a criao de Agncias Especiais de Informao (as AESI) para vigiar a comunidade universitria. Ao mesmo tempo em que houve um esvaziamento cientfico com a expulso de professores, percebemos que foi no perodo autoritrio que as obras do campus da Cidade Universitria foram reinauguradas e que vrios Programas de Ps-Graduao, especialmente na rea tecnolgica, foram criados em detrimento das Artes, Letras e Humanidades, conjuntura conhecida como modernizao conservadora. Por tudo isso, tornou-se necessrio rememorar e analisar essa conjuntura autoritria na trajetria da UFRJ. Como destacou Rodrigo P. S. Motta (2014), o intento reformista, de feio autoritria e conservadora, influenciou as polticas do regime militar para as Universidades. Lembramos que um ponto culminante do governo autoritrio e a sua principal legislao de exceo para as Universidades foi a criao do decreto-lei n 477, de 26 de fevereiro de 1969, tambm chamado de AI-5 das universidades, que punia professores, estudantes e servidores tcnico-istrativos das universidades acusados de subverso ao regime e punidos com a expulso e outras sanes. Este trabalho mantem um dilogo com a Comisso da Memria e Verdade da UFRJ (CMV-UFRJ), criada, em Julho de 2013, com o intuito de investigar os impactos do regime civil-militar e as violaes dos direitos humanos no interior da Universidade, e os debates em torno do chamado dever de memria.
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Angelica Muller (Universidade federal Fluminense)
Le Mai 68 latino americano: as ocupaes da Casa do Brasil e da Casa da Argentina na Cidade Internacional Universitria de Paris
Resumo:1968, o ano mgico, ficou conhecido como um mome...
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Resumo:1968, o ano mgico, ficou conhecido como um momento de contestao global e manifestaes contra a ordem poltica e social dominante, onde os jovens tiveram o protagonismo. No imaginrio sobre 1968, o maio francs, particularmente o maio parisiense, guarda um espao privilegiado: as barricadas na rua Gay Lussac, as grandes manifestaes de rua e greves gerais, as reivindicaes por liberdades, o desejo da autogesto, os slogans que marcaram uma gerao e as subsequentes: proibido proibir; Imaginao no poder; Seja realista, pea o impossvel, dentre tantos outros. Estas reivindicaes chegaram na Cidade Internacional Universitria de Paris (CIUP) provocando uma onda de ocupaes em vrias Casas, no total, mais de dez. Esta comunicao pretende analisar, atravs do prisma de uma histria transnacional, como aconteceram e quais os desdobramentos das ocupaes das casas do Brasil e da Argentina em meio ao tumultuado maio-junho parisiense. Nelas, cruzaram-se o repertrio francs e a contestao contra as ditaduras dos pases latino-americanos: o cruzamento dos particularismos e do internacionalismo. A Casa da Argentina, uma das mais antigas da Cit, aberta em 1929, encontrava-se extremamente cerceada pelo governo de Juan Carlos Ongana que, como presidente da Argentina desde o golpe de estado de 1966, reprimia movimentos sociais, propunha mudanas no meio universitrio e cultural. E justamente o meio cultural argentino, com destaque para os artistas plsticos liderados por Julio Le Parc e outros, que tem uma participao ativa no maio francs atravs da produo de cartazes no QG instalado na Escola de Belas Artes, que resolve ocupar, durante um ms e meio, a Casa da Argentina. J a Casa do Brasil, vigiada pelos militares desde 1964, uma das ltimas casas ocupadas na Cit, em 29 de maio, por um grupo de pessoas de diferentes nacionalidades e apoiado por alguns residentes. Tenciona-se identificar os contatos e as apropriaes de ideias e prticas de uma cultura de contestao revolucionria que abriu a possibilidade de politizao e engajamento dos atores naquele espao e que produziram reflexos nos pases de origem das duas casas citadas. As fontes utilizadas foram pesquisadas nos acervos ses da Embaixada do Brasil da Frana, no fundo Cit Universitaire que se encontra nos Archives Nationales e no Fundo 1968 do Centre dHistoire Sociale du Monde Contenporain.
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Gislene Edwiges de Lacerda (Universidade Nove de Julho)
Os caminhos da gerao de 1977: 40 anos depois
Resumo:O objetivo deste artigo analisar a trajetria d...
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Resumo:O objetivo deste artigo analisar a trajetria da Gerao de 1977 a Gerao da Transio Democrtica do Movimento Estudantil e problematizar a construo da memria deste grupo sobre seu papel histrico na luta de resistncia contra Ditadura Civil Militar brasileira no momento de celebrao dos 40 anos desta gerao. Em 2017, foram realizados eventos de memria pelo pas, especialmente nas cidades de So Paulo e Belo Horizonte, promovendo nesta gerao um momento de repensar sobre a experincia vivida coletiva e individualmente h 40 anos na militncia estudantil. Neste contexto, em meio as celebraes dos 40 anos de 1977, aplicamos um questionrio virtual que contou com a participao espontnea de 93 pessoas, representantes da gerao estudantil de 1977, a partir do qual buscamos analisar os caminhos desta gerao. As questes versavam, para alm da identificao pessoal e das vinculaes polticas no interior do Movimento Estudantil, sobre as interpretaes que estes sujeitos possuem no tempo presente sobre o contexto de sua militncia, sobre suas memrias e seu olhar sobre o papel histrico de sua gerao. As perguntas abordavam tambm elementos de suas trajetrias pessoais, no sentido de identificar continuidades na atuao poltica e os espaos escolhidos para esta militncia. As respostas ao questionrio foram analisadas a partir da prosopografia, metodologia que possibilita a analise de biografias coletivas e mostra-se como um recurso para a apreenso do papel histrico desempenhado por determinadas coletividades, revelando, assim, caractersticas comuns de um grupo social em dado perodo histrico. Esta metodologia nos permitiu observar as dinmicas internas da gerao do Movimento Estudantil e seus relacionamentos com outros grupos e com a luta poltica mais ampla naquele contexto. Tambm foi possvel traar um perfil amplo desta gerao, acompanhar seus caminhos no contexto ps ditadura, problematizando a construo da memria sobre sua participao poltica na luta contra a Ditadura Civil Militar e identificar as trajetrias destes sujeitos aps a militncia estudantil. Desta forma, buscamos identificar os caminhos desta gerao e suas memrias aps 40 anos de 1977, marco da gerao da transio.
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Kaique Lopes Maia (Secretaria Municipal de Cultura de Volta Redonda)
A UNE na era PT: Disputas e Consensos
Resumo:O presente trabalho tem por objetivo compreender a...
