ST - Sesso 1 - 16/07/2019 das 14:00 s 18:00 187213
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Fernanda Bonizol Ferrari (CES/JF - Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora)
Sem perder a Elegncia - Gnero e posio social nos manuais de moda e comportamento
Resumo:O presente trabalho objeto de uma pesquisa de do...
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Resumo:O presente trabalho objeto de uma pesquisa de doutorado em curso e pretende analisar os manuais de moda e comportamento feminino lanados no Brasil entre as dcadas de 1980 e 2010. Florescida na Europa entre os sculos XII e XIII, a cultura do refinamento representava um instrumento fundamental de convivncia e aqueles que no se submetessem aos padres socialmente exigidos, corriam o risco de viver margem, excludos de uma vida civilizada. No Brasil, tais padres assumem papel de destaque a partir do sculo XIX, em um momento em que se tornou imperativo para a sociedade se aristocratizar, adotando valores e costumes que a nivelassem, pelo menos na aparncia, aos seus pares europeus, ao mesmo tempo em que a distinguisse do resto da populao. Foi ao longo do sculo XX que se deu a constituio desse campo como um universo dito feminino, primeiro, de forma historicamente construda e, depois, pela reiterao de discursos claramente direcionados a papis sociais desempenhados pelas mulheres ao longo do tempo. Um marco, no entanto, deve ser apontado no contexto desse processo: na metade da dcada de 1960, os modelos de feminilidade que se consolidam a partir do incio do sculo XX so questionados, e am a conviver com novas referncias, em especial, pelo reflorescimento do feminismo. No Brasil, no entanto, tais movimentos no foram sentidos de imediato, e nem por toda a populao, devido as restries das liberdades individuais impostas pela ditadura militar implantada em 1964, que perdura at a dcada de 1980. Alm disso, esta dcada marcada por um outro aspecto fundamental para tornar as mulheres um grupo de fora poltica como nunca percebido: as questes relativas ao conceito de gnero e os papis sociais a ele atrelados. Assim, a partir dos anos 1980 nota-se uma mudana nesses padres comportamentais em busca de novos lugares para o feminino. No entanto, essa viso, de horizontes mais livres e igualitrios, no foi imediatamente aceita pelos manuais de comportamento, e a liberdade feminina era algo preocupante, o que parece ter demandado ateno maior ateno ao controle do comportamento das mulheres. Os manuais, nesse sentido, atuavam de forma eficaz. Indicativo disso que, a partir da dcada de 1980, nota-se uma crescente importncia dada a esse tipo de publicao, mantendo um crescimento expressivo nas dcadas seguinte, tendo como expoentes Glria Kalil e Danuza Leo. Seus manuais, lanados e reeditados ao longo do perodo delineado, apontam para uma conexo que se firma entre aparncia, comportamento e distino e, a elegncia, proposta por elas como o objetivo maior a ser atingido, se constri como capital simblico distintivo, um princpio de hierarquizao social produto das relaes de poder que atuam na sociedade.
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Gabriela Soares Cabral
A feminilidade de Midge Maisel em Marvelous Mrs. Maisel: de rainha do lar mulher moderna
Resumo: A feminilidade no sculo XX pode ser dividida em...
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Resumo: A feminilidade no sculo XX pode ser dividida em dois momentos: um onde esses modelos se consolidam, do incio do sculo dcada de 1960, e outro de maior fluidez, referente a meados dos anos 1960 at os dias atuais. Este primeiro momento, denominado pela autora era dos modelos rgidos, perodo em que os padres de feminilidade se consolidaram e definiu-se condutas cujas normas demarcavam que tipo de mulher seria digna de respeito social, estabelecendo um papel de feminilidade ligado dona de casa, esposa e me, considerado natural da mulher. A partir dos anos 1960, a imagem da mulher aria por grandes transformaes frutos de fenmenos polticos, econmicos e sociais que acarretariam na maior fluidez destes modelos, este segundo momento fora chamado de era dos modelos flexveis (PINSKY, 2012)
neste contexto que a srie Marvelous Mrs. Maisel (2017) apresenta Miriam Midge Maisel, uma mulher dedicada ao marido e ao lar, com dois filhos, apartamento luxuoso e guarda-roupa da moda. Midge representa a dona de casa perfeita, at viver uma reviravolta quando seu marido se envolve com a secretria, enfrentando, assim, um divrcio. Ambientada na cidade de Nova Iorque de 1958, a produo roteirizada e dirigida Amy Sherman-Palladino narra como a protagonista precisa se reinventar e se torna uma comediante em bares de stand-up, carreira at ento dominada por homens.
Assim, Marvelous Mrs Maisel, atravs da reinveno de Midge Maisel, que de rainha-do-lar tpica dos anos 1950, cuja vida foi planejada desde a infncia com o foco de cursar uma faculdade, casar e ter filhos, se v diante da necessidade de se redescobrir enquanto mulher ao encarar seu divrcio, utilizando o humor para questionar e ressignificar as expectativas da sociedade em torno da mulher entrada no mercado de trabalho, condenao da famlia em relao separao, maternidade e machismo, nos permite compreender questes acerca da dcada de 1950 em relao mulher que so pertinentes ainda nos dias atuais.
Portanto, o objetivo deste trabalho analisar como a personagem de Midge transita entre os dois modelos de feminilidade durante os anos 1950 - a rainha-do-lar e a mulher moderna - de forma a observar como a transio para a era dos modelos flexveis, retratada em Marvelous Mrs. Maisel, apesar dos avanos, ainda permanecem diversos modelos tradicionais. Desta forma, para a realizao na anlise, preciso, primeiramente, compreender o contexto histrico dos anos 1950 e o papel social da mulher neste cenrio de modo a compreender como a protagonista da srie representa esta esposa perfeita e tambm como rompe com este modelo. Assim, autores como Carla Bassanezy Pinsky, Michelle Perrot e Anne Higonnet contam como aporte terico para a realizao deste trabalho.
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Laise Lutz Cond de Castro
A imagem da mulher emancipada na televiso brasileira: uma anlise da personagem Malu do seriado Malu Mulher (1979-80)
Resumo: A proliferao de diversos movimentos feministas ...
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Resumo: A proliferao de diversos movimentos feministas no Brasil se deu a partir da dcada de 1970, principalmente a partir do ano de 1975, com a instaurao da Dcada da Mulher pela ONU, Organizao das Naes Unidas que fomentou as discusses acerca da condio feminina em todo o mundo. Porm, foi somente com o incio da abertura democrtica no pas, em 1979, que as questes relacionadas s especificidades do gnero feminino ganharo protagonismo nas discusses feministas no Brasil. Sempre atentos s mudanas sociais, os meios de comunicao perceberam a ecloso das pautas feministas e logo buscaram abordar algumas temticas em sua grade de programao. A Rede Globo de Televiso foi pioneira nesse sentido, lanando o seriado Malu Mulher a fim de se afastar da imagem conservadora do regime militar o qual apoiou fortemente.
