ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Alcilene Cavalcante de Oliveira (Universidade Federal de Gois)
Cinema e memria: um lampejo da lesbianidade no Brasil em Marcados para viver, de Maria do Rosrio Nascimento e Silva (1976).
Resumo:Essa comunicao consiste em abordar o filme Marca...
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Resumo:Essa comunicao consiste em abordar o filme Marcados pra viver, de Maria do Rosrio Nascimento e Silva, lanado no Brasil, em 1976. Na chave histria-cinema-memria, toma-se esse longa-metragem, de fico, partindo do pressuposto de que artefatos desse tipo podem configurar tanto e de memria quanto constiturem per si memria. Tal filme constitui, pois, memria do perodo no qual fora realizado, especialmente relativa a prticas sexuais consideradas desviantes, como, por exemplo, a lesbianidade. Sua trama insere-se em certa tendncia do cinema brasileiro, entre outros aspectos, ao desenvolver um tringulo amoroso. Mas guarda certa peculiaridade ao estabelecer laos entre personagens considerados marginais a pivete Jjo (Tessy Callado), a prostituta Rosa (Rose Lacreta) e o jovem malandro Eduardo (Srgio Otero), e, ainda, ao incluir uma personagem lsbica em um dos vrtices do tringulo. Acrescente-se que o filme foi exibido em meio implementao do projeto poltico-moral do regime ditatorial em curso, que se centrava, exclusivamente, na heterossexualidade compulsria, no fortalecimento de papeis tradicionais de gnero e na promoo da instituio famlia, que procuravam subordinar as mulheres e reprimir quaisquer prticas que escaem ao modelo.
certo que apenas recentemente a historiografia brasileira retomou a perspectiva difusa de rompimento do silncio sobre o tema das sexualidades, ao trazer tona tais prticas, inclusive daqueles tempos de exceo no Brasil (1964-1985). Nessa chave, estudos recentes debruaram-se, por exemplo, sobre a organizao do movimento LGBTI no pas, assinalando que, diferentemente do movimento formado nos Estados Unidos, nos idos de 1960, no Brasil, vozes isoladas, prticas reprimidas somente conquistaram espao a partir da abertura poltica, na segunda metade dos anos de 1970, sendo que sua primeira articulao e interveno organizadamente pblica ocorrera no ato dos(as) trabalhadores(as), em 01 de maio de 1980, em So Paulo. Em tal ato, levaram uma faixa em rechao discriminao de trabalhadores(as) homossexuais. Todavia, no cinema brasileiro, diferentes filmes j apresentavam personagens homossexuais, marcadamente do sexo masculino, ou de mulheres lsbicas para o prazer masculino, conforme apurado em estudos sobre o assunto. O filme de Maria do Rosrio irrompe, no entanto, com essa perspectiva, constituindo certa memria de tais prticas no perodo de ditadura civil-militar, o que rendeu censura ao filme. Isso ser detalhado na comunicao.
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Alessandra Souza Melett Brum (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Os guardies da memria: entre o pblico e o privado. Uma reflexo sobre o trabalho do pesquisador no projeto Minas Cinema.
Resumo:
Essa comunicao tem por objetivo apresentar uma...
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Resumo:
Essa comunicao tem por objetivo apresentar uma reflexo sobre a pesquisa Minas Cinema: laboratrio de narrativas audiovisuais e banco de dados sobre as atividades cinematogrficas e audiovisuais em Minas Gerais, financiada pela Fapemig . Minas Cinema tem por objetivo mapear e disponibilizar ao pblico informaes relativas atividade cinematogrfica no Estado de Minas Gerais, no que diz respeito produo, exibio, distribuio de filmes, recepo, produo crtica e publicaes sobre cinema. Trata-se de um projeto de carter permanente e por sua amplitude vem sendo dividido em etapas. Na primeira etapa (2013-2016) , realizamos o levantamento de publicaes voltadas ao cinema na regio mineira da Zona da Mata, compreendendo o recorte temporal dos primrdios (1897) dcada de 1960. As cidades pesquisadas foram: Juiz de Fora; Leopoldina; Muria e Cataguases. Na segunda etapa do projeto (2016-2019) , momento atual da pesquisa, fazem parte do escopo do trabalho as seguintes cidades: Juiz de Fora; Ub; Alm Paraba e Cataguases. A escolha da pesquisa em torno das publicaes peridicas leva em considerao trs critrios principais: o ineditismo da iniciativa; a viabilidade da execuo; e a organizao/disponibilizao de fontes primrias que serviro de base para pesquisas futuras. Em relao ao ineditismo, ressaltamos que a maior parte das pesquisas relativas s publicaes cinematogrficas tm se concentrado preferencialmente no eixo Rio de Janeiro-So Paulo, deixando de contemplar as demais regies do pas. Ao mesmo tempo, ao concentramos s pesquisas no campo das publicaes, tornou-se possvel estabelecer um recorte temporal mais amplo. Por fim, a sistematizao dos dados sobre o cinema na Zona da Mata mineira objetiva sua futura utilizao em trabalhos posteriores, servindo como ponto de partida e referncia para novas pesquisas voltadas atividade cinematogrfica e audiovisual no pas. A ideia fomentar trabalhos na rea, a partir dessa relao entre cinema e histria . O projeto Minas Cinema se inscreve na chamada histria pblica, procurando ampliar seu alcance para alm dos muros da Universidade.
A histria do cinema tem sido revista nos ltimos tempos, no apenas por ampliar os espaos territoriais, mais por abordagens que envolvem novos recortes, metodologias, objetos e fontes de pesquisa, em um contato direto com os arquivos pblicos e privados, ampliando em muito o escopo dos estudos de cinema. Tendo como base a nossa experincia no desenvolvimento do projeto Minas Cinema vamos procurar apontar alguns elementos que desafiam o trabalho do pesquisador frente aos arquivos e fontes para os estudos de cinema em Minas Gerais.
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Ana Karicia Machado Dourado (Universidade de So Paulo)
Entre o morro e o espetculo: cinema, reportagem e discusso sobre o realismo nos anos 1940
Resumo:As possibilidades plsticas de representao da cu...
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Resumo:As possibilidades plsticas de representao da cultura popular no Brasil foram debatidas e discutidas intensamente nos anos iniciais da dcada de 40, revelando imes e dilemas de representao da prpria realidade histrica e social do pas. Destacamos nesta apresentao, como acontecimentos relevantes nesse sentido, as polmicas em torno das visitas de Walt Disney e Orson Welles em 1941 e 1942, respectivamente. Animadamente comentadas em artigos e reportagens, a presena dos dois artistas no Rio de Janeiro e suas intenes cinematogrficas, ambas implicadas em relaes polticas e diplomticas, e ambas correspondendo a projetos estticos diversos, geraram um momento de inflexo a partir do qual podemos recuperar criticamente uma srie de elementos que aro a compor a busca de uma figurao realista no cinema brasileiro busca que marcou os anos iniciais de uma companhia como a Atlntida, atravessou a trajetria de diversos cineastas e tornou-se uma questo importante para a historiografia do cinema nacional. O tom de contrariedade se faz presente logo no incio de uma dos artigos que pretendemos analisar: Segundo noticiou a imprensa em rasgados noticirios e provas fotogrficas, Walt Disney acompanhado de seu staff deixou o Copacabana Palace e foi ver uma batucada l para as bandas de Madureira. Era a visita oficial do autor de Fantasia a uma escola de samba, esquisito fruto pedaggico de nossa evoluo social. O artigo annimo, publicado na revista A Cena Muda em 1941, prossegue explicitando toda uma economia visual de como dar visibilidade ao que deveria permanecer socialmente interditado. Assim, toda uma retrica da imagem centrada no palco e no espetculo como paradigmas de cdigos e convenes prescrita. Naquele mesmo ano, as prescries expostas e justificadas no artigo j haviam sido tensionadas de maneira notvel na reportagem-entrevista com o ator Grande Otelo publicada na revista Diretrizes. No coincidncia, portanto, que a entrevista tenha sido adaptada pela Atlntida e esteja na origem de Moleque Tio, de 1943, um dos filmes pertencentes ao filo de um cinema realista brasileiro, segundo Alex Viany. ainda o mesmo Otelo que encontramos guiando Welles pela vida popular do Rio de Janeiro. O cineasta quis conhecer um dos autores do sucesso carnavalesco de 1942. Inspirado em uma notcia de jornal sobre a destruio do popular reduto do carnaval carioca, Otelo comps com Herivelto Martins o clebre samba Praa Onze. Its all true, empreendimento heterodoxo que devia compreender trs histrias documentais, segundo Andr Bazin, tambm vislumbrou a possibilidade de figurar em um outro registro esttico o carnaval. A partir dessas fontes pretendemos discutir como foi problematizada a questo do realismo nos anos 1940.
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Breno Luiz Tommasi Evangelista (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Construindo o Brasil Grande: os filmetes da Agncia Nacional como forma de propaganda poltica na ditadura civil-militar brasileira.
Resumo:Objetiva esta comunicao apresentar, a partir da ...
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Resumo:Objetiva esta comunicao apresentar, a partir da anlise da propaganda oficial produzida por rgos pblicos durante a ditadura civil-militar brasileira, o resultado de pesquisas sobre a produo das propagandas sobre as obras na Amaznia e sua difuso no espao cotidiano. Empossado em 1969, Emlio Garrastazu Mdici teria entre seus principais desafios emplacar o recm-estabelecido projeto de desenvolvimento nacional, institudo pelo Plano Nacional de Integrao (PNI), que bem-sucedido consagraria o perodo entre 1970 e 1974 como a fase do milagre econmico brasileiro. O regime adotou, a exemplo de outros regimes autoritrios, a propaganda como instrumento ideal a difundir e exaltar seus projetos, criando um ambiente de entusiasmo quanto ao futuro do Brasil. Veiculadas em diferentes espaos da vida cotidiana, sobretudo na forma de filmes de curta metragem, essas propagandas ficaram caracterizadas por exibir com eloquncia as obras do governo, exaltando o papel do general-presidente para sua execuo. Retratando a construo de estradas, a instalao de agrovilas do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA), que buscava promover a colonizao da regio amaznica, o trabalho de homens e tratores em meio floresta, a assistncia prestada s populaes ali instaladas, essas produes foram responsveis por levar um discurso especfico sobre esse processo s famlias instaladas nos grandes centros urbanos do pas, sobretudo atravs da televiso. Os filmetes da Agncia Nacional, instituio dedicada produo de notcias sobre as obras e a atuao poltica do regime, assim como as produes visuais da Assessoria de Relaes Pblicas (ARP), revelam o esforo em criar um ambiente otimista quanto ao projeto nacional de desenvolvimento posto em prtica a partir de 1970, promovendo a legitimao de certo projeto poltico. O investimento massivo da ditadura, neste perodo, na elaborao de um arsenal propagandstico deve ser investigado buscando compreender os elementos principais mobilizados na construo das peas que possibilitaram, em grande parte, estabelecer algum consenso popular acerca da viso otimista sobre o projeto desenvolvimentista da ditadura.
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Eduardo Victorio Morettin (Universidade de So Paulo)
As verses de A revoluo de maio (1937), de Antonio Lopes Ribeiro e sua recepo no Brasil: um estudo de caso
Resumo:A comunicao pretende analisar a recepo no Bras...
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Resumo:A comunicao pretende analisar a recepo no Brasil de A revoluo de maio (1937), de Antonio Lopes Ribeiro, filme de propaganda do regime salazarista, e de sua verso condensada, Redeno (1947), levando em considerao o contexto poltico de sua poca. Tendo em vista que a fortuna crtica a respeito do primeiro filme maior, destacaremos as questes mobilizadas pelos jornais e revistas, como o chamado filme educativo, a questo da propaganda e do propalado anticomunismo, o filme histrico etc. Redeno, por sua vez, permite entender, por meio dos cortes efetivados nesta verso, as releituras propostas pelo regime salazarista, reexame que foi percebido pela crtica brasileira da poca, produzida em contexto histrico diverso.