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Resumo:O presente trabalho tem por objetivo compreender a atuao da UNE nos anos de Governo do PT a partir de uma anlise histrica de formao da identidade poltica da entidade, compreendendo este processo atravs das consideraes da origem das pautas e reivindicaes da entidade frente ao Governo Federal. Para tal iniciaremos uma breve explanao terica sobre a conceituao de movimentos sociais e seus desdobramentos para a conceituao e o entendimento terico do que ser movimento estudantil no sculo XXI, tudo isso sob a luz da teoria dos novos movimentos sociais relacionando os momentos histricos na Europa, Estados Unidos e Brasil que originaram tal teoria e a adeso de novas pautas como as lutas feministas. Realizaremos tambm, uma anlise histrica da constituio da UNE enquanto uma entidade de carter representativo de abrangncia nacional, por entender o papel histrico da entidade nos processos de construo das polticas pblicas de educao no Brasil, bem como seu papel poltico importante nos vrios momentos histrico do pas desde sua fundao, nesse sentido daremos maior ateno aos perodos de grande tenso poltico entre Estado e Movimentos Sociais, ou seja, o perodo do Governo Vargas, que marca tambm a fundao da UNE, e os anos de Ditadura Militar que representou perodo de forte cerceamento de direitos e perseguio aos movimentos sociais. Consideraremos tambm momentos polticos importantes para a construo das pautas prioritrias da UNE, bem como o envolvimento em questes sociais para alm de pautas diretamente relacionadas a educao. Em seguida trataremos a relao da entidade para com os sucessivos governos ao longo da histria, sobretudo, entre os anos de 2003 e 2010 a partir do encontro entre o programa do Governo Federal com o programa poltico da UNE. Sendo assim, compreender a origem da UNE, momentos histricos de relevncia poltica, tanto no sentido poltico para pas, quando nos processo de formao poltica das disputas internas da entidade, compe pontos de observao desde trabalho que busca dar luz ao trajeto poltico da principal entidade de representao poltica dos estudantes brasileiros, como forma de compreender a formao da agenda poltica da entidade no contraponto ao programa poltica vigente durante os anos de governo petista.
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Leonardo Prado Kantorski (Magistrio RS)
Universidad Nacional de La Plata: do terror reparao e recuperao de identidade (1976-2013).
Resumo:Este trabalho descreve os resultados de uma tese d...
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Resumo:Este trabalho descreve os resultados de uma tese de doutoramento em Histria sobre o conjunto de estratgias de coero e controle social desenvolvidas no ensino superior pblico durante a ltima ditadura argentina. Entende-se que a principal questo neste estudo centra-se nos conflitos travados no interior da universidade, adentrando-se em um processo maior e mais complexo, o de implantao e consolidao da ditadura num contexto marcado por acentuadas tenses sociais e polticas. Busca-se apresentar os mecanismos aplicados sobre o espao educacional, principalmente no perodo do Processo de Reorganizao Nacional (PRN), de 1976 at 1983, assim como o retorno democracia e as medidas adotadas nas universidades a partir disso, focando na experincia da Universidad Nacional de La Plata (UNLP). Nesta universidade, fundada no ano de 1905, localizada na cidade de La Plata, provncia de Buenos Aires, durante o PRN, ocorreram cerca de 761 desaparecimentos ou assassinatos de estudantes, servidores tcnicos e professores. O recorte temporal escolhido compreende o incio do PRN, em 1976, at 2013, ano em que ocorreu a criao do Archivo Histrico de la UNLP, uma das principais medidas de reparao e recuperao da identidade democrtica da universidade. No trabalho, foram utilizados trs eixos de anlise: prticas de coero, excluso e reparao. Coero, tratando dos mtodos cotidianos de controle na vida universitria, tais como a presena militar, memorandos repressivos, fichas de controle de informaes, cancelamento de disciplinas, fechamento de organizaes estudantis, interventores, controle de literatura, etc.; Excluso, no sentido de segregao, mtodos que privam um alvo escolhido de integrar a comunidade universitria, medidas como cancelamento das matrculas, dispensa e/ou aposentadorias foradas de docentes, prises, assassinatos e desparecimentos; e, por fim, Reparao, para abordar o perodo posterior ltima ditadura e como a UNLP desenvolveu suas polticas institucionais de memria do perodo visando recuperar sua identidade democrtica. Ainda, na pesquisa aborda-se diferentes personagens da vida universitria, a partir da coleta de informaes sobre docentes, estudantes e servidores istrativos que vivenciaram o perodo. Por fim, a partir do debate sobre a relao universidade-ditadura e o papel que docentes, alunos e servidores istrativos desempenharam neste contexto, busca-se entender de que forma a coero e o controle social foram aplicados na UNLP, bem como analisar o processo de reparao da memria e da identidade institucional desenvolvido nesta universidade no perodo posterior ao final do PRN.
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Livia Ribeiro Barboza de Araujo Braga (PPGHS UERJ FFP - MESTRADO)
A Juventude Universitria Catlica no Brasil, entre 1964 e 1968.
Resumo:Esse trabalho tem como tema a Juventude Universit...
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Resumo:Esse trabalho tem como tema a Juventude Universitria Catlica (JUC) entre os anos de 1964, quando ocorre o golpe civil-militar que derrubou o governo Joo Goulart (1961/1964) e , 1968, quando o movimento desaparece, aps ter sofrido um esvaziamento de lideranas, baseado em duas causas distintas: a orientao eclesial para no envolverem-se em poltica e o carter autoritrio do regime implementado no Brasil, aps o golpe de Estado.
O objetivo do trabalho est em analisar a atuao da Juventude Universitria Catlica, buscando esclarecer possveis divergncias sob o ponto de vista do papel da Igreja Catlica durante os primeiros anos de ditadura civil-militar brasileira, atravs do levantamento de fundamentos capazes de reconhecer a diviso interna da Igreja Catlica brasileira no que diz respeito ao golpe e a ditadura iniciada em 1964, buscando compreender as figuras chaves, lideranas e ideologias de cada tendncia.
Durante os 21 anos da ditadura civil-militar no Brasil, existe uma longa controvrsia sobre a postura da principal instituio presente no pas: a Igreja Catlica. Escolhe-se aqui pesquisar um grupo especfico de catlicos: a Juventude Universitria. Entre os anos de 1964 e 1968 a JUC, declina de tendncia relevante ao movimento estudantil inexistncia eclesial. Abordar a histria desse movimento possibilitar revisar parte da Histria recente do pas. entender o papel da maior instituio no governamental do pas e a participao do mais numeroso grupo populacional a juventude. Cabe aqui considerar que, no incio da dcada de 1960, o papel que se atribui Igreja Catlica no perodo da ditadura civil-militar por vezes entendido de forma unvoca. Sem olhar com ateno os inmeros grupos divergentes, reduz-se a participao da Igreja ao apoio da cpula, na representao do episcopado, ao golpe civil militar; ou a divergncia de alguns poucos religiosos (com referncia aos dominicanos ligados a Carlos Marighella). Exclui-se, nessa perspectiva histrica, uma srie de grupos, em especial as juventudes, que de forma organizada (JAC, JEC, JIC, JOC, JUC - nomes construdos a partir da especificidade de cada campo de juventude) formaram a resistncia ao golpe e a construo da ditadura que o seguiu. Vale considerar que a Histria como cincia no se faz sob um nico ponto de vista. Por isso, entende-se a importncia em investigar e esclarecer o papel da Juventude Universitria Catlica, a partir da reviso bibliogrfica referente ao tema e do estudo de fontes primrias, como jornais e relatrios internos, nos quais se percebe a forte oposio ao regime, realizada pela JUC, atravs de aes relevantes e da formao de lideranas e intelectuais que posteriormente ocuparam lugares de destaque na sociedade brasileira.
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Yann Cristal (UBA / CONICET)
Memorias sobre la dictadura y los aos 70 en el movimiento estudiantil de la Universidad de Buenos Aires. Reconfiguraciones y nuevos horizontes de sentido en la dcada del 90
Resumo:En este trabajo buscamos aproximarnos a las memori...