A srie, que estreou na grade da Rede Globo em maio de 1979 e se manteve no ar at dezembro de 1980, no horrio das 22 horas, era dirigida por Daniel Filho. Narrava a histria de Maria Lcia (Regina Duarte), uma sociloga paulista de 32 anos, recm-divorciada de um casamento de 13 anos e com uma filha adolescente. A partir da protagonista, o seriado abordou diversos temas que at ento eram raros ou at mesmo censurados na televiso brasileira como emancipao feminina, sexualidade da mulher, violncia domstica e at aborto. Malu era uma herona que se desprendia dos melodramas tradicionais associados ao feminino, se tornando para a telespectadora uma referncia de mulher emancipada e moderna.
Alm disso, a srie foi responsvel por apresentar para grande parte da populao brasileira assuntos que j vinham sendo discutidos nos movimentos feministas ao redor do pas. importante recordar que a imprensa brasileira, atravs at mesmo das charges de jornais de esquerda como O Pasquim, sempre proliferou o mito da feminista como no-mulher, procurando retratar as militantes como feias, masculinizadas, mal-amadas, raivosas a fim de afastar possveis apoiadoras para os movimentos. Dessa forma, relevante conhecer como foi construda a imagem da protagonista, interpretada pela atriz Regina Duarte que conhecida como a namoradinha do Brasil tamanha sua popularidade, ficando marcada como uma das primeiras personagens que propagava discursos provenientes das pautas feministas abertamente na grade da maior emissora do pas em um perodo de censura, ainda que mais branda, do regime militar.
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Priscila Nina Fernandes (USP - Universidade de So Paulo)
O uso do espartilho: imagem, corpo e beleza
Resumo:A partir da anlise de cinco imagens do incio do ...
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Resumo:A partir da anlise de cinco imagens do incio do sculo XX, pretendemos identificar como o uso do espartilho criou, sustentou ou desfez novas percepes sobre o corpo e sobre si. Buscaremos explicitar que o uso do espartilho (ou, mais precisamente, a circulao de anncios publicitrios, pinturas e fotografias de espartilhos) est vinculado construo de novos padres de beleza, caracterizada por distines de gnero, classe e raa.
O processo de modernizao no mundo ocidental desencadeou mudanas em todos os nveis da vida, afetando desde as hierarquias sociais at as noes de tempo e espao, o que inclui o modo como as pessoas percebiam a si prprias, os objetos e os espaos a sua volta. Entretanto, so poucos os estudos que do nfase indumentria na interpretao de tais processos histricos. Mesmo assim, impossvel negar a centralidade das roupas para as sociedades modernas, especialmente num ambiente urbano e burgus em formao.
Desde a segunda metade do sculo XIX, o uso de lingeries ou a ser amplamente difundido em catlogos de lojas, revistas, vitrines, pinturas, fotografias. Entre 1850 e 1915, o espartilho se tornou uma pea essencial para as mulheres ocidentais, indispensvel para o cdigo de vestimenta. Assim, a difuso do seu uso est vinculada aos novos padres de beleza que surgiram na virada do sculo.
A beleza est associada a um espao privado de preparao, a objetos e prticas corporais originais, ao controle do tempo e das formas fsicas e exibio pblica. Mais especificamente, caracterizada pelo corpo esbelto, bom gosto, sade, aparncia jovem, pele branca, suavidade e leveza dos gestos. Em todos os critrios de beleza assinalados, os signos de classe e de distino so determinantes e o uso do espartilho, tal como pretendemos evidenciar, era fundamental.
A composio do cenrio nas imagens de roupa ntima do incio do sculo XX traz informaes importantes sobre as mulheres e suas prticas privadas. Espelhos, cortinas, penteadeiras, biombos e itens decorativos, associados ao uso de lingeries, parecem centrais para a construo de uma feminilidade burguesa. Desse modo, pretende-se observar como, em torno do uso do espartilho, foram criadas novas formas de perceber e cuidar do corpo.
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Vera Lucia Cabana de Queiroz Andrade (UERJ, II , IHGB, IHGRJ, IHGN.)
Colgio Pedro II: primeira escola de educao secundria oficial do Brasil. A trajetria de seus uniformes escolares na memria coletiva da cidade do Rio de Janeiro e na construo das identidades nacionais.
Resumo:
O Colgio Pedro II, primeira escola de educa...
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Resumo:
O Colgio Pedro II, primeira escola de educao secundria oficial do Brasil, tem lugar na historicidade do poder cultural como guardio da herana civilizacional e rgo transmissor do patrimnio cultural, garantia da perenidade do Estado e sua identidade nacional.
A proposta desta comunicao, consiste em destacar a importncia do objeto Uniformes Escolares do Colgio Pedro II, como foco de anlise das transformaes scio culturais e educacionais no espao urbano do Rio de Janeiro. A temtica que nos propomos desenvolver no trabalho apresentado, versa sobre a trajetria do Colgio desde suas origens, tomando como base as variaes de seus uniformes escolares em diferentes momentos/contextos da histria do Rio de Janeiro, na construo das identidades escolares nacionais, que espelham, de forma indita, a organizao social da Cidade e a importao e criao da moda de consumo dirio e de celebraes solenes.
Neste contexto, podemos situar o Colgio Pedro II como patrimnio cultural acumulao histrica do ado de significao no presente personagem e lugar de memria da histria da educao no Brasil preservao da tradio do Imperial Colgio de Pedro Segundo e da intangibilidade do Ginsio Nacional no Novo-Velho Colgio Pedro II: de abrigo de rfos ao colgio de elite, escola de instruo militar, ao colgio pblico federal de massa.
O trabalho de pesquisa foi desenvolvido no Ncleo de Documentao e Memria do Colgio Pedro II, que encontra-se no Campus Centro, consistindo, essencialmente, na consulta aos documentos histricos textuais e imagticos que compem o acervo do NUDOM, tais como: Coleo das Leis do Brasil e Reformas da Instruo Pblica, Planos de Estudos e Programas de Ensino, e, principalmente, as Colees de Livros Manuscritos, como por exemplos: Atas da Congregao, Livros de Matrculas, Livros de Contabilidade, Livros de Nomeao de Professores e Funcionrios, dentre outras fontes primrias e secundrias imagticas raras, tais como: desenhos, pinturas, retratos, quadros, etc... material arquivstico desconhecido do grande pblico em geral.
Instituio historicamente identificada como agncia oficial de educao, o Colgio Pedro II, ao longo dos sculos XIX, XX e XXI, criou uma cultura escolar prpria, que revela elementos poltico-culturais nas relaes dos seus sujeitos sociais.
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Walter Valdevino do Amaral (Universidade Catlica de Pernambuco)
MODAS, MODOS E PUDOR: A normalizao dos corpos das scias da Pia Unio das Filhas de Maria
Resumo:A partir da moda podemos entender um conjunto de i...