A revoluo de maio estreia no dia 7 de maro de 1938 no cinema Odeon, um dos mais importantes da cidade do Rio de Janeiro, ento capital da Repblica. Como se sabe, desde 10 de novembro do ano anterior o pas vivia sob a ditadura de Getlio Vargas. A publicidade de A revoluo de maio nos jornais brasileiros destacava, com certo exagero, que a culta censura brasileira, classificando [o filme] de educativo, consagrou-o perante o Mundo (ver, por exemplo, Dirio Carioca, 24/03/1938, p. 3). Outro aspecto valorizado pela crtica ao estabelecer uma comparao entre os contextos polticos de Portugal e Brasil dizia respeito ao chamado anticomunismo, como presente no ttulo de uma sugestiva matria: O anticomunismo pelo esplendor da imagem (A Noite, Rio de Janeiro, 11/02/1938, p. 2).
A circulao de Redeno (1947) foi, at onde pudemos apurar, muito mais restrita e sua repercusso na crtica brasileira, negativa, principalmente pelo fato do cinema em que o filme estava sendo exibido no anunciar que se tratava de uma reedio de A revoluo de maio. A verso condensada foi exibida no Rio de Janeiro em janeiro de 1947, com notcias de projees espordicas em fevereiro e maro. Ao contrrio da perspectiva dos que apostavam, no sem razo, que o cenrio da Guerra Fria poderia dar novo flego ao filme no Brasil, o contexto no era mais de frrea censura e vivamos um momento mais aberto pluralidade e diversidade de opinies, fato que contribuiu para a forma como o filme foi recebido em nossa cultura e meio cinematogrficos.
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Fernando Seliprandy (Universidade Federal do Paran (UFPR))
Razes do negacionismo: contradies da memria da resistncia ditadura no cinema
Resumo:Na linhagem dialtica hegeliano-marxista, todo fen...
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Resumo:Na linhagem dialtica hegeliano-marxista, todo fenmeno traz em si a semente de sua prpria negao. Partindo dessa premissa terica, possvel sugerir que a memria da resistncia ditadura no cinema realizado desde os anos 1980 no Brasil j trazia consigo as razes do negacionismo que aflora na conjuntura ps-2016. Resistncia foi a categoria que serviu como matriz predominante de rememorao do ado recente brasileiro desde finais do regime. No cinema, o foco se dirigiu para os atos de oposio ditadura, com destaque para a luta armada. O governo autoritrio era genericamente enquadrado em uma perspectiva crtica, contraposto democracia como valor fundamental. A hiptese que essa memria da resistncia, em seu amlgama conciliatrio, j continha um emaranhado de contradies que d margem para o atual negacionismo das atrocidades perpetradas naquele perodo. Seja em filmes mais prximos teoria dos dois demnios, como 'Pra frente, Brasil' (Roberto Farias, 1982) e 'O que isso, companheiro?' (Bruno Barreto, 1997), ou em ttulos que, com toda boa-f, monumentalizam a resistncia, como 'Lamarca' (Srgio Rezende, 1994), 'Tempo de resistncia' (Andr Ristum, 2004), 'Hrcules 56' (Silvio Da-Rin, 2006), 'Capara' (Flvio Frederico, 2007) e 'Marighella' (Isa Grinspum Ferraz, 2011), possvel identificar certos lugares de memria problemticos que, potencialmente, abrem brechas para os lugares-comuns da mais recente ofensiva negacionista: a) a ideia de uma equivalncia entre as violncias da tortura e da luta armada servindo de combustvel para as tentativas atuais de inverso das culpabilidades; b) a representao dos perpetradores como viles arquetpicos dando margem para o discurso de que as violaes dos direitos humanos foram excessos pontuais cometidos por indivduos perturbados; c) as figuraes atenuadas da tortura, em cenas asspticas, alimentando a retrica da ditabranda; d) a leitura do engajamento revolucionrio como um arroubo juvenil inconsequente sendo deturpada pelo vis do terrorismo tresloucado da militncia armada; e) a viso da sociedade inocente fermentando o senso comum de que, para quem simplesmente tocava sua vida, a violncia da ditadura no foi um problema; f) o silncio sobre o colaboracionismo civil, contraface da nfase na resistncia, deixando o caminho livre para que o apoio social ao autoritarismo volte a atuar luz do dia. Nesse elenco de 'topoi' narrativos da filmografia brasileira que retrata a oposio ditadura, as ambiguidades conciliatrias, paradoxalmente, so brechas para os ataques negacionistas. como se esses traos fossem fissuras estruturais na base do monumento resistncia, que agora ameaam sua prpria sustentao.
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Marcos Francisco Napolitano De Eugnio (Universidade de So Paulo)
Variveis do filme histrico ficcional: o debate sobre a escritura flmica da histria
Resumo:O cinema , ao mesmo tempo, figurao do ado (...
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Resumo:O cinema , ao mesmo tempo, figurao do ado (simblica ou alegrica), documento histrico e interveno no conhecimento histrico de um perodo, guisa de uma escritura flmica da histria. Este ltimo aspecto tem gerado os debates mais instigantes na literatura especializada. H um problema epistemolgico implicado na visualizao do ado e na incorporao da matria histrica pelo cinema ficcional. A Histria como ado perdido, "real invel" e experincia inatingvel em sua totalidade se apresenta nos filmes como experincia totalizante de emoo e conhecimento vel aos espectadores. Neste sentido, o cinema propicia uma catarse ou um olhar crtico, a depender da figurao proposta, a partir desta peculiaridade epistemolgica do conhecimento histrico. Alm de interferir, em algum nvel, no conhecimento histrico de base, os filmes histricos atuam na constituio de uma memria social sobre eventos e personagens particulares do ado. Mas para alm desta experincia, autores clssicos j se perguntaram: pode um filme escrever a histria ou o cinema apenas um vetor de um conhecimento ou de uma memria produzidos fora dos seus quadros? Em relao ao filme ficcional, esta pergunta ainda no parece ter sido plenamente explorada.
Se o filme pode ser uma escritura flmica da histria, qual o papel dos historiadores profissionais em sua relao com o cinema? possvel o filme ser o veculo de uma histria desdramatizada e didtica, ao mesmo tempo? Neste sentido, qual o grau de autonomia dos realizadores na reescrita da histria ou, ao menos, na interveno em um debate sobre um determinado tema historiogrfico? Seriam os filmes histricos ficcionais apenas vetores de comunicao com o pblico, sem a capacidade de produzir pautas de pesquisa, memrias ou conhecimentos histricos sob outras perspectivas?
Diante das vastas tipologias de filmes histricos, ainda que se reconhea um grau mnimo de definio para este gnero, a resposta a estas questes no pode ser nica.
Nesta comunicao, pretendo retomar o debate clssico sobre o conceito de filme histrico e suas diversas experincias de linguagens e narrativas. Para tal, mobilizarei algumas obras inovadoras que apontam para variveis ainda pouco exploradas no debate sobre o gnero, com foco em trs exemplos: Os Inconfidentes (Joaquim Pedro de Andrade, 1972); Bom dia Noite (Buon Giorno, Notte, Marco Bellocchio, 2005) e Roma (Alfonso Cuarn, 2018). Embora no possuam relaes estilsticas ou temticas entre si, tentarei demonstrar que estes trs filmes apontam para novas possibilidades de incorporao da matria histrica e da memria (individual, histrica e social) pelo chamado filme histrico, ainda pouco usuais no gnero.
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Renata Vellozo Gomes (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Belezas em desfile e Cidade de Copacabana por Cesar Nunes - Um dia na praia em Copacabana na segunda metade do sculo XX
Resumo:O resumo do trabalho que tratamos oriundo de est...
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Resumo:O resumo do trabalho que tratamos oriundo de estudos anteriores. Cotidiano e Cultura as imagens do Rio de Janeiro nos cinejornais da Agncia Nacional nos anos 50, uma dissertao de mestrado em Artes Visuais que contemplou o estudo de cinejornais produzidos e veiculados durante a dcada de 1950 para todo o territrio nacional, sendo mais um irradiador dos costumes e hbitos cariocas para o restante do pas, visto que o Rio de Janeiro ainda era capital federal. Apresentada ao programa de Ps-Graduao em Artes Visuais da UFRJ, estudamos a imagem do cinejornal para a constituio do imaginrio sobre o cotidiano cultural da cidade carioca e sua repercusso na sociedade como um todo. Atravs desse estudo verificamos o potencial documental dos registros dos aspectos culturais e dos costumes e acontecimentos na cidade carioca. Em um mbito geral, nesse trabalho dissertativo esclarecemos o que cinejornal, como eram suas ocorrncias no mundo e no Brasil, apresentamos as principais produtoras do pas. Em seguida desenvolveu-se um estudo para que serviam e finalmente como eram produzidos. Tambm contemplamos o cinejornal como o elo entre a fotografia e a televiso, pois era a possibilidade da transmisso nas salas de cinema de fatos e acontecimentos atravs de imagens em movimento, como um advento da televiso domstica.
Posteriormente, a oportunidade se repetiu em forma de apresentao e publicao de trabalho completo no Simpsio da Anpuh em 2007 na UNISINOS. Mas finalmente no ano de 2010, durante o simpsio regional da Anpuh/RJ, apresentamos o artigo Belezas em Desfile uma proposta de leitura de um cinejornal da dcada de 60 como uma nova abordagem de leitura de cinejornais, ou seja um desdobramento da anlise, enfocando principalmente a vida das cariocas em uma atividade muito comum, que seria o de frequentar a praia, observando seu vesturio (moda praia) e seus hbitos beira-mar. Para tanto, exemplificaremos neste trabalho com os Cinejornais Belezas em Desfile e Cidade de Copacabana Produes CESAR NUNES para ilustrar essas hipteses, que vem oportunizar um trabalho mais dirigido do que se pretendeu em 2007, avanando para as questes do vesturio feminino carioca e a propagao de costumes nesse local, a praia de Copacabana durante a segunda metade do sculo XX.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Alexsandro de Sousa e Silva
Internacionalismo proletrio, latinoafricanismo e nacionalismo revolucionrio no cinejornal Noticiero ICAIC Latinoamericano, 1976
Resumo:A apresentao tem como objetivo conferir as estra...
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Resumo:A apresentao tem como objetivo conferir as estratgias audiovisuais que buscaram legitimar o regime poltico em Cuba nos primeiros meses da cooperao civil e militar no apoio ao Movimento Popular pela Libertao de Angola (MPLA) durante a guerra civil contra grupos que reivindicaram o poder poltico do pas africano. Para isso, analisaremos a edio n. 744 do Noticiero ICAIC Latinoamericano, dirigida por Miguel Torres e exibida nos cinemas cubanos em janeiro de 1976. Na edio consta uma reportagem sobre as razes africanas de Cuba, tema tabu na cinematografia cubana devido aos debates sobre a questo racial na ilha. A matria, que possui trs minutos de durao, inicia-se com uma exposio didtica do impacto social da escravido durante a colonizao espanhola; prossegue dando voz a Fidel Castro em seu discurso sobre a nacin latinoafricana; e encerra-se com fotografias dos mambises, figuras populares, muitas delas pessoas escravizadas, que combateram pela independncia cubana na segunda metade do sc. XIX. Durante toda a exibio, uma percusso divide o plano sonoro com as vozes do narrador e de Fidel e prossegue at o incio da reportagem seguinte, que exibe a visita do lder militar Omar Torrijos, do Panam, a Cuba. A reflexo sobre esse material audiovisual divide-se em trs questes. A primeira busca compreender o lugar da edio na pauta africanista do cinejornal cubano em sua perspectiva histrica, isto , conferir a especificidade da matria dentro dos temas de interesse dos noticieros ao longo dos anos 1970. A segunda se aprofunda na forma narrativa da reportagem, conferindo a organizao estrutural do discurso flmico em sua pluralidade de canais (Ismail Xavier), bem como no sentido da mobilizao de aspectos do ado nacional (o nacionalismo revolucionrio e o latinoafricanismo). A ltima busca tecer os fios que ligam as representaes audiovisuais da edio com o contexto poltico e social do perodo (o internacionalismo proletrio), quando soldados de Cuba e do MPLA combateram, com armamento sovitico, tropas da Unio pela Independncia Total de Angola (UNITA) apoiadas pelas foras militares da frica do Sul, assim como expulsaram os soldados da Frente Nacional pela Libertao de Angola (FNLA) que tinham e do governo de Mobutu no Zaite (atual Repblica Democrtica do Congo). Como referencial metodolgico, valemo-nos da historiografia que discute as relaes entre Cinema e Histria a partir da anlise interna dos documentos flmicos, e que nos remete a Marc Ferro, Pierre Sorlin, Marcos Napolitano e Eduardo Morettin. Teoricamente, utilizamos o conceito de representao social de Bronislaw Bazco e faremos consideraes sobre a montagem flmica.