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Resumo:En este trabajo buscamos aproximarnos a las memorias que el movimiento estudiantil de la Universidad de Buenos Aires construy sobre el pasado reciente en las primeras dcadas de la actual democracia en la Argentina. En particular, abordamos el cambio en las percepciones sobre la dictadura y la dcada del '70 durante los aos '90.
La Universidad de Buenos Aires (UBA), universidad ms grande de Argentina y una de las ms importantes de Amrica Latina, fue sede de numerosos conflictos estudiantiles en los convulsionados aos 60 y 70. Como respuesta a la radicalizacin juvenil de esas dcadas, el movimiento estudiantil sufri con toda gravedad la represin desatada primero con la Misin Ivannisevich en 1974 y particularmente con el golpe de Estado de 1976 que inaugur la dictadura ms sangrienta de la historia argentina. 1500 estudiantes, docentes y trabajadores de la UBA fueron asesinados o detenidos-desaparecidos.
Con el retorno de la democracia en 1983, la crtica a la dictadura y la reivindicacin de los desaparecidos fueron banderas centrales del movimiento estudiantil. No obstante, estas ideas se combinaron con una crtica a la violencia del pasado, trminos que englobaban tanto al terrorismo de Estado como a las organizaciones revolucionarias de los 70. La figura del desaparecido apareca entonces despojada de toda identificacin partidaria o militante.
A mediados de los aos 90, se desat un nuevo ciclo de movilizacin estudiantil en la Argentina frente a las polticas neoliberales del gobierno de Carlos Menem. En ese contexto, se produjo un cambio en las percepciones sobre la dictadura y los aos 70, con el surgimiento de numerosas iniciativas en la UBA como la creacin de Ctedras de Derechos Humanos, el establecimiento de Das de la Memoria y otra serie de homenajes en los que era visible un nuevo horizonte de sentidos. La militancia de los estudiantes desaparecidos volva a ser reivindicada e incluso se registraban reconsideraciones sobre el uso de la violencia, que abran un debate sobre los mtodos que deban llevar adelante los estudiantes en sus manifestaciones.
En este trabajo investigamos estas transformaciones trazando un breve recorrido histrico, detallando los elementos que dan cuenta de las mismas e intentando proponer algunas interpretaciones.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Ayala Rodrigues Oliveira Pelegrine (UFES - Universidade Federal do Esprito Santo)
A violncia institucional de gnero da ditadura militar na UFES
Resumo:Esta discusso objetiva analisar a violncia insti...
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Resumo:Esta discusso objetiva analisar a violncia institucional de gnero cometida pela ditadura militar (1964-1985) contra militantes polticas estudantes da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES) entre os anos de 1968 e 1973, quando a estrutura repressiva do regime atingiu sua forma mais plena e intensificou a ao nos espaos representados como formadores da subverso, as universidades pblicas. O uso do gnero se mostra uma importante ferramenta para compreender de que maneira os militares em sua grande maioria, homens manipularam as categorias de feminilidade e masculinidade na aplicao da tortura objetivando o controle social das mulheres enquadradas como inimigas internas da nao. Em funo disso, tem-se como objetivo demonstrar a relevncia da perspectiva de gnero nas pesquisas historiogrficas que se debruam sobre violncia institucional perpetrada pela ditadura contra as mulheres. Inicialmente, pretende-se problematizar a predominncia de temas e abordagens essencialmente polticas e androcntricas nas anlises, de modo a evidenciar que essa tradio do sujeito universal masculino impe limites ao conhecimento histrico que deseja conhecer os espaos que as militantes ocuparam, os papeis sociais e comportamentos aos quais foram submetidas e as consequncias disso no interior no cenrio repressivo. Em seguida, almeja-se mostrar a relevncia da categoria violncia institucional de gnero e de seu uso nas pesquisas historiogrficas da ditadura que consideram as representaes coletivas de gnero e buscam entender como elas se baseiam no arcabouo do patriarcado e constroem um imaginrio que incorpora discursos e dispositivos controladores de corpos, comportamentos e papeis sociais, repercutindo no carter de determinadas culturas polticas compartilhadas entre grupos sociais e fornecendo sentido s aes polticas empreendidas por esses grupos. Finalmente, a partir das consideraes do Relatrio final da Comisso Nacional da Verdade (CNV) e dos testemunhos orais concedidos pelas vtimas Comisso da Verdade da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), pretende-se analisar a violncia institucional de gnero perpetrada pelos militares contra as militantes da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES).
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Brenda Soares Bernardes (UFES)
O Movimento Estudantil nas Mobilizaes pela Anistia no Estado do Esprito Santo (1978-1979)
Resumo:Este trabalho analisa a atuao do Movimento Estud...
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Resumo:Este trabalho analisa a atuao do Movimento Estudantil (ME) capixaba durante os anos finais da campanha pela Anistia brasileira, 1978 e 1979, concentrando sua ateno ao protagonismo dos discentes no tocante s mobilizaes e divulgao da bandeira. Observamos, pois, a Universidade Federal do Esprito Santo (UFES) enquanto um locus de organizao, paralela s aes do jornal alternativo Posio, dos trabalhos de religiosos (catlicos e protestantes), professores, polticos do Movimento Democrtico Brasileiro (MDB), advogados centrados na Ordem dos Advogados do Brasil, seo Esprito Santo (OAB/ES) e demais profissionais liberais, entre os listados na documentao: jornalistas, arquitetos e dentistas. Este grupo, de certo modo, heterogneo, se mobilizar em torno da Anistia, sobretudo a partir de 7 de maio de 1978, data da primeira reunio para a constituio do Comit Brasileiro pela Anistia seo Esprito Santo (CBA/ES) fundado apenas 10 meses depois, em 9 de maro de 1979. Junto ao quadro de retomada dos espaos pblicos analisamos a atuao das mobilizaes pela Anistia e em estrito ao nosso trabalho, do retorno organizativo do ME, a partir dos centros e diretrios acadmicos das universidades. No caso capixaba, o Diretrio Central do Estudantes (DCE/UFES) ser parte integrante na campanha, atuando junto ao CBA/ES, principalmente nos meses anteriores promulgao da Lei n 6.683 a conhecida Lei de Anistia em 28 de agosto de 1979. No entanto, o que tem chamado nossa ateno, principalmente, a atuao e mobilizao do ME capixaba, e em especial do DCE aps a sano da Lei. Dois dias ados, em 30 de agosto de 1979, os discentes mediante Assembleia Geral elegem lderes para conduzir eatas em represlia anistia aprovada, idnticas s Universidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, acertando ainda reunies para 31 de agosto e 4 de setembro. Alm destas atividades, tambm desenvolvidas em outros estados, como a prpria fonte demonstra, peculiar a organizao do nominado Caderno da Anistia, uma produo textual e iconogrfica desenvolvida pelos estudantes no contexto de aprovao da Lei. Na introduo do Caderno, convocam todos os colegas leitura e discusso do mesmo, principalmente nas salas de aulas, j demonstrando denso conhecimento da temtica. Nas pginas sequentes: destrincham o projeto de lei do governo, apontando seus artigos e suas problemticas; destacam charges de circulao nacional, satirizando a Anistia parcial; reproduzem reportagens de circulao nacional e desenvolvem suas opinies sobre as mobilizaes, reafirmando assim a disposio de continuar lutando pela conquista da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.
