ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Adriana Minervina da Silva
Sofrimentos e resistncia: a literatura como forma de superao da violncia colonial em Um de feito de cor, de Ana Maria Gonalves
Resumo:Este estudo parte de um projeto de pesquisa de d...
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Resumo:Este estudo parte de um projeto de pesquisa de doutorado em Teoria da Literatura e tem por objetivo analisar a superao da violncia e incio da formao intelectual da personagem Kehinde na obra Um defeito de cor, de Ana Maria Gonalves. A obra ambientada nos anos de 1800, perodo historicamente marcado pelas relaes coloniais de poder e pela escravido. Diante desse contexto, a obra relata diversos conflitos ocorridos no Brasil colnia a partir da literatura. Por isso, a obra considerada um romance histrico. A narrativa se concentra na vida da personagem Kehinde, mulher de origem africana, capturada ainda na infncia e trazida para o Brasil para ser vendida como escrava. Ao longo de sua histria de vida, Kehinde convive com diversos sofrimentos, como a perda de seus parentes quando ainda era criana, sua cor, a situao sub-humana em que viviam os escravos, a violncia de seu dono, a luta pelo direito maternidade e, posteriormente, a busca eterna pelo filho que fora vendido como escravo pelo prprio pai. Aps ar por tantas adversidades, ela consegue sua liberdade e sua emancipao financeira, tornando-se uma mulher intelectual, profundamente afetada pela leitura dos textos literrios que tem o. As experincias literrias eram para a protagonista um momento de profunda alegria naquele contexto violento em que vivia. Assim, a literatura modifica a subjetividade dessa mulher, proporcionando a superao de seus sofrimentos e a conscientizao de si mesma. A personagem consegue, apesar de tudo, ter uma histria de vida diferenciada a partir do contato com a literatura, que vem a ser transformador a ponto de modificar a sua viso e compreenso de mundo. Propomos, assim, uma leitura a partir dos Estudos Culturais e de Gnero, considerando o contexto histrico e social ao qual se insere a obra, bem como a construo simblica dessa personagem. Para tanto, contamos com as contribuies de autores como Mary Del Priori (2009), Stuart Hall (2006) e Jacob Gorender (2016) para refletir sobre o contexto histrico da poca, bem como a condio feminina diante dele. Contamos ainda com Quijano (2005) e Spivak (2016), respectivamente sobre a colonialidade do poder e a condio do subalterno. E ainda com Candido (2011), que trata sobre a ntima relao da obra literria com o seu contexto social de produo. Ana Maria Gonalves sugere a quebra da perspectiva histrica da voz do colonizador, e apresenta um romance repleto de vozes e memrias a partir do lugar de fala do escravizado. Em Um defeito de cor, percebemos que a mulher que foi escravizada tem a oportunidade de expor suas dores, superando seus sofrimentos e reafirmando a sua resistncia a partir da literatura.
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Andreia Costa Souza (Prefeitura Municipal de Conceio do Araguaia)
A mulher negra e o desafio de transpor esteretipos: um olhar interseccional e decolonial sobre o Ensino de Histria
Resumo:A comunicao proposta visa apresentar parte dos r...
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Resumo:A comunicao proposta visa apresentar parte dos resultados de uma pesquisa que investiga as percepes e entendimentos do racismo e do sexismo que peram as identidades e vivncias das mulheres negras nas relaes sociais, atravs de reflexes inseridas no Ensino de Histria, buscando partir da perspectiva da interseccionalidade entre questes de raa, gnero e classe proposta pelo feminismo negro. As contribuies do pensamento decolonial tambm compem o aporte terico deste estudo. Os sujeitos da pesquisa foram os/as estudantes de uma turma de oitavo ano de uma escola pblica do municpio de Conceio do Araguaia (PA). Sueli Carneiro (2011) destaca que uma das caractersticas do racismo a maneira pela qual ele aprisiona o outro em imagens fixas e estereotipadas, enquanto reserva para os racialmente hegemnicos o privilgio de ser representados em sua diversidade. De baixa renda, humilde, sofrida e literalmente pobre, foram palavras usadas pelos/as estudantes para definir a mulher negra. As definies apontam a classe social como o eixo que fundamenta a imagem da mulher negra como uma guerreira. Tal representao da figura de uma mulher aparentemente incansvel e resignada, evocada pelos/as estudantes, est nitidamente associada mulher trabalhadora que tem uma vida rdua e dever transpor dificuldades por conta da sua condio social, que precisar, implicitamente, enfrentar guerras e batalhas (por isso ela ser tambm batalhadora). Lugones (2014) prope o sistema moderno colonial de gnero como uma lente atravs da qual aprofundar a teorizao da lgica opressiva da modernidade colonial, seu uso de dicotomias hierrquicas e de lgica categorial. De tal modo, a interseco de categorias que estruturam opresses fundamental para que se compreenda o modo como estas foram (e so) articuladas e mantidas a favor do sistema de explorao capitalista. Quais estratgias pedaggicas desenvolver para contemplar esses sujeitos sem cair em folclorizao ou reiterar esteretipos? Quais os desafios encontrados no Ensino de Histria quando busca-se transpor ou inverter essa matriz de pensamento, elegendo outros/as protagonistas do conhecimento e do processo pedaggico? O foco das anlises encontra-se nas representaes em torno da mulher negra, buscando instigar entre os/as estudantes a compreenso de que estas mesmas desigualdades foram construdas historicamente, atravs de narrativas excludentes e eurocntricas replicadas atravs do Ensino de Histria. Um dos eixos metodolgicos da pesquisa encontra-se no propsito de dar maior visibilidade e espao para as narrativas das estudantes negras, atravs da tcnica de grupos focais, ao considerar seus relatos sobre questes referentes ao racismo e sexismo.
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Ismlia da Penha Balduce Tavares (UFAL - Universidade Federal de Alagoas)
Participao e Resistncia da Mulher no Cotidiano da Guerra dos Cabanos: Alagoas - Pernambuco (1832-1850)
Resumo: No mbito da historiografia regional e nacional, ...
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Resumo: No mbito da historiografia regional e nacional, a Guerra dos Cabanos estudada como uma insurreio que aconteceu no sculo XIX, entre os anos de 1832 a 1850, nas provncias de Alagoas e Pernambuco. Este trabalho consiste em analisar a partir de fontes documentais (peridicos do sculo XIX, particularmente o Dirio de Pernambuco) e fontes historiogrficas (Dirceu Lindoso, 2005; Almeida, 2008; Freitas, 1978), quais as formas de representaes das mulheres durante o perodo da Guerra dos Cabanos. As informaes historiogrficas acerca das mulheres que pertenceram ao mundo cabano, esto cheias de lacunas e so residuais, o que nos leva seguir por um percurso investigativo baseado no mtodo da anlise de contedo (Laurence Bardin, 2011) que nos permitiu desvelar as pistas, os vestgios da participao da mulher no cotidiano, dentro da espacialidade cabana. Destacamos a afinidade existente entre o mtodo da anlise de contedos e o paradigma indicirio (Carlo Ginzburg, 2017), na procura das brechas, das contradies, das falhas, das entrelinhas dos documentos e as possibilidades de evidncias que possam conter. O domnio da histria cultural viabiliza uma reflexo terica sobre a efetiva participao da mulher bem como evidenciar o modo de resistncia que construram no cotidiano da Guerra, como as mulheres cabanas criaram no mbito de um cotidiano adverso e de medo, formas de sobrevivncia e de resistncia dentro do espao geogrfico da Guerra. o conceito de imagem dialtica (Walter Benjamim, 1994) que nos orienta a reconstruo de um tempo a partir de fragmentos, cacos e runas contidos nos documentos analisados. Por quase dois sculos as imagens das mulheres que participaram da Guerra dos Cabanos esto sussurrando nos manuscritos como constelaes que relampejam, sob as frestas dos documentos, esperando olhares que as tragam a superfcie (BENJAMIN, 2015; GINZBURG, 1989). So diversas imagens femininas nas linhas e entrelinhas documentais, e dar voz a esse silncio, descrevendo o lugar de fala dessas mulheres, nos parece ser o papel do(a) historiador(a). E para pensar nas mulheres nesse conflito armado, precisamos dispensar uma grande carga de preconceitos concebidos e encontrados nas fontes, ou iremos naturalizar os discursos oficiais que as descrevem como seres assustados, atocaiados e sem expresso. Nosso objetivo investigar seus nomes e existncias, suas atividades de participao efetiva, as tticas e estratgias de luta e resistncia nos tempos e contextos da guerra, rompendo com o silncio historiogrfico e anunciando um despertar crtico.
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Laianny Cordeiro Silva de Souza
Escrita sobre a efetivao do Movimento de Mulheres Trabalhadoras e do Movimento de Mulheres do Brejo na dcada de 1980
Resumo:Neste trabalho, apresento minhas interpretaes a ...
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Resumo:Neste trabalho, apresento minhas interpretaes a respeito de algumas das narrativas que me foram apresentadas em pesquisa de campo, atravs de entrevistas, e que comeam a desenhar como o Movimento de Mulheres Trabalhadoras (MMT) e Movimento de Mulheres do Brejo (MMB) foram constituindo-se e aram a atuar.
Para tanto, registro alguns posicionamentos e mudanas que ocorreram no campo da histria como a possibilidade de se construir uma representao e a validao e utilizao de fontes que do voz s camadas populares, entre outras, que permitem ao outro lado da histria por muito tempo apagado e no considerado seja discutido, bem como, entrelao essa discusso escrita sobre a formao do MMT e MMB.
Como meu intuito construir uma representao a respeito da trajetria, na dcada de 1980, destes dois agrupamentos citados, embaso-me, no decorrer desta escrita, em discusses que foram realizadas por intelectuais que se dedicaram a trabalhos voltados para questes relacionadas ao oficio de ser uma historiadora e que so relevantes para a minha pesquisa. So trabalhos que tratam do debate sobre representao, memria e militncia feminina, assim como, sobre as implicaes da Ditadura Militar para com os coletivos de mulheres.
Refiro-me s discusses que dizem respeito construo de representaes de Roger Chartier (1991 e 2010), de Peter Burke (1995) e de Franklin Rudolf Ankersmit (2012), da impossibilidade de se viver e reconstruir o ado do modo que ele ocorreu, de Paul Veyne (2008), do uso da rememorao como meio para se agir no momento presente, de Jeanne Marie Gagnebin (2009), dentre outras que norteiam o manejo que tenho tido com o meu objeto de pesquisa, que, como j pontuei, versa sobre militncia feminina atravs de dois movimentos sociais na Paraba. Ora traando caminhos em separado, ora juntos, caminhando em parceria, os dois movimentos lutaram por uma sociedade de direitos igualitrios e de sujeitos histricos e polticos plurais.
A escrita sobre o trabalho de formao dos dois grupos pera pela atuao da coordenao e da colaborao das diversas mulheres e entidades que deram e ao MMT e MMB. Contriburam para o desenvolvimento deste texto, atravs de entrevistas: Maria Izabel Cavalcante Pontes, Ccera Virginio Pontes, Maria Bencio de Pontes, Josefa Leonardo dos Santos, Ana Maria dos Santos e Luzia Soares Ferreira.