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Resumo:A partir da moda podemos entender um conjunto de informaes sobre os aspectos sociais e culturais que se diferenciam em cada poca e comunidade, contados atravs de seus vesturios. A mesma conquistou diferentes esferas da vida social, gerando uma influncia em diversos mbitos como comportamentos, gostos, ideias, roupas e linguagens. Dessa forma, a moda pode ser compreendida como um elemento que inserido em mltiplos contextos, oferece um quadro comum de referncia e de reflexo para uma srie de aspectos da vida social e cultural. Criando, portanto, costumes e hbitos que so permanentes dentro de um grupo social determinando o comportamento, a conduta, o modo de ser, ou seja, um composto de vrios elementos relacionados entre si, que juntos geram um conjunto de normas e regras coletivas. Dessa forma, a moda no pode ser compreendida como algo inerente a todas as pocas e civilizaes, pois ela a expresso social de um tempo, um reflexo de heranas culturais e de ideais correntes que est sujeita a mudanas e que ao longo da histria foi um fator determinante de identidade e posio social. A histria da moda dentro da ordem social, nas formas de aquisio e posse dos bens do vesturio no fica restrita no campo do mundo econmico, mas tambm, no moral e poltico, uma vez que, colocam em movimento transformaes dos comportamentos que atingem um conjunto de condutas sociais, culturais e religiosas que so capazes de controlar a sociedade. No inicio sculo XX, surgiram novos costumes, os quais refletiam diretamente na maneira de se vestir, com os ditames da moda, que na perspectiva da Igreja Catlica deturpavam a moralidade das mulheres. Nesse contexto, a associao catlica Pia Unio das Filhas de Maria, atravs de seu manual e de sua revista, se destacou no que se refere ao estabelecimento de normas para o vesturio das jovens no seio dessa instituio. O presente trabalho tem por objetivo, analisar a influncia dos ideais catlicos em impor um modelo de vestes ao sexo feminino. Buscaremos mostrar as investidas da Igreja em manter o pudor feminino, que para ela representava o sentimento que mantinha as mulheres afastadas dos males mundanos, pois este sentimento estaria sendo perdido com as vestes que exaltavam a sensualidade, sendo um elemento desmoralizador que corrompia os bons costumes cristos. Nesse sentido, o Manual e a revista Maria foram essenciais para propagao das normas crists, pois elas ditavam ideais de vesturio, com a finalidade de manter os corpos femininos sobre controle. nesse cenrio, utilizaremos como referencial terico o conceito de normalizao proposto pelo filsofo francs Michel Foucault.
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ST - Sesso 2 - 17/07/2019 das 14:00 s 18:00 1e5t6h
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Ana Beatriz Fernandes Lima Silva (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora)
Moda, Cultura e Identidade Nacional: Notas sobre as trajetrias de Anitta e Carmen Miranda
Resumo:O presente texto pretende demonstrar e debater os ...
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Resumo:O presente texto pretende demonstrar e debater os processos e discursos formulados a respeito do Brasil e de sua formao identitria, bem como a abordagem dessas questes atravs da moda e da cultura de massas. O iderio racista que fundamenta a sociedade brasileira desde sua origem e influencia diretamente na produo artstica e cultural atua no reforo daquilo que se entende como sendo a identidade nacional. Da interseco entre as prticas racistas e a opresso patriarcal, ainda possvel pensarmos quem so as mulheres mais e menos dignas de representarem o Brasil e como os padres de beleza influenciam nas questes de representao.
A moda entendida no apenas no que tange s roupas, mas a toda pluralidade de elementos que remetem ao vestir e as imagens criadas a partir dela constituem-se enquanto plataformas de expresso dos indivduos. Baseado nesse fato buscou-se analisar como a visualidade atua na manipulao de questes como raa, gnero e classe utilizando como exemplos as carreiras artsticas das intrpretes Anitta e Carmen Miranda, e ainda observar como ocorre a manuteno do imaginrio sobre as identidades exticas atravs dos arqutipos encarnados por elas.
A metodologia utilizada para a construo argumentativa do artigo apoiou-se no exame de obras relacionadas sociologia, histria brasileira e histria da moda, bem como a apurao de material audiovisual no caso dos videoclipes, msicas e performances das cantoras supracitadas que esto disponveis na internet. As partes se organizam de forma cronolgica, contendo em primeiro lugar alguns apontamentos sobre a trajetria de Carmen Miranda a fim de estabelecer precedentes para a argumentao das prticas socioculturais que se desenvolveram durante o sculo XX e possuem reverberaes no sculo XXI. Em seguida, so apresentados alguns pontos relacionados histria da moda brasileira e seu papel no reforo de um imaginrio nacional, muitas vezes associado s prticas populares, ao tropicalismo e miscigenao. Por fim, de modo ensastico, dedicou-se um espao para relatar alguns casos significativos do espao ocupado por Anitta enquanto produto cultural contemporneo, com visibilidade considervel no mbito internacional, e as ligaes possveis entre sua carreira e assuntos tratados pelas reas de estudo definidas anteriormente.
Em concluso, apresentam-se os desafios na abordagem deste tema, que apesar de possuir precedentes no que diz respeito Carmen Miranda, no prope nenhuma interao entre ela e Anitta, bem como no existem ainda muitas pesquisas que se dediquem na anlise do discurso desta ltima.
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Carolina Casarin da Fonseca Hermes (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Aparncia como obra: modos de vestir dos modernistas de So Paulo
Resumo:Na tese O guarda-roupa modernista: aparncia e ve...
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Resumo:Na tese O guarda-roupa modernista: aparncia e vesturio de Mrio de Andrade, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade procuro compor o guarda-roupa desses artistas, reunindo, por meio de um corpus diverso, algumas peas de vesturio (aquelas que foram conservadas) e inmeros registros dos trajes e da aparncia de trs dos principais nomes do modernismo de So Paulo. Para o 30 Simpsio Nacional de Histria, segundo ano em que ocorre o Simpsio Temtico Por uma compreenso histrica das aparncias, aproveito o espao privilegiado de debate para destacar a questo da aparncia como obra. Normalmente deixada de lado pelas anlises cannicas e a historiografia tradicional, a aparncia e os modos de vestir so parte fundamental no entendimento do percurso de escritores e artistas. Quando se fala da obra e do projeto esttico de Mrio de Andrade, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, importante ter em conta a ateno considervel que eles deram construo de suas aparncias. Os trajes podem ser compreendidos como fontes importantes que contribuem para o entendimento da realidade social em que vivemos. Na medida em que esses trs modernistas iam construindo uma imagem de si e do Brasil, e, depois, nas apropriaes que foram feitas das obras e da histria do modernismo, nos desdobramentos culturais, artsticos e polticos que o movimento acabou por engendrar, o traje e a aparncia so recursos de criao de uma identidade visvel que, com a agem do tempo, acaba por se expressar por meio de imagens. Um ponto importante no estudo das aparncias o problema das fontes e da metodologia empregada. No apenas porque a aparncia est pautada no gesto, na ao fugaz, como tambm porque, geralmente, o estudo do vesturio se baseia na materialidade dos objetos das colees de museus e acervos de indumentria. Porm, quando so poucas as peas conservadas, como o caso de muitas pesquisas sobre vesturio e moda no Brasil, inclusive esta, o o aos trajes se d por meio do cruzamento de fontes variadas. Refletir sobre a dimenso performtica como dizem Gonzalo Aguilar e Mario Cmara na obra "A mquina performtica" da aparncia de escritores e artistas, especialmente nos eventos pblicos, como as conferncias, por exemplo, to comuns no incio do sculo XX, significa localizar os corpos no tempo e no espao, para que os modos de vestir estejam contextualizados. Os registros visuais e escritos do vesturio e da aparncia de Mrio de Andrade, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade so capazes de fornecer vestgios, resduos, um tipo de memria da relao que um dia se estabeleceu entre aqueles corpos e as roupas que os vestiram. Certamente, parte dessa memria est impressa nas imagens e nos discursos.