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Caio Fernandes Barbosa (Secretaria de Educao do estado da Bahia)
O rumoroso caso da Pequena Enciclopdia de Moral e Civismo.
Resumo:O padre jesuta Fernando Bastos de vila, o ex-vic...
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Resumo:O padre jesuta Fernando Bastos de vila, o ex-vice-reitor da PUC e fundador da Escola de Sociologia da Universidade Catlica, PUC-RJ, esteve em grande evidncia em 1967, graas ao rumoroso caso da Pequena Enciclopdia de Moral e Civismo.
Convidado pela Campanha Nacional do Material de Ensino (MEC), na pessoa da responsvel pelo rgo, a diretora Heloisa de Arajo, ou a supervisionar uma equipe de trinta e oito intelectuais, alguns deles, assim como o prprio padre, ligados ao Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais, o IPES, na elaborao de uma Pequena Enciclopdia de Moral e Civismo.
No ms seguinte, quando a Pequena Enciclopdia seria colocada nos postos de venda da Campanha Nacional de Material Escolar e estaria vel ao pblico, o MEC, com recomendao da Diviso de Segurana e Informao mandou suspender a distribuio. A controvrsia ao redor da publicao ganhou publicidade, ocupando importantes jornais de grande circulao, chocando a comunidade catlica, mobilizando setores estudantis, expondo personalidades que outrora contriburam com a consolidao do golpe de 1964.
O estudo de caso que apresentamos justamente um exemplo importante e significativo de que na ditadura militar, de maneira geral, indivduos militares colocados na burocracia estatal am a exercer por sua condio de militar, suas relaes anteriores e pelo contexto, um magnetismo em relao ao poder. A percepo desse magnetismo poltico-institucional de difcil observao numa lente macro e documentao oficial, pois a estrutura burocrtica tenta a todo instante apresentar-se como continuadora dos processos e como mantenedora dos procedimentos burocrticos. So nos momentos de fissura, controvrsia e conflitos em que essas dimenses sutis da distribuio do poder uma estrutura burocrtica vm tona e podem ser observado.
Nem sempre, como vimos no caso da Pequena Enciclopdia de Moral e Civismo, a moral teve o mesmo sentido no interior do campo conservador. O consenso relativo em relao necessidade de controle juvenil no significou uma imediata e automtica homogeneizao da polissemia das formas de moral, do que era aceitvel para a sociedade e do que deveria ser fomentado e incentivado no campo da educao moral e cvica. Os setores que aram a ditadura, ao desejarem um conjunto de polticas e aes voltadas para o controle da moral, debatiam, produziam opinio escrita, em torno dessas ideias de moral e de imoralidade. No podemos cair no oposto de afirmar, por outro lado, que no havia um consenso sobre a ideia do que era moralmente aceitvel na sociedade brasileira dos anos 1960.
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Danielle Barreto Lima (PUCSP - Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo)
1968: O Comando de Caa aos Comunistas na Imprensa Nacional
Resumo:Este trabalho tem como objetivo apresentar a hist...
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Resumo:Este trabalho tem como objetivo apresentar a histria do Comando de Caa aos Comunistas (CCC) enquanto organizao paramilitar formada principalmente por estudantes, durante o perodo da Ditadura Civil-Militar, especialmente no ano de 1968. Os temas mais recorrentes nas pesquisas sobre os movimentos estudantis durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) privilegiam a ideia de uma juventude que teria se mobilizado, em sua totalidade, contra o regime militar e que faria parte da Unio Nacional dos Estudantes (UNE), o que desconsidera o fato de que a UNE no era apoiada pela totalidade dos estudantes e que a juventude que viveu a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) era mltipla e se manifestava de diversas formas. Nota-se, a partir do levantamento bibliogrfico, que quase no se discute as aes e a pauta estudantil levantada, ou sua ausncia, dos estudantes ditos como conservadores poca da Ditadura, privilegiando-se um olhar sobre o movimento de resistncia, havendo poucos estudos sobre o movimento estudantil que apoiava a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Todavia, pode-se afirmar que essa juventude conservadora existiu e se organizou de modo a apoiar o regime militar. Alguns estudantes se organizaram em movimentos estudantis como a Frente da Juventude Democrtica; outros optaram por fazer parte de organizaes como o Comando de Caa aos Comunistas (CCC). Considerando as poucas pesquisas sobre a atuao dos estudantes conservadores ou, poca chamado de democrticos durante a Ditadura, o trabalho centra o foco na atuao dos estudantes que fizeram parte de grupos conservadores e reacionrios. Pretende-se, portanto, identificar e analisar a faceta estudantil do Comando de Caa aos Comunistas (CCC), que atuou como agente do anticomunismo no pas, com base nos documentos produzidos pela imprensa da poca, mais especificamente 152 (cento e cinquenta e duas) reportagens veiculadas no ano de 1968, localizadas em diferentes jornais. Destaca-se na histria um elemento sempre presente em relao a este grupo: a impunidade. Editoriais e reportagens apontavam a ausncia ou lentido nas investigaes sobre o grupo. Para a pesquisa entende-se a ideia de anticomunismo como uma indstria de gerao de um medo imaginrio, a partir do trabalho de Motta (2000).
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Dimas Brasileiro Veras (IFPB)
Universidade e Ditadura Militar: o Conselho Universitrio e o movimento estudantil conservador o caso da Universidade Federal de Pernambuco (1964 1975)
Resumo:Este trabalho investiga a histria do movimento es...
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Resumo:Este trabalho investiga a histria do movimento estudantil no primeiro decnio da ditadura militar no Brasil, especialmente de lideranas e de grupos conservadores que atuaram nos Conselhos Universitrios, principal rgo colegiado deliberativo das universidades brasileiras. Este estudo preliminar um pequeno recorte da tese Palcios cariados: a elite universitria e a ditadura militar o caso da Universidade Federal de Pernambuco (1964-1975), que consiste, de maneira mais ampla, numa pesquisa de doutorado dedicada a investigar as relaes estabelecidas entre os dirigentes universitrios e o regime ditatorial no Brasil. Apesar da historiografia volumosa sobre o perodo, ainda so poucos as publicaes que versam sobre as redes corpreas e semiticas urdidas pela sociedade e o governo implantado pelo golpe de 1964. Nesta lgica empregou-se mtodos da histria sociocultural e poltica para construir uma cartografia ou uma biografia geral do campo universitrio com foco nas diferentes modalidades de adeso, de acomodao e de resistncia ao regime. Integram o corpus documental deste trabalho fontes hemerogrficas, institucionais, biogrficas, estatsticas, os relatrios da comisso nacional e regionais de verdade e, especialmente, as Atas do Conselho Universitrio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O recorte em questo ajuda a compreender as histrias e as memrias do Brasil repblica, da universidade e do movimento estudantil em contextos autoritrios a partir dos confrontos travados pelo movimento estudantil entre 1964 e 1975. Uma srie de estudo histricos tem apontado como a produo da ditadura militar no Brasil contou, para alm do arcabouo repressivo e vigilante, com aes de mobilizao e de acomodao de grupos conservadores da sociedade. O caso do movimento estudantil conservador, ditos democratas ou reformistas, permite analisar as modalidades e os efeitos das aes que permearam esta relao entre a sociedade e ditadura militar. O ressurgimento no tempo presente de iniciativas estudantis conservadoras e reacionrias como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Escola Sem Partido, tornam ainda mais relevante o estudo sobre os diferentes mecanismos sociais de produo dos regimes autoritrios.