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Leonara Lacerda Delfino (Universidade Estadual de Montes Claros)
O ensino de histria e as relaes de gnero em sala de aula: apontamentos sobre os relatos de experincias do PIBID. (2015-2016).
Resumo:Discutir sobre gnero e sexualidade hoje na escola...
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Resumo:Discutir sobre gnero e sexualidade hoje na escola tornou-se um desafio hercleo diante dos avanos do conservadorismo e de projetos polticos reacionrios que visam vetar, de forma autoritria, qualquer possibilidade de reflexo e tratamento do assunto, chegando at mesmo a criminalizar o professor por desenvolver tais abordagens em sala de aula. Isso pode ser constatado diante de avanos de projetos polticos como o Escola Sem Partido, pelo qual se probe, terminantemente, o uso do termo gnero nas escolas e busca aboli-lo de planos curriculares municipais, estaduais e at nacionais. Tal proposta poltica viola todas as bases legais da legislao da educao do perodo de redemocratizao at os dias atuais, uma vez que a desqualificao do debate acerca da diversidade de gnero e da sexualidade fere os princpios colocados pelo direito de ensinar e aprender presentes na Constituio Federal de 1988, bem como nos Parmetros Curriculares Nacionais (1997), nas Diretrizes Curriculares Nacionais (a partir de 2009), no Plano Nacional de Educao (2014-2024) e na prpria Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei 9394/96).
Diante deste contexto, o objetivo desta comunicao consiste em problematizar as possibilidades e dificuldades para ensinar sobre a temtica de gnero nas aulas de histria, atravs dos projetos de interveno ministrados por bolsistas do PIBID nas escolas conveniadas Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), entre 2015 a 2016. A partir dos relatos produzidos pelos (as) bolsistas, refletimos sobre os resultados e desafios encontrados para o desenvolvimento de uma das frentes da conscincia histrica, engendrada atravs do aprendizado proposto pelos pibidianos nas escolas pblicas de Educao Bsica da cidade de Alfenas (MG). Para tanto, utilizamos como fontes de anlise os relatrios de diagnsticos, os projetos de interveno e os relatos de experincias dos professores em formao envolvidos na efetivao das sequncias didticas na construo dos saberes ensinados e aprendidos nas aulas de histria. Nesta proposta, tratamos sobre as formas de tratamento dadas pelos (as) alunos (as) escolares, os embates externos abordagem do tema, a construo dos corpos disciplinados dentro e fora da cultura escolar e as percepes e significados atribudos pelos (as) prprios (as) pibidianos (as) s questes de gnero em suas trajetrias como professores em formao. Por seu turno, nos apoiamos na discusso epistemolgica de gnero conjugada s noes de cultura escolar, enquanto espao de normatizao dos corpos, alm da noo de diversidade dos saberes docentes e de produo de poderes disciplinares na construo identitria dos sujeitos escolares.
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Maria Clara de Oliveira Silva
Intersees entre distopias e realidade: ameaa aos direitos femininos em contextos autocrticos atravs da obra "O Conto da Aia"
Resumo: A distopia consagrou-se como um gnero literrio ...
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Resumo: A distopia consagrou-se como um gnero literrio que representa um futuro onde os problemas identificveis no presente so levados ao extremo, geralmente com o intuito de levar as pessoas a refletirem sobre a consequncia dos seus atos no presente, sendo assim, portanto, contrria utopia, que costuma representar um mundo perfeito no futuro. Algumas distopias foram e tm sido amplamente estudadas por estudiosos, pois o seu contedo evoca muitas questes veis de anlise relativas ao presente, sobretudo no campo das anlises sociais e polticas, como o caso de 1984, do escritor George Orwell, ou irvel Mundo Novo, de Aldous Huxley. Nesse sentido, a obra O Conto da Aia (em ingls, The handmaids tale), da escritora canadense Margareth Atwood se configura como importante objeto de anlise, uma vez que, apresenta como diferencial em relao a outras distopias, o fato de ter sido escrita por uma mulher e retratar o que aconteceria com os direitos destas caso um governo autoritrio e teocrtico assumisse o poder nos EUA.
O livro de Atwood, que foi publicado em 1985, fruto de uma poca em que o neoliberalismo entrava em ascenso pelo mundo, concomitantemente ameaando os direitos das minorias, em contrapartida, vrios movimentos de lutas pelos direitos das minorias ganharam mais fora nessa poca, como o caso dos movimentos feministas. Em 2017, foi lanada pelo canal de streaming Hulu uma srie baseada no livro, que fez sucesso de crtica, sendo indicada a 13 prmios Emmy (dos quais levou 9 estatuetas, incluindo melhor srie de drama), e embora trate-se de contextos diferentes, possvel identificar algumas similaridades entre o ano de lanamento do livro e o ano de lanamento da srie.
Nesse sentido, o objetivo principal desta pesquisa traar uma anlise comparativa entre o livro e a primeira temporada da srie O Conto da Aia, relacionando o contexto em que ambos entraram em circulao, apontando diferenas e similaridades nestes perodos no que diz respeito relao entre o surgimento de movimentos feministas e a ascenso de governos com tendncias autoritrias, como estes atuaram em relao aos direitos femininos e como as obras retrataram estas realidades, alm de tentar entender tambm quais os interesses miditicos em lanar, em 2017, uma srie que direta ou indiretamente demonstra um contedo profundamente crtico ao governo americano e suas medidas autoritrias.
Como metodologia, alm de reviso bibliogrfica pertinente ao tema, ser realizada uma anlise do livro O Conto da Aia, alm de se analisar tambm a primeira temporada da srie de mesmo nome. Os resultados do trabalho encontram-se em aberto uma vez que se trata de uma pesquisa de mestrado ainda em curso.
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Maryelle Fernanda Rodrigues dos Santos Nascimento (SEMED-BACABAL)
Memria e Gnero: a insero da mulher na Polcia Militar do Piau (1985-1998)
Resumo:A prerrogativa para o enquadramento das primeiras ...
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Resumo:A prerrogativa para o enquadramento das primeiras mulheres na Polcia Militar do Piau veio atravs da Lei 4.012 de 21 de outubro de 1985, quando foi realizado concurso para provimento de vagas no quadro de oficiais femininos. O momento de insero da mulher na Polcia Militar do Piau coincide com o processo de redemocratizao no pas e um significativo aumento do policiamento feminino no pas. O que representa um perodo em que a corporao a por arranjos que almejavam deixar de lado o aspecto truculento que a instituio constituiu durante anos, principalmente no decurso da Ditadura Militar. Portanto, o elemento feminino inserido nesse contexto como uma forma de suavizar as tenses entre a sociedade civil e a polcia (MUSUMECI e SOARES, 2004). O quartel pode ser entendido como o que postula Pierre Nora (1993) como um lugar de memria, se estruturando sobretudo em um ambiente de vivncia, onde por anos as masculinidades se organizaram e fundaram identidades. Quando se analisa a categoria de gnero sob a luz da memria, estrutura-se uma composio dinmica das relaes sociais e simblicas tendo o ado como ponto de referncia, fonte da qual se pode obter informaes elucidativas a respeito da construo identitria social e de gnero de uma camada social ou institucional, abrindo-se a possibilidade de lanar um olhar crtico sobre os discursos que se edificaram acerca da invisibilidade das mulheres. Investigar e compreender a memria de um grupo realizar um processo transcendente, pois faz com que verdades sejam desveladas e os pensamentos erigidos pelos grupos que se projetam ao longo do fazer histrico sejam analisados. Antes dos movimentos feministas, se delineavam na histria agentes balizados pelas relaes poder, com narrativas que reforavam a importncia de homens e seus feitos dentro de uma perspectiva pouco crtica fortalecendo ento a identidade de um indivduo pertencente a uma categoria universal. Pollak (1992) compreende que a memria um fator que constitui o sentimento de identidade, dentro do mbito individual e coletivo, ao o que ela um elemento relevante do sentimento de reconhecimento e ligao de um indivduo ou de um grupo na reestruturao de si. As memrias de mulheres inscritas em grupos sociais, culturais, polticos, trabalhistas, dentre outros, estruturam um apanhado de memrias partilhadas e socializadas por meio do gnero. A juno dessas memrias pontuada por um legado de tradies e memrias individuais com consistente organizao social e um arcabouo cultural advindo das instituies.
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Priscila Cabral de Sousa (SECRETARIA DE EDUCAO - SEDUC)
A Histria das Mulheres no Ensino de Histria: reflexes acerca de uma educao para a igualdade de gnero
Resumo:O presente artigo visa tratar sobre a relevncia d...
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Resumo:O presente artigo visa tratar sobre a relevncia do ensino de Histria das Mulheres no Ensino de Histria. Essa temtica emergiu aps uma aluna do oitavo ano do ensino fundamental enunciar o seguinte comentrio: Parece que no mundo s existem homens, j que a histria s fala deles. A inquietao da discente evidencia uma, entre tantas problemticas que permeiam o ensino: as desigualdades de gnero. Parte-se do pressuposto de que o ensino de histria, com nfase na histria das Mulheres, diminui as diferenas culturalmente estruturadas entre homens e mulheres. Assim, por meio de uma abordagem calcada na Anlise do Discurso de Eni Orlandi e das pesquisas acerca da narrativa e da condio das mulheres na sociedade brasileira, pretende-se refletir sobre formas de contribuir para a visibilizao das Mulheres no ensino de Histria por meio de narrativas que protagonizem o feminino e contribuam para um ensino plural em que a atuao de homens e mulheres seja percebida de forma equitativa.
Segundo Orlandi, a Anlise do Discurso visa a compreenso de como um objeto simblico produz sentidos, como ele est investido de significncia para e por sujeitos (ORLANDI, 2013, P. 26). No caso em questo, o enunciado constitui o objeto simblico, o discurso a ser interpretado. Todavia, encetar uma anlise requer inicialmente uma investigao acerca das condies em que o discurso foi constitudo, e para tanto, se partir das relaes de fora, ou seja, o lugar de fala do sujeito que constitui o que ele diz (ORLANDI, 2013, p. 39). Assim, a investigao se iniciar a partir da reflexo acerca da condio da mulher na sociedade brasileira e na historiografia com o intuito de compreender o processo scio histrico condicionante das determinaes ideolgicas que compem o interdiscurso.
Tambm se buscar refletir acerca do papel do professor de Histria e sobre os fundamentos da narrativa enquanto instrumento epistemolgico e como ferramenta didtica docente possibilitadora da aprendizagem histrica. Dessa forma, se buscar identificar de quais maneiras a atuao docente contribui e refora o enunciado, para ento refletir sobre como a educao histrica, por meio de uma abordagem da Histria das Mulheres, pode romper com as estruturas sociais que condicionaram o discurso.
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Rosana Mesquita Mendes Pereira (SERVIDORA PBLICA)
Mulheres inominadas e invisveis
Resumo:O presente trabalho tem como tema Mulheres invisv...