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Carolina Morgado Pereira (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Afinal, Olly est na moda? Visualidade e aparncia na produo txtil e de vesturio da artista Olly Reinheimer.
Resumo:A presente comunicao investiga a insero da art...
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Resumo:A presente comunicao investiga a insero da artista Olly Reinheimer (1914-1986) no cenrio de moda, nas dcadas de 1960 e 1970, na cidade do Rio de Janeiro, mapeando suas caractersticas, atravs de seus processos que integravam mtodos de gravura e pintura com a criao txtil e de vesturios. Olly nascida na Alemanha, Sachsen, Mittweida, migrou para o Brasil e, radicou-se no Rio de janeiro, em 1936. Aqui, alm de professora, produziu uma obra bastante variada que inclua cermica, pintura, gravura, estamparia, txteis e vesturios. A matria-prima txtil foi e para o desenvolvimento de suas criaes e para seus estudos cromticos, de tecelagem e construo tridimensional de vesturio. A especificidade da obra da artista se estabelece nos deslocamentos entre campos artsticos e na produo dos txteis e vestveis, nos usos de justaposies de tcnicas e variados materiais. Assim, o atual trabalho discute a construo da visualidade de sua obra em dilogo com a tridimensionalidade corporal de modelos e clientes, por meio de composies visuais com artefatos txteis e vestveis, imbudos de significados que constituam a aparncia de um grupo da elite social e artstica do Rio. Alm disso, visa identificar artistas plsticos, iniciativas que inseriram as manifestaes de moda na cena artstica e cultural brasileira do perodo, criadores de vesturio que dialogavam com a proposta de Olly e clientes que a escolhiam por sua produo artesanal e limitada. Dessa forma, as fontes pesquisadas para a realizao desta apresentao so os documentos levantados no acervo do centro de pesquisa do MASP (SP) e em peridicos que divulgavam a peas da artista como a Revista de Domingo do Jornal do Brasil (RJ), o caderno feminino do Jornal O Dia (RJ), entre outros. Nessa perspectiva a anlise da presena de Olly na esfera da moda e o entendimento da rede de relaes sociais, dos circuitos artsticos e de moda, e a aparncia proposta por seus txteis e vesturios, so estudados a partir do embasamento terico de Bourdieu (1998: 2005: 2006), e tambm a visualidade de sua produo artstica apurada pelos pressupostos tericos artsticos de Didi-Huberman (1998; 2013) sobre arte e imagem.
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Elisabeth Murilho da Silva (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora)
Baila Comigo: influncias do audiovisual nas prticas corporais e na moda esportiva
Resumo:O presente trabalho pretende analisar as influnci...
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Resumo:O presente trabalho pretende analisar as influncias de algumas obras audiovisuais produzidas na dcada de 1980 na propagao de prticas corporais que se popularizaram, transformando o mercado de moda esportiva no Brasil.
A importncia da telenovela na cultura brasileira inegvel, mas seu predomnio durante as dcadas de 1970 e 1980 incomparvel a qualquer outra expresso cultural (ORTIZ, RAMOS E BORELI, 1988). Se hoje a telenovela concorre com vrias formas de entretenimento miditico, naquele momento aparecia como quase hegemnica na monopolizao do pblico noturno brasileiro. Nesse sentido, a modernizao das tramas, investimento nos cenrios e nos figurinos a partir do final da dcada de 1970 com Dancing Days (1978) tambm contribuiu para ampliar sua influncia sobre o pblico, em termos de comportamento, moda e consumo.
Assim, procura-se analisar aqui a proliferao de prticas corporais amadoras como a ginstica, a dana, o jogging, entre outras, que encontraram grande adeso entre a populao de classe mdia dos grandes centros urbanos brasileiros durante a dcada de 1980, dando forma ao que ficou conhecido (talvez com exagero) por Gerao Sade. De par com esse interesse pelas atividades fsicas amadoras, houve tambm um desenvolvimento do vesturio para essas prticas, fazendo com que surgisse uma verdadeira moda esportiva. Se antes as vestimentas para a prtica de determinadas atividades fsicas tinham seu uniforme prescrito, agora a frequncia a academias de ginstica por parte de um pblico maior, na maioria jovem e amador, transformou esse vesturio. O desejo de destacar-se e expressar bom gosto ou a comandar as escolhas tambm nesse ambiente e a criatividade ser exibida nos detalhes, considerando algumas caractersticas que essas roupas devem manter.
As academias de ginstica j tinham sido cenrio de telenovela em 1978, na referida trama de Gilberto Braga, Dancing Days. No entanto, ser em Baila Comigo que a academia aparece para realmente influenciar comportamentos, ganhando maior destaque. Alm disso, outras obras audiovisuais do mesmo perodo tambm destacam as academias, o corpo em movimento e a dana, como os filmes Fama (de Alan Parker, 1980) e Xanadu (de Robert Greenwald, 1980), entre outros que vieram tambm nos anos seguintes, mostrando que a estratgia televisiva estava em consonncia com o momento. Atravs de peridicos e imagens da poca, pretende-se demonstrar como se deu essa influncia e a penetrao da moda esportiva no cotidiano, transformando tambm a moda no esportiva.
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Laza Santana Oliveira (Bolsista de ps-graduao do Cnpq)
"T de Juliet, Romeo 2 e Double Shox, 18K no pescoo, de Ecko e Nike Shox": a cultura material como matriz de subjetivao no funk paulista
Resumo:No fim da primeira dcada do sculo XXI, assistiu-...
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Resumo:No fim da primeira dcada do sculo XXI, assistiu-se em So Paulo a conformao de uma nova vertente cultural com a ecloso do funk 'Ostentao' por meio de novas formas de reprodutibilidade digital. No que o funk fosse uma novidade no estado, ou que a referncia marcas de roupas fosse algo novo, a peculiaridade deste tipo de cultura reside exatamente no potencial de formao de sujeitos por meio da incorporao das dinmicas da materialidade ao seu prprio corpo. Jean-Pierre Warnier (1999) com seus conceitos de prtese, matriz de subjetivao, internalizao da dinmica de objetos permite que este fenmeno seja analisado em toda complexidade, interpretando-o no apenas como um mero produto de relaes juvenis ou como uma tentativa de cpia de padres de comportamento de segmentos sociais abastados, mas sim, como um fenmeno sui generis em que o consumo, a incorporao de artefatos de alto valor, e a elaborao de um gnero musical produziram novas formas de sociabilidade e de construo de sujeitos. Distante de endossar a ideia de autores como Baudrillard (1991) que aponta que, em razo da automao da produo e do avano do consumo pelo globo, as relaes entre os indivduos foram padronizadas e alteradas, produzindo uma sociedade coercitiva e homogeneizada, o presente trabalho busca analisar o potencial que o funk paulista e sua intrnseca ligao com a cultura material possui, rompendo com a concepo de que o consumo, a ligao com os objetos seriam uma falha moral, ou um desvio de ordem social e psicolgica, conforme aponta Daniel Miller (2012). Contudo, a cultura material no resulta diretamente em matrizes de subjetivao pois, h outros fatores envoltos nesse processo como nvel de instruo escolar, costumes familiares, pertencimento a`um grupo religioso, entre outros. Esses vetores se relacionam e produzem vises sobre o mundo e que abrem possibilidades de ao do sujeito no presente. Para Pierre Bourdieu (2015), o consumo, a aquisio de artefatos, a conexo com estes artefatos liga-se ao habitus que construdo ao longo de uma vida. Isto significa dizer que o gosto dos indivduos por determinados objetos socialmente criado, fruto de diversas conexes de classe, gnero, etnia. Quando se canta, assim, sobre uma determinada marca de culos, ou de um determinado modelo de tnis ou de uma determinada pea de vesturio, no se fala somente de um tipo de gosto, se fala de toda uma cadeia de relaes sociais que modulam um sujeito e neste processo, a materialidade tem papel fundamental e que merece ser analisado.