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Jnathas Assuno de Oliveira (Universidade Federal do Cear)
Represso, controle e expurgo estudantil na Universidade Federal Cear (1964-1986).
Resumo:Em 31/03/2014, completou-se o jubileu do golpe de ...
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Resumo:Em 31/03/2014, completou-se o jubileu do golpe de Estado dado sobre o governo do presidente Joo Goulart, iniciando a ditadura civil-militar que durou 21 anos, usando como instrumentos de manuteno e controle poltico-social: cassaes, prises, torturas e represses atravs das informaes de um vasto e ramificado Sistema Nacional de Informaes (SISNI) que utilizava-se de infiltraes, espionagens, vigilncias, controle ideolgico e interveno sobre diversos setores da sociedade para localizar, reprimir e controlar possveis focos e/ou aes consideradas subversivas no pas. A partir dessas informaes e do decreto-lei 8.159, de jan.1991, que permitiu o o ir aos documentos pblicos, surgiram diversas pesquisas que tencionavam entender a atuao desses rgos da Ditadura Militar sobre a sociedade. Dentro dessa lgica, a pesquisa, em andamento, tenciona entender a atuao e os impactos causados pelos rgos componentes das comunidades de segurana e informao, instalados secretamente na Universidade Federal do Cear (UFC) e que trabalhavam em concordncia, cooperao, acomodao e cooptao com diversos agentes universitrios, objetivando desarticular, controlar, reprimir e expurgar aes estudantis consideradas subversivas, promovendo interveno, vigilncia e espionagem da rotina acadmica num processo de modernizao-autoritria, introduzido pelo comando militar a partir de 1964 e que simultaneamente, reprimia e modernizava as instituies de ensino superior em todo pais. Ademais, utilizaremos os conceitos de controle, disciplinamento, polcia poltica e espionagem para entender o funcionamento das Assessorias de Segurana e Informaes (ASI) e do aparato repressivo na UFC. A metodologia da pesquisa consistiu na anlise e interpretao da documentao produzida pelos rgos de represso (DOPS e IPM) e informao (SNI, DSI e ASI-UFC) da Ditadura Militar presentes no acervo do Arquivo Nacional (SIAN), dos decretos repressivos militares e das Atas do Conselho Universitrio da UFC (CONSUNI-UFC) para captar o funcionamento dos rgos repressivos e de informao presentes na universidade, objetivando entender a represso atravs dos documentos por eles produzidos, ressaltando os processos de represso, controle, interveno, vigilncia, espionagem das atividades acadmicas consideradas subversivas e que motivaram, segundo os idelogos da doutrina de Segurana Nacional da Escola Superior de Guerra (ESG), uma poltica nacional de represso, controle e expurgo sobre as universidades federais do pas.
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Jos Airton Sampaio Filho (SEDUC Cear)
Estudantes secundaristas de Fortaleza e a luta pela Anistia ampla, geral e irrestrita: memrias de sonhos e lutas
Resumo:O final dos anos 1970 vo assistir a crise do Esta...
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Resumo:O final dos anos 1970 vo assistir a crise do Estado autoritrio militar, a poltica de liberalizao do regime, iniciada pelo Presidente General Geisel e efetivada por seu sucessor o Presidente General Figueiredo com a aprovao da Lei de Anistia so mostras do ocaso da ditadura-militar. Os movimentos sociais que ressurgem neste perodo impulsionaram a luta pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita e simbolizavam o avano de uma cultura da esperana frente a uma cultura do medo que ainda estava presente na sociedade brasileira. Entre os movimentos sociais que ressurgiram em fins dos anos 1970 est o estudantil. Os objetivos deste trabalho so romper o silncio historiogrfico sobre o movimento estudantil secundarista no s sobre este perodo, mas como um todo, visto que quando se discute movimento estudantil privilegia-se quase que unanimemente o universitrio, alm disso busca-se compreender o papel que os estudantes secundaristas tiveram nas lutas contra a ditadura na cidade de Fortaleza no ano de 1979, em especial sua atuao nas lutas em torno da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita em Fortaleza. Para tanto problematizaremos a memria de ex-militantes secundaristas no referido ano, analisando suas experiencias vividas envoltas em tramas pessoais e coletivos, geracionais, polticos e comportamentais. Compreender o movimento estudantil secundarista de 1979 em Fortaleza, em um contexto cultural e poltico de disputa, rompimentos, sonhos, medos, onde as estruturas de sentimento revelam como os desejos coletivos de redemocratizao impulsionaram a sociedade compreender a historicidade e cultura de um perodo, suas relaes sociais implicadas em aes individuais e experincias coletivas e subjetivas, enfim, partir de uma anlise histrica que parta do vivido e presenciado e que encontre: [...] a estrutura na particularidade histrica do conjunto de relaes sociais e no em um ritual ou em uma forma particular isolada dessas relaes (THOMPSON 2001, p.248). Como acontece a relao entre memria e histria, no caso especfico a relao entre a memria de militantes secundaristas em 1979 (re)construindo suas reminiscncias no tempo presente? O uso da memria pode servir para a afirmao de identidades em um contexto de afirmao poltica, cultural ou ideolgica de grupos que demandam um tratamento diferenciado em relao homogeneizao? So questes a serem discutidas e problematizadas na pesquisa.
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Paulo Eduardo Castello Parucker (Cmara Legislativa do Distrito Federal - CLDF)
A Ditadura repensa as relaes universidades/estudantes em tempos de Abertura: o Seminrio [reservado] sobre Assuntos Estudantis (Braslia, 1976).
Resumo:Durante os trabalhos da comisso da verdade da Uni...
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Resumo:Durante os trabalhos da comisso da verdade da Universidade de Braslia, de 20012 a 2015, foi de grande valia o acervo de documentos do Arquivo Nacional/Coordenao Regional no Distrito Federal COREG/AN. Interessaram, ali, sobretudo dossis na rea de segurana e informaes (dados biogrficos de estudantes, informes sobre movimentos polticos e dados congneres). Muito ainda h por explorar nesse campo, visando novas contribuies historiogrficas sobre a matria. o caso, por exemplo, de um pequeno conjunto documental, de teor preparatrio de um seminrio nacional convocado para ocorrer em Braslia, em fevereiro de 1976. O escopo desse evento era reunir autoridades superiores universitrias incumbidas da rea de Assuntos Estudantis, s quais o titular do Ministrio da Educao MEC esperava sensibilizar para um temrio que cobria de relacionamento com os estudantes representao e organizao estudantil, de formao integral (Estudo dos Problemas Brasileiros EPB, Projeto Rondon etc.) ao regime disciplinar. No demais supor que, no horizonte do ministro e general Ney Braga, estivesse a disputa pela consolidao de comportamentos mais consentneos com os novos ventos da chamada Abertura, iniciada com a posse, em 1974, do ditador Geisel.