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Resumo:O presente trabalho tem como tema Mulheres invisveis e inominadas, e est centrado em questes de gnero e poder no meio religioso. Ao suspeitar de que os nossos pressupostos so construdos ao longo do tempo com base em uma relao de poder, a partir da qual emergem os sujeitos, buscamos compreender uma forma de resistncia no interior das igrejas batistas. O objetivo desta presente pesquisa analisar a conduta de mulheres em igrejas crists Batistas e o papel destas na reificao do discurso de submisso apregoado pela tradio judaico-crist. Partimos da suspeita de que a eficcia do discurso mantenedor das mulheres subservientes aos seus maridos em contexto cristo deve-se em grande medida s prprias mulheres. Ressaltamos as esposas de Pastores, conhecidas pela alcunha de Mulheres sem nome e representam as mulheres submissas e virtuosas descritas no livro de provrbios de Salomo, em seu captulo 31, como o modelo a ser seguido. Tal modelo construdo ao longo do tempo, mas se mantm a partir da influncia das organizaes femininas existentes no interior da estrutura organizacional da conveno batista Brasileira. A saber, UFMBB, unio feminina missionria batista brasileira que abarca a educao crist batista alcanando a todas as igrejas afiliadas, atravs de literatura produzida composta de revistas de estudos e artigos, com periodicidade trimestral, no Brasil desde 1908. Para incutir na cabea a conduta correta das mulheres, demonstra com exemplos do que seria uma indesejvel e vexatria contraconduta (FOUCAULT,2008). Do lado oposto s mulheres submissas e virtuosas esto aquelas que so insubmissas, rebeldes e tolas, dadas a comportamentos que so semelhantes a um modelo indesejado de mulher comparado, especialmente, ao mito da Rainha Jezabel, mulher forte mas dominadora de seu marido, insubmissa e que pode trazer destruio para o lar e para a igreja. Criado com um objetivo: o de manter as mulheres cativas aos preceitos de submisso (ELIADE,2004). Ela se transforma em sinnimo de comportamento extremamente pernicioso, portanto, deve ser evitado a todo custo. O presente trabalho parte integrante de pesquisa de mestrado intitulada Mulheres pastoras: desobedincia feminina frente ao patriarcado cristo. A inteno aqui examinar as condies que possibilitaram a mudana de postura das mulheres dentro do contexto Batista, ao ponto de investirem-se das funes do cargo de pastoras de igrejas .Questes que pretendemos respondidas at a apresentao desta comunicao, inclusive com resultados ainda que parciais sobre as hipteses levantadas.
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Temis Gomes Parente (Universidade Federal do Tocantins)
Empoderamento e polticas pblicas de mulheres de reassentamentos rurais no Norte do Brasil
Resumo:Nesta apresentao, pretendo discutir como est oc...
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Resumo:Nesta apresentao, pretendo discutir como est ocorrendo o processo de empoderamento das mulheres dos reassentamentos rurais criados com a construo da Usina Lus Eduardo Magalhes no muncipio de Porto Nacional TO, 16 anos depois de reassentdas. O objetivo agora perguntar em que medida as Polticas Pblicas de Transferncia de Renda destinadas s/aos assentadas e reassentados/as contribuem para o processo de empoderamento dessas mulheres agricultoras rurais. Pretendo, ainda, acompanhar a trajetria dessas mulheres nas associaes e cooperativas e perguntar especificamente qual a participao das mulheres nessas organizaes, seja no processo de formao, seja no processo de funcionamento, para que tenham o a programas de governo que visam assegurar a sustentabilidade desses reassentamentos rurais. Neste projeto, portanto, pretendo perguntar se essa insero nos espaos organizativos e produtivos contribuiu para o crescimento pessoal, crescimento coletivo e crescimento relacional, considerados condies impulsionadoras do empoderamento. A apresento que proponho privilegia a fonte oral, e seu tema remete a estudos que consideram sobremaneira as manifestaes das massas annimas, o cotidiano, a micro-histria, os espaos informais e a cultura popular. Entendo que a Histria Oral, alm de expressar a historicidade da experincia pessoal e o papel do indivduo na histria da sociedade, permite ampliar os conhecimentos e as informaes sobre um ado recente atravs da verso de pessoas que o viveram. Atravs da Histria Oral, com suas diferentes verses sobre um mesmo perodo, cada pessoa, valendo-se dos elementos de sua cultura, socialmente criados e compartilhados, conta no apenas o que fez, mas o que gostaria de ter feito, o que acreditava estar fazendo e o que agora pensa que fez. As fontes orais so nicas e significativas por causa de seu enredo, ou seja, por representarem um caminho no qual os materiais da histria so organizados pelos/as narradores/as ao cont-los. Por meio dessa organizao, cada narrador/a d sua interpretao da realidade e situa-se nela juntamente com os outros. nesse sentido que as fontes orais se tornam significativas para esta pesquisa.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Aline Cardoso Lima
Escuta as nossas histrias: entre lgrimas, sorrisos nos mulheres negras
Resumo:Tm histrias de vida que precisa serem ouvidas e ...
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Resumo:Tm histrias de vida que precisa serem ouvidas e escritas, so vivncias de um povo que sempre esteve a margem da sociedade e que necessitam serem escutados sendo que tem muito a nos dizer, pois chega de serem visto apenas como um corpo negro silenciado. Embora a historiografia tradicional negaram os mesmo de serem protagonistas de suas prprias histrias, uma vez que foram tratados como sujeitos no portadores de saberes, logo no produzem conhecimento. A partir desse lugar que nos foi dado e imposto que este estudo se prope trazer para o debate histrias de vida de mulheres negras da cidade de So Francisco-MG, com suas vivncias e experincias a partir do recorte de gnero, raa e classe. Mulheres estas de origem humilde que batalharam desde a infncia, realidade est que no diferente da populao brasileira negra, mesmo com as opresses, praticas racistas, discriminatrias, encontraram estratgias de sobrevivncia. Algumas sos mes solos que foram abandonadas por seus parceiros ou que no aguentaram mais serem vtimas da violncia domstica. Outras que se encontram no celibato definitivo, no casaram e nem mesmo vieram a terem filhos, cada uma traz consigo histrias individuais que as vezes se cruzam entre si, embora seja de idades e geraes diferentes. So narrativas que pera pela solido da mulher negra, envolvendo lembranas e memrias que ainda no cicatrizaram, se encontram abertas e visveis pelo tom de voz, silncio e lgrimas ao falarem sobre si. Entretanto, ao tocarem nas suas feridas perceptvel que alm da dor tambm tem momentos de distraes, ao recordarem situaes que vivenciaram. Nesse sentido, o objetivo aqui escutarem vozes de mulheres negras e visibilizarem suas narrativas a partir da escrita de suas histrias de vida e compartilhar suas vivencias, mas acima de tudo mostrarem para as mesma que elas so importantes na construo de nossa identidade negra. Por mais que em certos momentos suas vozes ecoam como desabafo que necessitava apenas serem ouvidas sem julgamentos, e justamente atravs desse contato direto com as entrevistadas que nos revela a relevncia dos estudos que tem a histria oral de vida como fonte de pesquisa.
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Ana Clia Barbosa Guedes (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO DO PAR (IFPA))
Saberes e cotidiano: narrativas, trabalho e resistncias das mulheres quilombolas de Santa Rita de Barreira/PA
Resumo:Este estudo sobre os saberes e cotidiano das mul...
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Resumo:Este estudo sobre os saberes e cotidiano das mulheres quilombolas de Santa Rita de Barreira, as quais desempenham diversos papis como: domsticas, agricultoras, mes e responsveis em transmitir os saberes tradicionais de gerao a gerao como, por exemplo, o uso e manipulao de plantas medicinais. O grupo social estudado est localizado no km 12 da PA-251, na zona rural do municpio de So Miguel do Guam, distante 134 km da cidade de Belm, capital do Par. A pesquisa buscou compreender o modo de vida das mulheres quilombolas de Santa Rita de Barreira, as lutas e papeis desempenhados por elas para garantir o bem estar de sua famlia e seu territrio. Destaca-se tambm as relaes de trabalho para os povos racializados, principalmente para mulheres negras, que continuam se assemelhando ao perodo escravocrata, porm, elas sempre buscaram estratgias para sobreviverem, sobretudo as mulheres do quilombo estudado que, por meio da criao e organizao de grupo de mulheres e pela mobilizao enquanto quilombolas, resistem e lutam em defesa de sua subsistncia, por identidade, territrio e polticas pblicas. Utilizou-se como procedimento metodolgico uma reviso bibliogrfica sobre a temtica e a histria oral por meio de entrevistas semiestruturadas com alguns/algumas moradores(as) que vivem no quilombo. A pesquisa de carter qualitativo, pois, entende-se que se aplica na anlise de estudos histricos das relaes, representaes, crenas, nos produtos das interpretaes e construes dos grupos humanos (MINAYO, 2008). A maneira de viver dos povos quilombolas de Santa Rita da Barreira tanto do ado quanto do presente est estreitamente ligada as estratgias de permanncia no territrio e a subsistncia do grupo. Por essa razo, organizaram e organizam seu povoado, constroem suas casas, plantaes e sua cultura a partir de suas necessidades e dos recursos naturais existentes na regio. Vale ressaltar, que todos os trabalhos realizados nesse quilombo tm a participao direta ou indireta das mulheres que ali vivem, pois a mulher negra acaba exercendo mltiplas funes que foram lhes atribudas desde o perodo escravocrata. Aquelas mulheres, desde criana, tm obrigaes e responsabilidades de executar as diferentes tarefas que lhes so atribudas, que vo desde trabalho no plantio da roa, a capina, colheita e preparo da farinha, alm de cuidarem dos trabalhos domsticos e da sade de seus familiares. Elas acumulavam e acumulam vrias atividades, mas tambm adquiriram estratgias de resistncia e de lutas ao longo dos anos, bem como saberes que so transmitidos para outras geraes, os quais foram adquiridos diante das circunstncias prprias do mundo poltico e social de seu tempo histrico.
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Ana Maria Veiga (Universidade Federal da Paraba)
Fala sertaneja! Escuta e acolhimento na pesquisa e na produo audiovisual em histria
Resumo:Este trabalho aborda as possibilidades de se acion...
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Resumo:Este trabalho aborda as possibilidades de se acionar o conceito de acolhimento na histria com base nas memrias de mulheres sertanejas que migraram de suas cidades em busca de conhecimento e formao universitria. Tateando uma histria das sensibilidades, tocada igualmente pela perspectiva decolonial, temticas de gnero, raa e localizao so privilegiadas e destacadas por meio da experincia de constituio de um espao de escuta e de produo audiovisual com objetivo didtico - a ProjetAH.
Das margens, buscamos mulheres que sonham, desejam e enfrentam desafios surgidos das vivncias num entrelugar, situado ao mesmo tempo em seus locais de origem e de destino, carregando com elas ou abrindo mo de costumes, crenas, modos de agir e de ser. Os relatos oferecidos como material de reflexo histrica, conduzem ao horizonte de uma confluncia identitria com as narrativas de outras mulheres, quando evocam memrias de um ado que tem como ponto comum sertes diversos, vividos intensamente no que tange aos costumes, ao gnero e alteridade. disso que trata a presente proposta, situada num limiar entre o tempo presente, a construo de imagens sertanejas perpetuadas e ados estereotipados.