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Mara Zimmermann de Andrade (FAAP)
A cinebiografia Minha fama de mau e a cultura juvenil no Brasil
Resumo: na transio dos anos 1950 para os 1960 que o ad...
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Resumo: na transio dos anos 1950 para os 1960 que o adolescente idealizado como modelo cultural comeou a ser apresentado pela mdia: na linguagem publicitria, nos editoriais de moda e no cinema. A juventude ou a ser, de acordo com Eric Hobsbawm em Era dos extremos (2002, p. 319), almejada como estgio final do pleno desenvolvimento humano, e no mais como momento preparatrio para a vida adulta.
A partir da metade dos anos 1960, a influncia das transformaes internacionais que vinham ocorrendo no sistema da moda, conjuntamente com a consolidao do sucesso de dolos pop nacionais, como os da Jovem Guarda (o programa voltado juventude exibido pela TV Record entre 1965 e 1968, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderla), ligada intensificao do sistema de prt--porter, iriam desembocar no incremento da produo cinematogrfica de filmes especficos para o pblico juvenil.
No auge do sucesso do Jovem Guarda, a indstria cinematogrfica se aproximou de Roberto Carlos. Em 1968, inspirado na bem-sucedida frmula utilizada por Richard Lester em 1964 com os Beatles, Roberto Farias dirigiu o filme Roberto Carlos em ritmo de aventura e outras duas pelculas que tinham o cantor como protagonista: Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa (1970) e A 300 km por hora (1972). Os trs, so, de acordo com Jos Mario Ortiz Ramos em Cinema, televiso e publicidade (2004, p. 200), [...] plenos de sinais do que era considerado moderno, extravasando um desejo de contemporaneidade em sua busca do expectador juvenil.
Sendo assim, entendendo o estabelecimento da cultura juvenil como um fenmeno global e crescente a partir dos anos 1960, busca-se nessa proposta analisar a cinebiografia Minha fama de mau (2019), inspirada na autobiografia homnima de Erasmo Carlos (2009), no sentido de entender questes sobre a construo e transformaes da visualidade juvenil por meio do cinema. Dirigido por Lui Farias (2019), filho do recm citado diretor Roberto Farias, o filme tambm conta o desenvolvimento do fenmeno Jovem Guarda, e o incio do pop/rock nacional, com base no sucesso da beatlemania.
Nos Estados Unidos e Inglaterra, pases de onde recebemos principalmente a influncia da indstria cultural no perodo, no faltam produes, da poca e posteriores, atestando a importncia do youthquake (terremoto juvenil), vocbulo que traduz a revoluo promovida pelos jovens de ento. Minha fama de mau sobre a formao e consolidao da cultura juvenil sua moda rebelde e comportamento desobediente no Brasil entre os anos 1950 e 1960, e preenche uma lacuna na produo cinematogrfica brasileira sobre esse processo importante da nossa histria.
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ST - Sesso 3 - 19/07/2019 das 08:00 s 12:00 4c3kw
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Fernando Augusto Hage Soares (Universidade da Amaznia)
Diretrio, Imprio e Rcamier: Percurso de representaes e reverberaes de um estilo
Resumo:As imagens so rainhas no universo da histria d...
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Resumo:As imagens so rainhas no universo da histria da moda. Mesmo tendo em vista a proliferao de estudos no campo museolgico e da cultura material nas ltimas dcadas, a historiografia da moda se construiu a partir principalmente da anlise de pinturas, gravuras, anncios e at mais recentemente fotografias e imagens em movimento. Neste contexto, o objeto de estudo da disciplina histria da moda se apresenta como a prpria imagem, e seu percurso enquanto fenmeno.
Como afirma o autor Georges Didi-Hubermann, em sua obra Diante do Tempo, a imagem altamente sobredeterminada: ela abre vrias frentes, poderamos dizer, ao mesmo tempo (2015, p.24). Segundo o autor, somos, em nosso tempo histrico, apenas elemento de agem, enquanto as imagens so elemento da durao, pois como afirma o francs: a imagem tem frequentemente mais memria e mais futuro que o ser que a olha (2015, p.16). essa a riqueza que as imagens nos apresentam, pois como diz uma j clebre frase do autor: sempre, diante da imagem, estamos diante do tempo (2015, p.15).
sobre este tempo mltiplo das imagens que pretendemos discorrer nesta comunicao, analisando o percurso enquanto fenmeno de um conjunto de imagens referentes ao chamado estilo Diretrio, Imprio ou Rcamier. Este estilo, comumente associado ao perodo do Diretrio na Frana (1795-1799), difunde-se a partir das imagens criadas em pinturas de figuras histricas como a da Imperatriz Josefina de Beauharnais (1763-1814), durante o imprio Napolenico na Frana (1800-1814), e dos retratos de uma importante influenciadora da moda no incio do sculo XIX, Juliette Rcamier (1777-1849), que tambm emprestou seu nome silhueta.
O estilo em questo, que possui influncias dos trajes greco-romanos, com cintura logo abaixo do busto, decotes grandes e mangas bufantes, tambm ser registrado nas imagens de Maria Leopoldina de ustria (1797-1826), que ao chegar em terras brasileiras em 1817 devido ao seu matrimnio com Dom Pedro I, acaba por reproduzir este modo de vestir, difundindo-o dentro do contexto brasileiro.
Nesse sentido, ser apresentado um levantamento inicial que versa sobre a proliferao do estilo Diretrio, Imprio e Rcamier, por meio das figuras histricas supracitadas e suas representaes visuais, que acabaro por ter ressignificaes posteriores, como a do vestido "Josephine" criado pelo estilista Paul Poiret em 1907, ou das ilustraes do estilo e suas reverberaes no final do sculo XIX registradas por Joo Affonso para o livro Trs Sculos de Modas (1923), todas imagens que apresentam um modo de vestir-se que estampa um conceito de democratizao da moda, importante para discusso neste campo de estudo histrico.
