ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Erick Kayser Vargas da Silva (5078114898)
Neoliberalismo e temporalidade
Resumo:Ostentado uma inegvel condio hegemnica, o neol...
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Resumo:Ostentado uma inegvel condio hegemnica, o neoliberalismo hoje j pode ser apontado como a nova racionalidade do mundo. A governamentalidade neoliberal busca regular a todas as dimenses da vida humana, suas incidncias e manifestaes, certamente, no assumem um todo uniforme e coerente, havendo inmeras contradies em seu seio e mesmo aspectos antitticos em sua conformao. Neste trabalho, se buscar explorar os traos definidores do que seria uma incidncia neoliberal sobre as relaes de temporalidade contempornea. As relaes sociais de temporalidade so uma construo historicamente situadas no tempo e no espao, por tanto, de se supor que neste terreno tambm a racionalidade neoliberal j se faa perceptvel. Partindo de um pressuposto que as experincias do tempo teriam sofrido mudanas recentes substanciais no mundo, estas podem ser sintetizadas, como aponta o historiador francs Franois Hartog, num regime presentista de historicidade. Com a noo de presentismo demarca-se a peculiaridade da nossa atual relao com o tempo, colocando-se em relevo a forma que o Ocidente e o mundo ocidentalizado experimentam sua relao temporal, marcada por um presente nico, sob a tirania do instante e da estagnao de um presente perptuo. No regime presentista de historicidade estaramos vivendo numa ordem do tempo desorientada, entre dois abismos: de um lado um ado que no foi abolido e esquecido, mas que no orienta o presente e nem permite imaginar o futuro; de outro, um futuro sem uma figurao antecipada. Entre as muitas reflexes possveis sobre a poltica em uma poca presentista ou ainda sobre o presentismo enquanto construo poltica, indicam uma promissora capacidade analtica da instrumentalizao deste conceito, aqui se buscar explorar um destes caminhos alternativos, expondo a hiptese de que a experincia presentista encontra sua contraparte poltica, e mesmo constitutiva, no neoliberalismo. O neoliberalismo, com seu presentismo, busca representar uma ruptura ou superao da historicidade da modernidade, mas sem conseguir, de forma plena, atingir seu objetivo. Tendo que, no apenas conviver com traos importantes da modernidade, como at mesmo revindic-la como condio de existncia. Nesta ambivalncia entre seus objetivos e condies constitutivas indesejveis, uma temporalidade neoliberal necessariamente instvel e at mesmo disfuncional, convertendo a prpria experincia humana com o tempo em um terreno de disputa poltica.
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Ildenilson Meireles (UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros)
Biopoltica e Dispositivos de (In) Segurana: sobre as populaes flutuantes
Resumo:O argumento mais explcito de Foucault acerca da e...
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Resumo:O argumento mais explcito de Foucault acerca da emergncia de tecnologias de segurana que se trata de um problema que no recente, mas que se torna uma dificuldade para o Estado moderno desde seu desenho histrico. Como lidar com as multiplicidades? Esse o aspecto fundamental que mobiliza o domnio da biopoltica. A nosso ver, esse argumento alimenta uma boa expectativa em relao ao modo como as cidades lidam com suas questes sociais, isto , como lidar com as periferias? A nova configurao daquilo que caracteriza a cidade, conforme as anlises de Em defesa da sociedade, levanta uma srie de questes que desemboca no problema da segurana: fundamentalmente, o problema da circulao. Circulao de alimentos, circulao de pessoas, circulao de produtos para comrcio, mas tambm circulao das idias, circulao das vontades e das ordens, circulao comercial. Se retomarmos as discusses acerca da noo de biopoder, ou da agem da sociedade disciplinar para uma sociedade de biopoder, segundo a letra de Histria da Sexualidade I A vontade de saber, reconheceremos mais facilmente os elementos prprios do dispositivo de segurana ou seu domnio de ingerncia. Foucault defende a tese de que h uma evoluo dos mecanismos de segurana nas sociedades ocidentais, evoluo que est ligada a um novo objeto de investimento poltico e econmico, o fenmeno da populao. Nosso propsito discutir, a partir dos cursos Em defesa da sociedade e Segurana, Territrio, Populao, mais precisamente, algumas linhas gerais daquilo que Foucault considera dispositivos de segurana no contexto da biopoltica, com especial ateno ao argumento dele de que o problema das multiplicidades mobilizaram novas tecnologias polticas das populaes, fenmenos de massa dispostas governamentalidade, sem, no entanto, interromper o fluxo das populaes flutuantes sempre imprevisveis e dispostas a colocar em colapso as tecnologias biopolticas de segurana. Ingovernveis, as populaes flutuantes seriam, no contexto do nosso Estado democrtico de direito, a demonstrao mais significativa da (in)segurana ao prprio estado e, por isso mesmo, a demonstrao no menos significativa de insubmisso razo de estado.
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Odemar Leotti (Universidade Federal de Mato Grosso - CUR.)
Neo-liberalismo e as palavras desertadas: a verdade, sua escandalizao e a emergncia das diferenas sujeitadas
Resumo:Michel Foucault, com seu livro Arqueologia do Sabe...
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Resumo:Michel Foucault, com seu livro Arqueologia do Saber mostra a necessidade do deslocamento da crena na busca da verdade para as suas formas e lugares de produo. No toma essa atitude pelo simples modismos nem oferecer um novo mtodo como busca de maior aproximao com a objetividade da pesquisa. No , portanto mais um ato de refutao de teses anteriores, ligadas necessidade da busca da verdade original que estaria espera do historiador para desvel-la. Para ele, o que existem so as prticas discursivas, que produzem subjetividades e objetividades e intervm a cada momento que se exija a adequao do ser aos interesses dominadores. E agora vem a pergunta. Que forma de sentimento marca nossa contemporaneidade que nos tornam seres duvidosos quanto s certezas nascidas com a cincia do esprito agindo em oposio ao mundo da experincia. O discurso moderno, j proporciona aos crdulos dessa busca uma esperana um tanto desvanecida. Esse duro acontecimento que nos carrega de ceticismo boa parte do mundo ocidental. Repercutido de diferentes maneiras, como necessidade do discurso da nao, tinha como objetivo a busca da verdadeira liberdade em detrimento da pluralidade j existente. Esse ceticismo est acoplado a duas guerras mundiais tendo em seu entremeio uma crise econmica de efeitos catastrficos. Porm o que havia no era somente a crise material produzida, mas a crise da forma de sua superao. da a importncia de tratar do deslocamento feito por Michel Foucault na leitura da crise provocada pelo discurso modernizador da vida. Voltado para a arqueo-genealogia institui uma ontologia do saber ocidental descolando-se das noes conceituais que lhes davam sustentaes. Havia, portanto duas crises a ser debeladas: a crise moderna e a crise do lugar de sua leitura. A proposta dessa comunicao traar esse roteiro em que Foucault marcou sua trajetria de estudos. Desde o surgimento das populaes criou-se dispositivos de conduo humana. Com o final do sculo XVIII instaurou-se uma grande transformao do saber voltado para o corpo e a necessidade de um dispositivo disciplinar: o tempo tornara-se a busca da perfectibilidade. O sculo XX testemunhou a crise da liberdade prometida. Em seu lugar houve o excesso de poder e a constituio de um sujeito guiado pela lei do mercado. Nele um sujeito da histria dissolvido em seus prprios dispositivos. Sua trajetria pode ser vista como um efmero caminho. A proposta mostrar como Foucault nos alerta, fazer ver que a inveno desse homem moderno causou-lhe a destituio: antes de se instaurar desaparece como um rosto na orla do mar.