Os anos intermedirios da dcada de 1970 no Brasil marcaram avanos e recuos do projeto distensionista, em que coexistiram presses e aes por maior endurecimento do regime ou, em sentido oposto, pelo retorno das franquias democrticas. A conjuntura assistiu a rumorosos casos de assassinato de opositores (entre os quais Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho), e tambm ao ressurgimento do movimento estudantil na cena pblica, ausente desde a brutal represso sob os influxos do Ato Institucional n 5/1968 e do Decreto-Lei n 477/69. Assistiu, tambm, cristalizao de uma gerao de oficiais militares formada na vigncia da Doutrina de Segurana Nacional e do sistema ditatorial de represso e vigilncia, muitos dos quais ocupam, em 2019, postos centrais no governo federal (a comear do atual presidente da Repblica, Jair Bolsonaro, cujo heri o torturador Ustra e que ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras AMAN em 1974, quando, entre os instrutores, estava o general Heleno, hoje seu ministro-chefe do Gabinete de Segurana Institucional; o tambm general Mouro, hoje vice-presidente, formou-se na AMAN em 1975; seu ministro da Defesa, general Azevedo e Silva, formou-se na AMAN em 1973; e h muitos outros mais). Ter a viso desse novo governo sobre os estudantes e as universidades algo a ver com aquela disputa de meados dos anos 1970? Pensar a historicidade desses elementos estudantes, universidades, governos, ditadura naquela conjuntura pode iluminar suas relaes nos dias de hoje.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Aline Guimares Andrade (ses)
Formao e trajetria poltico-eleitoral do movimento democrtico brasileiro (MDB) em Cachoeiro de Itapemirim (1966-1979)
Resumo:Este trabalho tem como objeto-problema a anlise d...
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Resumo:Este trabalho tem como objeto-problema a anlise do desempenho poltico-eleitoral do Movimento Democrtico Brasileiro (MDB), entre os anos de 1966-1979, em comparao com a Aliana Renovadora Nacional (ARENA), em especial no municpio de Cachoeiro de Itapemirim -ES, nas eleies majoritrias para a composio do executivo e legislativo municipal, haja vista que a conjuntura poltica em vigor era o bipartidarismo, implantado aps o golpe civil-militar ocorrido no ano de 1964, e vigente entre os anos de 1966-1979. Para elaborar a anlise, foram elencados alguns personagens que corroboraram na construo do partido MDB, em Cachoeiro de Itapemirim, e ajudaram o partido a sair vitorioso em diferentes pleitos no transcorrer do bipartidarismo. Tomamos como base metodolgica a pesquisa documental mltipla, a qual demonstrou que a formao do MDB cachoeirense foi aparelhada, principalmente, por uma ala menos conservadora de ex-membros de diferentes partidos, como o PSB e PSP, alm do PTB. Por outro lado, a maioria dos petebistas considerados mais conservadores, como Raymundo Andrade, se direcionou para a Arena. Tal anlise se faz desde a formao do MDB em Cachoeiro de Itapemirim, por intermdio de seus principais personagens, os processos eleitorais do perodo do bipartidarismo, os quais conferiram ao MDB importantes vitrias, mesmo antes da chamada virada emedebista de 1974, destacando as motivaes para tal feito.
Tal anlise tem como locus a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, localizada no sul do estado do Esprito Santo, por ter sido uma grande polarizadora poltica ao longo da Repblica, conseguindo projetar, para o estado e para o pas, grandes personalidades, alm disso, Cachoeiro de Itapemirim, durante muito tempo, compreendeu importante colgio eleitoral no estado, elegendo polticos de destaque como os j nomeados. No entanto, comeou a perder notoriedade a partir dos idos de 1930, com a queda da economia cafeeira e, portanto, em um contexto de profundas mudanas no cenrio poltico-econmico do pas, com fortes rebatimentos sobre o municpio. Ressalte-se que, embora uma tpica cidade interiorana, Cachoeiro de Itapemirim no ficou isolada frente s mudanas polticas ocorridas no pas. Pelo contrrio, em uma escala micro, se mostrou um importante espelho do que ocorria, o que torna ainda mais interessante e relevante uma anlise que se faa do municpio, por considerarmos todo municpio pea fundamental do organograma poltico do pas, lugar onde a vida das pessoas efetivamente acontece.
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Dinorh Lopes Rubim Almeida (Instituto Federal do Esprito Santo)
Ernesto Geisel: o general da abertura x o acirramento da poltica de represso nas Universidades Brasileiras
Resumo:Este trabalho se prope a apresentar as disputas d...
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Resumo:Este trabalho se prope a apresentar as disputas de narrativas em torno do governo do general Ernesto Geisel (institucionalizao da ditadura, distenso ou transio poltica?), confrontando a propalada abertura poltica s represses sofridas por seis comunidades universitrias brasileiras: Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Braslia (UnB), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), conforme anlise dos relatrios das Comisses da Verdade institudas nesses centros acadmicos. Falar de vigilncia nas Universidades, explanar sobre o modus operandi da Assessoria Especial de Segurana e Informao (AESI) instaladas em cerca de trinta e trs Universidades pelo pas, que monitoravam a ao de professores, funcionrios istrativos e estudantes, que aps serem considerados ameaas do governo eram punidos com censuras, suspenses, expulses, prises, torturas e mortes, considerando que boa parte deles eram ligados a alguma organizao poltica contrria as decises arbitrrias do governo. notria que na transio poltica brasileira, houve uma abertura controlada e negociada entre os militares e a elite econmica, abertura esta, que apesar de ser istrada pelas elites civil e militar, sofreu presso de diversos setores sociais, entre eles, o movimento estudantil, que apesar de toda a represso advindo do Governo, apresentou resistncia, conforme consta nos referidos relatrios. Nesta pesquisa utilizamos a temtica da Histria do Tempo Presente (HTP), pois segundo Rousso (2016), as catstrofes tem trazido interesse e inquietaes na sociedade e por isso exigido dos historiadores uma resposta, da a valorizao dessa modalidade histrica. Para tanto, enfatizaremos a cultura poltica conciliatria brasileira, utilizando tambm a memria, que recorrente em trabalhos que utilizam essa temtica. Para Berstein (2009, p. 41), o objetivo historiogrfico do estudo das culturas polticas, (...) fornecer uma resposta para o problema fundamental das motivaes do poltico. Nesse vis norteamos nossa pesquisa.
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Joo Alexandre Jata Alves (UFC - Universidade Federal do Cear)
A UFC no Regime Militar - Personalismo e Represso Estudantil
Resumo: O objetivo deste trabalho compreender a UFC U...
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Resumo: O objetivo deste trabalho compreender a UFC Universidade Federal do Cear, na conjuntura do regime militar iniciado no golpe de 1964, analisando as relaes desenvolvidas entre a istrao superior da instituio (CONSUNI Conselho Universitrio) e o governo federal, buscando refletir sobre os impactos desta relao no desenvolvimento da Universidade, no campo istrativo, poltico e educacional, e tambm no trato desta instituio com o corpo discente, em especial os movimentos estudantis, encabeados pela UNE.
O grupo de foras que deflagrou o golpe de 1964 era heterogneo, possuindo os interesses diversos e at mesmo conflitantes. De acordo com o historiador Rodrigo Patto (2014) a fora motriz que uniu estes grupos, que iam desde liberais e reformistas moderados militares conservadores e latifundirios reacionrios, era a necessidade de remover do poder um governo que, segundo eles, ameaava instalar uma ditadura comunista no pas. Entretanto, era necessrio um projeto para a nao que estivesse alinhado com as polticas de desenvolvimento cunhadas pelas alas mais liberais das foras pr-golpe. Dentro desta perspectiva, as instituies universitrias eram setor estratgico para o projeto modernizador-autoritrio. Seriam elas, de acordo com a viso desenvolvimentista, as responsveis no s pela formao das elites polticas e sociais da nao, mas tambm de tcnicos altamente qualificados, que conduziriam o processo de modernizao. Alm disso, tambm se concentraria nas universidades a produo de conhecimento cientfico e tecnolgico que fomentasse o progresso, com a criao de institutos e centros de pesquisa voltados para tal objetivo.