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Giulia Falcone de Loureno (USP - Universidade de So Paulo)
O Esprito das Roupas no Sculo XXI: Contribuies de Gilda de Mello e Souza para a Moda Contempornea
Resumo:Em sua tese defendida em 1950 e publicada em 1987,...
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Resumo:Em sua tese defendida em 1950 e publicada em 1987, Gilda de Mello e Souza faz uma anlise autntica e cuidadosa da moda do sculo XIX. Desde a introduo, a autora defende que a escolha pelo sculo que a antecede se deve tanto necessidade de distanciamento temporal entre sujeito e objeto, quanto vasta oferta de fontes proporcionadas pelo perodo para o estudo da moda (SOUZA, 1987, p. 23 e 24). Se, para o historiador, a abundncia de fontes indubitavelmente atrativa, o distanciamento temporal, ainda que seja uma prescrio recomendvel, no pode mais ser considerado norma mandatria.
Prope-se, neste artigo, o desafio de avaliar o que da obra de Gilda de Mello e Souza pode ser adotado para o estudo da moda contempornea, visto que seu trabalho mantm, no sculo XXI, no apenas o status de pioneiro, mas tambm a atualidade (BONADIO, 2017). No entanto, no pretendido fazer uma mera transposio do estudo da moda do sculo XIX para o sculo XXI, de modo a se observarem as permanncias ou as rupturas de uma ou outra anlise, at porque o risco de incutir no erro do anacronismo seria alto. A inteno do texto aqui apresentado resgatar o mtodo utilizado em O Esprito das Roupas e, ao faz-lo, trazer baila a abordagem da moda em sua relao com a arte e como relevante marcador da diviso de classes e da oposio entre os gneros.
Se o sculo XXI no apenas uma continuidade previsvel do sculo XIX, inegvel que muitos dos aspectos fundamentais que marcaram o velho sculo tm desdobramentos no presente. Apesar de no se lanar a diagnsticos futuros ou previses antecipadas, a autora teve o faro de captar questes incontornveis moda do sculo XIX, que, de to incontornveis, so basais para o estudo da moda at hoje.
Levando-se em conta, evidentemente, que o espao destinado a um artigo no se equipara quele de uma tese de doutorado, ambiciona-se, mais do que fazer uma anlise comparativa, pontuar de qual forma as questes abordadas por Gilda de Mello e Souza se fazem presentes na moda contempornea. Assim sendo, o fio condutor desta anlise, tal qual sugerido pelo ttulo da obra de referncia, consiste em verificar na viabilidade de um esprito das roupas para o sculo XXI.
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Joo Dalla Rosa Jnior (FACULDADE CESGRANRIO / SENAI CETIQT / UFRJ)
A cultura visual da moda: modos de ver e de representar na modernidade
Resumo:As revistas so objetos que se inserem na cultura ...
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Resumo:As revistas so objetos que se inserem na cultura visual que a moda organiza, principalmente, devido constituio da aparncia como imagem e aos es materiais empregados para sua representao. Entre as representaes, podemos encontrar desenhos, ilustraes, fotografias, que se transformaram pelas diferentes tcnicas empregadas ao longo dos ltimos sculos. Apesar das transformaes estilsticas e tecnolgicas, desde suas primeiras edies contextualizadas na modernidade, as revistas compartilharam de padres visuais na produo de imagens e, portanto, nelas podemos verificar exemplos de sistemas de representao. Neste sentido, o livro de John Berger, Modos de Ver, pode ser considerado como um ponto de partida ao apontar como a publicidade manteve padres estabelecidos pela pintura a leo. No entanto, quais seriam as possibilidades de ampliao e compreenso da cultura visual da moda a partir dos estudos dos sistemas de representao e dos modos de ver? Tomando a tradio da histria da arte como perspectiva terica e estabelecendo o recorte da modernidade, o presente texto visa investigar quais as consideraes que podem ser realizadas para a compreenso da cultura visual da moda tendo em vista os indcios oferecidos por John Berger. Direcionando a ateno aos estudos de autores como Jonathan Crary, Martin Jay, Timothy James Clark, entre outros, podemos traar uma linha de pensamento para a cultura visual da moda por meio das disposies do olhar desenvolvidas durante o sculo XIX e que anteciparam a modernizao da viso antes mesmo da fotografia, associando a esse contexto, algumas caractersticas daquilo que Martin Jay denominou de regimes escpicos da modernidade. Dessa forma, nos deparamos com alguns casos especficos, como o da pintura de Manet e sua importncia no estabelecimento de cdigos que aram a representar a modernidade e que foram apropriados pelos sistemas de representao posteriores pintura a leo, como o caso da fotografia. Mediante a isto, a proposta de comunicao busca apresentar uma aproximao a este problema de pesquisa tendo em vista a relao entre a histria da arte e a cultura visual da moda. Para tanto, assumi-se como objeto de pesquisa a publicao Vogue: the Covers, cuja edio se dedica a apresentar uma compilao das capas das revistas Vogue, desde sua primeira edio em 1892, at os anos 2000. Nessa grande cronologia visual da moda, pretende-se realizar uma anlise visual na busca por semelhanas com os cdigos e padres de representao identificados na arte, verificando, assim, que debate pode ser criado para a investigao da cultural visual moderna da moda atravs do papel da revista e seus modos de representao.
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Mara Rubia Sant Anna (UDESC)
Aproximaes distantes do traje regional - Drer, Debret e Meirelles sob a lupa de Clio
Resumo: A partir da problematizao da representa...
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Resumo: A partir da problematizao da representao dos trajes regionais na tradio artstica europeia, tendo como ponto de partida o perodo do Renascimento, a presente comunicao objetiva comparar a produo de trs pintores que se dedicaram ao desenho de tipos populares em seus costumes vestimentares em trs momentos artsticos diferentes. Albrecht Drer ao final do sculo XV produziu diversas estampas em nanquim com personagens rurais da Alemanha; Jean-Baptiste Debret, no comeo do sculo XIX, aps realizar uma temporada em Roma fez publicar em Paris um livro de estampas aquareladas de tpicos italianos e, cinquenta anos depois, o jovem Victor Meirelles de Lima produziu mais de uma centena de aquarelas e pinturas a leo de figuras masculinas e femininas vestidas de maneira peculiar. H diferenas iconogrficas importantes entre os 3 artistas escolhidos, contudo, h igualmente semelhanas que coloca numa longa durao a questo da representao do tpico, a anulao do personagem humano em favor da composio do corpo vestido como digno de per si ser representado, reproduzido e consumido. Gilles Lipovetsky, no seu clssico O Imprio do Efmero, defende que tais composies artsticas evidenciam o surgimento do ethos Moda no Ocidente. Segundo o autor A documentao de que se dispe certamente fragmentria, limitada, mas os historiadores do vesturio puderam mostrar, sem nenhum equvoco, a irrupo e a instalao histrica dos ciclos breves da moda a partir [do] final da Idade Mdia (...) os testemunhos dos contemporneos revelam de uma outra maneira o surgimento excepcional dessa temporalidade curta. (LIPOVETSKY, 1998, p. 30 e 31). Numa outra perspectiva, a antropolgica, Ottavio Lurati justifica que a expanso e permanncia da produo artstica de trajes regionais perdurou devido: A sensao da viagem, a esperana do diverso, do desconhecido e do distante, que alimentou a ateno da nascente cincia geogrfica e etnogrfica, so alguns dos motivos (...) As descobertas e exploraes geogrficas que se seguiram nos sculos XVI e XVII intensificaram um gnero, qual seja o do livro de viagem, em que ao lado da descrio de terras e povos exticos, a representao da roupa regional tambm encontrou seu lugar (LURATI; BOLLA, 1990, p. 17). Portanto, sem a ambio de esgotar a discusso e nem encontrar a razo definitiva que motivou artistas por mais de trs sculos a desenvolver pinturas, litografias, aquarelas de trajes populares, se problematiza a narrao do ado a partir de suas fontes iconogrficas. Assim, alm de apontar diferenas, busca-se igualmente observar continuidades e como essas produzem narratividades de um vestir e do ado que ainda se reproduzem no presente e no ensino de histria da moda.