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Pietra Stefania Diwan (PUCSP - Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo)
A Humanidade em Risco: transumanismo, gentica e neoliberalismo
Resumo:Esta apresentao faz parte das reflexes da pesqu...
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Resumo:Esta apresentao faz parte das reflexes da pesquisa de doutorado provisoriamente intitulada: A inveno do transumano:a promoo de um corpo elstico nos discursos de inspirao eugnica nos Estados Unidos (1939-2009). Trata do processo de reorientao do pensamento eugenista desdobrado a partir do final da Segunda Guerra Mundial e que se assentou dentro da disciplina de Gentica. A preocupao com a hereditariedade e o entendimento do mecanismo de transmisso de traos atravs da procriao (no mais humana) mas de bactrias, mosquitos e ratos ocupou os espaos de laboratrios de pesquisa. Nos Estados Unidos, o o ao acervo documental do Cold Spring Harbor Laboratory (Nova Iorque) demonstra o investimento da iniciativa privada nessa suposta nova cincia. Por iniciativa privada entende-se uma parte das classes dirigentes, que busca no somente a cura para os males da sade, mas tambm o aperfeioamento do corpo, tendo em vista a extenso da vida e a potencializao das capacidades humanas. Nada de errado com a proposta, no fosse as implicaes de tais medidas para as sociedades democrticas a e o crescimento do abismo scio econmico nestes pases. Neste processo, surge um grupo de intelectuais libertrios e milionrios, parte uma nova casta de humanos mais que humanos, os intitulados transumanistas.
A pesquisa demostra que a eugenia perdeu seu status de cincia da hereditariedade, capaz de selecionar os indivduos mais aptos com o objetivo de aperfeioar o corpo da nao, para transformar-se na gentica, a cincia do micro, futuramente do nano, que reduz o indivduo a sua menor escala do gen para comprovar que fsico e mental podem ser consertados, sem mais a interveno do Estado, mas atravs da conscientizao de cada indivduo.
O neoliberalismo ser o propulsor e o principal investidor dessa tendncia que atingiu seu pice na virada do ano 2000, quando o Projeto Genoma Humano foi concludo. De l para c, a os custos da anlise de DNA reduziram-se drasticamente; a proposta de terapias em nvel nano e biotecnolgico se expandido, e o desejo das classes dirigentes ocuparem definitivamente o lugar do mais forte, mais apto e mais resistente recebem o e laudatrio do grande publico que assiste tais avanos.
O tempo de hoje o tempo da democracia em crise, da emergncia do autoritarismo e da defesa do sujeito sem ado, que defende a vida como um presente estendido, ou devir permanente. Os empresrios de si mesmo esto assumindo cegamente os riscos de uma realidade autofgica que os est robotizando e direcionando a sociedade ocidental para uma extino voluntria. Esta pesquisa mostra uma das variadas facetas do neoliberalismo, aplicado diretamente ao corpo e, que implicam medidas que afetam diretamente nossa existncia.
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Priscila Piazentini Vieira (UFPR)
Michel Foucault e Donna Haraway: sobre os diagnsticos do presente e as novas formas de militncia poltica
Resumo: Pretendo refletir, nessa comunicao, como Michel...
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Resumo: Pretendo refletir, nessa comunicao, como Michel Foucault e Donna Haraway produziram potentes diagnsticos e propostas terico-polticas de transformao do presente. Para isso, ser importante estudar o curso Nascimento da Biopoltica, que Foucault deu entre os anos de 1978 e 1979 sobre o neoliberalismo, para compreender a crtica que ele realizou da sua atualidade, ressaltando os vrios sentidos que ele criou para os termos: verdade, liberdade e sujeito. Ser fundamental, ainda, recorrer s suas entrevistas e palestras, muitas delas realizadas nos Estados Unidos, para entender qual foi o destaque que ele reservou para as lutas empreendidas pelas feministas e pela cultura gay e como ele encarou os novos modos de vida propostos por esses grupos de militncia poltica, em especial na dcada de 1980. Alm disso, trabalharei com o livro Manifestly Haraway, que compila os dois manifestos escritos por Haraway, Manifesto Ciborgue e The Companions Species Manifesto e entrevistas, nas quais ela faz um balano fundamental de sua produo. Com isso, destacarei a especificidade do diagnstico da atualidade realizado por ela, ressaltando suas reflexes sobre a figura do sujeito universal masculino, o modelo de militncia da esquerda tradicional e as novas configuraes do trabalho e da famlia, no que ela chamou de "sociedades tecnologicamente mediadas". Por outro lado, tambm, procurarei entender de que maneira Haraway refletiu sobre a criao de novas formas subjetivas e de uma nova epistemologia, e como as crticas noo de maternidade essencialista e relao hierrquica entre as espcies podem auxiliar na compreenso dessas questes. Ou seja, esta comunicao prope procurar pelos inmeros dilogos que podem ser estabelecidos entre as trajetrias intelectuais de Haraway e Foucault. Ambos interessam-se pelo modo como as subjetividades contemporneas so produzidas segundo as prticas desenvolvidas pelo neoliberalismo ou, dito de outro modo, pelo capitalismo tecnocientfico. Haraway e Foucault, alm disso, propem outros modos de militncia, destacando a centralidade da tica e das transformaes dos arranjos subjetivos para compreender as novas maneiras de se encarar a revoluo. Prestarei ateno, ento, nas novas configuraes produzidas pela esquerda, entre os sculos XX e XXI.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Alice Mitika Koshiyama (Universidade de So Paulo - ECA-USP)
Feminismos e histria contempornea das mulheres: de Maria da Penha a Dbora Diniz
Resumo:Acompanhar historias de vida de mulheres que lutam...