Pensando com Rancire (2005) sobre uma esttica de vivncias, as matrizes de percepo e uma partilha do sensvel, podemos entender que teorizar a histria mais do que mobilizar processos de abstrao e elaborao sobre demandas sociais e experincias; abrir ou seguir novos horizontes e olhares que enderecem tambm o acolhimento de sujeitos/as de pesquisa. No caso desta proposta, abrir-se s demandas de mulheres carentes de historicidade e de um espao onde possam compartilhar experincias, prazeres, angstias e saberes diante do mundo e de sua realidade mais prxima, seu lugar de vivncia e de voz. Elas existem e carregam consigo sertes, seja por laos afetivos ou de antagonismo. O serto emerge, assim, como um outro que vem de dentro, que por vezes as reprime, por outras, as acolhe. So mulheres migrantes, que vivem mltiplas experincias entre costumes e sotaques diversos, que as confrontam ou que elas oferecem queles de seu convvio. Mestias culturais, como expressaria Anzalda, retirantes afetivas. Suas vozes, seus olhares so o que h de mais valioso a oferecer pesquisa e ao ensino de histria, por meio de uma cmera aberta e de ouvidos, olhos e braos que acolham o que bem ou mal consigam dizer. Nessa histria do presente, as sertanejas na universidade atualizam tantas outras mulheres que vieram antes ou que chegaro depois delas.
Esta proposta fala de possibilidades, de estratgias de se alcanar esses seres perifricos, pensando seu presente, seu ado, dando a eles e a elas historicidade, buscando compreender seu lugar no mundo.
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Cludia de Jesus Maia (UNIMONTES)
Memrias e histrias de vida de mulheres no srto norte-mineiro na primeira metade do sec. XX
Resumo:A historiografia sobre as mulheres no Brasil assin...
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Resumo:A historiografia sobre as mulheres no Brasil assinalou as estratgias das elites das primeiras dcadas do XX para instituir e disseminar modelos idealizados de famlia conjugal, casamento legtimo, de homens e mulheres marcados pelas diferenas de gnero, a fim de disciplinar os novos cidados, assegurar a maternidade, o controle e a permanente submisso das mulheres. O trip me-esposa-dona-de-casa tornou-se, nos diferentes discursos, a base para a construo do modelo de feminino nesse perodo, mas no possvel tom-lo como regra e generaliz-lo para todos os estratos sociais e em todos os contextos geohistricos, a exemplo de espaos margem dos grandes centros urbanos, como o serto norte-mineiro. Os poucos estudos sobre as mulheres nessa regio, tenderam a enfatizar o carter autoritrio e violento delas, que mesmo sem o legal a postos de comando, exerceram poder sobre pessoas e grupos polticos. A literatura, tanto a de fico, como a de Guimares Rosa, quanto de memrias como a de Cyro dos Anjos e Darcy Ribeiro, tambm criaram representaes de mulheres na regio que escapam ao modelo submisso, ivo e obediente que estava sendo institudo e caracterizava a mulher burguesa. Assim, partindo da compreenso de que as relaes de gnero no so estticas e permanentes e que as representaes acerca do feminino so tambm histricas, o trabalho tem por objetivo analisar memrias e histrias de vida de mulheres de diferentes origens sociais, a fim de entender como elas representam a si mesmas e a outras mulheres. Busca ainda entender, nessas narrativas de si, como foram construdas as relaes de gnero e os sentidos que constitui o feminino no serto norte-mineiro na primeira metade do sculo XX. Ele integra um projeto de pesquisa mais amplo sobre mulheres e serto que investiga a hiptese de que apesar do patriarcalismo que governava as relaes, os papis de gnero no eram to fixos no serto norte-mineiro, por isso as mulheres no estavam submetidas a um modelo de comportamento baseado no que podemos chamar de domesticidade burguesa, em que so valorizados certos aspectos, como fragilidade, doura, ividade, retido e submisso. Para a anlise sero utilizadas como fontes as memrias autobiogrficas de duas escritoras norte-mineiras: Nazinha Coutinho no livro Maria Clara e Ruth Tupinamb Graa no livro Montes Claros era Assim; e entrevistas de histrias de vidas com mulheres de oitenta anos ou mais. Atravs da memria, essas mulheres constri uma representao de si e de suas experincias, se auto-inscreve e escreve a histria de outras mulheres, nos fornecendo pistas para entender as mltiplas configuraes das relaes de gnero no ado. Financiamento: FAPEMIG
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Claudia Regina Nichnig (Universidade Federal da Grande dourados)
Mulheres pantaneiras: relaes de gnero, conjugalidades e parentalidades
Resumo:
A proposta deste artigo apresentar uma pesquis...
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Resumo:
A proposta deste artigo apresentar uma pesquisa inicial sobre as mulheres pantaneiras, que ir abordar relaes conjugais e parentais vivenciadas fora do universo urbano, alm de questes especficas sobre a vivncia das maternidades e os cuidados com os filhos/as nesta regio, bem como as relaes com o mundo de trabalho. Fazendo uso da histria oral, de fontes como os livros de memrias, documentrios e msicas, bem como das lentes dos estudos de gnero e feministas, a proposta contar uma histria das mulheres pantaneiras, regio em que as masculinidades e o trabalho, do o mote. Ao abordar a histria de vida de algumas mulheres a proposta perceber como os fenmenos da natureza se entrelaam com as questes do pblico e do privado, como se do as relaes sociais marcadas pelo gnero em lugares perifricos e fronteirios, em que o distanciamento geogrfico dos grandes centros influencia as relaes pessoais e familiares.
O artigo escrito a partir do encontro de uma historiadora e um historiador: uma que se dedica a pesquisa a histria das mulheres e os estudos de gnero e o outro que estuda a histria do Pantanal, enfatizando as subjetividades e as experincias de feminilidades, marcadas por diferenas de gnero, classe, raa, religio, entre outras. Para isso vamos comear uma viagem que adentra uma realidade muito diferente das grandes cidades, marginais e perifricas, em que as legislaes e o poder do estado no influenciam diretamente na vida das pessoas, tampouco o tempo tem a mesma marcao. Aqui quem comanda a trajetria da vida so os fenmenos da natureza, as cheias dos rios, as guas. Ao abordamos as trajetrias invisveis de mulheres, nos deparamos com as trajetrias de homens, como os boiadeiros, marcados pelo trabalho rduo e ininterrupto. E onde estariam as mulheres neste contexto? Elas foram invizibilizadas, no existem, ou simplesmente no foram ouvidas? No, no se tratam de trajetrias inauditas: elas foram ouvidas e suas trajetrias sero cotejadas com outras fontes que sero teis na anlise das experincias de algumas mulheres que vivem no Pantanal Sul Mato Grossense. a partir destas fontes que iremos nos debruar sobre a histria das mulheres tendo como foco as relaes conjugais e parentais. claro que a histria das mulheres no est restrita as relaes com a famlia e ao espao privado, mas que nesse contexto espao pblico e privado se entrelaam, em uma trama marcada pela fora da natureza.
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Cleidiane Gonalves Frana (Universidade Federal de Gois)
(Re) Existindo no serto goiano: mulheres criminosas em Jatahy (1911-1935)
Resumo:Os estudos produzidos sobre as mulheres, especialm...
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Resumo:Os estudos produzidos sobre as mulheres, especialmente aqueles que recortam o final do sculo XIX e incio do XX, tem indicado para a construo de um conjunto de normativas que intentavam em controlar os corpos e comportamentos femininos. Esses dispositivos regulatrios incidiam sobre gestos, falas, modos de vestir, andar e adornar-se das mulheres. A inteno em estabelecer esses cdigos de conduta para as mulheres se atrelava ao objetivo de forjar comportamentos socialmente aceitveis para as mulheres, destinando a elas os espaos do lar e funes relativas ao casamento e maternidade. Contribuam ainda com o propsito de forjar uma nao civilizada e moderna. Contudo, mesmo com tais padres de comportamentos destinados a elas, muitos estudos ressaltam a resistncia dessas mulheres, em relao a tais discursos. nesse sentido, que este estudo pretende analisar os discursos produzidos pela imprensa jataiense sobre as mulheres, especialmente vinculados pela coluna intitulada "Vida social", que circulou nas pginas do jornal "O Liberal", nas primeiras dcadas do sculo XX em Jatahy, sudoeste de Gois. Compreende-se que as publicaes ratificadas nesta coluna, intentavam em construir modelos ideais de comportamentos para as mulheres jataienses. Alm disso, o estudo busca tambm analisar as resistncias das mulheres jataienses a tais discursos, a partir de seus protagonismos no mbito criminal. Diante disso, sero utilizados processos criminais em que as mulheres atuam enquanto acusadas. Sero analisados processos de homicdio, tentativa de homicdio e leso corporal, visto que quando se trata de crimes cometidos por mulheres em Jatahy, estas foram as categorias encontradas nos processos criminais, durante os anos de 1911 a 1935. Utilizamos a produo bibliogrfica dos estudos de gnero e histria das mulheres para embasar nossas discusses. Desse modo, intentamos demonstrar, como os discursos presentes na imprensa jataiense desempenhavam um papel educativo e de controle sobre o corpo e o comportamento feminino, bem como a resistncia das mulheres jataienses, subvertendo tais normas e atuando como protagonistas do mundo criminal, bem como de seus prprios corpos e vidas. Dessa maneira, (re) existindo no serto goiano, que compreendemos ser tambm um espao permeado por relaes de poder, mesmo distante dos grandes centros urbanos.
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Maria Aparecida Mendes
Mulheres Quilombolas de Conceio das Crioulas: protagonismo no combate a violncia domstica a partir da luta social
Resumo:Resumo expandido
Este texto discute o protagonism...
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Resumo:Resumo expandido
Este texto discute o protagonismo das mulheres quilombolas de Conceio das Crioulas Salgueiro - PE, na organizao social do territrio e no combate violncia domstica. Para superar as dificuldades provocadas pelo abandono ou presena repressora do Estado, a populao negra se v na obrigao de criar alternativas de enfrentamentos. Neste cenrio, as mulheres quilombolas assumem a postura de grandes protagonistas em defesa dos direitos coletivos constantemente violados. Em muitos casos tm que enfrentar graves violncias interpessoais, sejam elas ocorridas em espaos domsticos ou pblicos Espera-se com esse trabalho, contribuir para a valorizao da mulher, manuteno e conquista dos direitos, principalmente na atual conjuntura
Em uma sociedade capitalista fundada com base no sistema patriarcal, os negros, as mulheres e as crianas so as maiores vtimas dos desdobramentos das desigualdades sociais. A autora Sueli Carneiro (2003), aponta que, as mulheres em geral lutam para combater as violaes de direitos que se manifestam atravs da violncia domstica, da desigualdade salarial entre homens e mulheres. Ela evidencia os desafios enfrentados pelas mulheres negras, inclusive dentro do movimento feminista, de modo que se compreenda as especificidades desse segmento social, tais como o reconhecimento tnico racial, com demandas especficas que ao no serem consideradas, contribui para a manuteno das injustias sociais.