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Maria Claudia Bonadio (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Onde e como os negros e negras so retratados na historiografia de moda em lngua portuguesa? Uma reviso dos manuais ilustrados.
Resumo:A partir da segunda metade da dcada de 1980, o me...
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Resumo:A partir da segunda metade da dcada de 1980, o mercado editorial brasileiro comeou a lanar livros sobre Histria da Moda, como por exemplo, A roupa e a moda de James Laver (1989) e O esprito das roupas de Gilda de Mello e Souza (1987) que apesar de derivar de uma tese defendida na Sociologia da USP, trata tambm de histria da moda. tambm entre o final dos anos 1980 e incio dos anos 1990 que comeam a funcionar no Brasil os primeiros cursos superiores de moda, que iro se popularizar rapidamente. Hoje existem mais de 200 cursos superiores em moda funcionando no pas. O campo da moda no Brasil tambm ganhou mais visibilidade a partir da implantao das semanas de moda no em meados da dcada de 1990, tais como o Phitoervas Fashion e o Morumbi Fashion hoje So Paulo Fashion Week. Como consequncia, o mercado editorial ou a publicar um maior nmero de livros de histria da moda, em especial tradues de obras originalmente produzidos em ingls ou francs, bastante ricos em ilustraes. Tais obras e as imagens que as ilustram acabam por produzir e replicar uma determinada imagem do que moda, ou do que se constituiu como moda ao longo do tempo. Parto do pressuposto que em termos de moda consumimos muito mais imagens do que as peas propriamente ditas e que a leitura de um livro de histria da moda tambm propicia o consumo de determinadas imagens. Considero ainda que a histria da moda, no que diz respeito aos livros ilustrados publicados no Brasil cristalizaram determinadas imagens como mitolgicas no sentido barthesiano; colaboram para o entendimento da moda como algo conectado ao universo feminino em especial das mulheres brancas e calcado no binarismo de gnero. Deste modo, observo como tais livros constroem uma ideia de moda como algo associado especialmente alta-costura e o universo das elites em conflito com estudos sociolgicos que apontam que ao menos desde os anos 1960, a rua, as culturas juvenis e a cultura popular vm se tornando influenciadores de moda mais importantes do que a alta moda. Nesta comunicao pretendo, a partir da observao de temas e imagens que constituem os livros de histria da moda notar como o modelo dominante de historiografia de moda difundido no Brasil pelos manuais ilustrados, privilegia uma histria que colabora para invisibilizar negras e negros e sua participao no campo da moda. Com esse objetivo, sero analisadas 6 obras panormicas produzidas por autores brasileiros e 6 produzidas em outra lngua (traduzidos para o portugus), com foco nos captulos que tratam da moda do sculo XX em diante. Observarei ainda, at que ponto a historiografia mais recente sobre o tema d ou no maior abertura para negros e negras, em especial no que diz respeito s imagens que ilustram tais livros.
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Maria Cristina Volpi (ESCOLA DE BELAS ARTES DA UFRJ)
Estudos do vesturio e da moda no Brasil: percursos epistemologicos
Resumo:Essa comunicao apresenta as atividades desenvolv...
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Resumo:Essa comunicao apresenta as atividades desenvolvidas ao longo de 2018 pelo Grupo de Pesquisa Estudos do Vesturio e da Moda no Brasil: percurso epistemolgico. A partir da leitura de autores que discutem o estado da questo dos Fashion Studies na Europa, EUA e no Brasil, pretende-se mapear a produo brasileira neste campo a partir do seguinte eixo central: a relao entre os Fashion Studies e a produo brasileira atual com foco nas cincias humanas e sociais e sua matriz disciplinar: alem, sa, inglesa e norte-americana.
Fashion Studies um campo acadmico de pesquisa estruturalmente interdisciplinar e multicultural que se desenvolveu a partir dos anos 1980 no Reino Unido e emerge da histria do vesturio praticada desde a metade do sculo XX e de uma nova histria da arte. J no Brasil, a pesquisa e o ensino da indumentria e da moda tiveram origem nos primeiros cinquenta anos do sculo XX no campo da Sociologia da Cultura e no mbito da Histria da Arte. A partir de 1995 houve uma grande expanso dos cursos superiores na rea de moda.
A demanda por conhecimento e inovao levou ao surgimento de grupos em universidades de vrias regies do pas, que tem produzido pesquisas a partir de diversas perspectivas como os Estudos da Mdia, o Design e os Estudos Culturais. Alm disso, a partir dos anos 2000, o aumento de encontros cientficos e a divulgao de pesquisas de ponta em revistas cientficas, vem contribuindo para a circulao do conhecimento gerado no meio acadmico e para a formao de novos profissionais.
Publicaes em portugus de consagrados autores ingleses e ses contriburam para o embasamento terico e metodolgico dos Estudos do Vesturio no Brasil, numa perspectiva interdisciplinar, envolvendo diferentes campos como a Semitica, a Sociologia, a Antropologia ou a Histria.
Numa primeira discusso, o grupo decidiu organizar a produo em quatro fase: 1 fase: Razes: literatos de meados do sculo XIX dcada de 1920; 2 fase: Pioneiros: autores que pesquisaram o vesturio e a moda a partir da dcada de 1920 at 1980; 3 fase: Jornalistas: autores que escreveram sobre o assunto, a partir da dcada de 1980, fora do mbito da academia; 4 fase: Produo acadmica: autores que escreveram sobre o assunto, a partir da dcada de 1980, no mbito da academia.
Em 2018, a equipe realizou um levantamento e organizou a produo dos escritores romnticos, realistas e pr-modernistas que se inserem neste recorte cronolgico que abordam o objeto e ou os conceitos. Com isso traamos um panorama ao mesmo tempo diacrnico e sincrnico, entender a produo sobre o vesturio e a moda na longa durao da nossa histria e tambm identificar os instrumentos metodolgicos que foram utilizados em diferentes pocas nas diversas abordagens.
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ST - Sesso 4 - 19/07/2019 das 14:00 s 18:00 3p493x
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Everton Vieira Barbosa
Papis da/na moda: a vestimenta sa na imprensa brasileira Oitocentista
Resumo:A presente comunicao tem como objetivo analisar ...