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Resumo:Acompanhar historias de vida de mulheres que lutam pelos seus direitos humanos e sociais oferecem dados concretos para repensarmos o quanto de mentira temos na fabulao sobre o mundo em que as mulheres tem o direito ao uso do seu corpo.Nesta instncia coloca-se a eventual discordncia sobre como proceder em suas relaes pessoais. o chamado empoderamento feminino, cada uma por si ou em mobilizaes pelos direitos comuns como o me too elas contra eles que as ofenderam nos seus comportamentos individuais. Em nosso estudo verificamos que as mulheres tem suas subjetividades e nenhum cdigo pode abarcar todos os interesses e todas as necessidades. Na observao de histrias das mulheres captamos aes de violncia presentes nas relaes de gnero que entram componentes de preconceitos de etnia e de classe social que muitas vezes esto interpostas. Que mulheres divergem em seus valores a respeito de atos limites como o aborto, tema de divergncias entre grupos religiosos e laicos.
No estado de bem estar social reconhecamos os direitos humanos e os direitos de cidadania e assumamos que o estado proporcionar polticas pblicas que amparassem as mulheres socialmente. Os direitos sociais eram parte de polticas partidrias identificadas com o chamado progresso social. Atualmente , como vivemos sob sistema neoliberal, na anlise do professor aposentado de filosofia da USP, Paulo Arantes, vivemos sob valores neoliberais. Seu livro O Novo Tempo do Mundo, e suas inmeras palestras desafiam-nos para repensar sobre como prosseguir , sem seermos engolidos pelos valores do mercado e pelo estado a servio do mercado. O grande problema que nos esmaga o fato das pessoas serem instadas a viver sob a crena de que os esforos individuais definem o se destino na vida, e acreditar nisso parte do sistema de controle social.
Acompanhando a histria das feministas e da luta para aplicar ou difundir suas propostas de emancipao das mulheres, vimos a solido delas e a distncia da maioria das mulheres de suas propostas. Maria da Penha um cone da luta contra a opresso do homem contra a mulher, mas diariamente temos dados de assassinatos de mulheres em feminicdios. E Dbora Diniz , professora da UNB (Universidade Nacional de Braslia) e lutadora permanente pela descriminalizao do aborto, teve seu direito de ir e vir restringido e ameaada pelos insanos opositores s suas idias teve de deixar o pas.
necessrio desvendar para todos e todas o que o sistema social neoliberal, revelar a totalidade dos valores que o sustentam em todos os espaos e tempos em nossa sociedade. Para termos algumas possibilidades de combat-los.
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Carolina Melania Ramkrapes (Universidade Estadual de Campinas)
O que fao, brasil, com minha cara de ndia?: o corpo da mulher indgena em disputa no Brasil contemporneo
Resumo:Em 2008, Jonia Wapichana pintou seu rosto com uru...
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Resumo:Em 2008, Jonia Wapichana pintou seu rosto com urucum e se apresentou ao Plenrio do Supremo Tribunal Federal (STF) como mulher indgena advogando em prol da demarcao da terra Raposa Serra do Sol, ao norte de Roraima. Discursando em portugus e aruak, a primeira mulher indgena a ocupar uma das principais instncias decisrias no Brasil trouxe ao espao da instituio um corpo mestio e insubmisso. Diante da arte de governo das condutas, como nos apontou Michel Foucault, a presena de Wapichana pode ser pensada como outras formas de contrapor-se a tais condues.
Em emergncia desde os anos 1980, as mulheres indgenas de diferentes etnias presentes no territrio brasileiro tm questionado o lugar que ocupam no imaginrio e nas polticas scio-culturais, trazendo ao debate uma identidade marcada por sculos de colonizao, genocdio e excluso (Cunha, 2012). Identidades fragmentadas e corpos em disputa (Butler, 2018) tencionam a crise da democracia no Brasil contemporneo, que avana sobre as terras indgenas sob o discurso do desenvolvimento econmico, gide do latifndio e da minerao.
As mulheres indgenas foram descritas pelas crnicas coloniais como ingnuas, lascvias e submissas. O imaginrio cristalizou-se em Iracema, a ndia branca e obediente da fico de Jos de Alencar. H quatro dcadas elas se multiplicam em diferentes espaos como a Literatura, Poltica, Direito, Medicina, Educao, entre outros, e desestabilizam essas narrativas (Rago, 2014). Perguntam ao Brasil o que fazer com esta que uma identidade indgena fragmentada, portando um corpo feminino miscigenado e marcado pelas disputas na demarcao de terras, pela migrao compulsria, subempregos como domsticas e trabalhadoras fabris, diariamente excludas por sua etnicidade.
Cada vez mais presentes no espao pblico brasileiro e latinoamericano, mulheres indgenas como Jonia Wapichana, Eliane Potiguara, Darlene Taukane, Snia Guajajara colocam demandas indgenas no campo poltico, scio-cultural e educacional, desestabilizando o imaginrio cristalizado e reivindicando a construo de novos saberes e prticas ligados s culturas tnicas s quais se filiam. Para os feminismos, lanam novos olhares acerca das relaes de gnero e das experincias coletivistas de sociabilidade, formas de vida essas distintas e em disputa no Brasil contemporneo.
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Gabriela Simonetti Trevisan (Unicamp)
A poetizao de si e do espao na escrita feminista de Jlia Lopes de Almeida
Resumo:A literata carioca Jlia Lopes de Almeida (1862-19...