Historicamente as mulheres quilombolas, exerceram vrias atividades ao mesmo tempo. No caso do Quilombo de Conceio das Crioulas, as mulheres se destacam como protagonistas deste sua fundao. A histria de garra e luta das nossas ancestrais nos achem de orgulho, nos inspiram e nos encorajam a dar continuidade luta iniciada a mais de dois sculos. No entanto o olhar extico da sociedade a essas caractersticas das mulheres crioulas, assim como das outras mulheres negras, refora o pensamento que esse segmento social tudo a inclusive a violao do o a direitos fundamentais, como: educao, sade e oportunidade de um trabalho digno e etc.
Realmente as conquistas alcanadas at aqui so frutos de incansveis lutas travadas por verdadeiros heri e heronas quilombolas em defesa de toda comunidade. Portanto a afirmao referente a nossa coragem e determinao verdadeira. Porm necessrio considerar que o empenho e a dedicao da nossa parte esta relacionado compreenso da necessidade de pressionar o estado e a sociedade por melhores condies de vida para o povo quilombola que historicamente tem os seus direitos violados
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Raphael Rodrigues Vieira Filho (Universidade do Estado da Bahia - UNEB)
Mulheres sertanejas e suas vicissitudes: vivncias e cotidiano nas Jacobinas sculo XIX
Resumo:Instabilidade, esse talvez seja o conceito mais ap...
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Resumo:Instabilidade, esse talvez seja o conceito mais apropriado para designar o cotidiano urgido pelas mulheres vivendo nos sertes jacobinenses no sculo XIX. Elas representavam uma grande parcela das responsveis pelos fogos em vrias contagens dos quarteires ao longo do sculo XIX s no 1. quarteiro em 1842, de 114 fogos as mulheres foram registradas como principais responsveis por 67 e foram testemunhas, rs e vtimas inscritas nos processos crimes e aparecem em outros documentos que resistiram ao tempo guardados nos arquivos. Atravs de alguns casos pretendemos apresentar como as inconstncias acompanhavam essas mulheres e como elas resistiam de diversas formas s duras condies impostas pela vida sertaneja para forjar suas existncias de forma autnoma, contando somente com suas astcias e experincias acumuladas ao longo do tempo para se safar de situaes bastante graves por que aram. Casos como o da crioula de Maria Rosa do Esprito Santo, que foi processada em 1884 por Leses Corporais empreendidas em Procpio Ernesto Barbosa fiscal da Cmara Municipal de Jacobina que queria impedi-la de lavar roupas no rio prximo cidade. Nas suas declaraes disse lavar roupas, carregar lenhas e ainda, em outro depoimento, acrescentou viver de suas costuras, ou seja, ela se valia de vrias atividades para completar as parcas rendas permitindo sua sobrevivncia. Ainda temos casos como o de Joanna Maria do Esprito Santo, que viveu em vrios locais na regio de Jacobina at fixar residncia no Stio Angical, onde teve usa filha Benedicta Maria de Jesus deflorada por Henrique vaqueiro, escravizado do portugus Manoel Joaquim da Silva. Joanna Maria envolve vrias pessoas a procura de provar a idade de sua filha ofendida. Ainda o caso das escravizadas Rosria e sua filha Escolstica que foram acusadas de tramar o assassinato de outra Benedicta Maria, devido esta ltima ter contratado matrimnio com o antigo amsio de Escolstica, ambas mobilizaram pessoas de vrios lugares da regio como suas testemunhas o que indica a mobilidade dessas pessoas. O processo em que foi vtima Maria Cndida Teixeira ainda mais rico em detalhes da intrincada vida feminina sertaneja, nele so testemunhas rendeiras, balconista, costureiras, carregadoras de lenha, nas variadas condies de libertas, escravizadas e pessoas livres, casadas, solteiras, amasiadas e vivas participando de uma vida comunitria onde as informaes pessoais circulavam de boca em boca, gerando os desentendimentos que provocaram brigas e ofensas at fsicas. A metodologia utilizada no trabalho a pesquisa documental, leitura e anlise dos registros e cruzamento de dados de Processos Crimes e Cveis com Correspondncias da Cmara Municipal de Jacobina.
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Rozeane Porto Diniz (Colgio Municipal Monsenhor Stanislaw)
De uma existncia multifacetada, entre a diferena e a excluso: a vida de uma mulher infame em Olivedos-PB
Resumo:Trata-se da tessitura de fios que entrelaam a viv...
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Resumo:Trata-se da tessitura de fios que entrelaam a vivncia de Joana Preta enquanto protagonista de um espao conhecido por Farol em Olivedos no Curimata Ocidental da Paraba, entre as dcadas de 1940 e 1970. Joana lino de Lima , nascida aos vinte e trs de maio de 1926 no povoado de So Francisco, hoje Municpio de Olivedos-PB, viveu grande parte de sua vida com dificuldades financeiras e junto com sua me Maria Loiceira vivia de fazer as de barro para sobreviver numa famlia de muitos filhos, tendo que ajudar a me a criar os quatro irmos. Chegou s vias escolares, mas apenas de agem, no sendo completamente alfabetizada teve que conciliar por pouco tempo a escola e a venda de mercadorias de forma ambulante, rodeando toda a regio de So Francisco. At os 18 anos de idade, Joana Preta era apenas uma vendedora ambulante que trabalhava com intuito de ajudar sua famlia e morava na casa de sua me. A partir deste momento, ela decidiu trilhar o caminho da independncia, quando dirigiu-se a Campina Grande-PB para falar com Marinheira Colao, a proprietria de alguns casares e casas velhas abandonadas que estavam localizados onde hoje o centro do municpio de Olivedos-PB. Independente dos trmites a partir deste momento, Joana Preta ou a ser dona do estabelecimento, organizando um ponto comercial, deixando a vida de vendedora ambulante. Contava com os mais variados tipos de lanches e com prticas sexuais oferecidas aos clientes, como afirmam alguns entrevistados. O Farol configurado enquanto Cabar acabou por estigmatizar Joana como prostituta por suas prticas da sexualidade, mas, tambm por ser negra. Pensando a vivncia imbuda de identidades numa existncia mltipla de pontos estratgicos e posicionais, como aponta Hall (2006), elenco, nesta pesquisa, algumas imagens inventadas ou inventariadas para/por Joana Preta, Atravs de entrevistas, ou seja, da oralidade construda um histria possvel sobre Joana lino de Lima representada por Joana Preta. , ento, atravs dos relatos orais que esta pesquisa realizada, compreendendo que os depoimentos orais caracterizam-se como parte dos recursos documentais a que o historiador pode recorrer, para ampliar o debate historiogrfico e o recorte temtico do seu objeto de estudo (MONTENEGRO, 2007, P. 30) e como recurso documental a por aquilo que Certeau (2000, p. 65) chama de operao historiogrfica. Tentando problematizar e atravs da operao historiogrfica compreender as tramas que fizeram com que Joana fosse configurada como infame. Dessa forma, tentei construir um objeto de estudo pautado na relatividade de discursos e do prprio saber histrico, analisando as memrias que fazem o emaranhado de uma histria entre muitas outras possveis sobre o Joana Preta.
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Vnia Nara Pereira Vasconcelos (UNEB)
Entre a norma e a transgresso: rastros de feminismos no serto baiano
Resumo:Pensando os sertes como um espao plural, diverso...
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Resumo:Pensando os sertes como um espao plural, diverso e potente, embora historicamente associado fome, seca, masculinidades dominantes e feminilidades submissas, nessa comunicao pretendo problematizar as diversas formas de transgresso feminina a partir de narrativas de mulheres que vivem margem da cultura urbana e letrada, principalmente as de ascendncia afro-indgena, no escolarizadas, pertencentes s camadas populares e moradoras do serto baiano. Vivendo em um espao marcado por fortes hierarquias de gnero, essas mulheres teceram suas trajetrias no dilogo entre a norma e a transgresso, subvertendo regras e fazendo escolhas que iam na contramo do que era aceitvel para as mulheres de seu tempo e espao. Essas prticas me levaram a refletir sobre as possibilidade de invenes de feminismos, considerando que estes foram construdos historicamente atravs do enfrentamento direto das mulheres ordem androcntrica, bem como por suas sutis formas de rebeldia. O uso cada vez mais frequente do termo feminismos, no plural, em substituio a feminismo, no singular, revela a diversidade e multiplicidade das prticas dos movimentos e sujeitos/as envolvidos/as. A contribuio dos Estudos de Gnero ao questionar a existncia e naturalizao de um Sujeito Humano Universal (homem [macho], branco, cristo, heterossexual, cisgnero, eurocentrado) foi importante por denunciar o carter universalista e androcntrico tanto das produes acadmicas, como das relaes de poder presentes no cotidiano que definem quem humano e tem o direito a existncia plena. Entretanto, o sujeito mulher que emerge nesses estudos, em um primeiro momento, tampouco dava conta das multiplicidades identitrias, no incluindo mulheres negras, indgenas, lsbicas, trans, bissexuais, no-crists, moradoras de pequenas vilas e espaos rurais, entre tantas outras. Nesse sentido, o feminismo negro (e sua contribuio com o conceito de interseccionalidade), o feminismo lsbico e o transfeminismo vo problematizar as diversas formas de excluso e negao do direito de existncia (tanto epistmicas, quanto fsicas) de determinados grupos sociais. Uma perspectiva deconial nos traz a possibilidade de, alm de questionar a eleio de um Sujeito Humano Universal, fazer implodir uma epistemologia que define, a partir da razo moderna, quais modos de viver, pensar, se relacionar so aceitos; e, estigmatiza, inferioriza, subalterniza, "outrifica" saberes, fazeres e prticas de sujeitos/as no escolarizados/as, no-binrios, no brancos. A partir dessa perspectiva, pretendo refletir sobre as vrias tticas utilizadas por essas mulheres sertanejas para subverter construes sociais de gnero, fazendo emergir "invenes de subjetividades", potentes e paradoxais.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Ana Maria Marques (UFMT)
Promoo de mulheres privadas de liberdade por meio do conhecimento: experincias literrias de remio em Mato Grosso
Resumo:O presente trabalho resultado parcial de pesquis...
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Resumo:O presente trabalho resultado parcial de pesquisa cadastrada e coordenada pela autora na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) cujo objeto de investigao principal so as prticas educativas de reintegrao social de e para mulheres em situao de privao de liberdade. O caso recortado para essa comunicao o das que participam do Projeto Remio pela Leitura efetivado na Penitenciria Feminina Ana Maria do Couto May maior unidade prisional feminina do Estado de Mato Grosso, em Cuiab.