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Angela Aparecida Teles (UFU-ICHPO)
Cinema moambicano e memria: os campos de reeducao no filme Virgem Margarida(2012)
Resumo:Este trabalho apresenta os primeiros resultados da...
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Resumo:Este trabalho apresenta os primeiros resultados da reflexo sobre o filme Virgem Margarida (2012) do cineasta brasileiro radicado em Moambique, Licinio Azevedo. Trata-se de fico coproduzida por Moambique, Portugal, Frana e Angola. Azevedo foi jornalista e documentarista ligado ao INC (Instituto de Cinema de Moambique). Discute-se o cinema como artfice da reconstruo nacional ps-independncia em Moambique e, em particular, a anlise da produo e circulao de memrias da experincia moambicana sob o governo da FRELIMO (Frente de Libertao de Moambique) e do seu projeto de construo da nova mulher moambicana atravs de campos de reeducao para prostitutas, tema central da fico cinematogrfica Virgem Margarida. Esse filme narra a histria de Margarida, uma jovem camponesa, que ao visitar a cidade de Maputo para comprar seu enxoval de casamento, logo aps a independncia em 1975, presa por engano e enviada a um campo de reeducao para prostitutas. Alm de Margarida, acompanhamos a trajetria da prostituta Rosa, de Suzana, danarina e me solteira, de outras prostitutas de diferentes etnias e da capit Maria Joo, responsvel pela reeducao dessas mulheres. Os esteretipos femininos da virgem, da me e da prostituta so confrontados com a mulher guerrilheira e o ideal da nova mulher socialista almejado pela revoluo: a boa me, esposa e trabalhadora descolonizada e sem reminiscncias tribais. A submisso dessas mulheres a um tratamento cruel confronta as boas intenes dos comandantes da nao. O narrador cinematogrfico enfatiza a hipocrisia, o machismo e a falncia da reeducao pretendida. Nossa hiptese de que esse filme confronta a memria triunfante que exalta a atuao revolucionria da FRELIMO. Essa memria crtica essa experincia traria tona questes do tempo presente marcado pelo processo de reelaborao do ado recente. Como o filme lida com o legado ps-colonial e o projeto de construo da nao homognea num pas caracterizado pela diversidade tnica? Quais limites e contradies do projeto poltico da FRELIMO essa memria crtica, presente no filme, coloca em debate? Como a questo da nova mulher aparece, ou no, como um horizonte de expectativas ou como um projeto inacabado de nao?
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Carolina Amaral de Aguiar (UEL - Universidade Estadual de Londrina)
Chile films e a poltica cultural da Unidade Popular
Resumo:A vitria de Salvador Allende nas eleies preside...
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Resumo:A vitria de Salvador Allende nas eleies presidenciais no Chile de 1970 foi denominada via chilena ao socialismo e se tornou paradigmtica de uma estratgia adotada por parte da esquerda de se chegar ao socialismo pela via institucional. Vista como uma via concorrente do modelo cubano, baseado na via armada e na guerrilha, o governo da Unidade Popular enfrentou, nos trs anos em que permaneceu no poder, o dilema entre o consolidar para avanar (estratgia predominante entre os reformistas) ou avanar para consolidar (estratgia predominante entre os revolucionrios), como definiu tericos como Toms Moulian e Manuel Garretn. Na esfera das polticas culturais, esse debate central da Unidade Popular se manifestou no embate entre a vontade de se instituir uma nova cultura (dentro da perspectiva da necessidade de se fomentar um homem novo revolucionrio) e a dificuldade de se criar, na prtica, novas instituies compatveis com o esprito revolucionrio do governo Allende. Nesse sentido, ao contrrio do que ocorreu no contexto ps-Revoluo Cubana, no qual a fundao de instituies fomentadoras da nova cultura foi uma ao central (haja vista a criao do Instituto Cubano de Arte e Indstria Cinematogrficos em 1959), o Chile da Unidade Popular foi marcado por um certo improviso que teve como prtica a reelaborao de instituies j existentes (como o caso da Chile films, inaugurada em 1942).
Diante desse cenrio, esta comunicao apresenta e analisa os principais debates sobre a atuao da Chile films e seus limites entre 1970 e 1973, tendo em vista o panorama mais amplo das discusses sobre poltica cultural ocorridas no governo de Salvador Allende. Como principais fontes, a pesquisa se apoia em textos de opinio publicados no perodo (especialmente artigos sados na revista cultural La quinta rueda) e entrevistas de poca dadas por cineastas engajados na Unidade Popular, como Miguel Littin (que tambm foi o primeiro diretor da Chile films aps a vitria da UP) e Patricio Guzmn, publicadas no Chile e no exterior. Essas fontes permitem mapear debates sobre os rumos que deveriam ser adotados pela Chile films e sobre a tentativa de criar um Conselho de Fomento de Cinema que deveria funcionar como uma espcie de instituto nacional de cinematografia. De forma sinttica, pode-se dizer que a Unidade Popular, no campo do cinema, foi marcada por uma demanda por aes institucionais que apoiassem um novo cinema compatvel com o governo socialista, ao mesmo tempo que implementou, na prtica, uma poltica caracterizada pelo improviso.
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Cristiane Aparecida Fontana Grmm (Instituto Federal Catarinense)
O presentismo das memrias e experincias do ado na pelcula "La Batalla de Chile"(Patricio Guzmn)
Resumo:A partir de duas sequncias selecionadas de La Ba...
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Resumo:A partir de duas sequncias selecionadas de La Batalla de Chile (1975-1979) de Patricio Guzmn prope-se a problematizao da intrnseca relao entre a historicidade do testemunho e os entrelaamentos de temporalidades memrias e espaos experincias do ado, o momento vivido presentificado e as projees futuro. Em primeiro lugar, porque h uma homogeneidade cronolgica, uma contemporaneidade da testemunha aquele que filma e aquele ou aquilo que filmado. Em segundo lugar, porque a cmera e os seus movimentos podem conservar o testemunho em fatos, gestos e falas na pelcula. Em terceiro, porque o espectador pode ter o ao que olhar da cmera e das personagens conectadas atravs da montagem testemunhou. Ao defender esses trs aspectos Lagny (2012, p. 27) afirma que essa tripla co-presena mantm assim a iluso de um presente j ado que tambm um ado sempre presente na tela. O cine documental de Patricio Guzmn permite ao historiador problematizar que mesmo depois que os realizadores cineasta/diretor, operador cmera, entrevistado no estejam mais presentes, continuam vivos na imagem e os acontecimentos vivenciados, atuais e presentificados na tela ou na pelcula. Parte-se da hiptese que essa presentificao mais significativa quando o cineasta explicita seu ponto de vista e refora o seu testemunho (afetado por suas experincias, memrias, projees, expectativas e angstias) atravs de recursos tcnicos e estticos e da montagem da narrativa (voz do documentrio, Nichols, 2016). As duas sequncias selecionadas so pontos de partida para essa reflexo: atravs do contraste entre os testemunhos, do uso de enquadramentos e planos, detalhamento da descrio das cenas, proposta de filmagem do cotidiano em seus mnimos detalhes, em diferentes planos (inclusive close-up), o imediatismo dos acontecimentos e dos testemunhos, o direcionamento dos questionamentos, entre outros. Acredita-se que esses recursos tcnicos e estticos, bem como a montagem da narrativa no apenas apresentam esses trs aspectos destacados por Lagny (2012), bem como reforam a presena da voz do documentrio. E sero justamente esses elementos responsveis pela presentificao das experincias e memrias do ado na pelcula La Batalla de Chile.
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Edson Pedro da Silva (Universidade de So Paulo)
"Razes", quarenta anos depois: permanncias e transformaes de um fenmeno televisivo revisitado
Resumo:A minissrie Razes (1977), produo baseada no ...
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Resumo:A minissrie Razes (1977), produo baseada no livro homnimo do escritor e jornalista Alex Haley, completou 40 anos em 2017. Nas preparaes para a celebrao da data, o canal de TV por History Channel produziu um remake do teledrama em 2016, em um novo formato de quatro episdios, tendo em seu elenco atores conhecidos do grande pblico como Malachi Kirby, Forest Whitaker, Anna Paquin e Laurence Fishburne, entre outros.
Verdadeiro fenmeno na histria cultural norte-americana, Razes foi um evento televisivo e editorial de inegvel popularidade e tambm um marco para a valorizao da ancestralidade africana e da emergncia do afro-americanismo na esfera pblica. A verso televisiva do romance de Alex Haley tambm refletiu, em seu enredo e discurso narrativo, no apenas as complexidades das relaes raciais de sua poca de produo como tambm as limitaes e desafios de uma produo audiovisual pioneira.
Para alm de se estabelecer como um marco de afirmao tnica da populao negra dos Estados Unidos e da valorizao do afro-americanismo, a primeira verso televisiva de Razes tambm fez parte de um movimento de negao da noo de um americanismo homogneo, propiciando tambm o destaque das diferentes etnicidades formadoras da nao norte-americana. O pronunciado interesse por pesquisas genealgicas despertado pela minissrie e pelo romance de Alex Haley um dos principais sintomas da conjuntura social em que o teledrama foi exibido.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma aproximao entre a minissrie original e sua nova verso. A partir da comparao entre as duas obras audiovisuais, suas distintas temporalidades de produo, suas representaes histricas do ado escravista e suas estratgias narrativas, possvel fazer uma reflexo tanto a respeito da historicidade destas mesmas representaes como dos discursos de memria social presentes em cada poca de produo.
Em um cenrio social marcado pela concluso do segundo mandato do primeiro presidente afro-americano, movimentos sociais como Black Lives Matter, a inaugurao do Museu Nacional da Histria Afro-Americana, a problematizao do ado escravista e da segregao racial e os conflitos resultantes da complexa questo racial na atualidade, qual o sentido e a relevncia do legado e da saga familiar de Kunta Kinte e de seus descendentes?
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Fabio Luciano ner Pinheiro (UNESPAR CURITIBA II Faculdade de Artes do Paran)
Os UPLIFT FILMS e a participao do cinema na insero social dos afro-americanos no incio do sculo XX
Resumo:Desde suas origens, o cinema foi um influente espa...
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Resumo:Desde suas origens, o cinema foi um influente espao de perpetuao de esteretipos, afirmaes de identidades e construo de possibilidades. Nos Estados Unidos, esta dimenso tornou-se fortssima na abordagem da questo racial. Pejorativamente chamado the Negro problem a plena cidadania, o exerccio de direitos e a insero na ordem econmica, social e cultural de milhes de afro-americanos declarados livres aps 1865 era tema de intensos debates ao final do sculo XIX e incio do XX. Coincidentemente, este o perodo em que surgem tecnologias e equipamentos de registro e exibio de imagens e movimento.