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Resumo:A literata carioca Jlia Lopes de Almeida (1862-1934) publicou mais de trinta obras de diversos gneros literrios ao longo de sua carreira, como romances, contos, crnicas, manuais e peas de teatro, alm de ter contribudo em diversos peridicos de grande circulao da poca, como O Pas, e na imprensa feminista, a exemplo de A Famlia ou A Mensageira. Bastante reconhecida naquele momento, a autora produziu uma crtica feminista em seus textos publicados na virada entre os sculos XIX e XX, quando a racionalidade cientfica tentava consolidar uma ideia normativa de feminilidade, tendo essa postura muitas vezes amenizada pela atribuio de sua imagem a um comportamento conciliatrio entre o cuidado do lar e a carreira profissional. Nesta pesquisa, preocupo-me com as transgresses em sua escrita, pensando-as como poetizao de si e dos espaos, com enfoque nas transformaes do mundo e da subjetividade engendradas pelas suas personagens femininas, em especial nos livros A famlia Medeiros (1893), A viva Simes (1897), A falncia (1901), nsia eterna (1903), Eles e elas (1910), Cruel amor (1911), Correio da roa (1913) e A Silveirinha (1914). Penso essa poetizao de si e dos espaos como transformaes feministas da cultura que se do pelas prticas das mulheres de solidariedade, amizade, empatia e dilogo com a arte. Essa leitura se consolida a partir das ideias de Michel Foucault sobre a literatura como experincia e a vida como obra de arte, assim como a partir de tericas do feminismo da diferena e ps-estruturalista, as quais refletem sobre as especificidades da escrita feminina e sobre a crtica feminista cultura patriarcal. Nesse sentido, tenho por foco analisar sob esse prima algumas temticas que considero de relevo nas obras de Jlia Lopes de Almeida, como a crtica ideologia da domesticidade" e ao casamento; as percepes da autora de uma sociedade em mudana na poca, em especial os processos de urbanizao e modernizao da cultura; a relao das mulheres com o corpo, abrangendo o desejo, a maternidade e as resistncias s situaes de violncia; as relaes interpessoais entre mulheres, a amizade feminina, as redes filginas de apoio e seus os conflitos; e, por fim, a transformao dos espaos da casa, do trabalho e da fazenda a partir da presena e das prticas das mulheres.
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Luzia Margareth Rago (UNICAMP)
Foucault, o cristianismo e as mulheres
Resumo:Mostro, nessa comunicao, como uma atitude em def...
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Resumo:Mostro, nessa comunicao, como uma atitude em defesa de Eva aparece explicitamente na crtica contundente que Foucault enderea ao cristianismo e que tem em vista a crtica de nossa atualidade, j que para o filsofo o neoliberalismo se pauta pelas exigncias e interpretaes da moral crist. Destaco quatro momentos desse movimento: o primeiro, quando aponta ironicamente para o padre Tertuliano como o inventor dessa ideia maravilhosa do pecado original, assim como da mulher como a porta do diabo. Na pastoral crist, as mulheres so continuamente associadas ao pecado e carne, vistas como perigos pblicos e citadas como perdulrias, frvolas, sensuais e pecadoras, desde Eva, responsvel pela queda da humanidade; demandam, portanto, maior controle e vigilncia pelos homens. O segundo momento refere-se inveja do tero, quando Foucault destaca que a ejaculao era tida como o equivalente masculino ao parto feminino e mostra um grande esforo dos primeiros padres, dando sequncia tradio antiga, para provarem que a gerao da vida se devia aos homens e no s mulheres, reprodutoras ivas. Num terceiro momento, acompanhando Clemente de Alexandria, Foucault afirma que para ele, a menstruao era uma substncia impura e, portanto,o smen masculino no mereceria ser exposto ao contato com impurezas. Apenas no momento em que cessa a menstruao e em que a matriz est vazia que as mulheres so levadas ao ato venreo e o desejam. Foucault ento explica: tambm uma ideia mdica a de que a mulher no pode efetivamente conceber, a menos que ela deseje a relao sexual. Da decorria a concluso de que se uma mulher engravidasse aps um estupro, que ela o havia de algum modo desejado. Em quarto lugar, destaco o que o filsofo considera como o imprio do sexo masculino em suas anlises sobre o cristianismo. Segundo ele, a libido se caracteriza essencialmente pelo sexo masculino. Ela originariamente flica. E mesmo que Agostinho afirme que a mulher tambm tenha o mesmo indecente movimento que o homem, isto , a ereo involuntria, mas secretamente, pois no exposto como no caso dele, a visibilidade do rgo masculino (que) est no centro do jogo.
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Patricia Teixeira Alves (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
E l vem elas!
Resumo:O artigo lana o olhar sobre algumas formas de lib...
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Resumo:O artigo lana o olhar sobre algumas formas de liberdade e autonomia no processo autolegitimao das mulheres negras, vistas como homogneas, e o direito de questionar as formas de poder que so exercidas sobre si. Questiona o poder acerca dos discursos de verdade que lhe so impostos, apresentam algumas formas de resistncia que podem ser pensadas como uma "indocilidade refletida", pois, segundo Foucault, "teria essencialmente por funo o desassujeitamento. Aborda ainda como essas mulheres podem ser vtimas do Estado e da sociedade pela colonizao de seus corpos quando suas demandas so costumeiramente preteridas, ao mesmo tempo em que, seus espaos de atuao, so ignorados. Trazendo a fora que o bio-poder possui corroborando com as formas de controle das instituies, no somente como ordem repressiva, autoritria, mas atravs do discurso de bem social, levando o indivduo a oferecer um corpo dcil e til ao Estado, que legitima sua violncia contra as mulheres negras com o racismo institucional. No entanto, essas mulheres vm apresentando meios de sobrevivncia autctones, a partir de seu processo de subjetivao, de resistncia, das construes de novas epistemologias e conceitos sobre o que ser uma mulher negra, ou como as mulheres negras se identificam diante das pluralidades que as constituem. O bio-poder disciplina ao mesmo tempo em que trabalha o campo das ideias formando cidados enquadrados pelo discurso produzidos como verdades. No entanto, essas mulheres negras esto desterritorializando espaos de atuao e seus locais de pertencimento, dando novos significantes ao substantivo: mulheres negras, reescrevendo novas epistemologias, novos campos de atuao que envolvem territrios repatriados, a comear pelo conceito mulher negra que se constituiu vazio para branquitude por sculos e na atualidade evocado pela pluralidade desse contingente de sujeitos ativos. As mulheres negras como a base da pirmide social, apresenta em seus mais variados lugares de ao, a complexidade do que ser um indivduo com demandas prprias dentro de uma sociedade que no legitima sua luta, ao mesmo tempo a homogeneiza desqualificando seus deslocamentos no decorrer dos ltimos cem anos. Sendo assim as mulheres negras comeam o sculo XX lutando para sobreviver aos desmandos da abolio, em contraponto iniciam o sculo XXI apresentando essas formas de sobrevivncias e os movimentos que tiveram de fazer para estar presente num universo que no fora pensado para si. Deixado as escolas de empregadas domsticas para mulheres negras, do sculo XX para ocuparem as Academias Universitrias no sculo XXI.
Palavras-chave: poder, subjetividades e territrios repatriados
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Juliana Cintia Videira
Elza Soares na escola: gnero e relaes tnico-raciais na msica popular brasileira e no ensino de histria
Resumo:O presente trabalho, desenvolvido por meio do Prog...