Segundo a Recomendao Federal n. 44/2013, parte da pena pode ser diminuda pela leitura de obras literrias. E o Provimento Estadual n. 24 do mesmo ano com teor semelhante, impulsionou a criao do Projeto Biblioteca mvel carrinho literrio, da Secretaria de Estado de Justia e Direitos Humanos de Mato Grosso, que teve incio em outubro de 2017. O propsito oportunizar s mulheres em situao de privao de liberdade e que j concluram a Educao Bsica, poder diminuir a pena por meio da leitura dirigida. A resenha, produto final resultante de leitura de obra literria, segue alguns critrios de avaliao, previstos no projeto. Cada obra lida e resenhada, no prazo mnimo de 30 dias, possibilita remir quatro dias de pena.
O nmero de mulheres privadas de liberdade habilitadas para participar do projeto no Ana Maria do Couto May varia em mdia entre 8 e 16 mensalmente. Considerando que a lotao da penitenciria gira em torno de 180 mulheres o projeto atinge cerca de 10% das mulheres ali sentenciadas. H uma estreita relao entre o encarceramento de mulheres e o machismo estrutural, dado que muitas dessas so sentenciadas e cumprem penas por carregarem drogas e/ou armas de homens (maridos, namorados, companheiros, algum membro da famlia) ou at mesmo por envolvimento em crimes por conta dessas relaes afetivas com homens criminosos.
Acreditamos, com Juliana Borges (2018, p. 16) que ser encarcerado significa a negao de uma srie de direitos e uma situao de aprofundamento de vulnerabilidades. O intuito da pesquisa investigar iniciativas educacionais que envolvem mulheres que possam encontrar uma espcie de libertao por meio da leitura. A literatura pode oferecer uma perspectiva de diminuio da pena e uma perspectiva melhor de futuro, apesar de ser um pblico muito e as condies adversas.
Referncias:
BORGES, Juliana. O que encarceramento em massa? Belo Horizonte: Letramento; Justificando, 2018.
BRASIL. Ministrio da Justia. Recomendao N 44, de 26 de Novembro de 2013.
MATO GROSSO. Corregedoria Geral de Justia. Provimento N 24/2013.
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Carolina Pereira Acypreste (UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros)
O estupro como arma de guerra: uma anlise a partir da violncia sexual praticada pelo ISIS contra as Yazidis de 2014 2017
Resumo:O estupro acompanhou o ambiente de guerra de forma...
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Resumo:O estupro acompanhou o ambiente de guerra de formas variadas na histria da humanidade, mas na histria contempornea parece ter se tornado ainda mais frequente e complexo, quando inserido s novas estruturas dos conflitos atuais. O Estado Islmico ou ISIS (sigla para Islamic State of Iraq and Syria) - surgido recentemente na regio do Iraque e da Sria no Oriente Mdio, trouxe tona o assunto na mdia, j que vem capturando mulheres da minoria tnico-religiosa Yazidi como escravas sexuais e se utilizando de estupro massivo; seus seguidores tambm inovam com ampla utilizao miditica, exibindo seus atos e os justificando a partir da leitura prpria que fazem do Isl. Esta comunicao prope analisar como a violao das mulheres pelo ISIS se mantm como arma de guerra, investigando como essa prtica sistematizada e como reflete na populao. Buscamos entender o ISIS, refletindo sobre o posicionamento deles quanto a violncia sexual, e como este se utiliza do estupro contra meninas, jovens e mulheres adultas, a fim de investigar que mensagem seus seguidores buscam transmitir com a violao dessas mulheres. Por se tratar de um tema na histria do tempo presente e com escassas fontes documentais, utilizamos como fonte notcias de jornais online editados na Inglaterra (The Independent e The Guardian) entre os anos 2014 e 2017, pois os primeiros ataques realizados pelo ISIS com a captura massiva de mulheres foi em 2014 e a partir desse mesmo ano os jornais aram a aditar reportagens relativas ao abuso sexual destas mulheres. Estes jornais foram selecionados a partir de uma pesquisa por reportagens que abordavam o assunto com maior quantidade de relatos e os s vtimas. Utilizamos ainda relatrios do Human Rights Council (Conselho dos Direitos Humanos das Naes Unidas) e das Organizaes No Governamentais Amnesty International, Human Rights Watch e a Global Justice Center. Ao refletir sobre o estupro, que uma violao ao corpo do outro, algo que se origina dentro dos conflitos de gnero, analisamos as teorias da violncia de gnero. Utilizamos como base as pesquisas de gnero de autoras como Rita Segato (2014; 2013; 1999) e Susan Brownmiller (1975). No decorrer dos estudos e pesquisa constatamos que os estupros praticados sob o incitamento e consentimento do ISIS no tinham nada de aleatrio, ao contrrio, eram sistemticos, planejados, e poderiam conter objetivos especficos, pois, o estupro no se trata de algo apenas impulsivo, mas uma agresso que contm um significado simblico.
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Daniela Lumi Nascimento Watanabe (COLGIO ESTADUAL ANTNIO BALBINO)
Noivas Sob encomenda: A prtica de casamentos por fotografia entre imigrantes japoneses no Brasil (1960-1970)
Resumo:NOIVAS ENCOMENDADAS. CASAMENTOS POR PROCURAO. C...
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Resumo:NOIVAS ENCOMENDADAS. CASAMENTOS POR PROCURAO. CNJUGES DESCONHECIDOS. BODAS FORMALIZADAS APENAS COM A PRESENA FSICA DE UM DOS NUBENTES. NUM CONTATO INICIAL, AS ASSERTIVAS ACIMA PODEM AT SUGERIR O ESQUEMA DE UM ROTEIRO DE FICO. QUI, UM ENREDO ROMNTICO. MAS, NA VERDADE, ELUCIDAM A OCORRNCIA DE UM FENMENO PRESENTE NAS RELAES MATRIMONIAIS ENTRE IMIGRANTES JAPONESES, QUE FORA IDENTIFICADO TANTO NO BRASIL COMO EM OUTRAS REGIES DO CONTINENTE AMERICANO. AS NOIVAS SOB ENCOMENDA ERAM MULHERES QUE SE CASAVAM NA TERRA DE ORIGEM COM IMIGRANTES DA MESMA NACIONALIDADE RESIDENTES NO EXTERIOR, APS ARRANJOS ESTABELECIDOS ENTRE AS FAMLIAS DOS NOIVOS, POR INTERMEDIAO DE PARENTES OU AMIGOS. ASSIM, OS CASAMENTOS ERAM FORMALIZADOS POR PROCURAO E SEM A PRESENA DE UM DOS CNJUGES, DE MODO QUE DURANTE A CERIMNIA AS NOIVAS POSAVAM AO LADO DE UMA FOTOGRAFIA DOS SEUS RESPECTIVOS MARIDOS, PARA OFICIALIZAREM A UNIO. MOTIVADAS, DE MODO GERAL, POR INTERESSES DE ORDEM ECONMICA E/OU TNICO/CULTURAL, AS CORRENTES MIGRATRIAS DESSES ORIENTAIS IMPACTARAM SOBRE AS ESTRUTURAS SCIO-CULTURAIS DOS PASES DE DESTINO, ASSIM COMO ESTES EXERCERAM INFLUNCIA SOBRE SUAS IDENTIDADES. NO BRASIL, APROXIMADAMENTE 400 MOAS JAPONESAS FORMALIZARAM O MATRIMNIO SEM CONHECER O NOIVO. ERAM AS HANAYUMI IMIN, EM JAPONS, FLOR DO SONHO. ASSIM, A PROPOSTA DESTE TRABALHO ANALISAR A PRTICA DE CASAMENTOS POR FOTOGRAFIA ENTRE IMIGRANTES JAPONESES QUE SE ESTABELECERAM EM TAPERO-BA NA SEGUNDA METADE DO SCULO XX, CONSIDERANDO A COMPLEXA RELAO DE IDENTIDADE E GNERO QUE PERMEAVA ESSA PRTICA. INTERESSA-NOS COMPREENDER AS CIRCUNSTNCIAS QUE MOTIVARAM A OCORRNCIA DESSE FENMENO, TENDO EM VISTA OS CRITRIOS DEFINIDORES DESSA FORMA DE MATRIMNIO. DESSE MODO, PRETENDE-SE ADENSAR AS REFLEXES SOBRE A TEMTICA MENCIONADA, NO SENTIDO DE EXPANDIR AS ARESTAS DA HISTRIA DA IMIGRAO JAPONESA NA BAHIA, POIS, A PARTIR DO QUE INDICAM AS FONTES, A PRTICA DE CASAMENTOS POR FOTOGRAFIA OU POR CORRESPONDNCIA - DENOMINADA DE PICTURE BRIDES OU HANNAYUMIS - TAMBM REPERCUTIU NA VIDA DE FAMLIAS QUE SE FIXARAM LONGE DOS GRANDES NCLEOS DA IMIGRAO JAPONESA NO BRASIL. AS MEMRIAS SO VESTGIOS VALIOSOS PARA ESTA PESQUISA, UMA VEZ QUE FORAM ELAS QUE ME INSTIGARAM E CONDUZIRAM AT ESTE TEMA, QUANDO REALIZEI ALGUMAS ENTREVISTAS DURANTE O PROCESSO DE CONSTRUO DA MONOGRAFIA. DO PONTO DE VISTA METODOLGICO, PRETENDO ORIENTAR-ME PELA INTERLOCUO ENTRE AS FONTES IDENTIFICADAS (ORAIS, CARTAS, FOTOGRAFIAS, PERIDICOS) E A PRODUO BIBLIOGRFICA QUE VERSA SOBRE A IMIGRAO JAPONESA NO BRASIL E NO BAIXO SUL, BEM COMO AQUELES QUE DISCUTEM SOBRE O FENMENO DAS PICTURE BRIDES OU HANNAYUMIS.
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Fabiana Oliveira Leite (Secretaria de Estado da Educao de Minas Gerais)
Pornochanchadapoltica: Reflexes sobre Gnero, Sexualidade e Cinema brasileiro na dcada de 1970
Resumo:Um gnero do cinema brasileiro ou um desdobramento...