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Resumo:A presente comunicao tem como objetivo analisar a importncia da imprensa brasileira Oitocentista como propagadora de uma cultura visual e material da moda sa. Situada entre as relaes polticas, econmicas e culturais, as informaes sobre a moda parisiense foram transferidas no Brasil ao longo do sculo XIX por meio de distintos mediadores culturais, dentre eles modistas, costureiras, comerciantes, editores e redatores. Estes indivduos, vinculados a interesses e projetos individuais e/ou coletivos, integram uma rede de sociabilidade e solidariedade na qual possvel materializar as vestimentas e os adereos ilustrados e descritos na imprensa brasileira. A circulao de impressos internacionais, bem como a transferncia de tecidos e demais objetos de origem europeia no Brasil permitem a construo de novas indumentrias, projetadas sob o referencial cultural francs, porm adaptadas realidade brasileira, dado o clima tropical, o custo de determinadas peas ou o aos distintos tecidos. Diante da vinculao texto-imagem, as informaes sobre a moda parisiense traduzidas e impressas no Brasil produz um sistema de signos e significados nos quais potencializam o referencial cultural francs como modelo de distino moral e social, de bom-tom, de elegncia, de progresso e de modernidade. Neste sentido, para alcanarmos nosso objetivo principal, elencamos alguns impressos textuais e imagticos vinculados moda parisiense e impressos na Frana e no Brasil ao longo do sculo XIX e referenciais tericos e conceituais vinculados moda. Dentre os peridicos destacamos A Marmota na Corte (1849-1852) A Marmota Fluminense (1852-1857), O Jornal das Senhoras (1852-1855), publicados no Rio de Janeiro, e Le Moniteur de la Mode (1843-1913), Les Femmes (1826-1906) e Les Modes Parisiennes (1844-1885), publicados em Paris. A seleo destes peridicos deve-se s distintas conexes existentes entre eles, destacando a rede de indivduos vinculados pela moda parisiense. Aps a leitura destes peridicos em consonncia com os referenciais tericos sobre a moda, compreendida como um fenmeno de uma determinada sociedade no tempo e no espao, temos a possibilidade de analisar a importncia da imprensa como construtora de sentidos simblicos e ordenadora das relaes de poder sob as quais integram os agentes histricos vinculados ao universo da moda.
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Fernando Zolin Vesz (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso), Elenildes da Silva Santos (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso)
A moda como dispositivo de segregao social em A filha das flores, de Vanessa da Mata
Resumo:Alicerada na concepo de moda circunscrita mod...
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Resumo:Alicerada na concepo de moda circunscrita modernidade, ao capitalismo e vida urbana (SIMIONI, 2011; LIPOVETSKY, 2017), constituindo, portanto, uma prtica cultural partcipe dos modos como os grupos sociais buscam articular-se e/ou diferenciar-se, bem como disputar entre si determinadas posies sociais, esta comunicao intenta analisar o romance A filha das flores, escrito pela cantora Vanessa da Mata e publicado em 2013, com o objetivo de examinar o papel da moda, ao longo da narrativa, como um dispositivo de poder (FOUCAULT, 2012; 2014; AGAMBEN, 2009; CARVALHO; SARGENTINI, 2014; FERNANDES JNIOR; SOUSA, 2014), isto , como integrante de um abrangente sistema constitudo por relaes de poder, as quais, como nos lembra Foucault (2012), produz uma pluralidade de assimetrias, poderes, saberes, posies, descries e classificaes do mundo social. Para tanto, lana-se mo da abordagem qualitativo-interpretativa, conforme delineada pelos estudos do discurso (RAMALHO; RESENDE, 2011), com o propsito de compreender o referido romance como um documento social, o qual tanto produz quanto produzido por meio de determinados sentidos construdos scio-historicamente pelos grupos sociais que disputam entre si o estatuto de verdade (FOUCAULT, 2012). Como a narrativa do romance se a em uma pequena cidade do interior do pas, cortada ao meio por uma BR, que a dispe entre o lado de c e o lado de l, a anlise sugere que as vestimentas dos moradores de c e de l concebem uma suposta verdade acerca dos personagens, atuando como um dispositivo de poder que, na narrativa, produz segregao social, contribuindo decisivamente para a demarcao que compe scio, histrico e culturalmente os moradores do lado de c e do lado de l: o lado de c da BR constitui o lugar da moda e das pessoas comedidas, do zelo, das aparncias; j o lado de l agrega prostitutas, bbados, assassinos, cujas prticas de vestir so consideradas , de acordo com os moradores do do lado de c, inapropriadas. Desse modo, espera-se contribuir para a compreenso histrica das aparncias, uma vez que, como documento social, o romance A filha das flores parece participar da discusso sobre moda como constitutiva da experincia histrica (SIMIONI, 2011), auxiliando no fomento de abordagens transdisciplinares acerca de moda, histria e discurso.
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Juliana de Mello Moraes (FURB - Universidade Regional de Blumenau)
poder, consumo indumentrio e prestgio na Amrica portuguesa em meados do sculo XVIII
Resumo:Desde final do sculo XVII, o povoado de Nossa Sen...
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Resumo:Desde final do sculo XVII, o povoado de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (atualmente denominado Curitiba) foi elevado categoria de vila com a instalao da cmara municipal, a qual estabeleceu o poder local, por meio de organizao poltica semelhante a outras urbes do imprio portugus. A economia da regio pautava-se na agricultura de subsistncia e na criao de animais, tendo como base o trabalho compulsrio de indgenas. Entretanto, nas primeiras dcadas do sculo XVIII, o crescimento demogrfico favoreceu a dinamizao econmica, pois foi intensificada a produo de alimentos e a criao de gado, propiciando o envolvimento com o comrcio tropeiro. Essas mudanas contriburam para a transio do uso da mo-de-obra compulsria indgena para a escravizada de origem africana, principalmente a partir da segunda metade do sculo XVIII. Tal transformao alterou a configurao social e suas dinmicas na vila, impactando na composio dos patrimnios individuais e familiares, bem como na competio por prestgio e distino. A ntima relao entre hierarquias sociais, poder e consumo representativo se justificava, uma vez que a posio dos indivduos dependia essencialmente de sinais exteriores indicativos da graduao, das formas de tratamento, das insgnias e privilgios. A aquisio de roupas, joias e outros rios realizada pelos indivduos relacionava-se intimamente com suas redes de inter-relaes e interdependncias, pois os gastos por prestgio ocorriam em funo da necessidade de preservar ou ampliar o status, sobretudo entre os homens bons de vilas e cidades. Nesse sentido, o patrimnio familiar o locus privilegiado para averiguar o consumo representativo, sendo os inventrios documentos primordiais para ar tais esplios. Elaborados no contexto da morte, os inventrios setecentistas arrolavam os bens imveis e mveis, incluindo o vesturio e outros elementos da indumentria, para transmisso e partilha entre os herdeiros. Portanto, verificar o impacto nos patrimnios e, em especial, nos gastos por prestgio num contexto de mutaes numa determinada configurao social permite vislumbrar e problematizar as dinmicas de distino em funo da presena de diferentes grupos tnico-sociais e da participao no poder poltico local na Amrica portuguesa ao longo do sculo XVIII.
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