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Resumo:O presente trabalho, desenvolvido por meio do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Histria (ProfHistria), tem como eixo temtico o debate sobre gnero e as relaes tnico-raciais na educao. Os objetivos primordiais so o desenvolvimento de prticas didticas sobre gnero, raa e classe no ensino de histria, para fomentar a promoo de vivncias antirracistas e antissexistas e de respeito s diferenas.
A cantora Elza Soares foi escolhida para contribuir nesse propsito, pois sua biografia e produo artstica oferecem elementos significativos para o desenvolvimento das discusses e atividades pedaggicas sobre os temas em questo. As msicas por ela gravadas e interpretadas podem nos auxiliar nas anlises das construes das representaes do feminino nos sculos XX e XXI, sobretudo, no que se refere vida das mulheres negras no Brasil. Sua biografia tambm elucida esse debate, ao observarmos como ela negociou, reagiu s normas sociais, investiu em prticas de resistncia e de criao de si, inventando modos de se posicionar como mulher e artista negra na sociedade brasileira.
Conceitualmente, tanto para a discusso terica e anlise crtica das fontes como para a estruturao pedaggica do material didtico, tomamos como referncia os estudos ps-estruturalistas da filosofia da diferena desenvolvidos, sobretudo, pelo filsofo Michel Foucault e os estudos interseccionais sobre gnero, a exemplo dos trabalhos da filsofa Sueli Carneiro e das educadoras bell hooks e Guacira Lopes Louro.
Na parte propositiva do trabalho, apresentamos um material didtico denominado Elza Soares na Escola, que se constitui no formato de um pequeno livro. O material possui um conjunto de atividades didticas que prope aos educandos/as anlises das fontes sobre a vida e a obra da cantora, tais como: entrevistas, vdeos e audies musicais selecionadas, editadas e reproduzidas para fins didticos. Inclui tambm, como atividade final, uma oficina para a confeco de capas de papelo para o pequeno livro a serem elaboradas pelos/as prprios/as educandos/as, inspirada no trabalho da argentina Eloisa Cartonera.
Buscamos, dessa forma, por meio da arte, que os educandos e educandas expressem suas impresses e olhares sobre as representaes do feminino, como das questes tnico-raciais e de classe em seus determinados contextos histricos problematizadas pela biografia e produo artstica de Elza Soares.
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Julie Avila do Brasil Almeida (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Da violncia, da poltica e da arte contempornea
Resumo:O presente artigo deseja promover o pensamento cr...
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Resumo:O presente artigo deseja promover o pensamento crtico sobre a violncia atravs da produo de arte no contexto da tragdia ps-colonial latino-americana com o pano de fundo do conflito armado que resultou na Guerra Civil da Guatemala. Articulam-se fenmenos artsticos e culturais contemporneos, alm de conceitos de violncia institucional e simblica, ancorados nas ideias de poltica e ao da pensadora Hannah Arendt.
A violncia refletida a partir de conceitos clssicos do pensamento de Thomas Hobbes entremeados com consideraes sobre a psique humana de Sigmund Freud, alm de pontuao com obras dos artistas guatemaltecos Anbal Lpez e Regina Jos Galindo e acontecimentos histricos traumticos e lacunares.
Os conceitos arendtiano de poltica e ao so chaves na discusso das interaes humanas, ando pelo o terreno intersubjetivo. As leis seriam princpios de inspirao para a ao que propicia novas relaes entre os homens, pois so peas da relativizao essencial do jogo poltico para enfrentar os assuntos contingentes. Nenhum homem pode agir sozinho, j que para realizar algo neste mundo, deve-se agir em conjunto, em acordo mtuo.
O texto aponta que a aceitao do outro no parece ser nossa tendncia natural, mas, talvez seja esse embate que nos force sair da onipotncia e reconhecer que alm de ns h outros seres humanos. atravs da poltica que a dignidade humana pode ser construda e preservada, atravs da memria das novas geraes que constituiro uma histria dos acontecimentos e preservao da liberdade.
Considera-se a importncia do papel da arte no entendimento da poltica para pensar na relao com o outro ou ao menos, para provocar uma simpatia nessa direo. Ponderar a poltica como uma questo crucial a ser considerada pela esttica e vice-versa, como forma de estarmos juntos e como meio de relacionar nossas comunalidades para alm dos conflitos de interesse.
Por fim, ajuza-se que a arte como expresso cultural pode afetar os indivduos ao promover uma maior compreenso das complexidades da natureza da violncia, seus legados e a sua relao com o espectador. Tratar a violncia no para afirmar o nunca mais mais uma vez, j que difcil pensar em fenmenos sociais humanos da natureza persistente ao longo da histria e de mbito to geral sendo erradicados, mas para executar uma funo ritual que una pessoas na busca de ao e esforos prticos.
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Letcia Nunes de Moraes (Universidade de So Paulo)
Pagu, eternamente?
Resumo:Muitas vezes exaltada como smbolo da luta feminis...
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Resumo:Muitas vezes exaltada como smbolo da luta feminista por sua histria repleta de experincias consideradas incomuns s mulheres de seu tempo, Patrcia Galvo, mais conhecida como Pagu, tornou-se cone e referncia quando o assunto a emancipao das mulheres. Patrcia nasceu em 1910 e faleceu precocemente aos 52 anos. Sobre ela, muito se falou e ainda se fala: musa-mrtir do modernismo, conforme o slogan criado na dcada de 1970 por Dcio Pignatari; primeira presa poltica do Brasil, inimiga de Getlio Vargas, esposa de Oswald de Andrade. So narrativas e percepes que enfatizam a excepcionalidade das atitudes e das escolhas de Patrcia no tempo em que viveu. Porm, so olhares exteriores. So formas de ver Pagu, mas importante tambm ouvi-la para entender como ela prpria se via e como gostaria de ser vista, ainda mais quando ganhou fama de irresponsvel, porra-louca e exibicionista. Patrcia foi uma mulher livre e isso no deveria ser excepcional. Nesta comunicao apresento algumas reflexes que tenho desenvolvido relacionadas minha pesquisa de ps-doutorado na Universidade Federal de So Carlos (UFSCar campus Sorocaba), desenvolvida entre 2017 e 2018, na qual analiso a autobiografia precoce de Patrcia Galvo. Precoce porque foi escrita quando tinha 30 anos, em 1940, logo depois de deixar o poro da ditadura varguista (1937-1945), onde permaneceu presa entre 1935 e 1940, por sua adeso e militncia junto ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em seu texto, Pagu se conta, em uma longa carta, ao companheiro Geraldo Ferraz, que cuidou dela durante os anos em que esteve detida, e com quem est montando casa nova e famlia, pois est grvida quando escreve. Precisa ento abrir espao para o novo, ar o sto. O registro autobiogrfico de Pagu veio a pblico somente em 2005 por iniciativa do seu filho Geraldo Galvo Ferraz que, com a concordncia do irmo, Rud de Andrade, decidiu que aquele texto, to revelador e intenso, deveria ser conhecido pelo maior nmero de pessoas. Como documento histrico, a autobiografia permite recuperar as dificuldades enfrentadas e os caminhos abertos por Pagu na construo de sua subjetividade e, assim, narrar outra memria sobre esta mulher. A Patrcia que saiu da priso j no queria ser chamada de Pagu, apelido com que ficou famosa. A experincia da priso e das torturas a que foi submetida mudaram sua vida. Assim, procuro tambm olhar para essa Patrcia j mais velha, de lbios no to vermelhos, que viveu profundas crises de depresso e tentou suicdio, e de quem pouco se fala.