A histria do cinema procura compartimentalizar estes anos promovendo uma crnica de pioneiros, companhias e aventureiros - sobretudo nos grandes centros urbanos - formatos de filmes, cmeras e costuras narrativas. So comuns, nos captulos de livros dedicados ao cinema pioneiro nos Estados Unidos, as referncias a nomes como Edward Muybridge, Thomas Edison, William Dickson e Edwin Porter.
H uma outra histria, at pouco tempo bastante desconhecida, que corre paralela crnica dos pioneiros. a histria que aborda a presena do negro no cinema silencioso. Muito antes do black face de The Jazz Singer (1929) e do pico racista de David Griffith, O Nascimento de uma Nao (1915) marcos tecnolgico e narrativo do cinema - pioneiros negros, autodidatas ou empreendedores sem experincia com o cinema, procuraram registrar o cotidiano dos afro-americanos e sua insero na sociedade, no que ficou conhecido como uplift films, ou uplift cinema.
Tratam-se de filmes de atualidades, que retratavam processos de transformao social por meio da educao. Estes documentrios curtos divulgavam a ideologia uplift, fomentada pelo ativista Booker T. Washington como estratgia para fazer avanar a comunidade afro-americana por meio do incentivo ao progresso individual e coletivo. Os filmes, infelizmente perdidos em sua maioria, produzidos entre os anos de 1910 e 1915, mostravam estudantes dos institutos de qualificao profissional de afro-americanos em atividades industriais e na agricultura. Os filmes retratavam as transformaes que poderiam ser obtidas por meio da educao.
Eles serviam tanto como propaganda para as atividades destas instituies, como incentivo para a qualificao profissional dos afro-americanos. Nesta comunicao, contextualizamos o momento histrico e social em que circulam os filmes, apresentamos sinteticamente a ideologia uplift e apresentamos detalhes dos filmes e sua recepo. Com base em FIELD (2015) demonstramos que, antes mesmo de O Nascimento de uma Nao que certamente forneceu considervel impulso para o desenvolvimento de um Black Cinema j existiam filmes feitos por e para afro-americanos.
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Fbio Monteiro (PUC-SP)
Um balano historiogrfico em torno da cinematografia de Patricio Guzmn
Resumo:A apresentao proposta faz parte de uma pesquisa ...
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Resumo:A apresentao proposta faz parte de uma pesquisa de doutoramento em Histria Social e da Cultura iniciado em 2018. Destaca-se nele os vestgios de uma cinematografia em andamento, isto , prope-se um balano historiogrfico da produo flmica de Patricio Guzmn, um cineasta chileno que tido como um dos maiores realizadores ainda vivos e em atividade. Leva-se em conta tanto as pesquisas nacionais quanto internacionais e, dentre seus intentos, encontram-se a necessidade de rastrear os avanos e limites tericos e metodolgicos presentes em torno de sua produo documental.
Prestes a completar 77 anos, Patricio Guzmn se dedica pesquisa e produo cinematogrficas, como se pode notar pelo seu domnio virtual oficial, atravs do qual ele busca personas que tengan recuerdos de la Cordillera de los Andes . A sua atual pesquisa, conforme relatou presencialmente no workshop oferecido na cidade de So Paulo em outubro de 2016, trata da produo de um filme objetiva a investigao de memrias sociais em torno desta fronteira geogrfica chilena.
Tendo em vista a anlise histrica e flmica de sua obra, possvel estabelecer a hiptese de que a sua produo em andamento tem em vista a composio de uma terceira trilogia, um terceiro filme que encerraria a elaborao potica de memrias sociais chilenas em torno das grandes fronteiras naturais do pas j trabalhadas em "Nostalgia da Luz" e "O boto de ncar", de 2011 e 2015, respectivamente.
Em outras palavras, se em "Nostalgia da Luz" a potica flmica se desenvolve tendo o deserto como letimotiv na explorao de lacunas e permanncias da ditadura militar na sociedade chilena contempornea, em "O boto de prola" a mesma elaborao potica tem continuidade, mas tendo o mar, ou melhor, as fronteiras martimas como matria-prima para tal trabalho de rememorao social. Isto , estaramos diante de uma trilogia flmica cuja tarefa envolveria o delineamento de uma potica de memrias sociais e polticas chilenas inspiradas nos trs limites fsicos do pas: o deserto, situado ao norte, o mar, situado a leste e ao sul e, em andamento, a cordilheira, geografia que isola fisicamente o pas da Amrica Latina.
Nesse sentido, cogita-se: de que maneira um levantamento historiogrfico sobre os usos e limites dos filmes de Guzmn nos informam sobre a historicidade da sociedade chilena? Ou como a problematizao desse objeto demarcado um conjunto de publicaes e estudos acadmicos sobre a cinematografia de Patricio Guzmn permite levantar hipteses, dilemas, esclarecimentos e lacunas dentro do horizonte dos estudos histricos sobre o Chile contemporneo?
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Ignacio Del Valle Dvila (Universidade Federal da Integrao Latino-americana)
A enunciao epistolar no documentrio contemporneo sobre a ditadura chilena
Resumo:Esta apresentao visa analisar os usos da carta c...
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Resumo:Esta apresentao visa analisar os usos da carta como estratgia discursiva e elemento narrativo nos documentrios latino-americanos contemporneos realizados por familiares de vtimas dos aparatos repressivos da ditadura chilena. Para tanto, a partir de um corpus constitudo pelos filmes Reinalda del Carmen, mi mam y yo (Lorena Giachino, Chile, 2006), Mi vida con Carlos (Germn Berger, 2009) y El edificio de los chilenos (Macarena Aguil, 2010), estudarei os vnculos que podem ser estabelecidos entre, de um lado, a enunciao epistolar e a carta (como arquivo) e, do outro, o cinema em primeira pessoa e os usos performativos do audiovisual. Com este intuito, prestaremos especial ateno s diferentes modalidades da articulao entre carta e filme: 1. O filme-carta, 2. A carta no filme, 3. O filme construdo a partir de cartas (Monterrubio, 2018). Alm disso, a partir do recente trabalho de Marcos Napolitano (2018), ser proposta uma modelizao das memrias do ado autoritrio apresentadas nesse tipo de filme: o paradigma da resistncia, o paradigma da vtima e o paradigma da vtima colateral. Apesar de o caso chileno ser o objeto desta apresentao, ao longo dela estabeleceremos conexes de ordem esttica e discursiva com casos de outros pases do Cone Sul particularmente o Brasil , onde a enunciao epistolar tem sido utilizada como meio de construir audiovisualmente uma memria em primeira pessoa do ado ditatorial. Nesse sentido, a escolha de um recorte nacional para esta apresentao no significa desconhecer a dimenso transnacional do chamado documentrio de segunda gerao, aspecto destacado por Fernando Seliprandy (2018). Esse trabalho um desdobramento do projeto de pesquisa "Estrategias de verosimilitud histrica en el documental chileno, 1960-2018", coordenado pelo professor Hans Stange (Universidade de Chile) e no qual o proponente participa como pesquisador junto com o professor Claudio Salinas (Universidade de Chile).
Referncias:
Monterrubio, Lourdes. (2018). La presencia de la materia epistolar en el Nouveau Roman y el Nouveau Thtre. Anales de Filologa sa, nm. 26, 457-477.
Napolitano, Marcos. (2018). Aporias de uma dupla crise: histria e memria diante de novos enquadramentos tericos. Saeculum, Revista de Histria, nm, 39, 205-218.
Piedras, Pablo. (2014). El cine documental en primera persona. Buenos Aires: Paids.
Sarlo, Beatriz. (2005). Tiempo pasado: Cultura de la memoria y giro subjetivo: una discusión. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores Argentina.
Seliprandy, Fernando. (2018). Documentrio e memria intergeracional das ditaduras do Cone Sul (tesis doctoral). So Paulo: Universidad de So Paulo.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Carlos Eduardo Pereira de Oliveira (UDESC - Fundao Universidade do Estado de Santa Catarina)
Eu quero minha MTV: narrativas sobre uma nova emissora no Brasil democrtico (1988-1990)
Resumo:O presente artigo analisa as narrativas sobre a in...
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Resumo:O presente artigo analisa as narrativas sobre a insero da MTV no Brasil, em 1990, relacionando com o processo de abertura poltica no pas, inserida em um contexto de renovao e liberdade da sociedade brasileira. Iniciando suas operaes no incio da dcada de 1980, nos Estados Unidos, a MTV chega a mais de 33 pases espalhados pelo mundo 10 anos depois, consolidando sua linguagem e a levando para outros locais. Assim, a emissora inicia suas produes no Brasil partindo de algo j formatado, mas com diferenas profundas nos pases em que atuava. A particularidade brasileira repousava na sua transmisso e no contexto de insero, com uma srie de acontecimentos que estruturaram a narrativa de abertura poltica, social e cultural. Coloco como marco central a promulgao da Constituio Cidad, em 1988, por compreend-la enquanto fator crucial de um processo de redemocratizao, que trouxe para a cena pblica novos atores e outras formas de lutas polticas e sociais. Assim, o texto da Carta tentou consolidar o clima de liberdade, protagonismo e renovao, do qual estava atravessando, em prol de novos tempos. Com isso, o contexto de entrada da MTV no pas est intimamente ligado com as reverberaes da promulgao, em que as expectativas sobre o futuro estavam na ordem do dia. Para a realizao deste trabalho, tenho como fonte matrias do jornal Folha de So Paulo, entre 1988 e 1990, em diferentes cadernos e colunas e que tinham como foco as narrativas sobre a MTV. Notcias acerca dos rumores sobre sua atuao no Brasil, as negociaes entre Grupo Abril e Viacom e o incio de suas transmisses, so central para compreender as formas de operacionalizao de narrativas a emissora, articulando com o contexto de promulgao da nova Carta, lanando olhar sobre as reminiscncias de um ado, que so possveis atravs dos rastros nas fontes. Desta forma, dialogo com Paul Ricoeur, no tocante aos rastros de ado, que adquirem sentido por meio da narrativa empreendida, sendo vestgios de experincias adas e marcas de um momento que ela se enuncia. Alm disso, relaciono essas construes de narrativas na tica dos estratos de tempo, evidenciados por Reinhart Koselleck, em que diferentes temporalidades coexistem em momentos diversos da experincia humana. Portanto, o incio das atividades da MTV em solo brasileiro envolvo por narrativas que corroboram com a ideia de liberdade, em que uma emissora, exclusivamente dedicada msica e ao jovem, estabelecia sentido para certas camadas da populao. A proposta que trazia ao Brasil era tambm uma promessa de futuro, colocando o olhar sobre uma parcela da populao que comeava a encontrar seu espao na televiso brasileira, articulando aspectos de novidade, renovao e protagonismo em diversas reas.
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Gilberto Alexandre Sobrinho (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas), Stephanie Dennison (University of Leeds)
Dando Voz a Histrias Ocultas: Reflexes Sobre um Projeto de Vdeo Participativo no Brasil, ndia e frica do Sul
Resumo:Nesta apresentao, vamos refletir sobre alguns do...