Para UFC, este projeto calhava com a poltica que era desenvolvida pela instituio, que institura programas de fomento a industrializao em localidades do interior do estado, criara centros de pesquisa voltados para o desenvolvimento de conhecimentos que pudessem ajudar na modernizao do trabalho, na perspectiva de trazer o progresso para a regio atrasada que era o Cear no incio da dcada de 60. Assim, a istrao superior da UFC viu no golpe de 1964 uma oportunidade no apenas se verem livres de um governo suspeito, que j tinha aderido a pautas estudantis, como a da paridade de representao (vide episdio da Greve do Tero, de 1963), o que criara uma situao de conflito e tenso entre istrao e entidades discentes, como tambm de conquistar novos recursos atravs de relaes personalistas que poderiam rendes bons frutos para a Universidade, como a desenvolvida entre o Presidente Castello Branco e o Reitor-Fundador da Universidade, Antnio Martins Filho, gerando assim, momento oportuno para o crescimento da instiuio.
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Jos Vieira da Cruz (UFAL - Universidade Federal de Alagoas)
Da (re)abertura das entidades estudantis s Diretas-j: antinomias e desdobramentos na poltica brasileira, 1975-1984
Resumo:No curso da ditadura civil-militar, em particular ...
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Resumo:No curso da ditadura civil-militar, em particular a partir de meados da dcada de 1970, o processo indireto de eleio de alguns Diretrios Centrais de Estudantes (DCEs), restringidos tanto pela atuao dos rgos de segurana e informao quanto pelos imbrglios provocados pela legislao imposta as entidades estudantis, a partir da Lei 4464/1964, denominada de Lei Suplicy, impediram a participao da maioria dos estudantes na escolha direta das diretorias de suas entidades. A imposio desta estratgia, de eleies indiretas para entidades estudantis e para outros espaos de participao poltica, com suas antinomias e desdobramentos postergaram o fim da ditadura e, consequentemente, da retomada da democracia no Brasil. Em torno desta discusso, da bibliografia existente, da legislao relacionada e das fontes disponveis orais, escritas e visuais , o objetivo desta comunicao o de discutir, como entre 1975, com a (re)abertura de algumas entidades estudantis, dentre elas DCEs, CAs e DAs, por meio de processos de escolha indiretos, ocorreram em meio ao processo de distenso e de reabertura poltica negociaes, disputas, recuos e avanos que balizaram a participao do movimento estudantil universitrios, de algumas de suas lideranas e de parte da sociedade brasileira no movimento das Diretas-j, ocorrido nos idos de 1984. Nesse contexto, de 1974 a 1984, concomitantemente a dura represso imposta aos que se aventuraram pela experincia da luta armada, a ideia de combater a ditadura a partir da resistncia democrtica ou a envolver setores do movimento estudantil, da comunidade universitria e da sociedade civil. Esta perspectiva estendeu-se e teve sua culminncia com o processo de redemocratizao do pas ocorrido ao longo da dcada 1980. Neste sentido, observa-se que em torno desse movimento de reabertura das entidades estudantis, ocorrido no decurso da dcada de 1970, possvel perceber tambm a articulao de debates sobre o papel da universidade, dos posicionamentos da comunidade acadmica, da importncia do voto direto para os DCEs, da reabertura da UNE, da organizao do movimento pela anistia, da luta pela liberdade de expresso e por melhores condies de vida, da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos ndios, entre vrias outras questes que comearam a avolumar-se. Este acumulo de experincias contriburam tanto para a redemocratizao do pas quanto para a escrita e a aprovao da Constituio Cidad de 1988.
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Maria Julia Dias Rodrigues
Amanh vai ser maior: os usos pblicos do ado entre imprensa e movimento estudantil nos ciclos de ao coletiva no Brasil (1968-2013).
Resumo:A proposta da apresentao tecer reflexes sobre...
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Resumo:A proposta da apresentao tecer reflexes sobre os usos pblicos do ado mobilizados nas narrativas polticas produzidas tanto pela imprensa como pelo movimento estudantil em dois importantes momentos da histria do tempo presente brasileiro: 1968 e 2013. Levando em considerao que esses dois marcos so conhecidos por grandes levantes sociais em que a juventude foi protagonista nas mobilizaes e ocupaes de espaos pblicos, a saber: a Marcha dos Cem Mil no contexto de ditadura militar no Brasil e as manifestaes contra o aumento tarifrio dos transportes pblicos nos centros urbanos brasileiros em 2013, sob um regime democrtico. Objetiva-se, ento, analisar as diferenas no plano histrico e memorial nessa longa durao, assim como entender sobre como e quais os instrumentos que a imprensa e o movimento estudantil mobilizaram para darem legitimidade as perspectivas polticas no momento dos acontecimentos. Para isso, sero analisados os jornais O Globo e Folha de So Paulo, visto que so os principais editoriais de grande circulao, j na dcada de 1960, nas duas maiores cidades do pas, Rio de Janeiro e So Paulo, respectivamente. Ambos os peridicos so conhecidos ainda pelo apoio explcito ao Golpe de 1964. No caso dO Globo, o editorial continuou a reforar tal postura at as vsperas da abertura democrtica em 1985, tardiamente em relao a outros jornais que, ainda durante o regime militar, j se colocavam crticos ao recrudescimento do regime. Sero analisados tambm registros selecionados de tendncias polticas existentes no movimento estudantil e de documentos elaborados pelos mesmos, como por exemplo: debates dos congressos estudantis, cartas e circulares das correntes polticas que construam ou eram oposio na gesto das entidades de representao estudantil. A ideia cruzar as narrativas polticas presentes nessas fontes para suscitar o debate entorno de como a construo do esprito revolucionrio da gerao de 1960, como sugere Irene Cardoso, tem sido frequentemente usada como estratgia discursiva, como mais uma prtica frequentemente acionada do repertrio de aes polticas do movimento estudantil. Objetiva-se tambm, ainda que de forma inicial, traar paralelos e distanciamentos entre esses processos em movimentos mais amplos que aconteceram simultaneamente em diversas localidades do mundo e que compartilham aspectos ou conjunturas similares: no caso de 1968, as grandes mobilizaes de jovens e estudantes que caracterizaram o perodo como o ano de rebeldia mundo a fora, tendo a Frana como o caso mais evidente. E em 2013 a Primavera rabe e o Ocuppy All Street.
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Pedro Ernesto Fagundes (UFES- Universidade Federal do Esprito Santo)
As Universidades e a Ditadura: os desafios de o aos documentos da represso.
Resumo:Os trabalhos da Comisso Nacional da Verdade (CNV)...
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Resumo:Os trabalhos da Comisso Nacional da Verdade (CNV), entre 2012 e 2014, ensejou novos debates no pas sobre a ditadura militar (1964-1985). Simultaneamente, despertou o interesse de pesquisadores sobre os impactos do autoritarismo no campus.