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Luana Saturnino Tvardovskas (Unicamp)
Poticas onricas e o movimento da liberdade: Brgida Baltar e Mrcia X.
Resumo:Nessa apresentao, pretendo discutir como a exper...
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Resumo:Nessa apresentao, pretendo discutir como a experincia onrica pode ser aproximada da experincia esttica na arte feminista de Brgida Baltar e Mrcia X, desdobrando seus sentidos crticos diante de nosso presente histrico. Michel Foucault afirma que a experincia onrica, de impossvel fixao na linguagem, estaria prxima poesia. Nesse sentido, a experincia onrica no poderia ser afastada de seu contedo tico porque ela restitui em seu sentido autntico o movimento da liberdade. (...) O sonho o desvelamento absoluto do contedo tico, o corao posto a nu (FOUCAULT, Introduo (in Binswanger), 2002).
O sonhar encontra-se prementemente atacado em suas dimenses ticas, subjetivas e polticas no mundo contemporneo, mas na arte, nos lanamos a uma vivncia de sua mobilidade e dinamismo. Perante os desafios que as formas de subjetivao neoliberais impem ao corpo social, como o empresariamento de si, a proliferao de neuroses scio-afetivas e adoecimentos psquicos diversos, a arte elabora formas de experincia que merecem ser problematizadas. Jonathan Crary um dos autores que observa criticamente como o espao do sono ainda um campo de resistncia s prticas neoliberais contemporneas, mesmo que a todo o momento sejamos ameaados em nossa capacidade de sonhar, seja pela fragilidade da experincia traumtica da viglia que nos atordoa regada de competio incessante, imaginrio empobrecido, vnculos inter-relacionais mais difceis, catstrofes -, seja pela dificuldade de encontrarmos a confiana necessria no mundo que permite o relaxamento, o sono e o devir. Embora o autor mostre que a esfera do sono seja sim almejada pela governamentalidade neoliberal, que investe em tcnicas para criar o trabalhador sem sono, o sujeito 24/7, esse espao de devaneio e abrigo ainda um lugar que devemos proteger, afirmando o carter indispensvel da imaginao para a sobrevivncia coletiva.
Assim, destaco na arte das brasileiras Mrcia X. e Brgida Baltar a conexo com espaos onricos, como em performances onde h a coleta de neblina, maresia e orvalho, ou em outras onde a arte produz a alquimia que liga o alto e o baixo, com a presena do ar e da gua como elementos poticos, produzindo tempos e espacialidades inusuais para o corpo. Essas conexes entre o espao, o ar, os sonhos, tambm nos aproximam de Gastn Bachelard, para quem a imaginao dinmica um amplificador psquico (BACHELARD, O ar e os sonhos, 2001). Nesse sentido, procurarei discutir a produo artstica de mulheres na perspectiva da crtica cultural feminista, enquanto uma forma especfica de elaborao de subjetividades em devir que confrontam a governamentalidade neoliberal.
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Lucas da Silva Luiz
Memria, identidade e cultura: uma anlise da obra Dois Irmos de Milton Hatoum
Resumo:Na literatura brasileira, a fico retrata/represe...
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Resumo:Na literatura brasileira, a fico retrata/representa uma das possibilidades de se analisar o cotidiano de uma cidade, alm das transformaes culturais e sociais dos personagens contidos na obra. Pensando assim, o romance, Dois irmos, do escritor Milton Hatoum recupera a histria de Manaus, na dcada de 20, contribuindo significamente para entender a transio/modificao da cidade manauense no perodo de 1920 a 1960, e as relaes histricas nela contida. Nesse sentido, pretende-se a partir do presente artigo, analisar como Milton Hatoum, atravs da obra, Dois irmos, recupera por meio de Nael, personagem/narrador da obra, as relaes de memria, identidade, cultura e histria familiar na cidade de Manaus, produzindo elementos que permitem extrair da literatura, informaes e dados para o historiador.
Tambm se buscar encontrar no presente projeto, identificar os elementos tradicionais e culturais das cidades de Manaus, como seu cenrio, cultura, representao, poltica, assim como elementos que permitem relacionar a conjuntura da obra, em relao ao estudo entre a obra e seu condicionamento social, para isso recorreremos a Antnio Candido , na tentativa de correlacionar a literatura e sociedade.
Toda questo que envolve a anlise da obra e seu estudo, impulsionada/motivada pela escassez de debates histricos relacionados temtica. Sendo assim, necessrio observar/identificar elementos nas obras de Hatoum, que permitam ampliar o campo do historiador, principalmente no que diz respeito s linguagens artsticas. E com isso, pretende-se esmiuar a obra e conhecer a narrativa, o espao, personagens, elementos que compem a obra, a releitura de Hatoum, a Segunda Guerra Mundial e o processo de modernizao/urbanizao no Brasil.
Vale mencionar, que a obra, Dois irmo, recupera a histria da imigrao libanesa no norte do pais, assim como, o processo de modernizao da regio amaznica. E sendo assim, por meio do personagem Nael, que nos conduz a uma surpreende descoberta pelo interior da Amaznica, identificaremos em que medida Hatoum constri os espaos locais e regionais de Manaus, enfatizando as complexidades das relaes entre homens/mulheres, classe/etnia, memria, identidade e cultura. Sendo assim, busca-se compreender como Hatoum, utiliza da obra, Dois irmos, para construir/reconstruir Manaus no perodo de 1920-1960.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Edhilson Dantas Alves
A criao do Programa Brasil Sem Homofobia: progressos e crtica
Resumo: Lsbicas, Gays, Bissexuais, Traves...