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Resumo:Nesta apresentao, vamos refletir sobre alguns dos resultados de um recente projeto de pesquisa internacional de Vdeo Participativo intitulado Troubling the National Brand and Voicing Hidden Histories: Historical Drama as a Tool for International Development and Community Empowerment (Problematizando o Brand Nacional e Dando Voz a Histrias Ocultas: Dramas Histricos como Ferramenta para o Desenvolvimento Internacional e Empoderamento Comunitrio), financiado pelo Arts and Humanities Research Council (Reino Unido). Trabalhando com jovens na frica do Sul, ndia e Brasil, esse projeto usou ferramentas audiovisuais participativas, para dar apoio a grupos marginalizados em cada pas, em um processo de contestar a forma como seus respectivos pases se apresentam - e em particular como apresentam suas narrativas nacionais - para o mundo, atravs de 'branding' e outras iniciativas ligadas a 'soft power'. Alm de resumir os resultados dos nossos parceiros do projeto que trabalharam na frica do Sul (LethiSemba Safe Park, com jovens sem documento) e na ndia (com o Budham theatre e jovens de uma casta antes designado denotified, ou criminalizados desde o nascimento), descreveremos o processo e refletiremos sobre os resultados da parte brasileira do projeto, que envolveu um grupo de cinco jovens mulheres, entre 16 e 19 anos, moradoras de Cod (MA), um municpio que enfrenta o triplo peso do preconceito dentro do imaginrio nacional: primeiro, por ter grande concentrao de quilombos em seu entorno; segundo, por ter uma populao negra majoritria; e, terceiro, por ser um centro aglutinador de prticas religiosas afro-brasileiras (conhecida, no senso comum como a cidade da feitiaria, sendo o Terec, o principal culto praticado). Na parte prtica do projeto dos trs grupos, houve um afastamento da ideia inicial de dar uma resposta direta s identidades representadas em dramas histricos, para focar no relacionamento entre os jovens participantes e suas histrias familiares e pessoais, as suas experincias no presente e seus desejos para o futuro. Tambm faremos algumas reflexes sobre a experincia de utilizar documentrios, tais como Ori (Raquel Gerber, 1989), timas Conversas (Eduardo Coutinho, 2015) e Mulheres Negras, Projetos de Mundo (Day Rodrigues e Lucas Ogasawara, 2016) como disparadores de conversas sobre questes identitrias, quanto como exemplo de ferramenta para (re)produzir vozes contestatrias. Finalmente, iremos refletir sobre o documentrio Um pouco de tudo, talvez (2018), resultado dessa experincia, em que questes de gnero, memria e territrio emergem e disputam no campo da representao.
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Izabel de Ftima Cruz Melo (UNEB)
Brabeza (1978) uma aproximao.
Resumo:Partcipe do dito surto superoitista brasileiro,...
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Resumo:Partcipe do dito surto superoitista brasileiro, Brabeza (1978) um filme que assim como grande parte dos seus companheiros de bitola segue praticamente desconhecido, devido a sua circulao restrita ao circuito de festivais, tais como o Super Festivais Nacionais do Filme Super8, realizados pelo Grife (SP), o Festival Nacional de Cinema (FENACA-SE), Festival Brasileiro do Cinema de Penedo (AL) e a Jornada de Cinema da Bahia (BA), durante os fins da dcada de 1970. Seus diretores, Robinson Roberto e Jos Umberto Dias, fazem parte do campo cinematogrfico baiano, se colocando a partir da relao formativa com o cineclubismo. Os dois frequentaram o Clube de Cinema da Bahia durante os anos 1960, sob a direo de Walter da Silveira e foram participantes das Jornadas de Cinema, durante os anos 1970, exibindo seus filmes. Jos Umberto foi tambm aluno do Curso Livre de Cinema e Robinson Roberto, um dos fundadores do Clube de Cinema de Jequi, cidade do sudoeste da Bahia. Ao observar a filmografia de cada um deles, perceptvel a convergncia de temas e interesses tais, como a cultura sertaneja, a vida dos trabalhadores, as questes polticas do pas, sob a ditadura, mas tambm elementos ligados s artes visuais. Da parceira entre os dois, surgiram alm de Brabeza, Urubu (1977) e Mara (1980). Brabeza, um curta-metragem experimental de cerca de 20 minutos. O filme cujo argumento partiu de Jos Umberto, e foi tratado atravs de uma roterizao no muito rigorosa em equipe, segundo aponta Marcos Pierry (2005:87), trata da trajetria de uma migrante, que viaja para a capital, durante a Copa do Mundo de 1970. Durante a sua caminhada de aproximao e reconhecimento da cidade, ela perseguida por um homem fardado e armado do qual no consegue escapar. Atravs da sobreposio de imagens e do uso da trilha sonora, o filme ambiciona externar o clima de tenso e angstia vivido no perodo. Contrariando um entendimento corrente de que os filmes em super-8 seriam menos visveis a represso, o filme teve sua exibio proibida em alguns festivais, e um certificado de censura que o considerava atentatrio moral e aos bons costumes, estabelecendo a sua classificao indicativa para maiores de 18 anos. Apesar da sua relativa invisibilidade, considero Brabeza um filme potente para discutir e evidenciar as possibilidades de anlise crtica do cinema em relao aos contextos polticos autoritrios, numa perspectiva de resistncia cultural, relevante no perodo de realizao do filme e que nas disputas contemporneas sobre a histria e memria da ditadura brasileira, merecem e necessitam ser revisitadas.
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Luiz Arajo Ramos Neto (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
O movimento cineclubista na cidade de Joo Pessoa: uma reviso bibliogrfica
Resumo:Esta proposta de comunicao, busca empreender uma...
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Resumo:Esta proposta de comunicao, busca empreender uma reviso bibliogrfica em relao a atuao do movimento cineclubista na cidade de Joo Pessoa, capital do estado da Paraba, entre os anos de 1936 e 1954. Tal movimento, foi iniciado a partir da encclica papal Vigilanti Cura, publicada em 1936, que configurou o marco inicial de um projeto desempenhado pela Igreja Catlica para o controle e a moralizao das prticas de expectao cinematogrfica. O documento do Vaticano, estabelecia como diretrizes, a criao de uma classificao moral para os filmes e a fundao de cineclubes nas parquias e nas associaes pastorais. Na Paraba, as discusses acerca de tal projeto tiveram incio no jornal A Imprensa, de propriedade da Arquidiocese do estado, que, respondendo s recomendaes do Vaticano, ou a incluir uma sesso do jornal para os assuntos de cinema, teatro e rdio (LEAL, 2007, p. 122). Tal segmento, intitulado Cinema e Teatro ou a figurar em todas as edies do jornal desde sua primeira apario no dia 16 de janeiro de 1937 e se tornou um espao de discusso sobre a stima arte dentro dos parmetros morais defendidos pela Igreja, atravs de colunas que se debruavam sobre diversas questes que partiam, tanto da denncia de supostas imoralidades e excessos presentes em produes de grande repercusso, como tambm ensaiavam discusses que viriam a ser aprofundadas com a crtica especializada formada posteriormente. A partir da as matrias, colunas e editoriais veiculados no jornal configuraram como a primeira instncia de um projeto que teria como edificao mxima, a fundao em 1954 do Cineclube Joo Pessoa, pioneiro do estado, sendo criado e istrado por membros da Igreja Catlica paraibana. Assim, o Cineclube Joo Pessoa viria a se tornar um importante catalizador de discusses acerca da stima arte na Paraba e influenciou a criao de outros cineclubes, como o Vigilante Cura, Frederico Fellini, Linduarte Noronha, Aruanda e o cineclube Charles Chaplin do Lyceu Paraibano (LEAL, 2007, p.128-129). As atividades empreendidas em tais espaos, foram responsveis pela criao de uma gerao cujo envolvimento na realizao e crtica cinematogrfica se mostraram imprescindveis para o desenvolvimento do audiovisual no estado. Compreendendo a importncia do movimento cineclubista para o entendimento de inmeros fatores relacionados ao binmio cinema/sociedade e para a formao de uma cultura cinematogrfica, o trabalho visa analisar sua atuao na capital entre os anos de 1936 e 1964 atravs da realizao de uma ampla reviso bibliogrfica acerca do movimento cineclubista no Brasil e na Paraba. Por fim, cabe informar que o presente trabalho oriundo de pesquisa de mestrado desenvolvido no PPGH UFPB.
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Paula Halperin (Purchase)
Televiso, consumo, desejo na teledramaturgia da Rede Globo (1970 1988): O caso de Dancin Days
Resumo:Desde o incio dos anos 1970, a televiso, em part...
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Resumo:Desde o incio dos anos 1970, a televiso, em particular a recentemente criada Rede Globo (1965), desempenhou um papel fundamental na configurao de uma cultura brasileira em processo de intensa transformao. Dita transformao foi o resultado da ativa poltica cultural promovida pelo regime militar, o desenvolvimento econmico que ampliou o o da classe mdia a bens de consumo (ao mesmo tempo que aprofundou a brecha social) e uma expanso considervel da indstria cultural.
O setor das telecomunicaes, crucial para o projeto de modernizao militar, recebeu apoio essencial do regime, que apontava a
controlar a produo de bens culturais e a reinveno simblica de um Brasil que atendesse s suas aspiraes modernizadoras. Nesse sentido, a televiso tornou-se um meio muito lucrativo, dotado de alto valor ideolgico, sendo as novelas um de seus produtos mais preciosos.
Tanto temtica como visualmente, as novelas se articulavam com o processo de rpida transformao pelo qual o Brasil estava ando. O instinto comercial da novel emissora concebeu dispositivos sofisticados compostos por indicadores de audincia, pesquisa de mercado, publicidade, mudana radical na dramaturgia, e a criao de departamentos ligados a outras industrias em expanso, como a da moda, garantindo assim o sucesso e a hegemonia da Rede Globo por quase trs dcadas.
Associadas a esse processo de inovao e ampliao da indstria cultural, as novelas da Rede Globo da dcada de 1970 e dos primeiros anos da de 1980, incorporaram, por um lado, sentidos ligados identidade nacional oficial, e por outro, to apregoada modernizao, fazendo visveis estruturas de desejo por bens de consumo e padres de conduta que pareciam abrir as portas aos brasileiros e s brasileiras a um mundo crescentemente globalizado.
Em este trabalho busco analisar a esttica, a narrativa e os debates ocorridos na imprensa da poca da novela Dancin Days (1978 1979), de Gilberto Braga.
A suntuosa produo, propaganda, e roteiro falavam de um presente prspero e uma sociabilidade e consumo identificados como modernos em dialogo com as aspiraes dos anos 70 em um momento, porm, em que as fraturas do chamado milagre econmico eram j visveis. Dancin Days criou uma verso multifacetada da vida urbana, de sua sociabilidade, das relaes amorosas e das identidades ao redor das mesmas. Meu ensaio busca desvendar precisamente a imaginao concebida e a percepo, na poca, daquilo designado como moderno, e poder melhor captar o significado histrico dessa constelao cultural. O "moderno" foi incorporado na dramaturgia gil, nos dilogos realistas e na linguagem visual. Ao mesmo tempo, essa imagens adquiriram novos significados na recepo da novela pela imprensa.
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Roberto Luis Bonfim dos Santos Filho (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
Vaqueiros, cangaceiros, operrios e ciganos: Olney So Paulo e a filmografia dos vencidos (1964-1976).
Resumo:Este trabalho pe em relevo a filmografia do mrti...