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Resumo:Um gnero do cinema brasileiro ou um desdobramento irreverente da produo cinematogrfica brasileira dos anos 1970? A pornochanchada se circunscreveu no clima mundial de liberao sexual e dos costumes, colocando em cena - de modo chanchadesco e satrico - as questes emergenciais daquele contexto: plula anticoncepcional feminina, orgasmo feminino, cultura gay, relaes familiares, feminismo, movimento negro, hippie, etc. Ainda que estes filmes no fossem bem recebidos por uma parte da comunidade crtica e intelectual, o seu maior aliado era, de fato, o grande pblico - masculino. Assim, sua produo se ligava intimamente s classes populares e, mais do que nunca, as evidenciava no curso de consumo da indstria cinematogrfica brasilei ra - que na dcada de 1970 se tornava um expoente.Os filmes eram produzidos conforme as condies e demandas que se colocavam em seu plano de realizao. No que se refere ao teor ertico, vlido pontuar que a nudez e o sexo entravam nas salas de cinema e prometiam ser o destaque. H quem diga que os corpos nus das belas atrizes e a promessa de cenas sexualmente provocantes eram as verdadeiras justificativas para os altos rendimentos e salas de cinemas lotadas. Valter Salles Filho (1995) analisa o erotismo em pornochanchadas, e questiona a suposta transgresso moral que se apresentava luz da sexualidade exuberante, divertida e "genuinamente" brasileira: se sempre transgredimos as normas, por que nossa relao com o poder nunca se altera? J a estudiosa feminista Teresa de Lauretis (1994), ao analisar as chamadas tecnologias de gnero, atenta para a mecnica das representaes sociais da sexualidade feminina nas artes em geral, dentre as quais o cinema destacado. na teoria cinematogrfica que estaro guiados os importantes questionamentos de Lauretis: Como as representaes de gnero so construdas por essa tecnologia em especfico? Quais so os caminhos trilhados pelo cinema em seu curso de constituio de pensamento, subjetividades e jogos de verdade para com o seu pblico - sendo este um conceito j marcado pelo gnero? Tais problemas foram importantes para a anlise dos filmes A Superfmea (1973) e Como era boa a nossa empregada(1973) - as fontes histricas que sustentam este trabalho. Portanto, diante das ricas possibilidades de abordagem desse tema que so colocadas as seguintes problemticas: Como as manifestaes da sexualidade feminina so caracterizadas nestes filmes? possvel mapear pontos de coerncia&combusto entre suas formas - representaes e sentidos - e o discurso poltico hegemnico no contexto brasileiro dos anos 1970?
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Fernanda de Souza Lima (Universidade do Estado da Bahia)
QUESTES JURDICAS E SOCIAIS: As consequncias do rompimento dos laos conjugais
Resumo:A comunicao tem por finalidade estudar a dinmic...
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Resumo:A comunicao tem por finalidade estudar a dinmica dos processos judiciais de divrcio, buscando entender como o gnero atua na prtica e representao feminina e masculina presentes nessa documentao. Dessa forma, o perodo adotado para esse estudo, que vai 1960 a 1980, deve-se muito ao fato de que nesse perodo o Brasil ou por mudanas tanto no campo das leis, como da prpria famlia.Todavia, as leis se apresentam sob uma lgica daquilo que entendemos como normas escritas, j os processos so fontes vistos numa perspectiva das normas vividas, ou seja, esses dois elementos conduziro esta pesquisa numa perspectiva que busca entender as relaes familiares, e os sujeitos que a compem, focalizando os significados da aprovao do Divrcio que teve como desdobramento alteraes na lei, na famlia, bem como na prpria questo cultural que envolve os sujeitos de seu tempo.
Indubitavelmente, torna-se interessante indagamos sobre o processo de fabricao da legislao, que por sua vez, respondem e produzem uma demanda de uma sociedade. Em certa medida, importante no perder de vista que a teoria jurdica tem o papel mais profcuo quando se v como processo produtor e subversor de esquemas conceituais, e no apenas como instrumento a servio de reformas legais (RABENHORT, 2012).
Nessa direo apontada por Eduardo Rabenhort, imprescindvel se atentar para o fato de que as normas sociais possuem suas variveis, quanto as normas jurdicas, por vezes, tem como fio condutor o Direito, que se apresenta tambm de modo falho, seja por que suas leis e procedimentos so irracionais e esto errados, seja por que no fruto do consentimento popular (RABENHORT, 2012, p. 5).
Pensando a partir dessa lgica apresentada acima, podemos tomar como exemplo para anlise os processos judiciais de desquite e divrcio, percebendo por meio dessa documentao como o direito praticado pera por uma tendncia da prtica social e histrica, que tambm possui um peso significativo a partir da atuao nas relaes sociais. Nesse caso, a legislao se inclui dentro de uma perspectiva histrica do gnero ao responder e produzir uma demanda montada a partir de discursos, narrativas e linguagens. Assim, o gnero atua no sentido de [...] descobrir o alcance dos papis sexuais e do simbolismo sexual nas diferentes sociedades e perodos, encontrar qual era o seu sentido e como eles funcionavam para manter a ordem social e para mud-la (SCOTT, 1990, p.18). Nessa direo, os conflitos aqui apresentados por meio dos processos trazem uma questo emblemtica para pesquisa como o gnero vincula-se ao jurdico, na perspectiva de pensar as variveis que no so tratadas com o devido cuidado pela legislao.
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Jycimara Ferreira Barreto (Colgio Integrado AGES)
Casamento ou priso? Uma deciso crucial nos processos crimes de defloramento da capital Sergipana (1900-1930)
Resumo:O referente trabalho tem como proposta analisar os...
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Resumo:O referente trabalho tem como proposta analisar os crimes de defloramento que ocorreram na cidade de Aracaj nos anos novecentos. Assim, sero discutidos a questo da honra, o papel do homem e da mulher na sociedade e a importncia do casamento como forma de reparar o defloramento cometido.
O defloramento de acordo com Sartori a prtica sexual com moas menores de idade que mantinham a relao sexual antes do ato matrimonial sobre as falsas promessas. Quando se entende o que defloramento percebe-se o contexto da poca e a importncia da famlia em buscar reparar a honra atravs do casamento. Para fundamentao deste artigo teremos a contribuio de tericos como: Caulfield, Boris Fausto, Joana Pedro e algumas dissertaes que retratam sobre a temtica.
Discusses e resultado
Diante da proposta de analisar os Processos Crimes de Defloramento que aconteceram na capital sergipana, visando as relaes de gnero e a importncia da virgindade para as moas de famlia do perodo, existia a preocupao em reparar o ato de defloramento que estava relacionado ao fato de preservar a imagem da mulher. O fato que muitos pais no aceitavam que este crime fosse efetivado e sasse impune, as queixas, denncias e a lei era o que fundamentava a importncia de reparar a honra perdida.
Assim, a proposta de abordar sobre o crime de defloramento trazendo seus significados e consequncias para as jovens donzelas da capital sergipana, teve com resultado final uma reflexo sobre o papel que a mulher ocupava na sociedade. Com isso, ser possvel refletir sobre a relao de tempo e espao proporcionando aos leitores entender a evoluo da sociedade e suas transformaes atravs da histria.
Consideraes parciais:
Diante da discusso sobre a atuao da justia nos casos de defloramentos, entende-se que esta atuava de forma a decidir o futuro de uma jovem quase perdida socialmente. A justia como rgo importante para organizao da sociedade, tinha como tarefa resolver os crimes de defloramento partindo das anlises dos testemunhos e documantao que compe o processo crime.
Para entender os casos de deflorameto, tabelas e grficos foram construidas trazendo a mulher e sua profisso, sua idade, cor, papel que tinha na sociedade e as caracteristicas do homem que vivia na poca. Assim, uma anlise quantitativa e qualitativa foi feita com intuito de compreender os casos estudados.
Conclui-se assim, que os casos analisados de defloraento apresentavam elementos que ajudaram a contextualizar a sociedade de Aracaju no inicio do sculo XX. possivel notar a diferena social entre o homem e a mulher, a necessidade de comprovar sua honestidade e virgindade nas pginas criminiais e a importncia do casamento como forma de reparar a honra da moa e de toda a famlia.
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Mileia Santos Almeida (SEC BA)
O fruto de amores ilcitos: O crime de infanticdio na contramo do mito do amor materno (Alto Serto da Bahia, 1890-1945)
Resumo:O presente trabalho tem por objetivo analisar o pr...
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Resumo:O presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de criminalizao de mulheres pobres, acusadas do crime de infanticdio, na regio de Caetit, entre o fim do sculo XIX e meados do sculo XX, por meio de fragmentos dessas experincias registrados nos processos criminais. Nesse sentido, o encontro de um corpo infantil sem vida ou at mesmo de um feto ainda no plenamente desenvolvido, constitua-se como o primeiro indcio para a instaurao de um processo de infanticdio, isto , o homicdio de uma criana nos primeiros dias de vida perpetrado pela me que era, invariavelmente, a acusada de um delito que se tornou tipicamente feminino na atualizao das legislaes. Por sua vez, no alto serto da Bahia, o projeto poltico das elites republicanas, permeado pelos anseios de higienizao e moralizao, que deveriam conduzir para o progresso da regio, esbarravam constantemente em prticas como essa, que simbolizavam a no adequao das mulheres de camadas mais pobres aos padres de civilidade das classes dominantes, diante tanto das condies adversas de sobrevivncia quanto da permanncia de outros cdigos de moralidade. Alm dos discursos mdicos e jurdicos que peravam narrativas de condenao ou absolvio das acusadas, vislumbramos o entrelaamento de relaes de gnero, classe e raa, produzindo assimetrias de poder e estruturando as relaes em sociedade, sobretudo, num perodo de algumas dcadas aps a abolio da escravido no pas. Por meio desses processos criminais, emergem histrias de amor e abandono, de desespero e solidariedade, histrias de solido e controle do corpo, de loucura e violncia. Sob uma perspectiva feminista e interseccional da histria das relaes sociais de gnero, descortinamos experincias de mulheres que, pelos mais diversos motivos, realizaram um infanticdio para renunciar a um mito que atravessara sculos, o do instinto materno, ou do amor espontneo de toda me pelo filho. Nossas fontes, que renem tambm jornais, relatos memorialsticos e teses mdicas, trazem luz aspectos da sociedade da poca, assim como os papeis normativos destinados a homens e mulheres no discurso dominante, mas que na teia de suas relaes cotidianas, eram reinventados e ressignificados. Por meio de fragmentos capturados de suas vidas nesta documentao oficial, torna-se possvel vislumbrar o protagonismo das mulheres de camadas mais pobres, oculto pela imposio do projeto dominador das elites e, por sua vez, desnaturalizar os discursos que normatizavam as aes destes sujeitos histricos.
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Renata Lima Cremasco (Colgio Stella Maris)
As Mulheres Invisveis na Arte Renascentista
Resumo:Este estudo analisa a presena de artistas plstic...
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Resumo:Este estudo analisa a presena de artistas plsticas mulheres durante o Renascimento - perodo histrico marcado pelo humanismo, inovaes cientficas e artsticas -, o trabalho ser realizado por meio de suas biografias e obras legadas atualidade. Foram escolhidas duas artistas para pesquisa, so elas: Sofonisba Anguissola e Lavinia Fontana, mulheres que obtiveram algum reconhecimento em sua poca enquanto artistas e no decorrer dos sculos posteriores foram silenciadas da Histria.
Sofonisba Anguissola, nascida em 1532, contribuiu para o protagonismo das mulheres na arte e, com trabalho irado por Michelangelo, tornou-se famosa, convidada como pintora da corte de Felipe II da Espanha, alcanando alta posio. Lavinia Fontana, construiu sua carreira pintando a alta sociedade bolonhesa, exercendo seu papel com mais notoriedade em Roma, para onde se mudou a convite do Papa Clemente VIII.
As mulheres, nas mais diferentes sociedades, foram submetidas a autoridade masculina, e independente do que elas realizavam, sua atividade era sempre inferior do homem. O significativo debate de gnero encontrado aqui, pretende abrir espao para reflexo da invisibilidade da mulher como protagonista da arte e sua luta contra a sua nica e possvel vocao imposta a mulher, como a maternidade e outras obrigaes como prope Rousseau: agradar aos homens, ser-lhes til, fazer-se amar e honrar por eles, cri-los quando jovens, cuidar deles quando adultos, aconselh-los e consol-los.