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Resumo: Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgneros, ainda que manifestem resistncia contnua perseguio ao decorrer dos sculos, encontram pouco apoio nas polticas pblicas e enfrentam, na ausncia do Estado, a restrita criao e desenvolvimento de mecanismos legais que punam tais violncias, ou mesmo a no aplicao das leis j existentes por mais limitadas que sejam. O quadro de mortes e manifestaes preconceituosas ao grupo extremamente alto no Brasil, onde um homossexual assassinado a cada 25h (MOTT, 2016), segundo estudo feito pelo Grupo Gay da Bahia em seu relatrio Assassinatos LGBT no Brasil (2016), publicado pelo jornal O GLOBO.
O Programa Brasil Sem Homofobia (2004), criado no governo do Partido dos Trabalhadores (PT) sob o mandato do ex-presidente Luiz Incio Lula da Silva, fora lanado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, com vista efetivao do Plano Plurianual (2004-2007). Teve o intuito de conferir visibilidade mais digna s Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgneros; objetivos profissionalizantes, inclusivos, promoo dos direitos humanos, alm de buscar acabar com a LGBTfobia no Brasil e melhorar o quadro de sade com a diminuio da contaminao de DSTs, em crescente, segundo o estudo de Regina Facchini (2005). As dificuldades de vivncia dentro do mundo LGBT e os conflitos sociais, polticos, religiosos ou quaisquer interferncias para a plena execuo do programa no Piau sero evidenciadas detalhadamente.
O estado do Piau, por si s, apresenta dificuldades para o desenvolvimento de polticas pblicas condizentes a diversos assuntos e, ao mesmo tempo, apontada como a mais perigosa para a populao LGBT, sendo Teresina a capital sede do maior nmero de casos de homossexuais assassinados no Brasil. Como fontes, sero trabalhadas e desenvolvidas anlises dos jornais locais Cidade Verde e ProParnaba, no recorte cronolgico de 2004 a 2016, a fim de compreender a forma que o Movimento LGBT e suas conquistas foram apresentados pela mdia, promovendo a discusso e ressaltando a invisibilidade do contedo entre os jornais. Os relatrios da ONG Grupo Gay da Bahia (GGB) sero consultados visto a diversidade de informaes, objetivos e metas que produzem, h 38 anos, estatsticas elaboradas sobre assassinatos LBGT no pas. Concomitantemente, o estudo do apoio e desenvolvimento de projetos locais de instituies pblicas e no-governamentais municipais e estaduais que atuam na promoo da cidadania homossexual e combate homofobia, como o Programa Piau Sem LGBTfobia e o Centro de Referncia para Promoo da Cidadania LGBT Raimundo Pereira, responsvel pelo monitoramento das aes do plano.
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Lvia Assumpo Vairo dos Santos (UERJ)
Histria das Mulheres: o silncio rompido
Resumo:Existem duas formas principais de definir histria...
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Resumo:Existem duas formas principais de definir histria. A primeira delas a sequncia de acontecimentos, de fatos ocorridos; j a segunda, est no ato de narrar e registrar estes acontecimentos que, a partir do sculo XIX, ganhou status de conhecimento cientfico. No que tange narrativa histrica, sabemos que as mulheres ficaram muito tempo fora desse relato, como se destinadas obscuridade de uma inenarrvel reproduo, estivessem fora do tempo, ou pelo menos, fora do acontecimento, confinadas no silncio do mar abissal (PERROT, 2017:16).
Restritas por muito tempo ao mbito privado, elas so corriqueiramente desvinculadas da histria,especialmente a poltica, vista como um lugar de memria masculino. Isto , quando pensamos em Histria Poltica, quase automaticamente, buscamos referncias de grandes homens que ajudaram na construo no s do Estado, mas tambm da identidade nacional. Contudo, nos foge memria a participao feminina dentro deste contexto, o que nos leva a alguns questionamentos: ser que poltica no era ou no coisa de mulher? Ser que nunca houve nenhuma participao feminina efetivamente slida nas discusses do rumo da nao antes de seu sufrgio?
O primeiro equvoco, talvez, esteja na prpria forma de encarar o que poltica, pois se pensarmos na ao poltica apenas a partir do sufrgio isto , do direito de votar e ser elegvel a participao feminina no Brasil estaria fadada a aparecer somente a partir da dcada de 1930. No entanto, se tomarmos poltica como uma tentativa de voz discursiva dissensual para requerer igualdade, tal qual coloca Jacques Rancire, alargaremos as possibilidades de atuao feminina. Dito isto, outras questes se colocam: como e onde buscar estas vozes femininas? Quais as vias alternativas para seus discursos, j que eram excludas dos debates pblicos tradicionais? Qual o alcance de suas ideias e como isso era visto pelos homens? possvel ter o a esse tipo de informao?
Mas para falar de voz preciso tambm falar do silncio. A excluso das mulheres do discurso historiogrfico e o silenciamento da participao feminina na poltica nos alertam para muitas nuances das relaes de poder entre os gneros. Partindo de um estudo sobre tais relaes, este trabalho tem como objetivo discutir os silencimentos histricos, as memrias subterrneas femininas, as dificuldades atuais no que tange as pesquisas relacionadas Histria das Mulheres, bem como a urgncia de um resgate de memria e histria, que abandone a perspectiva reducionista e dicotmica da relao homem/mulher, para torn-las agentes de suas prprias histrias.
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Matheus Rodrigues da Silva
A COR DA LOUCURA: Percursos historiogrficos acerca da presena negra no Hospcio de Pedro II (1860 1880).
Resumo:O objetivo do presente trabalho visa uma breve an...
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Resumo:O objetivo do presente trabalho visa uma breve anlise acerca das possibilidades iniciais de pesquisa histrica com relao aos estudos de expectativas sociais e possveis narrativas de trajetrias de indivduos pretos livres, libertos e cativos presentes no antigo Hospcio de Pedro II, a primeira instituio exclusivamente destinada ao tratamento psiquitrico ao longo da Histria do Brasil e da Amrica Latina. Na busca por promover uma reflexo a respeito do papel do antigo manicmio, enquanto um espao de silenciamento e depsito de indivduos negros na Corte do Imprio do Brasil, frente aos demais j existentes na Capital do Imprio; sobretudo para na inteno de compreender possveis tenses sociais, vivenciadas dentro deste espao fsico e/ou referente a ele entre os anos de 1860 e 1880. Para tanto, sero mobilizadas fontes provenientes no somente a partir dos chamados dossis de internao, aos quais contm preciosas informaes dos antigos pronturios mdicos da instituio, e que em sua maioria encontram-se sob a guarda do Arquivo Permanente do Centro de Documentao e Memria do Instituto Municipal Nise da Silveira (CDM-IMNS), todavia o contraponto com outras fontes como: livros de matrcula, registros policiais, arquivos mdicos e outras bibliografias. A hiptese principal se concentra na concepo de que as denominadas prticas de internao deste hospcio estariam alinhadas juntamente com as experincias de represso em relao populao negra durante a segunda metade do sculo XIX e que to pouco a vida dos negros presentes neste espao no estaria resumida a uma presena puramente iva. Assim, esse estudo acerca das experincias destes sujeitos adquire relevncia para alm da rea j consolidada da Histria da Escravido no Brasil, mas tambm nos campos de Histria da loucura e Histria da Sade no sentido de uma construo de narrativas histricas de agncia e resistncia para com as dinmicas de um sistema escravista em curso, suas representaes e as prticas relacionadas s doenas (mentais), e principalmente como tais experincias podem ser compreendidas enquanto legtimos fenmenos socioculturais dentro de uma perspectiva de pesquisa historiogrfica.