A origem desses rgos remonta a dcada de 1960. Os mais notrios foram a Diviso de Segurana e Informao do Ministrio da Educao (DSI/MEC). Em 1971 surgiram as primeiras Assessorias Especiais de Segurana e Informao (AESI). A partir do surgimento desse mecanismo especfico, o aparato de vigilncia adquiriu um importante instrumento para a coleta de informaes dentro das universidades. Assim, uma das principais marcas desses perodo foi a estruturao de um amplo aparato para vetar os ltimos espaos de contestao ao regime.
As prioridades desses rgos eram: coleta de informaes sobre atividades das lideranas estudantis e professores, controle da nomeao para cargos, viagens de docentes e discentes para eventos cientficos, censura de livros, proibio de manifestaes, confisco de material considerado subversivo, entre outras.
Assim, as AESI atuaram como mais um mecanismo de controle e vigilncia da chamada Comunidade de Informao. A criao das ASI/AESI representou uma violncia cotidiana no interior das universidades. Outro aspecto importante de se destacar alm da ameaa de priso, tortura, expulso ou morte que essa estrutura de represso significou a ao permanente de um instrumento de intimidao e constante ameaa para discentes, professores e funcionrios.
Representou, tambm, o estabelecimento de prticas rotineiras de invaso da intimidade de cidados no engajados em movimentos de resistncia armada. Dessa forma, a violncia, a suspenso, a desconfiana, o sigilo e o silncio aram a compor o cotidiano, sobretudo, das universidades. O emprego dessa ttica serviu para momentaneamente silenciar, desarticular e desorganizar as entidades estudantis.
Em paralelo aos trabalhos da CNV foram instaladas diversas comisses da verdade universitrias. Em sintonia com esse movimento, nossa meta discutir sobre os desafios no o aos conjuntos documentais dos rgos de represso que atuaram, durante essa poca, nas universidades.
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Queila Batista dos Santos (Secretaria de educao e esporte do acre)
Movimento Estudantil na Universidade Federal do Acre Prticas e resistncias (1977- 1985)
Resumo:Nos anos que compreendem o perodo da Ditadura Mil...
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Resumo:Nos anos que compreendem o perodo da Ditadura Militar (1964-1985) a mobilizao estudantil no Brasil se apresentou como uma grande fora de resistncia a forma de governo dos militares. Desde o ano de 64 os estudantes se mostraram contrrios ao novo regime, sendo uma mola propulsora da sociedade para a contestao e mobilizaes. No estado do Acre, o Movimento Estudantil se forma em uma conjuntura que difere dos demais estados brasileiros. O movimento aos poucos vai adquirido caractersticas de movimento social e contestador. No estado a Universidade Estadual criada em 1968, e federalizada em 1974 quando na presidncia do Brasil estava o Militar Ernesto Geisel. Um dos fatores usado na argumentao para a federalizao da instituio, foi a alegao do Governado do estado Jorge Kalume que afirmava que a Universidade deveria ser dirigida pela Unio por conta do contexto geopoltico do estado, pois o mesmo estava localizado em uma rea de fronteira, sendo vizinho do Peru e da Bolvia, pases que poderiam ser uma porta de entrada de ideias subversivas e revolucionrias. Com a federalizao da Universidade, qualquer mobilizao de estudantes dentro do campus era extremamente reprimida, e desde o incio os estudantes foram moldados para no fazerem nenhum tipo de reivindicao. O presente texto tem como objetivo principal analisar as geraes de estudantes que rompem com as amarras da reitoria e integram o Movimento Estudantil no estado do Acre, que comea a ter suas aes significativas a partir do ano de 1977. Pretendemos destacar as bandeiras de Luta, as mobilizaes, Greves, viglias, congressos, encontros e eadas que eram encampadas pelos estudantes, que apesar de tardiamente se comparados aos outros estados brasileiros, tambm contestaram contra a Ditadura Militar com vrias formas de resistncia. Como referencial terico, valemo-nos de Roger Chartier (2002, 2011) Stuart Hall (2003), Alessandro Portel (2010), Valter Benjamim (1994) e outros. Os estudantes que integraram o ME na UFAC a partir de 1977, dialogavam com questes sociais amplas. So eles que levantaram bandeiras inditas, mobilizaram e conscientizaram a muitos, atentando para problemticas regionais, nacionais e at mesmo internacionais. Suas atuaes peraram os muros da universidade, o polo crtico da sociedade foi seu marco de referncia de contestao, tornam-se um agente ativo e mobilizador de seu meio social.
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Thiago Nunes Soares (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO)
A reconstruo da Unio dos Estudantes de Pernambuco (UEP): disputas, vigilncia e militncia contra a ditadura.
Resumo:A Unio dos Estudantes de Pernambuco (UEP) foi fun...
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Resumo:A Unio dos Estudantes de Pernambuco (UEP) foi fundada em 1944, com sede em Recife, representando os universitrios do estado. Desde ento, atuou em prol dos direitos discentes e de melhorias sociais para o Brasil, sendo emblemtico o seu papel de articulao do movimento estudantil pernambucano quanto s discusses poltico-sociais nos mbitos nacional e local. Com o golpe de 1964, a entidade foi invadida por tropas do IV Exrcito, ou por intervenes e atuou na ilegalidade. Em 1969, com a tentativa de assassinato do seu presidente Cndido Pinto de Melo, a UEP foi desestruturada. Essas prticas autoritrias estavam inseridas em contexto de aparato legal do Estado. A Lei Suplicy Lacerda (Lei n4464/1964) colocou na ilegalidade as entidades estudantis, buscando eliminar a representatividade estudantil da esfera nacional e combater as atividades polticas independentes dos discentes. Nesse cenrio, os sustentculos repressivos do Estado foram ampliados com a aprovao do Decreto n 228/1967, que reformulou a estrutura organizacional de representao discente e esteve vigente at 1979, quando ele foi revogado pela Lei n 6.680. Diante disso, verificamos nesse decreto uma srie de medidas regentes da estrutura e o funcionamento das entidades representativas estudantis nas universidades brasileiras durante mais de doze anos, objetivando exercer um controle desses rgos e dos membros da comunidade acadmica, como alunos, integrantes do Conselho Universitrio, diretores de departamento e reitores. Dessa forma, em Pernambuco, os DCEs, os DAs, a UEP, a UNE e os sujeitos que os integravam foram vigiados e reprimidos em suas atividades: reunies, eventos, eleies (etapas, chapas, resultados, candidatos, bandeiras defendidas), atos pblicos, materiais produzidos, tendncias polticas, perfis dos grupos existentes e demais estratgias e tticas de resistncias. Foi um contnuo combate ao comunismo e subverso nas instituies de ensino superior, perante o medo de sua infiltrao nos meios educacionais ao longo de toda a ditadura. Nesse sentido, sobretudo, na segunda metade dos anos 1970, em Pernambuco, a luta pelo retorno da legalidade da UNE foi concomitante a da UEP, perante um contexto de reorganizao e fortalecimento dos DAs e DCEs das principais universidades do estado. Foi a partir desse contexto, que se consolidou o processo de reestruturao da UEP, em 1980, quando foram realizadas eleies para a entidade. Diante disso, esse trabalho analisou como ocorreu a reconstruo da UEP, destacando as disputas no meio estudantil, a vigilncia da comunidade de informaes e a militncia contra a ditadura civil-militar brasileira.
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