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Resumo:Este trabalho pe em relevo a filmografia do mrtir do cinema novo, o cineasta baiano Olney Alberto So Paulo (1936-1978), sertanejo que travou durante sua trajetria intensas pelejas para projetar nas telas projetos e utopias sobre sua terra, sua gente, em um perodo ao mesmo tempo tenso, mas favorvel s produes cinematogrficas que se inseriam nas reflexes sobre os rumos da cultura e da poltica brasileira entre os anos 1960-70. Olney So Paulo pensado na dupla funo de sujeito histrico e cineasta contracorrente, que defrontado com a conjuntura estruturada pelos setores conservadores da sociedade, apresentou nas telas as pelejas daqueles que no se enquadraram no projeto modernizador em curso no Brasil. Sejam os pequenos produtores rurais em conflito com o poder de um coronel, flagelados em busca de terras para produzir como retratado no filme Grito da terra (1964); estudantes que sofrem os revezes dos regimes sociais conservadores Manh cinzenta (1968); personagens polticos indesejados para as classes dirigentes Pinto vem a (1975); ou elementos da cultura e da sociabilidade pr-capitalista do serto em vias de apagamento Sinais de Chuva (1976); So Paulo constri sua filmografia tomando como referncia as lutas, resistncias e derrotas dos indivduos e grupos, desviantes dos enquadramentos esquadrinhados pelos dirigentes do poder. Essa abordagem inspirada nas proposies sobre a Histria do terico Walter Benjamin, que face s investidas do regime totalitrio, props uma escrita da Histria tecida a contrapelo, a partir da inverso da tica do historiador, partindo das aes silenciadas pelos discursos dominantes, uma histria do ponto de vista dos vencidos, traada sob uma perspectiva problematizadora do processo histrico. Benjamin procuraria nas contra-histrias o componente dialtico redentor do Estado de exceo, produzido e perpetuado pelos vencedores. Ao historiador, atribuda a misso de captar essas investidas e os problemas que se apresentam ao sujeito histrico no momento de perigo, confirmando assim a perspectiva de construo de uma histria calcada no mais na conformidade da tradio, mas na barbrie que lhe origina. As orientaes tericas e metodolgicas seguidas transitam alm da percepo da Histria do ponto de vista dos vencidos, a partir da leitura de Benjamin (1940); do cinema enquanto fonte e objeto da Histria e Historiografia (FERRO, 1975; LAGNY, 2009); sob o pano de fundo da trajetria do cinema brasileiro entre os anos 1960-70, (BERNARDET, 2009; XAVIER, 2001), identificando caminhos, propostas e leituras compartilhadas pelo movimento cinematogrfico do perodo - notadamente o Cinema Novo-, compreendendo como Olney So Paulo se articula a ele.
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Sofia Sampaio (DOC-FGV/ CRIA-IUL)
Memria audiovisual e migrao de imagens: a perspectiva dos outros filmes
Resumo:O Grupo de Trabalho (GT) Outros Filmes da Associa...
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Resumo:O Grupo de Trabalho (GT) Outros Filmes da Associao de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM) surgiu, em 2014, com o propsito de dar ateno aos filmes que as histrias de cinema centradas no filme como obra de arte (o que Robert C. Allen e Douglas Gomery, em 1985, chamaram masterpiece tradition) tinham sistematicamente negligenciado ou excludo. Em causa estavam os filmes domsticos e amadores, as actualidades e cine-jornais, os filmes educacionais, institucionais e industriais e tantos outros que jaziam, mais ou menos esquecidos, em arquivos institucionais e privados e que o GT tentou trazer para os vrios fruns de discusso que organizou. Da proposta terica inicial constava o objectivo de deslocar os estudos flmicos do cnone (exclusivo a um grupo de autores) para o arquivo (aberto a todas as produes), bem como a necessidade de desenvolver teorias e metodologias adequadas ao estudo desses filmes. Os resultados dos ltimos cinco anos constituram um misto de entusiasmo e frustrao e sobre eles que pretendo reflectir nesta comunicao. Tornou-se evidente que o interesse pelos outros filmes estava em ascenso, sobretudo entre os investigadores mais jovens. Por outro lado, uma grande parte dos trabalhos continuava a mostrar-se refm das abordagens esttico-formalistas que, sob influncia da histria da arte e dos estudos literrios, continuam a dominar os estudos de cinema em Portugal e no Brasil (de onde a maioria dos membros e participantes do GT originria). O facto de o arquivo estar a ser predominantemente visto como um repositrio de extraco de imagens para a produo de novos filmes em geral, filmes de fico ou documentrios de autor parece propiciar a continuada subordinao dessas imagens lgica da obra e do autor, em clara contradio com a proposta de renovao terico-metodolgica e historiogrfica que o GT pretende promover. Na verdade, parte da ateno actualmente dedicada aos outros filmes tem sido estimulada pelo estudo da migrao de imagens: do cine-jornal ao filme domstico, ando pelo filme industrial, so as imagens dos outro filmes que tm sido preferencialmente resgatadas ao arquivo, num processo que os v e trata como documentos, representaes do ado e, em geral, matria bruta na construo de uma memria histrica, individual ou colectiva. Discutir de que forma que uma perspectiva assente nos outros filmes que insiste em estuda-los nos seus prprios termos poder contribuir para o estudo da migrao de imagens e da memria audiovisual o objectivo final desta comunicao.
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Thalita Maciel Soares (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Mandacaru: uma reflexo sobre a trajetria de Alexina Crspo utilizando o cinema como fonte
Resumo:Este trabalho parte integrante da pesquisa de Me...
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Resumo:Este trabalho parte integrante da pesquisa de Mestrado que busca compreender as diferentes formas de representao das Ligas Camponesas no cinema utilizando como fontes os filmes The Trouble Land, Cabra Marcado para Morrer, Memrias Clandestinas e os curtas sobre as Ligas Camponesas produzidos pelo Instituto Brasileiro de Ao Democrtica (IBAD).
A utilizao do cinema como fonte para os historiadores, est inserida na virada historiogrfica proposta pelas fases da escola dos annales ao longo do sculo XX. Esta nova escola historiogrfica defendia o no-engessamento da historiografia em fontes documentais, teorias positivistas ou na Histria Universal. Sendo assim, propunha a valorizao de objetos at ento marginalizados e a utilizao de novas fontes pelos historiadores.
Desta forma, nos fundamentamos nas novas tendncias historiogrficas de experimentao metodolgica, interdisciplinaridade, da Histria Social e Cultural, assim como, nos novos objetos propostos pela escola dos annales. Especificamente, esta pesquisa est imersa na relao entre Histria e Cinema, que se consolidou na terceira gerao dos annales.
Deste modo, o estudo aqui apresentado, se prope analisar a trajetria da militante pernambucana Alexina Lins Crspo de Paula atravs do filme-documentrio "Memrias Clandestinas", que foi uma produo do Spia Cinema e Vdeo com o apoio do Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento (NEAD), Instituto Interamericano de Cooperao para Agricultura (IICA), Programa de Promoo de Igualdade de Gnero Raa e Etnia (PPIGRE), Instituto de Apoio Tcnico e Especializao Cidadania (IATEC) e Curso de Rdio e TV da Faculdade de Comunicao da UNIMEP, dirigido por Maria Thereza Azevedo e lanado em 2004.
Partindo do pressuposto que este trabalho ir ser realizado a partir da relao metodolgica entre Histria, Cinema e Documentrio utilizaremos como fundamentao terica desta relao autores como Marc Ferro e Bill Nichols. Com relao a questo da memria, que ir aparecer como discusso transversal ao tema principal de anlise da trajetria de Alexina Crspo no filme Memrias Clandestinas, utilizaremos as obras de Michel Pollak e Paul Ricouer.
Por fim, realizaremos uma discusso bibliogrfica e fontes variadas como jornais, revistas e documentos para contextualizar historicamente a militante no Brasil e no mundo dos anos 1950/1960, recorte historiogrfico retratado nas memrias narradas no filme, assim como para acrescentarmos algumas informaes sobre Alexina Crspo que no esto presentes no documentrio Memrias Clandestinas.
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Victor Santos Vigneron de La Jousselandire (Escola Loureno Castanho)
a me rapelle Jequi: Bahia e So Paulo na crtica de Paulo Emlio Salles Gomes
Resumo:O objetivo deste trabalho explorar certas estrat...
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Resumo:O objetivo deste trabalho explorar certas estratgias adotadas pelo crtico Paulo Emlio Salles Gomes diante do problema da formao de uma cultura cinematogrfica brasileira. Assim, trata-se de observar como Bahia e So Paulo so evocados em alguns de seus textos, de modo a indicar sua oscilao em torno de conceitos como subdesenvolvimento ou formao. Os marcos temporais que orientam a seleo do material so os anos de 1959, data de publicao de "Formao da literatura brasileira", do crtico literrio Antonio Candido de Mello e Souza, e 1976, quando Salles Gomes fez seu ltimo acrscimo a um texto de fico mais tarde publicado com o ttulo "Cemitrio". No incio dos anos 1960, o crtico acompanhava o clima otimista criado em torno de filmes como "Porto das caixas" [1962, dir. Paulo Csar Saraceni] e "O pagador de promessas" [1962, dir. Anselmo Duarte], que pareciam realizar as expectativas frustradas na dcada anterior pelo fracasso da Companhia Cinematogrfica Vera Cruz. Representativa em relao a esse momento a conferncia Um certo clima que reina hoje no Brasil em torno do cinema nacional, proferida naquele mesmo ano de 1962. Ali, a latente independncia econmica do cinema nacional era comparada situao da literatura brasileira nas primeiras dcadas do sculo XIX. Tambm nessa poca o cinema baiano aparece na crtica e na correspondncia de Salles Gomes com muita fora. Filmes como "Bahia de Todos os Santos" [1960, dir. Trigueirinho Neto] e "Barravento" [1962, dir. Glauber Rocha] parecem confirmar para o crtico o crescente enraizamento nacional da cultura cinematogrfica. O Regime Militar, no entanto, parece estar na raiz de uma reviso da parte do crtico paulista. O otimismo que marcava a dcada anterior era agora substitudo por um ambguo jacobinismo que, se no perdia o p em uma perspectiva nacional, investia cada vez mais diretamente num aprofundamento em seu contexto imediato, So Paulo. Isso se faz sentir no apenas no papel de destaque que o caipira ganhava em sua crtica de cinema (de Amcio Mazzaropi a Ozualdo Candeias), mas tambm em sua produo ficcional, sobretudo no roteiro elaborado em torno de "Amar, verbo intransitivo", nas novelas "Trs mulheres de trs PPPs" e em "Cemitrio". Conhecer e incorporar os limites de uma formao precria (a burrice paulista especfica), parece agora ser o centro de uma estratgia que a pela reviso da histria local, movimento no qual a Bahia no deixa de ter um papel importante, mas muito diverso do que lhe era atribudo anos antes. provavelmente nesse momento que o crtico escreve um material intitulado Possibilidade de um filme de longa metragem sobre o cinema paulista de 1934 a 1949, que serve de fecho para as reflexes aqui propostas.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Alberto Inacioa da Silva (Sorbonne Universit)
O cinema pernambucano e suas imagens sobreviventes
Resumo:Associados a retomada da produo cinematogrfica ...
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Resumo:Associados a retomada da produo cinematogrfica brasileira a partir dos anos 1990, alguns filmes realizados no Estado de Pernambuco tm como especificidade repensar particularmente as questes histricas. Entretanto, os filmes aqui analisados no propem uma reconstituio histrica minuciosa a procura de valorizar os eventos heroicos da histria de Recife, na verdade, estes filmes propem uma histria formada de um conjunto de traas. Estes estratos, advindos do ado, constroem representaes da cidade em feuillets, como diria Henri Lefebvre (LEFEBVRE, 2000, p. 104), por meio de vrias camadas que formam uma paisagem na qual os planos urbansticos holandeses coabitam com a arquitetura colonial do sculo XIX, as transformaes higienistas dos anos 1920 e a instalao das classes populares no centro da cidade hoje em dia; uma populao que, por meio de corpos e culturas hibridas, lembram as reminiscncias da histria escravocrata e o poder oligrquico que marcou a primeira republica brasileira.