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Paloma Almada Czapla (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
Entre Pierre Rivire e lina Juguleto: Foucault para feministas
Resumo:lina Frana Juguleto teria sido uma mulher c...
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Resumo:lina Frana Juguleto teria sido uma mulher como tantas outras cujas existncias compem o comum e destinam-se a ar sem deixar rastro. Ela era uma mulher camponesa, de traos no brancos, que residia em uma pequena comunidade rural do sul do pas. Seu anonimato acaba quando, em 1940, ela confessa um crime: matara seu marido a pauladas, na noite do dia 15 de novembro, com uma mo de pilo. Um caso de violncia de gnero, no qual quem acaba sendo morto o marido, e no a mulher. lina no aparece nos jornais, muito menos deixou um escrito seu. Foi seu choque com o poder, seguindo a ideia de Michel Foucault, em A vida dos homens infames (1977), que nos permite -la hoje, sendo o processo criminal o nico registro que temos de seu trajeto.
Os discursos presentes nesse processo so meu ponto de partida neste trabalho. Minha inteno aqui fazer uma problematizao desses enunciados luz do livro de Foucault, Eu, Pierre Rivire, que degolei minha me, minha irm e meu irmo... (1973). Discutirei a noo de discurso, uma vez que ns, enquanto historiadores, estamos lidando mais com construes discursivas do que com unidades transcendentais esperando, em algum lugar do ado, para serem recuperadas. Logo, pouco poderei dizer sobre o que lina realmente fez ou foi, mas sobre o que dela se falou o que no meramente a representa, mas a define, e medida que nossa personagem emerge como sendo a criminosa ou degenerada, veremos que isso tambm delimita o prprio lugar do feminino, que no pode estar no mundo seno para responder ao masculino, ser submissa e iva.
O paralelo entre lina e Rivire nos permite, ento, discutir a prpria construo da mulher, uma categoria que no existe como essncia fixa, mas como produto de confrontos discursivos. Seguindo autoras feministas foucaultianas, como Margaret McLaren, Margareth Rago e Tnia Swain, procuro demonstrar como a obra de Foucault pode ser extremamente til para a epistemologia feminista. O filsofo pode no ter se concentrado nas mulheres, afinal, seu propsito era criar uma caixa de ferramentas que pudesse ser aplicada para diferentes temas e problemticas. O fato que seus estudos nos deixaram inmeros instrumentos, tanto conceituais, quanto prticos, para se problematizar os jogos de poder que nos constituem. Alm disso, esses instrumentos mostram que, se h uma tentativa de conduzir as condutas, h tambm essas vidas que, ou criam outros modos de existncia, ou, pelo menos, subvertem o que delas se espera, indicando que, para alm do poder, h a resistncia, e, para alm do governo, h a liberdade.
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Vivian Carla Garcia Ferreira (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)
Delrios infames: interstcios da subjetividade feminina em pronturios de mulheres no Manicmio Judicirio do Estado de So Paulo
Resumo:Utilizando de algumas ferramentas tericas do femi...
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Resumo:Utilizando de algumas ferramentas tericas do feminismo da diferena e da anlise aqueo-genealgica de Michel Foucault, neste trabalho proponho uma reflexo sobre o modo como algumas imagens delirantes de mulheres podem significar impossibilidades culturais de significao de seus desejos pela linguagem. Por meio da leitura pronturios de mulheres que foram presas no Manicmio Judicirio do Estado de So Paulo na primeira metade do sculo XX, percebo em seus atos infames e intempestivos imagens do sufocamento subjetivo que as mulheres vivenciam por meio de discursos que as naturaliza em torno do lar, do casamento e da maternidade. Por esse prisma, formulo algumas possibilidades de problematizar seus delrios enquadrados de modo delinquente como interstcios da subjetividade feminina que sugerem reaes s imposies discursivas que normatizam seus corpos.
A partir das fontes, que trazem mulheres que estiveram na fronteira entre o crime e a loucura, formula-se uma crtica razo por um vis feminista, constituindo um olhar para a produo sobre o tema das mulheres na histria pelo ponto de vista de corpos constitudos por saberes e poderes que produzem a subjetividade. Entendendo que esses processos se formam por meio prticas divisoras, em que os sujeitos so constitudos em uma diviso de si em relao aos outros, de modo que as figuras da normalidade so produzidas pela nomeao e classificao daquilo que desviante. Assim, tendo os discursos que formaram o corpo feminino girado em torno do lar e da maternidade, adequando as mulheres figura do Anjo do Lar, crimes contra o matrimnio, a maternidade e ilegalismos cometidos por mulheres foram classificados como desvios ou doenas, produzindo a normalizao das condutas das mulheres.
Os modos de produo da subjetividade compreendem relaes de saber e poder que atingem os corpos e neles produz uma zona de subjetivao que o interior do exterior, de modo que o interior do sujeito uma coextenso, uma dobra do lado de fora. Assim, os sentimentos e a vida afetiva tem nas dimenses discursivas do imaginrio social uma possibilidade de expressar-se, ao mesmo tempo em que encontram nos limites do discurso impossibilidades de significao. Quando as figuras da subjetividade feminina no encontram formas de exprimir as angstias por meio da linguagem, as lutas do corpo por um desejo de liberdade irrompem por outras vias, podendo, como no caso dos arquivos analisados, atravessar imagens do delrio e da infmia. A cartografia desses afetos pode mostrar horizontes na reflexo sobre o adoecimento psquico e a questo de gnero na modernidade, fornecendo ferramentas de significao das dimenses indizveis como efeitos de poder e seus interstcios.
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