Apesar disso, a presena da mulher na Histria da Arte foi e continua -cercada de preconceitos que a manteve margem da produo artstica, consequentemente silenciando-a, uma vez que a grande maioria no teve, em todo o tempo, oportunidade para manifestar livremente o seu talento. As artistas aqui abordadas transgrediram os limites impostos pela sociedade patriarcal, se destacaram por seu talento e atitude, rompendo a feminilidade normativa e nos levam a refletir sobre a excluso e a invisibilidade da mulher como artista.
Nesse sentido, este trabalho visa revelar a atuao de mulheres pintoras na Renascena, que foram ditas como ponto de partida e fora inspiradora para artistas dos sculos seguintes. Por essa razo, extremamente significativo que a atuao da mulher artista seja notada, transformando assim, a concepo positivista da historiografia na qual destaca os personagens masculinos como nicos agentes e executores da Histria.
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Valeska Bassi de Souza (UFMT)
Amor, casamento, divrcio e adultrio: efeitos discursivos sobre a infidelidade feminina na cidade de Cuiab
Resumo:O objetivo deste trabalho pensar, diante de um m...
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Resumo:O objetivo deste trabalho pensar, diante de um modelo feminino gestado e consolidado pelo mundo burgus do final do sculo XIX, as relaes e desigualdades de gnero que se desenvolvem dentro da dimenso do adultrio no casamento. Como fonte lanamos mo de uma ao civil de desquite do ano de 1934, impetrada na cidade de Cuiab, Estado de Mato Grosso e movida contra Astrogilda da Fonseca Duarte por seu prprio marido. A r indiciada por adultrio e injria grave, acusada de ter um caso com o amigo de seu marido e com outros homens dentro do prprio lar. Trair dentro do prprio lar significava macular a instituio do casamento duas vezes, pois o lar era o lugar sagrado, do respeito e amabilidade. Astrogilda comparada no processo figura da mulher putifar, aquela que, segundo a bblia, teria tentado seduzir o servo do marido. E pior do que adltera seria aquela que incorresse ao adultrio por seu prprio desejo e pela seduo do parceiro. Os critrios para a culpabilizao maior da mulher diante do adultrio est intimamente ligada dimenso da sexualidade. A seduo e o adultrio feminino so condenveis medida que, dentro do discurso burgus, sua natureza no a do desejo sexual, o espao privado era essencialmente o seu lugar e o seu papel era o do cuidado e do amor, no havendo espao para a sexualidade. A dessexualizao da mulher - cunhada a partir do sculo XVIII pelas polticas da sociedade capitalista, industrial e burguesa, tendo como aliados a medicina, o judicirio, a igreja, entre outros - legitima a desigualdade de tratamento para o adultrio feminino e masculino tanto no mbito jurdico quanto no moral. Se o desejo sexual feminino inexiste at mesmo dentro do casamento, o que representa ento o adultrio feminino? Pensemos ainda sobre o agravante de que a fidelidade feminina que garantia da legitimidade dos filhos, tendo em vista que a paternidade era presumida dentro de um matrimnio. a partir dessa figura feminina, cujas paixes e infelicidades jamais seriam aquelas dignas de serem relatadas, e sua existncia destinada a no deixar rastros, que ganhou notoriedade to somente meio do poder judicial, que pensamos a problemtica aqui apresentada.
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Vanessa Nascimento Souza (Empreendimentos Educacionais AGES), Mariana Emanuelle Barreto de Gois (UniAGES)
Os Romances Aucarados da Biblioteca das Moas em Paripiranga/BA
Resumo:A presente comunicao tem como objetivo analisar ...
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Resumo:A presente comunicao tem como objetivo analisar a representao da mulher nos romances do acervo da Biblioteca das Moas, um espao de leitura idealizado por Enedina de Carvalho Santana, scia benemrita do Grmio Social e Esportivo Vitria, clube social e recreativo fundado em 1946, na cidade de Paripiranga, Bahia. Para participar dos eventos (bailes danantes; concurso de rainha da primavera; festejos carnavalescos; festas de aniversrio; casamento; formatura etc) e ter o s atividades (futebol, ping-pong, leitura etc) desenvolvidas no referido clube, somente os homens de posse podiam se associar, sendo assim, caracterizava-se como um espao voltado para o lazer e sociabilidade de uma parcela da elite agrria da poca, e exclua pessoas pobres, negras e de vida livre. A proposta da criao da biblioteca no clube recreativo estava atrelada ideia de promover a intelectualidade dos associados, principalmente das jovens vinculadas classe dominante do municpio baiano. Ao analisar as obras, evidencia-se que a Biblioteca foi um espao destinado ao pblico feminino, contendo romances que traduziam os valores ticos e morais difundidos na segunda metade do sculo XX. O corpus documental era pertencente Geovana Rabelo Sousa, filha adotiva de Enedina de Carvalho Santana, contabilizando 110 obras, e foi doado ao Laboratrio de Ensino e Pesquisa em Histria do Centro Universitrio AGES. Vale ressaltar que, os livros eram de colees diversificadas, sendo notado em maior nmero os da Coleo Biblioteca das Moas; Coleo Biblioteca das Senhoritas e Coleo Biblioteca Familiar, tendo sido localizado maior nmero de obras da autora Mary Delly. Os ditos romances aucarados narram histrias que a figura feminina era retratada como rainha do lar e educada desde a infncia para seguir as normas sociais de bons modos para uma dama, ambientados na Frana, num universo encantado e repleto de fantasias, tpicos de contos de fada com final feliz e por outro lado, trazia a imagem da mulher transgressora, que no se enquadrava nos padres idealizados. Diante disso, o trabalho justifica-se pelas lacunas existentes na historiografia local baiana, em especial as regies que fazem parte do polgono da seca. Raros so os trabalhos que trazem abordagens da cotidianidade desta regio, com foco para os estudos das prticas de leitura feminina.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Dayanny Deyse Leite Rodrigues (UFG - Universidade Federal de Gois)
DARCY VARGAS, SARAH KUBITSCHEK E MARIA THEREZA GOULART: instituio, perpetuao e reapropriao do primeiro-damismo brasileiro
Resumo:Por primeira-dama se convencinou denominar as espo...
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Resumo:Por primeira-dama se convencinou denominar as esposas dos governantes, em especial aqueles em atuao no poder executivo (Presidente, Governador e Prefeito). Nos sculos XX e XXI, o papel social da primeira-dama se constituiu enquanto uma figura marcada pelas relaes de gnero e fomentada para atuar de forma a legitimar os anseios polticos do Estado. Partindo do pressuposto do gnero enquanto categoria relacional de anlise, pensar a constituio da imagem social da primeira-dama requer a compreenso dos processos de construo da sociedade moderna ocidental, e o lugar ento ocupado pelas mulheres. Deve-se d importncia aos sistemas de significados, isto , s maneiras como as sociedades representam o gnero. Tal figura comeou a ser delineado na agem da dcada de 1930 para 1940, momento em que Darcy Vargas, esposa do ento Presidente da Repblia, Getlio Vasgas, por meio de sua trajetria de atuao junto servios assistenciais, cria e assume a presidncia do primeiro rgos governamental de assistncia social do Brasil, a Legio Brasileira de Assistncia LBA. Aquelas que a sucederam no posto, a exemplo de Sarah Kubitschek e Maria Thereza Goular, fizeram uso de suas experincias para d continuidade atuao pblica da primeira-dama, conseguindo perpetuar e propor novas formas de apropriao do primeiro-damismo. Dessa forma, este estudo tem como objetivo discutir as atuaes das trs personalidade citadas, afim de compreender a constituio social, a perpetuao e as reapropriaes do primeiro-damismo na sociedade brasileira, pontuando sua relao com a discusses em torno das questes de gnero. O trabalho ser desenvolvido sob a perspectiva da Histria Poltica dita Renovada e dos Estudos de Gnero. O poder ser analisado por uma tima para alm do Estado, se fazendo presente nas diversas relaes pessoais. Compreender a constituio dessa figura social, a primeira-dama, aos olhos das relaes de gnero, corroborar com o processo de contestao dominao masculina vigente na sociedade brasileira. Tanto a construo, quanto a legitimao das dicotomias relacionadas s performances de gnero encontram-se embutidas em contextos de relaes e lutas de poder. Entender, questionar e desconstruir essas dicotomias fator primordial no combate s desigualdades que ainda circundam a existncia dos diversos grupos de mulheres que constituem a sociedade. Ainda vale destacar que, sem carregar prerrogativas ou direitos especficos, embora o papel social da primeira-dama tenha sido pensado e elaborado como meio de e s prticas dos esposos governantes, muitas delas exerceram papel de destaque, construindo trajetria de atuao e capital poltico prprio.
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Simone Lacorte Recva (Universidade de Braslia)
Histrias de vida de professoras violonistas nas universidades federais no Brasil (1980-2018)
Resumo:O presente artigo apresenta o projeto de doutorado...
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Resumo:O presente artigo apresenta o projeto de doutorado em andamento do Programa de Ps Graduao em Histria da Universidade de Braslia e tem por objetivo conhecer as histrias de vida das professoras violonistas de universidades federais no Brasil que ingressaram no ensino superior entre 1980 e 2018. Na anlise das vivncias pessoais e profissionais destas docentes, busca-se: conhecer as experincias e ambientes iniciais de aprendizagem no violo; como a educao e as redes de sociabilidade influenciaram as escolhas pela msica e educao; analisar como ocorreu a insero no mercado de trabalho; identificar as dificuldades e conquistas ao longo da trajetria profissional como mulheres musicistas; e como essas narrativas de vida podem revelar aspectos da histria das mulheres na msica no Brasil sob a perspectiva das relaes de gnero. Problematizando as relaes de gnero na docncia universitria na rea de msica em instituies federais brasileiras, torna-se relevante conhecer as vivncias dessas mulheres como docentes e musicistas em cursos superiores de Msica, espao prioritariamente ocupado por homens. O objetivo dessa pesquisa construir uma narrativa histrica a partir da histria oral dessas mulheres de maneira a desconstruir e problematizar representaes de gnero que recaem sobre elas. O projeto tem como referenciais tericos-metodolgicos os estudos de gnero, as investigaes sobre gnero e msica, a histria oral e ter como participantes doze docentes universitrias violonistas. As fontes de pesquisa so: currculo lattes das participantes; sites; biografias; artigos; dissertaes; teses; livros produzidos por elas; material fonogrfico e/ou de vdeo; material de revistas/jornais e entrevistas orais. O estgio atual da pesquisa est no contato inicial com as participantes e agendamentos das entrevistas, bem como levantamento e estudo das fontes. importante ressaltar que as primeiras docentes universitrias violonistas, participantes dessa pesquisa, j esto aposentadas ou em vias de se aposentar, por isso esse registro torna-se fundamental nesse momento tornando possvel a recuperao dos protagonismos dessas mulheres na histria da msica e da docncia nos departamentos de msica no Brasil.
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