Nestes filmes, as traas histricas representam fantasmas que assombram Recife, como uma manifestao de sobrevivncia retomada por Georges Didi-Huberman nas suas anlises do crtico de arte Aby Warburg. Para Didi-Huberman, as imagens podem ser entendidas como ce qui survit dune dynamique et dune sdimentation anthropologiques devenus partielles, virtuelles, car en grande mesure dtruites par le temps (DIDI-HUBERMAN, 2002, p. 41). Utilizado tambm por Marc Berdet e Grard Dubey, o conceito de revenance designa uma lgica fantasmagrica do retorno em direo a objetos exteriores, com um efeito bem real ligado sua presena imaginria (BERDET; DUBEY, 2016). Estas imagens sobreviventes, encontram-se nas representaes da cidade de Recife em vrios filmes contemporneos, como por exemplo Tatuagem (2013) de Hilton Lacerda, mas principalmente nos dois longas-metragens O som ao redor (2012) e Aquarius (2016) de Kleber Mendona Filho e Amarelo Manga e Febre do Rato de Cludio Assis.
O cruzamento dos mltiplos olhares propostos por estas produes artsticas colocam em evidncia a cidade do Recife e recorrem metodologicamente a uma postura multifocal baseada sobre um ponto de vista gocritica, como prope o pesquisador francs Bertrand Westphal (WESTPHAL, 2006). Nesta comunicao, propomos uma anlise das representaes da cidade de Recife por meio da cinematografia de Cludio Assis e Kleber Mendona Filho, dois diretores que propem diferentes perspectivas em relao a esta cidade.
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Arthur Gustavo Lira do Nascimento (Universidade Federal de Pernambuco)
A pesquisa social e o documentrio brasileiro nos anos 60: um estudo atravs do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS)
Resumo:Em uma histria de contatos entre as cincias soci...
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Resumo:Em uma histria de contatos entre as cincias sociais e o audiovisual, a partir da segunda metade do sculo XX o documentrio brasileiro se utilizou do olhar etnogrfico como ferramenta cinematogrfica, trazendo para seus filmes uma perspectiva de crtica social. Com o intuito de revelar o verdadeiro Brasil que vinha sendo esquecido, destacaram-se nas imagens produzidas a diversidade cultural das regies brasileiras e seus problemas sociais. Caracterizado pelo que denominou Jean-Claude Bernardet (1985) de um modelo sociolgico, baseado por um discurso documental, onde valendo-se da chancela de autenticidade cientfica, o narrador reafirma o saber sobre as realidades expostas, vrios filmes produzidos nesse perodo contaram com o apoio estruturante de institutos de pesquisa. Em So Paulo e Pernambuco, respectivamente, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS) desempenharam um importante papel no dilogo entre as cincias sociais e o documentrio nacional, promovendo o gnero. Em 1966, o baiano Geraldo Sarno escreve sobre o tema na primeira edio da revista do IEB, afirmando que a cooperao entre estudiosos brasileiros, cientistas sociais e documentaristas permitiria programar um cinema de pesquisa, cientfico e correto enquanto informao sobre a realidade social brasileiro e de auto reconhecimento. Construa-se assim uma imagem do povo brasileiro, sob mltiplos temas. Sarno foi um dos diretores dos quatro mdia-metragens realizados entre 1964 e 1965, lanados na forma de longa-metragem em 1968, intitulado Brasil Verdade, produzido por Thomas Farkas. O desenvolvimento da denominada Caravana Farkas a partir de 1967 contou com a presena de pesquisadores vinculados ao IEB. Naquela mesma dcada, o projeto auspicioso do IJNPS cinematografia brasileira tornou-se conhecida atravs da realizao dos documentrios Aruanda (1962), O Cajueiro Nordestino (1962) e A cabra na regio semi-rida (1966). Aruanda exerceu uma grande influncia em sua gerao e no ou despercebido por Sarno. Para ele, o filme revelava que aquele mundo de sua infncia e juventude no serto nordestino era cinematografvel, podia estar nas telas. Buscamos atravs deste trabalho analisar a atuao dos institutos de pesquisa em duas regies distintas do pas (Sudeste e Nordeste) na realizao e promoo do fazer documentrio no pas. Investigando como a realidade social construda, pensada e dada a ler/ver. Considerando alm dos aspectos de produo flmica, anlises estticas de suas principais obras e o dilogo direto ou indireto com a pesquisa social.
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Carlos Cesar de Lima Veras (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Rambo, o garoto propaganda - Os usos polticos do cinema estadunidense durante os governos de Ronald Reagan (1981 - 1989) e George W. Bush (2001 - 2009)
Resumo:Dentre os conceitos apresentados pelo historiador ...
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Resumo:Dentre os conceitos apresentados pelo historiador Marc Ferro em suas anlises sobre as relaes entre Cinema e Histria, consta a definio do filme como agente histrico, na qual o filme analisado em sua dimenso de produto com fins de produo de efeitos ideolgicos; autores como Jos DAssuno Barros e Mnica Kornis reforam esta perspectiva, salientando a possibilidade do filme de disseminar conceitos de uma ideologia dominante, ou tambm apresentar elementos de contraposio a uma ordem vigente. Pensar o filme como meio de propaganda ideolgica, mesmo que no tenha tal postura assumida, nos traz diversas possibilidades de questionamento, como seus contextos de produo, seu dilogo com as instncias do poder, sua receptibilidade, dentre outras. Se tratando do cinema dos Estados Unidos, objeto de anlise deste artigo, os questionamentos podem ser ampliados a outras esferas, diante do impacto cultural que seus produtos exercem em tantas partes do globo. O cinema desempenhou diversos papeis ao longo do sculo XX nos Estados Unidos, tanto internamente, como o caso de seu uso durante a Primeira Guerra Mundial, quanto externamente, como seu papel considervel para a Poltica da Boa Vizinhana. Com a Guerra Fria, algumas narrativas anteriores so amplificadas e outras surgem, como a paradigmtica associao de valores positivos aos Estados Unidos e seus smbolos e o anticomunismo na construo da imagem dos soviticos de forma negativa, assim como conceitos como individualismo, herosmo e a justificao da violncia, que se tornam elementos recorrentes at cinematografia contempornea. Tericos como Joseph Nye, Douglas Kellner e Carl Boggs lanam luz as motivaes e consequncias destes conceitos e a importncia poltica dos mesmos para as relaes de poder estabelecidas e para o domnio cultural, tornando ainda mais pertinente a importncia dos filmes como objetos de interesse no somente para a histria cultural, como tambm para a histria poltica. Postas essas consideraes, este artigo tem por foco uma anlise comparada de dois recortes histricos, delimitados pelos mandatos presidenciais de Ronald Reagan (1981 1989) e George W. Bush (2001 2009), visando identificar o dilogo de determinados filmes e da produo cinematogrfica com os discursos polticos de tais perodos, com destaque para os filmes da franquia Rambo, com produes em ambos recortes e que apresentam diversos conceitos presentes nas cinematografias dos perodos supracitados, dentre os quais a relao direta com aspectos da poltica externa de Reagan e a doutrina da Guerra ao Terror de W. Bush.
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Clarissa Rodrigues Soares (UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros)
Em busca da Amrica: Sem Destino e a Nova Hollywood como expresses da contracultura dos anos 1960.
Resumo:Um homem saiu procura da Amrica, mas no a enc...
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Resumo:Um homem saiu procura da Amrica, mas no a encontrou em lugar nenhum, diz o slogan publicitrio do material de divulgao de Sem Destino (1969), o filme de estrada que marcou uma poca de transformaes do cinema americano: a Nova Hollywood. Os filmes desse perodo, que vai de 1967 com o lanamento de Bonnie e Clyde at 1980 com o lanamento de Um portal do paraso, sofreram influncias diretas da contracultura dos anos 1960 desafiando as convenes da linguagem cinematogrfica clssica e as representaes sobre o estilo de vida norte-americano.
Recebendo influncias tambm dos movimentos cinematogrficos europeus, como a Nouvelle Vague sa, a Nova Hollywood emergiu em um perodo onde os estdios que dominavam a indstria cinematogrfica entravam em crise. Os filmes no se conectavam mais com a juventude, que havia se estabelecido como uma parcela significativa do mercado consumidor cinematogrfico, alm de ter se tornado a principal fora dos movimentos sociais que floresceram nos anos sessenta.
A partir da anlise desse contexto de mudanas na indstria cinematogrfica e na sociedade americana, a proposta desse trabalho foi entender como a contracultura dos anos sessenta auxiliou no processo de renovao do cinema norte-americano, trazendo novas representaes sobre a Amrica que iam contra o modelo idealizado do american dream, to propagandeado pelo cinema clssico. Escolhemos Sem Destino, filme de Peter Fonda e Dennis Hopper, como fonte por se tratar de um filme icnico do perodo em questo que inovou esteticamente e trouxe o discurso da contestao ao sistema capitalista-industrial para dentro da prpria indstria.
Sem destino conta a histria de dois motoqueiros hippies que viajam pelos EUA aps traficarem cocana, tendo como destino o carnaval da cidade de Nova Orleans. primeira vista pode parecer um enredo bastante simples para um filme que ganhou tanta ateno durante sua exibio, faturando uma mdia de 60 milhes de dlares. Entretanto, exatamente o percurso dos dois personagens principais que marcam a importncia do filme, pois ao longo do caminho eles entram em contato com uma grande diversidade de formas de vida e percebem o quanto o sonho americano pode ser cruel com aqueles que ousam usufruir da to propagandeada liberdade americana.
Ao produzir um contra discurso a partir de toda uma nova forma de se fazer cinema, filmes como Sem destino questionaram as representaes da Amrica que circularam por tanto tempo no imaginrio sobre o pas, trazendo novas imagens potentes sobre a sua real diversidade, as formas de vida que sobreviviam a margem da sociedade e a violncia da guerra, potencializando os discursos que se levantavam contra o establishment e ajudando a construir uma nova identidade de uma gerao.
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Keline Pereira Freire
Um ado presente no Nordeste do Brasil: a Histria e o cinema contemporneo
Resumo:O presente trabalho prope um levantamento da film...
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Resumo:O presente trabalho prope um levantamento da filmografia contempornea sobre o Nordeste do Brasil com o objetivo de identificar os vestgios do ado da regio nessas produes. A anlise estar concentrada entre os anos de 1995, na efervescncia da chamada Retomada do Cinema Brasileiro e o recente 2018. Para isso, nos reportaremos discusso a respeito da construo do Nordeste como reduto tradicional do Brasil, que surge a partir de uma oposio ao moderno. Atravs dos textos de Freyre (1937) e Velloso (1993) vemos que nos anos iniciais do sculo XX, h a iminncia dos pensamentos tradicionalista e modernista para o pas. Correntes que embora discordantes no que tange ao valor atribudo a modernidade e ao cosmopolitismo no processo de construo nacional, concordam quanto ao espao reservado ao Nordeste dentro da nao, ou seja, para tradicionais ou modernos, a regio o lugar da tradio. Neste sentido, se h um espao do Brasil onde o antigo se instalou como permanente no imaginrio social, este espao o Nordeste. A regio, a partir de diversos textos (jornais, obras literrias, pinturas, msicas e filmes), foi constituda enquanto espao da saudade (Albuquerque, 1999), cristalizada como lugar da tradio e do atraso. A concepo de um Nordeste antimoderno vai repercutir nas diversas abordagens sobre a regio e chega ao cinema. Com excees que incluem o Ciclo de cinema do Recife (1923-1931), as realizaes do cinema novo (1950-1960) e filmes que retrataram o nordestino no espao da cidade (1970-1980), v-se a regio quase sempre associada a elementos que remetem a pobreza e a violncia, como a seca e o cangao, naturalizando sobre ela uma imagem permanentemente decadente e descontextualizando seus problemas polticos e sociais. Entendemos que a produo que se inaugura a partir da Retomada traz novos aspectos de abordagem sobre o Nordeste, como uma grande quantidade de realizaes de diretores nordestinos sobre seu espao, alm de sua integrao ao cenrio da grande cidade, ligado a signos de modernidade. No entanto, a partir dos dados da Agncia Nacional de Cinema (ANCINE) observamos que dos 129 filmes que retratam a regio entre 1995 e 2018, pelo menos 60 deles a abordaram sob a perspectiva do ado, tanto por meio da reconstituio de fatos histricos, quanto pela herana de conflitos histricos nos dramas individuais de seus personagens. Buscar-se- portanto, analisar de que forma essas realizaes contemporneas dialogam com o ado cristalizado do Nordeste.
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Mirela Marin Morgante (UFES - Universidade Federal do Esprito Santo)
Discursos, memrias e resistncias: outras performances do feminino no cinema independente contemporneo
Resumo:No sculo XX, surgiu e se desenvolveu o mercado ci...
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Resumo:No sculo XX, surgiu e se desenvolveu o mercado cinematogrfico no Brasil. Composto por longas e curtas-metragens documentrios e ficcionais, o cinema brasileiro se constitui como um territrio de disputa de poder, no qual esto em jogo as representaes e as narrativas de diversos grupos sociais, pertencentes a contextos histricos especficos. As obras audiovisuais se apresentam, assim, como discursos de verdade que produzem performances e memrias sociais, em uma dinmica de identificao coletiva. No discurso hegemnico do cinema brasileiro, construdo em meio s relaes de poder patriarcais e racistas, as representaes do feminino seguem modelos identitrios pautados em um ideal de beleza branca, jovem e magra, e em um modelo de comportamento ivo, emotivo e maternal. Tais representaes adquirem o carter de verdade pelos discursos flmicos, produzindo performances e memrias femininas correspondentes s imagens construdas.
Tendo como base terica Michel Foucault e Judith Butler, o presente artigo entende o cinema enquanto discurso e memria histrica, cujo poder poltico diretamente proporcional ao investimento financeiro e ao alcance da obra. Haja vista a vigncia de uma sociedade patriarcal e racista no Brasil contemporneo, os discursos criados pelos produtos audiovisuais de maior porte tendem a acompanhar as representaes formuladas por esta configurao social. No obstante, neste princpio do sculo XXI, a popularizao das tecnologias de produo e de circulao cinematogrfica viabilizou a construo de outras performances do feminino, principalmente por meio dos filmes independentes, que se constituram como territrios de resistncia e de produo de memrias coletivas mltiplas.
Nesse sentido, analisa-se o curta-metragem documentrio "Territrio do desprazer" (2017), produzido e divulgado de forma independente, enquanto uma narrativa de memria audiovisual de resistncia, produtora de outras performances do feminino, que fogem do padro representacional do cinema hegemnico. A obra mostra os relatos de memria de quatro mulheres velhas, sobre o perodo de suas vidas em que trabalharam como prostitutas em um territrio de confinamento do meretrcio na Regio Metropolitana da Grande Vitria (RMGV), entre as dcadas de 1960 e 1980, chamado na poca de So Sebastio. Habitando no mesmo bairro onde antes funcionava o "territrio do prazer" como se refere Margareth Rago regio do meretrcio de So Paulo na primeira metade do sculo XX , essas mulheres convivem cotidianamente com as lembranas de So Sebastio. Por meio de uma mescla entre documentrio e fico, o filme evidencia as contradies das subjetividades femininas marcadas pela angstia, pelo sofrimento, mas tambm pela alegria e pela saudade.
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Paula de Castro Broda (Universidade Federal de So Paulo)
Desenhando a Amrica Latina: o seminrio de Nelson Rockefeller e Walt Disney para a criao de Health for the Americas
Resumo:Nos perodos anteriores II Guerra Mundial, houve...
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Resumo:Nos perodos anteriores II Guerra Mundial, houve uma mudana de postura por parte do governo dos Estados Unidos para com os pases latino-americanos, procurando diminuir a interveno militar nesses locais e optando mais pela diplomacia. Uma das maneiras de realizar suas aes, especialmente durante o conflito, foi o uso do cinema para dirigir sua propaganda Amrica Latina, fortemente apoiado por Nelson Rockefeller, ento diretor do Office of Coordinator of Inter-American Affairs. tambm neste contexto que Walt Disney tem importante atuao poltica, viajando pelo sul do continente e produzindo animaes que tinham como meta construir e consolidar uma identificao entre estadunidenses e latino-americanos.
Dentre tais desenhos, destacamos a srie de dez episdios Health for the Americas, lanada entre 1944 e 1945 pelos Estdios Walt Disney. Alm de seu objetivo educativo, isto , apresentar e responder questes sobre sade (como epidemias e desnutrio, o que so e como eliminar agentes transmissores de doenas, ensinar hbitos higinicos simples e rotinas alimentares mais nutritivas), os curtas-metragens apresentavam propostas de modernizao para o atraso latino-americano, ainda que sempre pautado por ideais estadunidenses.
Estas animaes, que foram encomendadas pelo do rgo chefiado por Rockefeller para circular entre as Amricas (e por isso estavam bastante alinhadas com as propostas de sua Fundao), tambm foram esquematizadas a partir dos comentrios e sugestes de uma junta de professores, pesquisadores, mdicos e bilogos vindos de diferentes pases da Amrica Latina. O objetivo era realizar curtas-metragens que tratassem de assuntos comuns ao sul do continente, valendo-se, principalmente, de uma linguagem de fcil compreenso, visto que essas obras eram exibidas para populaes majoritariamente analfabetas.
Grande parte dessas discusses aconteceram durante o seminrio On Visual Education, promovido por Nelson Rockefeller entre maio e junho de 1943. O encontro, sediado nos Estdios Walt Disney em Burbank, Califrnia, contou ainda com a presena de uma equipe de animadores que foram disponibilizados a fim de familiarizar os participantes sobre tcnicas de animao, enquanto procuravam transformar as sugestes dadas em formas visuais.
Assim, essa comunicao pretende analisar e discutir alguns dos relatrios resultantes do encontro, bem como o impacto deste esforo na produo dos curtas-metragens no perodo de guerra, alm da circulao e recepo desses desenhos pela populao e governos latino-americanos. Esperamos, com isso, apresentar Health for the Americas para mais pesquisadores, apontando algumas de suas vises e propostas de modernizao colocadas para a Amrica Latina, muitas vezes baseadas em modelos estadunidenses.
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Roberto Abdala Junior (Universidade Federal de Gois - UFG)
Joaquim, um heri para o Brasil do sculo XXI
Resumo:Trata-se de um estudo incipiente sobre as mltipla...
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Resumo:Trata-se de um estudo incipiente sobre as mltiplas dimenses do filme Joaquim (GOMES, 2017), tendo como horizonte de reflexo o contexto sociocultural e histrico da crise da Nova Repblica ocorrido na segunda dcada do sculos XXI. Vamos colocar em debate a ideia de que o filme foi capaz de apreender um deslocamento nas relaes de poder ocorrido na primeira dcada do sculo XXI que demandavam um heri alinhado com os segmentos mais populares da sociedade brasileira. Afim de nos aproximar da obra, tomamos a noo de comunidades imaginadas (ANDERSON, 2005) em dilogo com os argumentos de Certeau (2014) sobre as tticas empregadas pela maioria marginalizada afim de garantir um lugar social. Explorando, sobretudo, as performances cinematogrficas, consideradas como resultado da articulao complexa do trabalho da direo, das performances dos atores sob um cenrio caracterstico do interior do Brasil, o filme encerra uma proposta explcita de outra inveno da nao. Teoricamente, buscamos na proposio de Bauman (1977) dialogando com Williams de que esses grupos, ao invs de serem considerado margem, devem ser tomados como emergentes. O filme Joaquim responderia, ento, a uma apelo atvico da sociedade brasileira de se ver representada em seus fundamentos e tambm testemunham a emergncia desses agentes sociais no cenrio poltico-cultural contemporneo. Ao construir uma narrativa mais prxima da realidade de poca, abordando questes sociais, polticas e econmicas que envolvia o personagem histrico, bem como enfatizar performances culturais sobre a temtica construindo uma viso muito prxima da historicidade de poca, a obra pode ser considerada a voz bakhtiniana dos excludos como formadores da sociedade e cultura brasileira, mais prximo do mundo no qual Joaquim Jos da Silva Xavier, o Tiradentes, viveu. O estudo ancora-se no quadro terico das Performances Culturais afim de privilegiar a aproximao com outras linguagens que no a escrita. No campo historiogrfico, nossas referncias so Certeau e Rsen, visando, sobretudo, ao campo da Didtica da Histria.
Referncias:
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexes sobre a origem e a expanso do nacionalismo. Lisboa: Edies 70, 2005 (1983/1991).
BAUMAN, Richard. Verbal Art as Performance. Rowley, Mass, Newbury House Publishers, 1977.
CERTEAU, Michel de. A inveno do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrpolis: Vozes, 2014.
RSEN, Jrn. Teoria da histria: uma teoria da histria como cincia. Curitiba, Editora UFPR, 2015.
JOAQUIM. Direo: Marcelo Gomes. Produo: Joo Vieira Jr., Pandora da Cunha Telles, Pablo Iraola. Imovison, 2017.
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Robson Scarassati Bello
O Progresso, A Violncia, e a Wilderness em Red Dead Redemption (2010)
Resumo:Na poca de sua publicao, em 2010, Red Dead Rede...
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Resumo:Na poca de sua publicao, em 2010, Red Dead Redemption, foi o maior, mais caro, e mais vendido videogame histrico at ento. Produzido pela Rockstar Games, criadora da polmica srie Grand Theft Auto, apresentou o espao mtico do Velho Oeste Americano em sua decadncia frente chegada do Progresso.
O game coloca o jogador no controle de John Marston, um ex-bandoleiro contratado pelo governo federal para capturar, vivos ou mortos, os integrantes de seu antigo grupo criminoso. Com esse objetivo, o aproxima, sob a perspectiva de um indivduo, de uma experincia verossimilar com o ado, permitindo explorar diversos terrenos, capturar cavalos silvestres, coletar plantas, pastorar gado, e claro, viajar e assaltar trens, e enfrentar, com pistola em mo, os mais variados adversrios.
Dividido em trs atos, a narrativa percorre trs diferentes espaos ficcionais que referenciam locais reais nos Estados Unidos. Em New Austin, que se aproxima do deserto texano, John Marston deve se aliar ao xerife e a populao contra seus bandidos locais; No New Mexico, um espao mexicano ao sul da fronteira, deve intervir em um conflito entre um ditador das bananas e um jovem revolucionrio romntico; e, finalmente, em New Elizabeth, espao da Civilizao, precisa agir em conjunto agentes do governo federal.
A apresentao narrativa em cenas flmicas e dilogos ironiza e problematiza constantemente as noes de civilizao e progresso, bem como o papel dos missionrios evangelistas e do governo federal, assim os conflitos polticos e as relaes com os grupos tnicos locais. As ideologias e os projetos de poder, seja do governo estadunidense, da ditadura ou da revoluo mexicana, ou de homens que promulgam a liberdade utpica, so encarados em uma chave cnica e ctica, ursupadores do trabalho e das esperanas do indivduo comum.
Entretanto, dado seu carter interativo, tensiona tais representaes ao apresentar um espao explorvel que pretende reconstituir de forma verossmil a relao com o meio ambiente da wilderness e sua distino com as ilhas de civilizao, apartadas, na forma das cidades e vilarejos. Igualmente, em um sistema que pontua a moralidade das aes do jogador, a soluo, via de regra, se d pela estetizao enaltecedora do conflito, do homem de ao, e da ao armada justificada.
Nesse sentido, o game opera uma dialtica de afirmao e demitificao de certos elementos turnerianos e progressivos do Mito da Fronteira e dos Westerns Clssicos na cinematografia.
sob a gide da explorao e da violncia performtica na interatividade, e as representaes e crticas s noes de Progresso e Destino Manifesto, que esta comunicao pretende se debruar.
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